NINJA - Saiba mais:

domingo, 31 de março de 2019

Especial de Domingo

Confira as ações da Força Aérea Brasileira na colaboração internacional às vítimas do ciclone em Moçambique.
Boa leitura.
Bom domingo!

Força Aérea leva ajuda a Moçambique
A Força Aérea Aérea Brasileira (FAB) envia aeronaves C-130 Hércules transportando mais de 20 toneladas de materiais para assistência às vítimas do Ciclone Idai, em Moçambique. Os aviões também levam 40 militares da Força Nacional e bombeiros da Polícia Militar de Minas Gerais que ajudarão nos resgates dos atingidos. A FAB foi acionada para a missão de assistência humanitária por meio do Ministério da Defesa e por determinação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. “Isso demonstra nossa capacidade de pronta-resposta, mesmo se tratando de uma missão extremamente complexa, que envolve longas distâncias, exige autorizações de sobrevoos em diferentes países, além de outras coordenações”, explica o Chefe do Estado-Maior Conjunto do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), Major-Brigadeiro Ricardo Cesar Mangrich.

Missão complexa
A complexidade ressaltada pelo oficial-general também está na necessidade de realizar diversos pousos e decolagens até a parada final, na cidade de Beira, já em Moçambique. Vinte militares da FAB integram as tripulações das duas aeronaves de carga. "Esperamos poder levar alento em nossa aeronave para a população de Moçambique. Nos mantemos sempre prontos e em condições de sermos acionados para as mais diversas missões. Dentre elas, as que proporcionam salvar vidas, como esta, são as mais gratificantes", ressalta o Capitão Aviador Nelson Dias da Silveira Costa, integrante da tripulação do C-130.

Água
Entre os materiais transportados estão água potável, veículos de transporte como camionetes e botes motorizados, barracas, geradores, torres de energia, macas, equipamentos de mergulho, além de ferramentas como motosserras, pás e enxadas. Um carregamento do Ministério da Saúde também será levado. Ao todo, são seis kits de medicamentos e insumos, totalizando 870 kg, quantitativo suficiente para atender até 3 mil pessoas por um período de três meses, segundo informações do Ministério.

A tragédia
O Idai foi o ciclone tropical mais forte a atingir Moçambique desde o Jokwe em 2008. A décima tempestade nomeada e o sétimo ciclone tropical da temporada no Índico Sudoeste de 2018-2019, o Idai originou-se de uma depressão tropical que se formou na costa leste de Moçambique em 4 de março. Cerca de 3 milhões de pessoas foram afetadas no sudeste da África, cujas autoridades já contabilizam mais de 700 mortos.

sábado, 30 de março de 2019

Espaço

Marcos Pontes comenta a exploração comercial do Centro de Lançamento de Alcântara
O acordo assinado com os Estados Unidos para Salvaguardas Tecnológicas (AST) é um passo importante para que o Brasil transforme a base de lançamento aeroespacial de Alcântara, no Maranhão, em um centro comercial, o que “vai ser muito bom para o Estado e para a região”, disse em 22/3 o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Segundo o ministro, o objetivo é fazer de Alcântara o que foi feito no Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, Ilha Merritt, nos Estados Unidos. De acordo com Pontes, a exploração comercial da base de lançamento conseguiu retomar a economia local, após as dificuldades enfrentadas com o fim do programa do ônibus espacial da Nasa. “Ali fazia o recolhimento, manutenção e decolagem do ônibus espacial. Quando acabou aquilo, perdeu um monte de emprego lá dentro, perdeu o shopping, as cidades afundaram, quase que virou uma cidade fantasma. Quando virou um centro comercial, aquilo reergueu. O pessoal está com uma qualidade de vida excelente, tem muita riqueza no entorno”. O ministro adiantou que o governo está preparando um plano para incentivar a formação de profissionais e a geração de empregos em Alcântara. A intenção é preparar profissionais “para trabalhar no centro e nas empresas que vão trabalhar no centro, ajudar no crescimento de empresas, startups locais, que podem trabalhar com o centro também. Isso tudo aumenta a riqueza local, a qualidade de vida local, e assim por diante, é a única maneira de fazer isso funcionar bem”.

Boatos com inverdades
Pontes disse que as informações que estão sendo divulgadas sobre o acordo de salvaguarda estão incorretas. Segundo o ministro, não será permitido que os Estados Unidos lancem foguetes do Brasil, muito menos mísseis. “Não é permitido, pelo acordo ou qualquer definição daqui, lançar qualquer tipo de míssil, isso não existe. Ali o uso é civil, pacífico”. “Não é ‘o Brasil está autorizando os Estados Unidos a lançar foguete aqui’. Não tem nada disso. É ‘os Estados Unidos estão autorizando o Brasil a lançar foguetes ou satélites de qualquer empresa e qualquer país que tenham componentes americanos’. Em troca, a gente garante que vai preservar essa tecnologia, para não deixar roubar”, afirmou o ministro, adiantando que o Brasil deve firmar acordos semelhantes com o Japão e Israel, entre outros países. O acordo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 29 de março de 2019

EDA

Esquadrilha da Fumaça terá 16 demonstrações em SP, SC, PR e MG em abril e maio /19
A Esquadrilha da Fumaça já tem a agenda para os meses de abril e maio de 2019. Ao todo, 16 cidades em quatro estados brasileiros receberão o Esquadrão de Demonstração Aérea nos próximos dois meses. São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Paraná serão os estados a receberem a demonstração em quase todos os finais de semana desse período. Todas as demonstrações da Esquadrilha da Fumaça são abertas e gratuitas.

