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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 27 de janeiro de 2013

Especial de Domingo

Há um ano, o engenheiro aeronáutico e fundador da Embraer Ozires Silva publicou - em sua Coluna de Domingo no jornal O Vale - os 10 pensamentos que reproduzimos a seguir. Serve como uma reflexão para avaliarmos se o Brasil avançou nestas questões fundamentais nestes últimos doze meses. 
Boa leitura. 
Bom domingo! 


10 PENSAMENTOS PARA O NOVO ANO 
Desde que o sistema de medidas saiu da base 60, criada pela antiga civilização Suméria, provavelmente há uns 3.000 anos antes de Cristo e substituído pelo atual sistema decimal, o número 10 consagrou-se como contagem obrigatória. Assim, sempre abraçados à esperança mística de se enfrentar um novo ano com sucesso, levantar dez alternativas do que se poderia fazer faz sentido. Se nós nos convocarmos a responder uma pergunta, colocada recentemente pela BBC de Londres sobre o porquê a economia brasileira não decola, após um julgamento positivo de alguns anos atrás, trouxe ao debate dez proposições que abaixo estão alinhadas, consideradas atritos a um desenvolvimento do Brasil: 

1) Menos burocracia e arbitrariedade: A lei precisa ser aplicada a todos, não somente para os cidadãos, mas também para o governo em todos os seus níveis, de forma prática, direta, livre e eficiente; 

2) Com que países o Brasil quer se comparar? O Brasil está sem estratégias. Apesar do peso do governo, as autoridades não se expressam para onde estão caminhando, gerando uma instabilidade que coloca os empreendedores sob pesados riscos, sempre limitando as possibilidades de sucesso; 

3) As commodities já não estão subindo de preço. Estamos acomodados na economia dependente, na sua maioria de commodities. Não existem no mundo exemplos de países que se desenvolveram prioritariamente exportando produtos abaixo de US$ 1 por quilograma e progrediram; 
  
4) O Brasil se enquadrou no bloco comercial dos protecionistas. O governo, assumindo a posição de único controlador, não abre concessões para o comércio exterior, logística, investimentos em infraestrutura e mantendo o domínio de portos e aeroportos, vitais para o comércio exterior e para o mercado interno; 
  
5) O setor público não tem melhorado a execução de projetos. Investidores privados parecem estar preocupados com o risco de mudanças das políticas regulatórias. A estabilidade das regras, normas e regulamentação é essencial para atrair o investidor o empreendedor para riscos de produzir ou de prestar serviços; 
  
6) Outros países latino-americanos Chile, Colômbia e Peru, melhor sucedidos, acabaram com a burocracia que dificulta a vida das empresas. O Brasil não faz o mesmo. Se não há consistências o investidor foge, pois eles precisam conseguir taxas de retorno razoáveis. Parece que, ainda hoje, há preconceitos contra o lucro e o retorno financeiro sobre os investimentos; 
  
7) A estrutura tributária brasileira e a reforma trabalhista levam tempo. Mas isso precisa ser revisto e o mais urgentemente possível; 
  
8) A educação no Brasil é ainda um elo fraco. Muito regulamentada, está em descompasso com os países desenvolvidos. A maioria dos brasileiros — cerca de 70%, diz o MEC– é composta de analfabetos funcionais (um eufemismo para dizer que não entendem o que leem nem o que escrevemos agora). Esta é uma desvantagem competitiva enorme e que compromete o futuro do país; 
  
9) No Brasil, tudo é imprevisível. Ou como dizem, no Brasil até o passado é incerto! Estratégias abertas e conhecidas podem mudar o clima de desconfiança do empreendedor, hoje considerado mundialmente o motor das mudanças e do progresso; 
  
10) Queda dos juros e desvalorização do Real ajudam, mas não são suficientes. O governo está subsidiando o consumo, criando um risco para as contas públicas difícil de retornar. Melhor seriam estímulos aos investimentos e à modernização do parque industrial e financiar as empresas nacionais para que apliquem tecnologias desenvolvidas no Brasil. 

Muitos outros pensamentos podem ser pensados e vamos considerar que não é suficiente desejar um novo ano feliz. É preciso se concentrar nas mudanças necessárias para que um futuro melhor possa ser criado para todos.

  OZIRES SILVA