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sábado, 12 de janeiro de 2013

Astronomia

Construção do maior observatório de raios gama
Um grupo de aproximadamente mil pesquisadores de 28 países, entre eles do Brasil, pretende construir até 2015 o maior observatório do mundo dedicado ao estudo de corpos celestes que emitem radiação gama – a radiação de mais alta energia. O CTA (Cherenkov Telescope Array) será instalado em dois lugares diferentes, um no hemisfério Sul, onde Chile, Argentina e Namíbia são candidatos para receber o experimento, e o outro no hemisfério Norte, no qual os Estados Unidos e a Espanha já manifestaram interesse. A escolha das duas sedes será decidida até o fim de 2013. Para instalar o equipamento, o país precisa ter uma área com atmosfera muito bem limpa a pelo menos 2.000 metros acima do nível do mar, sem contaminação de luz e com pouca formação de chuva e nuvens. No Brasil, não há região assim. O observatório terá cem telescópios terrestres sensíveis à radiação gama, distribuídos igualmente nos dois hemisférios. Os equipamentos irão operar em conjunto, orientados para observar um único corpo celeste por vez, como remanescentes de supernovas, galáxias com núcleo ativo e quasares que emitem radiação gama. Com isso, a precisão do estudo desses objetos celestes será muito maior do que a se tem atualmente. "O único observatório de astronomia gama em funcionamento hoje – o Observatório Hess, instalado na Namíbia – possui cinco telescópios operando em conjunto. O CTA será capaz de medir a radiação gama produzida durante fenômenos astrofísicos com sensibilidade dez vezes maior", disse Luiz Vitor de Souza Filho, professor do Instituto de Física de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo ) e um dos dez brasileiros que colaboram no projeto. 

Ajuda brasileira 
Além da produção de conhecimento, os cientistas também pretendem ajudar na construção da instrumentação do CTA. De acordo com Souza Filho, o grupo de brasileiros têm interesse no tipo de astrofísica que o CTA irá estudar, que conecta a tradicional com a de partículas (os raios cósmicos). "É quase mandatório que um país-membro que queira ter acesso aos dados gerados pelo experimento em igualdade com os demais integrantes tem que contribuir com a construção. Por conta disso, estamos desenvolvendo dois projetos de instrumentação para o CTA", contou Souza Filho. Um dos projetos é voltado para o desenvolvimento do revestimento dos espelhos que recobrirão os telescópios, que têm a função de refletir a luz e, ao mesmo tempo, proteger o equipamento das intempéries climáticas. Como ficará exposta na atmosfera, a parte refletora dos telescópios terá que durar muito tempo e ser muito bem feita para que não se solte do vidro e afete as propriedades refletoras e protetoras do espelho. Outro projeto brasileiro é o desenvolvimento de estruturas metálicas de sustentação dos telescópios. Com cerca de 16 metros de comprimento, essas estruturas precisam segurar um conjunto de instrumentos eletrônicos que pesam 2,5 toneladas nas extremidades sem envergar mais do que 20 milímetros para não prejudicar as imagens produzidas pelos telescópios. "Já tínhamos know how na construção desse tipo de instrumentação por conta do desenvolvimento de tecnologias muito parecidas com essas. que projetamos para o observatório Pierre Auger, na Argentina", disse Souza Filho. A equipe da USP atualmente desenvolve os protótipos do revestimento dos espelhos e da estrutura mecânica dos telescópios, que deverão ser concluídos até 2013, data de início da construção do CTA para entrar em operação em 2015. Também participam da construção do CTA pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), da UFABC (Universidade Federal do ABC), do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). 

Fonte: UOL Ciência