Exibições
Abril:
05/04 São Francisco do Sul - SC
06/04 Blumenau - SC
07/04 Ituporanga - SC
09/04 Conchal - SP
13/04 Londrina - PR
14/04 Botucatu - SP
27/04 Jaú - SP
28/04 Marília - SP

Maio:
03/05 Brotas - SP
04/05 Toledo - PR
05/05 Braganey - PR
11/05 Igarapava - SP
12/05 Bebedouro - SP
24/05 Santa Rita do Sapucaí - MG
25/05 Barbacena - MG
26/05 Regente Feijó - SP

quinta-feira, 28 de março de 2019

Espaço

ITA e INPE criarão satélites em parceria com universidades americanas
O acordo recém assinado entre Brasil e Estados Unidos para a criação de satélites com cooperação entre instituições dos dois países prevê participação central do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As instituições com sede em São José dos Campos (SP) terão desempenho em diferentes etapas, que vão da produção da plataforma do nanossatélite - que são equipamentos com menos de 10 kg - até o acompanhamento dele. Assinado nos Estados Unidos durante o Brazil Day In Washington, no dia 18 de março de 2019, pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e pela Nasa, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro, o acordo prevê lançamento de um nanossatélite modelo cubesat em 2020. O chefe do Departamento de Sistemas Aeroespaciais do ITA, Luís Loures, explica que a instituição será responsável pelo desenvolvimento da plataforma do satélite. “O ITA produzirá o hardware e o software do módulo de serviço, enquanto os americanos produzirão o hardware e o software das cargas úteis. A Nasa Marshall está responsável pelo gerenciamento do projeto e pela engenharia de sistemas”, explicou. Em um satélite, a plataforma é a base do projeto enquanto as cargas úteis são instrumentos de medida da ionosfera – elas serão desenvolvidas pelas instituições americanas. Para o primeiro lançamento, as cargas úteis serão um GPS de ocultação, um medidor de velocidade dos íons, uma sonda de Langmuir (que mede a densidade do plasma), sonda de impedância, um medidor de campo elétrico e um magnetômetro.

Engenharia Aeroespacial
De acordo com Loures, uma equipe de 20 pessoas participa do projeto pelo ITA – e além do time do ITA e do Inpe, o projeto tem participação da Universidade Estadual de Utah, Universidade do Texas em Dallas e Universidade do Alabama em Huntsville. Além das universidades americanas, há também uma carga útil da empresa Aerospace e outra da Nasa Goddard. “Considerando que nós temos duas videoconferências com a Nasa por semana, este projeto catapultou a engenharia Aeroespacial do ITA para um nível bastante elevado. Nossos profissionais estão sendo contratados por organizações no exterior e nossos alunos de graduação e mestrado estão sendo formados de maneira bastante avançada”, avalia o chefe do Departamento de Sistemas Aeroespaciais.

Inpe
Já o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais é responsável pelo segmento de solo e pela disponibilização das instalações do Laboratório de Integração e Testes (LIT) para a montagem, integração e testes. “O centro de missão será no Inpe e o acompanhamento e distribuição dos dados para as instituições será feito por aqui também", explicou Otávio Santos Cupertino Durão, coordenador geral de engenharias e tecnologias espaciais do programa NanosatC-BR.

Prazos Não há um mês específico definido para o lançamento em 2020, mas já está definido que eles serão lançados para a Estação Espacial Internacional (ISS). “Não há previsão no atual acordo para lançamentos futuros, mas já existem planos para tal”, disse Luís Loures, do ITA.

Fonte: G1, via FAB

quarta-feira, 27 de março de 2019

Aviação do Exército


Helicóptero T129 ATAK faz demonstração
para a Aviação do Exército


Um exemplar do helicóptero T129 ATAK, de fabricação turca, fez uma demonstração para o Comando de Aviação do Exército, em Taubaté (SP), ontem, 26 de março de 2019. Foi observado pelo Grupo de Ensaios e Avaliações do Comando de Aviação do Exército (GEA). A seguir, o aparelho segue para apresentação em Brasília e depois para o Rio de Janeiro, onde será exibido na Feira Internacional de Defesa e Segurança – LAAD, de 2 a 5 de abril, no Riocentro.

O aparelho foi desembarcado no aeroporto de São José dos Campos (SP), para onde foi trasladado a bordo de um cargueiro Ilyushin IL76 TD, da Aviacon.

