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domingo, 25 de novembro de 2012

Especial de Domingo

O PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS

O Brasil representa a maior reserva de água doce da Terra, em torno de 12% do total mundial. Entre outubro de 2003 e dezembro de 2004, o aviador Gérard Moss, junto com a esposa Margi, coletaram 1.160 amostras de água doce de rios e lagos espalhados pelo vasto território brasileiro, utilizando um método inédito: um avião anfíbio. Em 2004, o projeto ganhou o Prêmio Ambiental Von Martius, na categoria Natureza, um belo reconhecimento da abrangência do empreendimento e o desafio de realizar tantos voos ousados. Os resultados das análises das amostras coletadas com tanta dexteridade ajudaram a desenhar um abrangente panorama da qualidade das águas do país para fins de alerta e conscientização.


LEGENDA
ÁGUAS NATURAIS
ÁGUAS COM TEORES MODERADOS DE NITROGÊNIO E FÓSFORO DE ORIGEM NATURAL
Em azul claro vêem-se os corpos de água limpos, onde não ocorrem interferências indesejáveis sobre os usos da água.
ÁGUAS COM BAIXO A MODERADO IMPACTO
Corpos de água com produtividade intermediária, com possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis na maioria dos casos.
ÁGUAS IMPACTADAS
ÁGUAS COM IMPACTO PREDOMINANTEMENTE DE AGRICULTURA
Em laranja estão os corpos de água com alta produtividade em relação às condições naturais, de baixa transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, em que ocorrem alterações indesejáveis na qualidade da água e interferências nos seus múltiplos usos.
ÁGUAS DE ALTO IMPACTO HUMANO
Corpos de águas afetados significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, com comprometimento acentuado nos seus usos, podendo inclusive resultar em episódios de mortandade dos animais aquáticos que vivem no ambiente.
Presença de Cianobactérias potencialmente tóxicas

Em 2001, Gérard havia realizado outro desafio aeronáutico - a primeira volta ao mundo de motoplanador (Projeto Asas do Vento). No Brasil das Águas, aproveitou novamente das asas para concluir outro projeto inovador. Preocupado com a degradação dos rios vistos de cima, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, ele idealizou uma forma de coletar amostras de água em voo rasante a bordo de um avião anfíbio. Após meses de consultas com cientistas e especialistas e testes do aparelho, foram acertadas as pesquisas que determinariam a qualidade da água coletada. Os cientistas brasileiros que analisaram, em laboratório, as amostras de água coletadas pelo Projeto Brasil das Águas, trabalham em instituições e universidades em três estados do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Cada cientista tem sua especialidade e contribuiu com novas informações que complementaram o estudo como um todo.

Amostras para análise de fitoplâncton - Foto:Nicolas Reynard 

AMOSTRAS COLETADAS EM VOO RASANTE

Dr. José Galizia Tundisi e Dr. Donato Seiji Abe
Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos, SP. Estudavam a composição iônica e a concentração de carbono, nitrogênio e fósforo na água. Através da concentração de fósforo total, classificaram as amostras em um Índice de Estado Trófico (IET).

Dr. Rodolfo Paranhos
Instituto de Biologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ. Determinava a abundância celular do bacterioplâncton e compunha um panorama de sua distribuição em águas continentais brasileiras.

Dra.Vera Huszar
Departamento de Botânica - Museu Nacional do Rio de Janeiro, UFRJ. Estudava a biodiversidade do fitoplâncton nas águas coletadas de rios, lagos e represas de todo o Brasil.

Dr. Raphael Bragança Alves Fernandes e Dr. Maurício Paulo Ferreira Fontes
Departamento de Solos - Universidade Federal de Viçosa, MG. Analisavam as concentrações de alguns metais na água, comparando os resultados com a Legislação Brasileira.

Dr. Jean Valentin
Instituto de Biologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ. Auxiliava na aplicação da Estatística nos resultados obtidos com as análises das amostras.

AMOSTRAS COLETADAS EM PARADAS COMPLETAS DENTRO DA ÁGUA

Dr. Abílio Lopes de Oliveira Neto
Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (São Carlos, SP) e Universidade de Santo Amaro, São Paulo, SP.

Dra. Takako Matsumura Tundisi
Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos, SP. Pesquisavam a diversidade do zooplâncton, com ênfase nos grupos de rotíferos, copépodos e cladóceros, em amostras de água.

Dra. Ana Luiza Albuquerque e MSc. Doriedson Gomes
Departamento de Geoquímica, Universidade Federal Fluminense, RJ. Estudavam a presença de algas diatomáceas em amostras de água de superfície e de sedimento do fundo de lagos e represas.

Dr. Olaf Malm
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ. Avaliou a presença de micropoluentes orgânicos em algumas amostras de sedimento do fundo de lagos remotos para pesquisar o histórico da contaminação destas áreas por mercúrio, analisando as amostras estratificadas do sedimento.

Dra. Maria Olímpia de Oliveira Rezende, Dra. Diva Landgraf e Dr. Claudemir Santana
Universidade de São Paulo, São Carlos, SP Analisaram algumas amostras de água de certas regiões específicas em busca da presença de pesticidas utilizados na agricultura.

Pesquisa e cidadania formam a base do projeto. Apoiado por instituições de ensino, pesquisa e empresas comprometidas com as questões ambientais brasileiras (Confira em Nossos Parceiros), Gérard e Margi Moss voaram 120.000 km – o equivalente a mais de duas voltas em torno da Terra – no avião anfíbio Talha-mar, transformado em laboratório aéreo, para coletar amostras em todas as regiões hidrográficas do país. As 1.160 amostras foram coletadas de 524 rios, lagos e reservatórios diferentes, sendo que mais do que uma amostra foi coletada de um número significante dos rios, devido à sua grande extensão (Amazonas, Paraná, Grande, Tocantins, Araguaia e São Francisco, por exemplo). O laboratório interno foi totalmente desenhado e montado pela própria equipe Brasil das Águas, com tecnologia 100% brasileira. 


Baseado nos resultados obtidos pelas análises realizados por pesquisadores em várias instituições em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerias (veja Pesquisas), foi possível desenhar um mapa mostrando a saúde das águas doces no momento da coleta e identificar ambientes não contaminados para que possam ser conservados. Utilizando a mesma metodologia em todo o país, a comparação dos resultados ajuda a entender a situação atual dos recursos hídricos e contribuir para um extenso banco de dados sobre um dos maiores bens do nosso povo: a água.

Fonte: Mundo Moss