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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 14 de agosto de 2016

Especial de Domingo

IV Encontro de Escritores e Jornalistas de Aviação
A Associação dos Pioneiros e Veteranos da Embraer (APVE) realizou, em sua sede em São José dos Campos (SP), ontem e anteontem, 12 e 13 de agosto de 2016, um encontro de escritores e jornalistas de aviação com profissionais, estudantes e entusiastas do setor aeroespacial. Além da exposição e comercialização de obras de mais de 20 autores, o evento contou com palestras e painéis de debate acerca de importantes temas ligados às questões de tecnologia, empreendedorismo, certificação e formação de recursos humanos para o setor de aviação e exploração do espaço.

Palestras
Duas palestras mobilizaram a atenção da audiência. O engenheiro e um dos fundadores da Embraer, Ozires Silva, abordou “O DNA do futuro da aviação” e o comandante Gunar Armin Halboth com o graduando de Engenharia da UFMG, André Lefèvre Goldenstein falaram sobre o projeto da aeronave experimental Anequin. A aeronave experimental é detentora de nove recordes mundiais de velocidade e razão de subida.

Um  dos feitos é na categoria de aviões entre 300 e 500 Kg, tendo atingido a marca dos 521 Km/h. Esses recordes são homologados pela FAI – Federação Aeronáutica Internacional. O comandante Gunar é o segundo brasileiro a ter atestado seu recorde de velocidade pela entidade. O primeiro foi Santos Dumont, em 1906 com o 14-bis. O avião Anequim pesa 330 quilos e foi projetado e construído por professores e cerca de 30 estudantes do Centro de Estudos Aeronáuticos do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, com supervisão do professor Paulo Henriques Iscold.

Painéis
Três painéis reuniram especialistas do setor aeroespacial. Leone Perondi, diretor do INPE, Shirley Marciano, Mário Niwa e Carlos Lino discutiram “Os desafios dos sistemas aeroespaciais embarcados”. Walter Bartels, presidente da AIAAB – Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, Ramiro Brasil, Ney Pasqualini Bevacqua, Wellington Rios e Graciliano Campos debateram “As características da indústria aeroespacial brasileira”. Donizeti de Andrade, do ITA, Artemio Relvas de Almeida, Marcus Oliveira, Celso Faria de Souza e Nelson Eisaku Nagamine abordaram “Os aspectos da aviação certificada e experimental”.

Ozires Silva: “Transformar o País pela educação”
O pioneiro da moderna indústria aeronáutica brasileira Ozires Silva apresentou sua visão empreendedora para o progresso do país e foi aplaudido de pé, após sua explanação clara e recheada de ideias para ações concretas. Para Ozires, vivemos num país que é um real presente da natureza e que, por isso, temos que pensar em ser grande. “Por que não progredimos em igual intensidade de outros países de natureza inóspita? Cabem as perguntas: Por que? O que temos que fazer?, questionou para, em seguida, dizer o caminho: “Devemos transformar o país pela educação. Colocar na cabeça dos alunos que eles são capazes; que quem desenvolve o país é o povo; não é o governo federal”. Assegurou que o verdadeiro DNA do desenvolvimento se manifesta na educação e que o governo, por si só, não produz o sucesso. “O Brasil poderia estar num patamar bastante melhor, e, mesmo no presente, ser diferente”, disse.

Aviação
“Olhando para a nossa aviação” - disse Ozires Silva – “aprendemos que, no mundo moderno, ela é imprescindível”. Nesta parte de sua fala lamentou que faltam apoios e sobram obstáculos para a atividade aérea. Lembrou do suporte governamental que era proporcionado para a formação de recursos humanos para a aviação por meio dos aeroclubes, desde a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, quando os aeroclubes recebiam, por cessão de uso, aviões para formação de pilotos e instrutores, o que não mais ocorre desde o início da década de 90 do século passado. Neste contexto, assegurou que se não fossem as ações do Ministério da Aeronáutica, da FAB, do ITA e do DCTA não existiria a Embraer. “Graças a tudo isso, temos aviões, fabricados aqui, voando em 90 países”. Comentou que, nas últimas décadas, ocorreram mudanças acentuadas nas atitudes e ações das autoridades resultando, entre outras coisas, no fechamento de muitos aeroclubes e dificuldades das empresas aéreas.

Novo Código de Aeronáutica
Sobre o projeto do novo Código Brasileiro de Aeronáutica, que está tramitando pela Câmara dos Deputados e Senado, Ozires Silva defende alterações na proposta relativa ao trecho do artigo 385 que passaria, se aprovado, a proibir a fabricação de aviões experimentais em série e a transferência de propriedade de aeronaves de construção amadora. Ainda quanto à interferência governamental no segmento aéreo, diz que é preciso deixar livre os investimentos em aeroportos, já que dos cerca de 5500 municípios brasileiros, apenas 100 contam com voos regulares.

Conhecimento
Segundo Ozires, o Brasil não tem sabido enfrentar a sociedade mundial do conhecimento. A criatividade e as inovações são e serão constantes. E, para uma sociedade atingir o sucesso é preciso educação. “Nossos programas educacionais estão fora do compasso. O Brasil precisa avançar com seus programas escolares”, avalia. Para ele, para o aumento de produção de bens com valor agregado é preciso mais profissionais treinados e capazes e o país está sendo impedido de crescer. Quanto ao futuro da aviação e do avanço da capacidade tecnológica do Brasil, Ozires diz que é preciso pensar no futuro. O mundo mudou e o Brasil não mudou nada. Falta eficiência, decisão e liderança. Assegura que “precisamos de lideranças para romper com um passado que não pode prevalecer no futuro. O governo está grande e o povo pobre. A população tem que enriquecer pelo seu trabalho.” Ao encerrar sua palestra, Ozires Silva afirmou que é preciso lutar para vencer: não desistindo nunca.

Texto: Redação do NINJA