Características
O T129 ATAK é fabricado pela Turkish Aeroespace Industries (TAI) e foi desenvolvido em parceria com a Agusta Westland. É uma aeronave de ataque equipada com sistemas e armamentos de última geração, tais como canhão de 20 mm, foguetes, mísseis e câmeras de infravermelho. O T129 é um helicóptero bimotor, com dois lugares (um para o piloto e outro para o atirador) em tandem (em linha, um assento atrás do outro) especificamente projetado para fins de combate e reconhecimento. Incorpora fuselagem modificada, trem de acionamento reforçado e novo rotor de cauda. Foi projetado para atuar nas condições geográficas e ambientais mais desafiadoras. O primeiro lote de Helicópteros T129 ATAK já foi entregue às Forças Armadas Turcas e está em serviço apoiando as missões do Exército Turco.

terça-feira, 26 de março de 2019

Aviação Naval

Força Aeronaval terá dois novos esquadrões
A Marinha do Brasil (MB) por meio do Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) e da Diretoria de Aviação de Marinha (DAerM), está definindo os parâmetros para a criação de dois novos esquadrões de aviação que se juntarão aos nove já existentes. Um dos esquadrões, ainda sem nome e nomenclatura definido, será ativado ainda em 2019 nas instalações cedidas pela Força Aérea Brasileira (FAB) da ALA 9 em Belém, norte do país. Quando o esquadrão estiver totalmente operativo, ele irá operar com três helicópteros UH-15 Super Cougar nas mais distintas missões, incluindo busca e salvamento (SAR). O comando do 4º Distrito Naval, possui uma unidade naval que opera regularmente o H225M da Ala 9. A implementação do núcleo do 1º Esquadrão de Aviões de Alerta e de Transporte Antecipado da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA) está programado para ocorrer em outubro de 2019.

Saiba mais: Blog do NINJA de 14/11/2018  

segunda-feira, 25 de março de 2019

Datas Especiais

25 de março:
Dia do Especialista de Aeronáutica
A Força Aérea Brasileira (FAB) lançou um vídeo em homenagem ao Dia do Especialista de Aeronáutica, comemorado neste 25 de março. No vídeo, é possível conhecer algumas especialidades exercidas por esses profissionais, como controle de tráfego aéreo, mecânica de aeronaves e pavimentação.

domingo, 24 de março de 2019

Especial de Domingo

O  Centro Paula Souza (CPS) é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Presente em aproximadamente 300 municípios, a instituição administra 223 Escolas Técnicas (Etecs) e 73 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais, com 291 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superiores tecnológicos. Hoje, voltamos a publicar conteúdo que destaca as ações de Antônio Francisco de Paula Souza, sinalizando a justa homenagem que recebeu ao batizar o CPS.
Boa leitura.
Bom domingo!

O IPT NA AVIAÇÃO
Em 1894, era fundada a Escola Politécnica, em São Paulo, uma das primeiras escolas de engenharia do país. Desde 1891, o Congresso Legislativo do Estado registrava projetos de lei prevendo a criação de uma escola de engenharia. Em 1892, o então presidente da Câmara dos Deputados do Estado e futuro diretor da Escola, Antônio Francisco de Paula Souza, apresentava um projeto dispondo sobre a criação do Instituto Politécnico.

Francisco de Paula Souza - Fundador da Escola Politécnica - SP

A República havia sido proclamada. O país vivia um processo constituinte que desaguaria no estabelecimento do regime federativo e numa fase de grande autonomia dos estados. São Paulo vivia uma expansão acentuada da lavoura do café. Ferrovias atingiam regiões cafeeiras distantes da Capital, enquanto esta sofria um processo acelerado de urbanização. No entanto, o país importava a maioria dos bens que consumia, deixando inexploradas as imensas riquezas naturais que já sabia possuir. Contra esse estado de letargia e indigência intelectual, pronunciavam-se algumas lideranças que identificavam na industrialização e no desenvolvimento técnico as forças capazes de promover o desenvolvimento econômico. Entre esses homens figurava Paula Souza.
Em 1894, por ocasião da solenidade de criação da Escola Politécnica, Paula Souza revelava seu pensamento industrialista:

“Se os conhecimentos matemáticos e técnicos fossem mais divulgados entre nós, como o são os das ciências sociais e jurídicas, não assistiríamos hoje a essa curiosa anomalia de ver aquele mesmo povo que tão sábio quão pacificamente resolve os mais difíceis problemas sociais e políticos, como o da abolição da escravidão em 1889, importar os gêneros mais indispensáveis à vida, e até recorrer à industria estrangeira para obtenção dos mais simples artefatos e aparelhos necessários à defesa da Pátria, ameaçada de ruína e devastação.”

E ele continua:

“Sim senhores, se fossem comezinhos ao nosso povo os conhecimentos técnicos, teríamos, graças à reconhecida inteligência e natural perspicácia dos filhos desta terra, uma indústria variada, próspera e bem dirigida. Essas riquezas fabulosas, que existem ocultas no solo e subsolo, nas nossas extensas matas e campos, nos nossos caudalosos rios e impetuosos ribeiros, seriam convenientemente aproveitadas, em nosso lar encontraríamos facilmente o que hoje, com grande dispêndio necessitamos importar do estrangeiro!”

Cinco anos decorridos da fundação da Escola, nela surgia o Gabinete da Resistência de Materiais, origem do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT, uma das mais importantes instituições de pesquisa do país.
Em seus primeiros anos de existência, o Gabinete dedicou-se ao ensaio de materiais, especialmente daqueles voltados para a construção civil, tais como o cimento, os materiais cerâmicos e madeiras. De 1927, quando começaram a serem editados os boletins técnicos do IPT, até 1936, a maioria das publicações da instituição tratava de ensaios de materiais para a construção civil.

Em 1926 o Gabinete transformou-se em Laboratório de Ensaio de Materiais, perdendo sua feição essencialmente didática para aproximar-se da fisionomia de uma instituição de pesquisas.

