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Voar é um desejo que começa em criança!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tecnologia

FAB empregará VANT na vigilância de fronteiras
A Força Aérea Brasileira (FAB) treina para utilizar Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) em operações de guerra, mas seus aviões-robô RQ-450 também são valiosos para tempos de paz, como na vigilância de fronteiras, auxílio em situações de calamidade e ações de segurança. A informação é do Brigadeiro Maximo Ballatore Holland, do Estado Maior da Aeronáutica. "Além da aplicação militar propriamente dita, algumas das características inerentes ao poder aeroespacial podem ser exploradas nas aplicações civis", afirma. O último teste dos VANT da FAB aconteceu durante a Rio+20, quando o avião sem piloto transmitia imagens ao vivo para a central de operações que cuidava da segurança do Rio de Janeiro. O cenário da estreia operacional dos RQ-450, no entanto, foi na longínqua fronteira do Brasil com a Colômbia. Ali, durante a Operação Ágata 1, em agosto de 2011, um VANT monitorou pistas de pouso clandestinas que pouco depois foram bombardeadas por aviões de caça. De acordo com o Brigadeiro Ballatore, como os aviões-robô são capazes de transmitir ao vivo imagens das áreas de interesse, é possível ter uma nova dinâmica nas ações de comando, que permite um ganho maior de dados de inteligência e uma tomada de ações mais rápida. "O ciclo de decisão é reduzido, tornando-se um ponto. Podemos visualizar e tomar decisões ao mesmo tempo", explica. Em operações como a Ágata, quando além das Forças Armadas participam órgãos de segurança pública e organizações como o Ibama e a Receita Federal, a Força Aérea pode fornecer informações de acordo com a demanda de cada um deles. As imagens transmitidas por enlaces digitais são obtidas em cores ou em preto e branco, quando é usado o modo infravermelho que permite identificar pessoas à noite ou sob as copas das árvores, por exemplo. Além disso, os novos VANT têm sistemas de comunicações aperfeiçoados, designador laser e são equipados com um radar de última geração que identifica alvos moveis no solo, através da função denominada MTI (moving target inidicator). Um radar deste tipo equipará o futuro avião de transporte da EMBRAER, o KC-390. Por outro lado, quem está no solo tem dificuldades para enxergar o RQ-450 em voo. Com 10,5 metros de distância entre as pontas das asas e 6,1m de comprimento, a aeronave é pintada em cores claras e pode voar em altitudes de até 5.500 metros. Seu ruído é bastante difícil de se ouvir do chão. Cada voo pode durar até 16 horas, o suficiente para, se necessário, uma dupla de aeronaves manter a vigilância de uma determinada área de interesse de forma ininterrupta. 

Doutrina 
As duas primeiras unidades recebidas pela FAB estão alocadas no Esquadrão Hórus, da Base Aérea de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Criado em 2011, a unidade já voou mais de 600 horas com seus RQ-450, em treinamentos que têm como objetivo não apenas dominar a máquina, mas fazer o que os militares chamam de "desenvolvimento de doutrina". Isto é: não basta ter a aeronave no ar, é preciso saber como executar os voos. O Brigadeiro Ballatore lembra ainda que a análise dos dados é outro desafio. "Também é necessário ter a capacidade de processamento das informações, o que não é simples",diz. Uma das medidas já adotadas no Esquadrão Hórus foi a definição de que somente aviadores podem ter o controle dessas aeronaves. Apesar de não levar tripulantes a bordo, o RQ-450 é comandado por uma dupla de militares que permanecem em uma cabine de controle no solo. Por este motivo, a Força Aérea designa o avião-robô como uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). De fato, um mouse substitui o manche, mas o controle permanece nas mãos de oficiais com experiência de voo, conhecimento das áreas de operação e familiaridade com as regras de controle do espaço aéreo. É estreita a coordenação da unidade aérea operadora dos ARP com os órgãos de controle, subordinados ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o que garante a segurança dos voos. 

Investimento 
O contrato de aquisição assinado com a empresa Aeroeletrônica, subsidiária da israelense Elbit, foi assinado em 21 de dezembro de 2010 e incluiu os dois RQ-450, uma estação de solo, sensores e a logística inicial associada. O investimento foi de R$ 48.174.836,00. De acordo com a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), o projeto inclui ainda importante nacionalização de itens, além das desejadas transferência de tecnologia e compensações comerciais (off-set). O planejamento da COPAC, no entanto, vai além dessa primeira dupla de VANT. Considerados de pequeno porte frente aos modelos já desenvolvidos em outros países, a ideia é utilizá-los para o desenvolvimento de doutrina e daí partir para iniciativas mais audaciosas, como um VANT projetado no Brasil. No horizonte do planejamento da Força Aérea está o emprego de armas em aviões deste porte e até a transmissão de dados dos VANT para qualquer ponto do país com o uso de satélites também de fabricação nacional. A aquisição do Hermes 450, designados RQ-450 na FAB, aconteceu após uma análise técnica que teve como objetivo escolher um modelo que pudesse cumprir as missões atuais e também fornecesse a tecnologia necessária para que futuramente seja desenvolvido um VANT nacional. O Hermes 450 é empregado com sucesso por outras Forças Armadas ao redor do mundo, entre elas o exército do Reino Unido. O Comando da Aeronáutica segue regras para assegurar que os voos desses veículos aéreos não tripulados não ofereçam riscos aos que utilizam o transporte aéreo no país e a população das cidades sobrevoadas. Desta forma, todos os voos de VANT precisam ocorrer em áreas previamente reservadas, como recomenda a OACI - Organização da Aviação Civil Internacional. As operações de VANT seguem a Circular de Informação Aeronáutica (AIC-N 21), emitida pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) em 23 de setembro de 2010 e disponível no site do DECEA. 

Fonte: Agência Força Aérea