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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 14 de junho de 2015

Especial de Domingo

Hoje, reproduzimos mais um artigo de Ozires Silva, publicado em O Vale, com tema fundamental para o presente e o futuro do Brasil.
Boa leitura.
Bom domingo!


MAIS UMA SOBRE A EDUCAÇÃO

No final do século 20, o fabricante de automóveis na China, Geely, manifestou-se muito preocupado sobre a falta da capacidade pública de preparar colaboradores para a produção de veículos cada vez mais sofisticados, carregando cargas crescentes de novas tecnologias.

Da preocupação saltou para a solução, investindo cerca de US$ 800 milhões, dando partida na constituição de uma universidade privada, possivelmente uma das primeiras iniciativas nesse campo, naquele país.

Em menos de uma década após, tornou-se incrível entre os países em desenvolvimento que mais de 1.300 universidades tenham sido criadas por iniciativas de empreendedores privados, inspiradas em modelos de bem-sucedidas escolas de países de destaque, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Neste ano de 2015, a Universidade Geely matriculou mais de 20 mil estudantes, sendo treinados nas mais diferentes especializações, a maioria usando a língua inglesa, com professores recrutados em todo o mundo.

Nestes momentos, a China emerge como país global, competente, avançando para liderança mundial, insuspeitada há menos de 20 anos.

A China ainda segue o mesmo caminho, mostrando agora a mais ambiciosa expansão educacional do mundo moderno.

A nação, estimulada pelo governo a partir dos 1990, construiu uma base de ensino em todos os níveis, com amplo acesso das massas populares, anteriormente servindo unicamente às elites.

Recursos financeiros pesados foram colocados à disposição das pesquisas, abrindo-se para investidores privados, com liberdade curricular construído à base de experiências de vários países ocidentais.

Em 1998, Jiang Zemin, então presidente da China, falando no 100º aniversário da Universidade de Pequim, clamou pela importância da Educação abrangente e de qualidade para o futuro do país.

Desde então, tudo parece ter se multiplicado.

A China mostra mais alunos matriculados de nível superior do que os Estados Unidos, India, Rússia e Japão.

Tem sido, asseguram os estudiosos, uma clara lição de desenvolvimento a mostrada pela China, que uma política pública realmente destacada pode mostrar resultados, com retornos surpreendentes nos mais variados campos.

No mesmo período de tempo o Brasil, embora tenha mostrado algum desenvolvimento educacional, criando a possibilidade de que a iniciativa privada realmente pode contribuir para a melhoria e o crescimento do nosso cenário educacional, ainda não mostra nada semelhante ao praticado pelo governo chinês.

Nossos governantes não estão convencidos sobre a incrível capacidade da Educação de transformar nosso país.

No mesmo instante em que lançou o lema de Pátria Educadora, o governo atual colocou a vida de milhões de universitários em suspense, incluindo recursos destinados constitucionalmente para a Educação, sob a ação do chamado Ajuste Fiscal.

Sob o comando do Ministério da Educação, os resultados do ensino são colocados, em todas as iniciativas avaliadoras da Educação mundial, abaixo de países de significado sem comparação com nossas dimensões.

Tais resultados constituem real libelo para que mudanças essenciais sejam implantadas, se desejarmos manter a expectativa de um brilhante futuro para nossa gente.

O Brasil deve passar por reforma desde a educação básica.

O resultado do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) vem melhorando, mas resultado deixa a desejar.

Porque, enquanto o Brasil avança um ponto em relação aos dez das nações mais desenvolvidas, constatamos aumento da distância em relação ao desenvolvimento de outros países, pois eles crescem muito mais que nós.

Vários programas foram por aqui já implantados como boas ideias, mas progressivamente foram distorcidos por ações de curto prazo, como o agora Ajuste Fiscal.

Todavia, temos ainda o desafio que é o de manter o padrão de qualidade desses centros privados em relação aos centros administrados pelos recursos públicos.

É importante que a educação melhore e se desenvolva cada vez mais para que haja maior competitividade do nosso país no mundo globalizado.

Texto: Ozires Silva - Engenheiro Aeronáutico -  Fundador da Embraer

Fonte: O Vale