O grande salão de máquinas do IPT

Quatro anos mais tarde era criada a Seção de Madeiras, com o objetivo de realizar estudos sistemáticos sobre as características físicas e mecânicas de nossas essências florestais. Até fins de 1933 já haviam sido estudadas cerca de 40 espécies e desse trabalho resultavam algumas aplicações, tais como produção de tacos e vernizes, além de madeira para emprego aeronáutico, em especial na construção de planadores.
Em 1934, era publicado o boletim técnico “Emprego de madeiras nacionais em aviação”, também apresentado ao 1º Congresso Nacional da Aeronáutica, de autoria de Frederico Brotero. Dirigindo a Seção de Madeiras do IPT, o interesse de Brotero pela aviação foi suscitado pela busca de aplicações para as madeiras brasileiras. No princípio da década de 30, a maioria das estruturas de aeronaves era de madeira. Brotero tornou-se conhecido nos meios técnicos pelo estudo de freijó, uma espécie que combinava pouco peso e grande resistência, característica que o tornava interessante para o emprego aeronáutico.
Gradativamente, o Instituto passou a se constituir numa referência necessária para todos quantos se interessavam pelo desenvolvimento da indústria aeronáutica no país. O envolvimento de Brotero pela aviação crescia constantemente.
Em 1938, ele uniu-se a Orthon Hoover para projetar uma aeronave de estrutura de madeira, para uma pessoa. O primeiro dos quatro protótipos de aeronave foi construído na Escola Politécnica e terminado em Rio Claro, ficando conhecido como Bichinho de Rio Claro.

IPT Bichinho exposto no Museu Aeroespacial

Hoover na aeronave Bichinho, projetada e construída no IPT
Mais tarde ganhou a denominação IPT-0. O aparelho trazia algumas inovações, entre elas asas dotadas de passagens aerodinâmicas hiper-sustentadoras no bordo de ataque. Esse modelo de asa passou a se constituir numa característica dos aviões do IPT. O protótipo inicial foi dotado de um motor de 60 cavalos, importado. As nervuras das asas e da fuselagem eram de freijó. A cobertura era de contra-placado fabricado pela IPT. Em 1943, o IPT realizou um novo projeto da aeronave, para que ela pudesse contar com motores mais possantes de, respectivamente, 65, 75 e 80 cavalos. Foram então construídos no IPT outros três aparelhos. Todas aeronaves apresentavam excelentes condições de voo, e em 1940, Clay Presgrave do Amaral dava início às atividades aeronáuticas da Seção de Madeiras, dirigida por Brotero. Em 1948, a Seção de Aeronáutica foi elevada à condição de Divisão de Aeronáutica do IPT.

Oficina Aeronáutica do IPT
O primeiro projeto de aeronave, desenvolvido pela Seção de Aeronáutica do IPT, foi o de um planador para instrução primária, registrando como IPT-1 e batizado Gafanhoto. O aparelho era um monoplano de asa alta, de um lugar com revestimento de contra-placado fabricado pelo IPT. Visava o treinamento de pilotos e podia realizar voos de pequeno alcance. O meio de lançamento era o reboque de automóvel. Foi construído um protótipo, e o IPT publicou um folheto contendo instruções e desenhos técnicos para sua construção, tornando-os de domínio público. Os projetistas pretendiam “eliminar de forma mais completa possível materiais de importação”.

Planador Gafanhoto
Os planadores haviam sofrido um grande desenvolvimento na Alemanha, que os utilizara para contornar as restrições do Tratado de Versalhes que a proibia de manter uma força aérea. Nessa época, os planadores comumente utilizados no Brasil para instrução primária eram de fabricação alemã. Em 1937, o IPT iniciou a fabricação experimental de contra-placados, valendo-se de uma prensa improvisada. O material empregava pinho do Paraná e foi utilizado na construção, em 1938, do aparelho Bichinho. Tendo em vista os bons resultados apresentados e a existência de mercado, até então suprido por importações, o IPT instalou uma pequena unidade para produção de contra-placados, que começou a operar em fins de 1940.
O interesse do IPT pelo emprego de madeiras em aviação acontecia num momento em que a tendência mundial da tecnologia aeronáutica era a substituição da madeira por materiais metálicos. O Brasil ainda não contava com a grande siderurgia, nem com a produção de alumínio e dispunha de um parque metalúrgico bastante limitado. Por essa razão, Brotero defendia a continuidade das pesquisas aeronáuticas com madeira, que acreditava ser o único material de que o país poderia dispor para a construção aeronáutica durante algum tempo.
O planador IPT-2, batizado Aratinga, foi projetado para o treinamento primário de pilotos. Um único protótipo chegou a ser construído e voou, pela primeira vez, em julho de 1942. Era um aparelho de um único lugar, estrutura de madeira e cobertura de contra-placado fabricado pelo próprio IPT .

Planador Aratinga
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas constituiu-se na base técnica sobre a qual surgiu a Companhia Aeronáutica Paulista. O Instituto concebeu duas aeronaves que vieram a ser fabricadas em série por essa empresa, além de projetar a famosa aeronave Paulistinha, uma cópia de um modelo norte-americano.

EAY 201 - Precursora do Paulistinha

O planador IPT-3, denominado Saracura, foi uma dessas aeronaves. Cópia do aparelho alemão Zoegling, a aeronave era destinada ao treinamento primário de pilotos. O IPT-3 voou pela primeira vez em setembro de 1942. Era um modelo simples, de estrutura de madeira e fácil manejo.

