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sexta-feira, 20 de março de 2015

Ciência

Experimento vai monitorar radiação cósmica e suas implicações na aviação
Qual a influência dos raios cósmicos sobre os sistemas embarcados em aeronaves e sobre a tripulação? Esses são alguns dos estudos que serão possíveis com o apoio de um contêiner-laboratório avançado para monitoramento de radiação cósmica, em funcionamento desde fevereiro deste ano, no Observatório Pico dos Dias (1.860 m de altitude), no Laboratório Nacional de Astrofísica, em Itajubá (MG). O experimento, liderado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), órgão ligado ao Comando da Aeronáutica, visa monitorar e acompanhar as variações no fluxo, espectro de energia, e dose devido à partículas produzidas pela radiação cósmica na atmosfera terrestre. O contêiner-laboratório está equipado com instrumentos de ponta, como espectrômetros de partículas, monitores de radiação diversos e um conjunto de memórias, com operação 24 horas por dia, que permitirão o acesso dos dados de monitoramento de forma remota pelos pesquisadores. Com esse estudo será possível acompanhar as variações no fluxo de radiação cósmica, de forma a balizar os estudos sobre a influência que as partículas dos raios cósmicos podem causar ao incidir em sistemas embarcados em aeronaves. De acordo com o Pesquisador do IEAv, Claudio Antonio Federico, essa incidência pode ocasionar mudanças de estado de memória, falhas em controladores lógicos e até a falha completa de um sistema.
“Já houve incidente envolvendo aeronave em que a única causa não descartada foi uma falha em função do efeito de radiação cósmica”, destaca o pesquisador. Outro aspecto do experimento é com relação à dose de radiação ionizante nas tripulações. Por meio da pesquisa será possível prever as alterações na taxa de dose incidente em tripulações de aeronaves em voo. “Essa é uma preocupação crescente em diversos países devido à maior frequência e altitude da malha de voos”, explica Federico. “Esses controles já são obrigatórios no Canadá e União Europeia e recomendados nos Estados Unidos. Para ter uma ideia, a dose de radiação oriunda de raios cósmicos durante um voo de 12 horas em altitude típica de voos internacionais equivale aproximadamente a um raio X de tórax”, explica o pesquisador. Os estudos decorrentes dos experimentos poderão embasar, segundo o pesquisador, novas diretrizes nesse segmento da aviação. Um dos objetivos futuros é criar um código brasileiro para avaliar as doses de radiação incidentes em aeronautas. “Outro é proporcionar aos órgãos de controle condições para a emissão de alertas quando os níveis de radiação estiverem muito altos”, analisa Federico. “Com essas medidas poderemos projetar uma aviação cada vez mais segura”, finaliza o pesquisador.
O experimento faz parte das atividades do projeto ERISA (Efeitos da Radiação Ionizante em Sistemas Aeronáuticos) e também de um acordo do DCTA com o Laboratório Aeroespacial Francês, ONERA (Office National dEtudes et de Recherches Aérospatiales). Também cooperam com o experimento os Laboratórios IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria), pertencente à Comissão Nacional de Energia Nuclear e o laboratório TIMA (Techniques de la informatique et de la Microélectronique pour L Arquitecture des Systèmes Intégrés), pertencente à Universidade de Grenoble, França.

Fonte: FAB