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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 27 de janeiro de 2019

Especial de Domingo

Confira a impactante história de um aviador letoniano no Brasil.
Boa leitura.
Bom domingo!

A História dos Seabees da Guarapiranga
Herbert Cukurs, nascido em 17 de maio de 1900 na cidade de Liepaja, na Letônia, é um grande herói em seu país. Pioneiro da aviação, desde muito novo começou a pilotar e construir aviões, sendo responsável por alguns dos mais importantes voos de longa duração da primeira metade do século XX, partindo da Letônia até a África em um voo solitário de 19.342 km, de Riga, capital da Letônia para Bathrust, capital de Gâmbia, que o consagraria para toda vida. O voo seguinte, ao Japão, não seguiu em linha reta para Tokyo, mas com grandes voltas, na Europa, como também na Ásia, pois a finalidade do mesmo não era bater recordes, mas conhecer os povos e costumes de diversos países, provar o valor do avião e demonstrar o resultado do trabalho na construção de aviões de Herberts Cukurs. O voo cruzou os céus da Lituânia, Polônia, Alemanha, Tchecoslováquia, Áustria, Hungria, Eslováquia, Bulgária, Turquia, Síria, Iraque, Irã, Índia, Birmânia, Sião, Indochina, China, Manchúria, Coréia e Japão, totalizando 21 países em 227 horas e 45 minutos, voando 40.045 km nessa viagem em zig-zag . Pelo voo realizado a imprensa internacional, o apelidou de The Latvian Lindergh (O Lindbergh Letoniano). Contemporâneo de Charles Lindbergh e Amelia Earhart, figura na mesma galeria dos maiores aviadores da aviação mundial. Durante a ocupação nazista na Letônia no verão de 1941, Cukurs tornou-se membro do terrível “Arajs Kommando”, o braço nazista da polícia secreta da Letônia, responsável por vários assassinatos de judeus, ciganos e deficientes durante a ocupação.
Alguns historiadores reconheceram-no como um dos principais líderes nas execuções de judeus nos massacres do Gueto de Riga e da floresta de Rumbula, que deixaram um rastro de quase de 30.000 mortes. Segundo eles, Herbert Cukurs seria o temido”Enforcador de Riga”. Foi ajudante do major Viktor Arajs, responsável pela organização Perkonkrust (criada pelo Exército alemão em 1941). Depois da rendição alemã, em 1945, Herbert conseguiu emigrar para o Brasil através da França, e algum tempo depois abriu uma empresa que realizava voos panorâmicos utilizando hidroaviões Seabee.
Hidroavião Republic Seabee - foto Nelson de Barros Pereira
Com estes modelos, a família Cukurs faria história na aviação brasileira. Com muita técnica, ótimos conhecimentos de mecânica e manutenção apurada, logo conquistou a confiança dos brasileiros e operou seu serviço de voo durante décadas em praias e represa. A primeira atividade turística foi na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, com aviões, aerobarcos, barcos a remo, pedalinhos e um restaurante flutuante. E, finalmente, na Represa de Guarapiranga, em SP. Poucos moradores do Bairro Eldorado, Diadema, lembram-se do hidroplano que pousava sobre um dos braços da Billings em meados da década de 1960. Com destreza, o capitão pousava o avião e o atracava em um píer, no entroncamento da avenida Alda com a estrada do Alvarenga, em um ponto próximo à divisa com a Capital. Enquanto preparava os motores da nave, um dos filhos oferecia os passeios aéreos a visitantes do bairro. Seu filho, Gunars Cukurs, também seguiu os passos aeronáuticos do pai, e pilotou os Seabees depois da maior tragédia sofrida pela família após o término da Guerra: o assassinato de Herbert Cukurs.
Seabees na Represa de Guarapiranga
A familia Cukurs também operou na Baixada Santista
Foto na Praia de José Menino – Santos
Foto da família Cukurs ao lado de um Seabee – década de 70
Um agente da Mossad disfarçado como um empresário austríaco do ramo de turismo fez amizade com Herbert na época em que ele trabalhava na Lagoa Rodrigo de Freitas no RJ. Aos poucos foi ganhando a confiança e chegou até a frequentar a casa da família Cukurs em São Paulo. Aproveitando a amizade, convenceu-o a ir até o Uruguai ajudá-lo a abrir um escritório no ramo da aviação. Chegando a Montevidéo, depois de rodarem em busca de escritórios durante várias horas, foi levado a uma residência afastada da cidade especialmente alugada para a execução. Assim que Cukurs entrou na residência foi agarrado por 6 homens e teria início o ritual de leitura das acusações e a execução. Porém, com ótima forma física para sua já avançada idade, consegue lutar com os executores, e só foi parado quando recebeu dois tiros na cabeça.
Cukurs em um de seus Seabees.Ótima forma física até os 65 anos.
Seu corpo foi deixado na residência junto com uma carta explicando os motivos da execução. Foi encontrado depois de vários dias, já em adiantado estado de decomposição. Apesar de vários órgãos da imprensa sul-americana e alemã terem recebido notas informando a execução, elas foram consideradas como “brincadeiras de mau gosto”.
Mossad, o temido Serviço Secreto Israelense
“Aqueles que nunca esquecem…”
A Nota dizia: “Levando em consideração a gravidade das acusações contra o réu, visto que ele pessoalmente supervisionou a morte de mais de 30.000 homens, mulheres e crianças, e também considerando a extrema crueldade com que exerceu suas tarefas, o acusado Herbert Cukurs é sentenciado à morte. O réu foi executado em 23 de fevereiro de 1965, por aqueles que não podem esquecer. Seu corpo pode ser encontrado na Casa Cubertini, Rua Colômbia, Sétima Seção do Departamento de Canelones, Montevidéo, Uruguai”
De acordo com o site www.arqshoah.com.br, dedicado à memória do Holocausto e ao anti-semitismo, além de ser um testemunho sobre a matança perpetrada pelos nazistas, "esse dossiê comprova que Herberts Cukurs, assim como outros nazistas acusados da prática de crime contra a humanidade, encontraram abrigo no Brasil e foram acobertados pela ditadura brasileira."
Os Seabees da família Cukurs apareceram até em
propagandas de automóveis nos anos 70.
O filho de Cukurs, Puck, nega todas as informações que ligam o pai ao movimento nazista. Ele ressalta que a escolha pelo Brasil surgiu em 1933. “Meu pai se encontrou com aviadores franceses que conheciam o País. Falaram bem. Para sair do ambiente de guerra, o pai tirou a família da Letônia e ainda trouxe para cá uma menina judia”, explica. Puck descreve o pai como uma pessoa de boa índole e dedicado à aviação. “Mas a perseguição não para. Somos uma família contra a mídia leiga”, criticou. A família Cukurs, apesar de revoltada, continuou sua vida no Brasil, e seu filho Gunars Cukurs continuou a trabalhar com aviação até 1996, quando os voos panorâmicos na Represa de Guarapiranga nos valentes Seabees tiveram fim. As mais de 12.000 horas de voo acumuladas em mais de 30 anos (sem nenhum acidente) fizeram de Gunars o mais experiente piloto de Seabees em todo o mundo.