Planador Saracura

O IPT-4 foi projetado por Clay Presgrave do Amaral. Era um monomotor de asa baixa, para treinamento de pilotos. A estrutura era de madeira, com coberturas de chapas de contra-placado e tela. Era dotado de um motor norte-americano Franklin, de 90 cavalos. Clay do Amaral fez parte da primeira diretoria da Companhia Aeronáutica Paulista, e o IPT-4 tornou-se o CAP-1, denominado Planalto. Uma pequena série do avião foi fabricada pela empresa.

Aeronave Planalto

O modelo IPT-5, designado Jaraguá, era um planador experimental de dois lugares, de duplo comando, asas alongadas e de concepção moderna para a época. Voou pela primeira vez no final de 1941.
O modelo IPT-6, designado Stratus, foi projetado por João Lepper. Era um planador experimental, de competição, e voou pela primeira vez em 1944.

O protótipo IPT-7, designado Junior, foi projetado no início de 1945. Era um monomotor de dois lugares, estrutura de freijó, cobertura de contra-placado e tela plástica e motor Franklin norte-americano de 65 cavalos. Apenas o protótipo foi construído, chegando a ser homologado.

Protótipo do IPT-7/Junior

O IPT projetou ainda outras aeronaves, designadas pelos números 8, 9, 10, 11 e 15 mas que jamais chegaram a ser construídas.
O IPT-12, denominado Caboré, era um planador de alto rendimento, de uso esportivo.
O IPT-13 era um avião monomotor de dois lugares, de asa baixa, estrutura de freijó e cobertura de contra-placado de pinho, dotado de um motor Continental de 75 cavalos. Projetado, em 1949, por Silvio de Oliveira, apenas um protótipo foi construído e voou ao longo de cinco anos.
O modelo denominado IPT-14 era um planador de instrução de dois lugares. Ambos foram construídos e voaram durante alguns anos.
Anos mais tarde, no pós guerra, com o encerramento das atividades da CAP e de outras indústrias aeronáuticas, o IPT perdia o mercado para os projetos que desenvolvia. A Divisão de Aeronáutica realizava ensaios e projetos de aeronaves, buscando manter a equipe de técnicos no Instituto. Apesar de sua experiência, o grupo não foi absorvido pelo CTA e gradativamente o IPT abandonou as atividades aeronáuticas.
Os dois últimos projetos realizados pelo Instituto também não chegaram à produção industrial. O IPT-16 foi projetado por Joseph Kovacs e Silvio de Oliveira e era um avião monomotor, de um lugar, estrutura de madeira e motor Hirt de 160 cavalos. Começou a ser construído em 1949 e foi concluído apenas dez anos mais tarde, voando em setembro de 1959. Denominada Surubim, a aeronave tinha um excelente desempenho.
O IPT-17, último projeto realizado pelo Instituto, era um planador de um lugar, de estrutura de freijó e asas de perfil laminar. Apenas o protótipo foi construído e voou em 1960.
A Segunda Guerra Mundial assinala um período de crescimento da indústria aeronáutica no país. Foi também o momento mais significativo da trajetória do IPT na área aeronáutica, quando o Instituto projetou aeronaves que chegaram à produção em série, e quando registrou-se uma certa articulação entre a atividade de pesquisa e o processo industrial. Diversos protótipos projetados e construídos pelo IPT voaram anos seguidos, demonstrando a qualidade dos trabalhos que se realizavam no Instituto.

Fonte: Vencendo o Azul

sábado, 23 de março de 2019

Concurso para a EPCAR

FAB tem 180 vagas para jovens com ensino fundamental
Inscrições de 04 a 24/abril/2019

A Aeronáutica publicou edital de processo selativo nacional para ingresso na Escola Preparatória de Cadets do Ar (EpCar), ano de 2020. São 180 vagas destinadas a candidatos de ambos os sexos e com nível fundamental. O aluno precisa ter entre 14 e 18 anos, completos até dia 31 de dezembro 2019, para poder participar. Das oportunidades ofertadas, 160 são para o sexo masculino e 20 para candidatas do sexo feminino. O concurso também reserva 36 vagas para candidatos negros, o que equivale a 20% do total de ofertas. As inscrições, pelo site da Força Aérra, começarão no dia 4 de abril, às 10h, e vão até dia 24 do mesmo mês, às 15h, observado horário de Brasília. Será necessário preencher o Formulário de Solicitação de Inscrição (FSI) e efetuar o pagamento de R$ 60 até o dia 30 de abril.

Etapas
Provas escritas;
inspeção de saúde (INSPSAU);
exame de aptidão psicológica (EAP);
teste de avaliação de condicionamento físico (TACF);
procedimento de heteroidentificação complementar (PHC);
e validação documental.

Todas as fases são de caráter eliminatório, com exceção das provas escritas, que são classificatórias e eliminatórias. As provas escritas serão aplicadas em 7 de julho e cobrarão conhecimentos em português, matemática, inglês e redação. Terão cinco horas e 20 minutos de duração.

Locais de prova
No momento de inscrição, o candidato deverá indicar a localização onde deseja realizar as provas escritas, podendo ser modificada somente até o final do período do pagamento da taxa de inscrição. As avaliações serão aplicadas nas cidades onde se encontram as Organizações Militares de Apoio (OMAP). A consulta individual dos locais de prova será disponibilizada no site da EpCar e no Cartão de Confirmação de Inscrição.

O Curso
O Curso Preparatório de Cadetes do Ar, ministrado pela EpCar, destina-se a preparar os alunos para o ingresso no Curso de Formação de Oficiais Aviadores, que tem duração de três anos, sob o regime de internato, equivalente ao Ensino Médio. A escola fica localizada em Barbacena, Minas Gerais, e tem como o objetivo selecionar militares para o ano de 2020. A remuneração dos alunos do curso de formação nos dois primeiros anos será de R$ 1.044, e no último ano muda para R$ 1.066. Além do salário, o aluno receberá alimentação, alojamento, fardamento, assistência médico-hospitalar e dentária. As disciplinas ministradas no curso são as previstas no Ensino Médio regular no Brasil, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), além de matérias que irão servir de base aos estudos na Academia da Força Aérea (AFA). O candidato, no momento da matrícula, torna-se aluno da EpCar como praça especial. O aluno que terminar o Curso receberá certificado de conclusão do ensino médio. O aluno aprovado será conduzido a um período de adaptação, também em regime de internato, durante aproximadamente vinte dias corridos, contados a partir da data de início do curso. O período faz parte do estágio probatório para verificação da aptidão ao regime militar. Os alunos que concluírem o curso e forem considerados aptos na inspeção de saúde e no teste de avaliação do condicionamento físico poderão concorrer ao número de vagas previsto à matricula no primeiro ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV) da AFA.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Indústria Aeronáutica

Embraer é premiada por revista, pelo sucesso dos E-Jets E2
A família de jatos E-Jets E2, da Embraer, foi o grande vencedor entre os premiados da Aviação Comercial ao receber o Grand Laureate, da revista Aviation Week, anunciado durante cerimônia que ocorreu em Washington D.C., nos Estados Unidos, na noite de 14 de março de 2019. O programa E2 também venceu o Laureates Awards na categoria plataforma de aeronaves comerciais. “Embora semelhante à série de E-Jets original da Embraer, a família de aviões E2 possui design inovador, além de apresentar grandes avanços em aerodinâmica, propulsão, aviônica, controles de voo e na cabine, estabelecendo-se como uma nova referência para jatos crossover”, justificou a publicação que premiou o Programa E2.

Funcionários
“Este prêmio pertence a todos os 18 mil funcionários da Embraer. Precisamos, obviamente, reconhecer a grandeza de nossas equipes de engenharia, que trabalharam arduamente para superar todos os desafios durante o desenvolvimento do programa E2. É uma honra receber a premiação no mesmo ano em que a Embraer comemora seu 50º aniversário”, disse Paulo Cesar de Souza e Silva, Diretor-Presidente da Embraer.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Embraer

Embraer troca a presidência em abril
A Embraer informou, segunda-feira (18/03/2019) que, após cerca de 3 anos, o presidente da companhia, Paulo Cesar de Souza e Silva, deixará o cargo no dia 22 de abril, quando termina seu mandato. Até essa data, a empresa diz que será anunciado o nome do substituto. O comunicado da empresa diz ainda que Silva "foi convidado para ser consultor sênior do Conselho de Administração da Companhia, com a incumbência de facilitar a integração do novo Diretor Presidente, bem como assessorar o Conselho de Administração até o fechamento da operação com a Boeing".

quarta-feira, 20 de março de 2019

Aeroportos

Manejo de vegetação pode reduzir perigo aviário em aeroportos
Um artigo publicado recentemente por dois pesquisadores propõe o termo “Agricultura de aeroporto” para definir um conjunto de técnicas de manejo de cobertura vegetal de solo que pode reduzir a presença de aves e de outros animais em áreas próximas a pistas de aeroportos. Francisco Dübbern de Souza e Marcos Rafael Gusmão escreveram o texto “Cobertura vegetal em aeroportos e gerenciamento de risco de fauna. No artigo os autores propõem um conjunto de práticas agronômicas que visa obter uma cobertura vegetal do solo em faixas de pista em aeroportos, que contribua para a redução de acidentes pelo choque de aves com aviões durante aterrissagem e decolagem. Francisco conta que quando começou a pesquisar não imaginava a interface que o tema teria com o setor aeroviário. Tão logo a notícia do projeto se espalhou, representantes do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Comaer (Comando da Aeronáutica), e de aeroportos brasileiros concessionados o procuraram, interessados nos resultados dos estudos. A proposta é manejar o solo de modo que a vegetação nas áreas próximas a pistas de aeródromos reduzam as oportunidades de alimentação, tornando a área menos atrativa a animais. A própria operação de poda de gramas pode atrair aves, já que ela resulta em súbita disponibilização de alimentação para várias espécies de aves, atraindo-as e aumentando riscos de colisões com aeronaves. Uma possível forma para evitar esse problema é a poda noturna, já realizada em vários aeroportos brasileiros.

Fonte: Rádio Jovem Pan

terça-feira, 19 de março de 2019

Espaço

Assinado o primeiro acordo para emprego comercial do Centro de Lançamento de Alcântara
Os governos brasileiro e norte-americano assinaram nesta segunda-feira (18/03/2019) em Washington um acordo para o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Com a medida, os Estados Unidos serão autorizados, mediante pagamento, a lançar satélites e foguetes da base maranhense. No entanto, as instalações durante os lançamentos continuarão sob jurisdição do Brasil.O acordo foi assinado pelos ministros brasileiros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) durante uma cerimônia na Câmara Americana de Comércio. O presidente Jair Bolsonaro esteve presente no evento.

Aprovação
O documento ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que o país está "perdendo dinheiro" por não explorar o local de maneira comercial. Já Pontes, por sua vez, destacou que a atitude respeita a soberania do Brasil. "É um contrato importante, feito naturalmente agora com os EUA e, provavelmente, com outros países em um futuro próximo, também, que nos permita lançar outros foguetes e outras espaçonaves de outros países", explicou o ministro da Ciência e Tecnologia. A base em Alcântara é tida como um dos principais locais para o lançamento de satélites, principalmente por estar próximo á Linha do Equador, o que pode reduzir até 30% do combustível usado.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Recreio

Dia do Pequeno Especialista na EEAR
As comemorações alusivas ao Dia do Especialista - a ser comemorado no dia 25 de março - na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), localizada em Guaratinguetá (SP), já começaram: na quarta-feira (13/03/19) foi realizado um evento voltado para a família dos militares, especialmente as crianças - o Dia do Pequeno Especialista. A programação ocorreu em dois períodos, matutino e vespertino, para possibilitar a participação no contraturno escolar.

As crianças fizeram parte da parada diária e conheceram aeronaves históricas que compõem o cenário da escola. A primeira foi o helicóptero UH1H (conhecido como “Hzão”), que fica exposto próximo ao Centro de Treinamento de Especialistas (CTE). A ansiedade e animação para entrar na aeronave era muito forte em todas as crianças: “Mãe, muito legal dirigir esse helicóptero, eu gostei bastante”, comentou a pequena Beatriz Lira Pontes, de apenas cinco anos, após registrar sua foto na aeronave.

O outro helicóptero visitado foi o Bell Helicopter, que fica em frente ao refeitório dos Suboficiais e Sargentos da unidade. O grupo assistiu à apresentação da Banda de Música da EEAR e pôde conhecer cada um dos instrumentos musicais, ouvir o tema de vários desenhos animados entoado pelos músicos e, ainda, participar de uma gincana, que garantiu o entrosamento entre as crianças.

Ao final, os pequenos visitaram as seções de trabalho dos pais. “Essa é uma ação simples, porém bastante valorosa para o efetivo da Organização, pois promove a integração da família do militar com seu ambiente de trabalho. Isso faz com que os filhos se sintam mais próximos, mais importantes e tenham um momento de descontração e de lazer onde seus pais trabalham”, comentou o coordenador da ação, Tenente Mateus Candiani, Relações Públicas da EEAR.

Fonte: FAB

Fotos: Soldado Charleaux / EEAR

domingo, 17 de março de 2019

Especial de Domingo

Neste 2019, ano do sesquicentenário do ubatubense Gastão Madeira, patrono do NINJA, nosso blog segue destacando o brilho de outros pioneiros brasileiros, semeadores de pensamentos que muito contribuíram para o avanço da ciência aeronáutica. Hoje, do INCAER - Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, selecionamos - novamente - texto do Cel Av R1 Manuel Bezerra Barreto Reale sobre o brasileiro precursor da aeronáutica, Padre Bartolomeu de Gusmão.
Boa leitura.
Bom domingo!

Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
O Sacerdote que sonhava voar


Na coleção de vultos que se destacam na História Universal das Ciências e das glórias nacionais, um nome assume um primacial relevo: Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Bartolomeu viveu numa época em que as novas idéias eram muito incompreendidas e o mundo estava mergulhado nas trevas da Inquisição. Seria Bartolomeu de Gusmão, como é mais conhecido, somente um sacerdote ou um inventor? Hoje temos certeza de que foi muito mais que isso. Foi, antes de tudo, um visionário, um homem que, apesar de todas as pressões sofridas, foi um transgressor dos limites de seu tempo, indo muito mais além da imaginação dominante na época. Dedicado aos estudos, tanto o de natureza humana quanto o das necessidades físicas do momento, foi um sonhador. Via nos céus, ao mesmo tempo, a liberdade da sua imaginação visionária e aquela do homem que, despegado de suas raízes terrenas, poderia ascender, por meio de um engenho, ao firmamento, para vislumbrar o horizonte infinito. Possuidor de uma vasta cultura para o ambiente que reinava em Portugal na época era também poliglota, pois como fala Diogo Barbosa Machado: “Foi versado nas línguas principais, sabendo com pureza a Latina, falando com promptidão a Francesa, e a Italiana, e tinha grande inteligência da Grega, e Hebraica”. Incompreendido no seu tempo, ele foi acusado várias vezes de feiticeiro por alguns e satirizado por poetaços de valor duvidoso. Nesse mar de incompreensão, de crendices e de ignorância viveu até ao fim de seus dias Assim, por intermédio dessa sintética visão de sua vida poderemos exaltar e engrandecer os feitos desse brasileiro, pouco conhecido por nós, e apadrinhado pelos portugueses, como o homem que vislumbrou os ares como um meio de navegação e de observação da Terra e que deu aos homens o “insite” do domínio do ar.

Sua Infância
Bartolomeu nasceu na Vila de Santos, em dia ignoto do ano de 1685, tendo sido batizado numa Igreja Paroquial numa segunda-feira, 19 de dezembro de 1685. Como naquela época havia uma profundíssima fé, era comum que os recém-nascidos fossem logo batizados. Portanto, ele deve ter nascido, porventura, nesse mesmo dia, ou na véspera, ou, quando muito, na semana anterior, permanecendo até hoje essa indefinição. Nasceu num prédio que existiu na antiga Rua Santo Antonio, hoje Rua do Comércio, sendo o quarto de 12 filhos de Francisco Lourenço ou Francisco Lourenço Rodrigues, cirurgião-mor do presídio da então Vila de Santos, e de Dona Maria Álvares. Possuidor de profundas raízes brasileiras, conforme revela Pedro Taques, em sua “Nobiliarchia Paulistana”, descendia, por linha materna, de uma tetravó paulista, sendo também paulistas sua mãe, a avó, a bisavó e a trisavó, e, quanto à linha paterna, não se alcançou mais de duas gerações radicadas no Brasil. Torna-se, assim, o primeiro filho das terras do Novo Mundo cujo nome é cercado do mais alto realce, e inserido nas tábuas da História das Ciências. Muito se discutiu sobre o verdadeiro nome do Padre voador, pois ele utilizou e assinou várias vezes com nomes diferentes, embora todos convergissem para o utilizado nos últimos anos de sua vida. Bartolomeu assim se subscrevia: o nome de batismo Bertholameu Lourenço, com que assina os “Autos de Greve et Morisus”, conservados no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo; em seguida, o de Bartolomeu Lourenço, como está na sua famosa “Petição”; e, provavelmente, nos últimos anos de sua existência, em homenagem ao seu amigo e protetor Alexandre de Gusmão, aditou o nome de Gusmão. Pouco se sabe sobre a infância de Bartolomeu. Provavelmente cursou as primeiras letras na própria Capitania de São Vicente, no Colégio São Miguel, então o único estabelecimento educacional da região. Prosseguiu seus estudos na Capitania da Bahia, ingressando no Seminário de Belém, em Cachoeira, uma pequena povoação no Recôncavo Baiano, encravada no Vale do Rio Paraguaçu, onde seu profícuo espírito de inventor teria aflorado. No Seminário demonstrou raro talento para o estudo das Ciências e suas aplicações. Como manifestação de seu espírito ativo de transformar suas idéias em aplicações práticas, atua com rara inteligência numa deficiência que o Seminário sofria com a escassez de água para o serviço interno e para a alimentação. O Seminário, construído sobre um monte, ressentia-se de ter água para o seu consumo, tanto na alimentação como para os afazeres domésticos, tornando a comunidade totalmente dependente. Bartolomeu estudou o assunto e por meio de um cano e maquinismo fez subir ao convento a água de um brejo que ficava abaixo do nível do seminário 460 palmos, aproximadamente 101,20 metros. Ao término do curso no Seminário de Belém, em 1699, Bartolomeu retornou a Salvador, capital do Brasil à época, e ingressou na Companhia de Jesus, de onde saiu antes de se formar jesuíta, em 1701.

A Primeira Saída do Brasil
Viajou para Lisboa, onde chegou já famoso por sua memória extraordinária, ficando hospedado na casa do 3º Marquês de Fontes, que se impressionara com os dotes intelectuais do jovem. Contava ele então apenas 16 anos. Desde cedo evidenciou seu raro talento, uma cultura incontestável e uma portentosa capacidade de memorização. Nessa sua primeira ida a Portugal causou formidável impressão nos meios culturais lusitanos, por seu vasto leque de conhecimentos, e por sua personalidade, assim explicitada por Diogo Barbosa Machado, patriarca da bibliografia portuguesa:

“Sendo tão douto em várias ciências, nunca se lhe descobriu o menor sinal de vanglória; antes, sem afetação, era tão modesto no semblante como afável no gênio, parecendo muitas vezes a quem não o conhecia que não era depósito de tantos tesouros científicos.” 

Em 1702, Bartolomeu retornou ao Brasil, dando início ao processo de sua ordenação sacerdotal. Mais tarde, quando deixou o noviçado, ele pediu patente à Câmara da Bahia para o seu aparelho de anos atrás, o “invento para fazer subir água a toda a distância e altura que se quiser levar”. A Câmara concedeu o privilégio em 12 de dezembro de 1705. Em seguida, solicitou que o mesmo fosse estendido a todo o Estado do Brasil, o que foi concedido em 18 de novembro de 1706. Após esse processo, em 23 de março de 1707, ao requerimento foi dado despacho favorável pelo Rei D. João V. Foi essa a primeira patente de invenção outorgada a um brasileiro. A constatação da prodigiosa memória de Bartolomeu de Gusmão encontra-se num opúsculo inédito do Padre João Baptista de Castro, datado de 1766, e faz parte do Cod. CXII 12-14 da Biblioteca Pública de Évora: 

“Aprendendo eu filosofia no ano de 1715 com o rev. pe. Filippe Neri, da Congregação do Oratório, i fazer na casa da aula ao dr. Bartholomeu Lourenço de Gusmão, chamado o Voador, notáveis ostentações de memória local que pareciam exceder as forças humanas. Abria-se um livro de folha que ele nunca tinha lido; punha-se a ler duas ou quatro páginas de uma só vez, e as tornava a repetir fielmente; o que mais admirava era também repeti-las de baixo para cima. Foi um homem de grande esfera e que mereceu grandes aplausos nesta corte, mas malogrado.”

A Segunda Saída do Brasil e a Famosa “Petição”
Bartolomeu retorna a Portugal no fim de 1708 ou em 1709, data ainda imprecisa. Há relatos que afirmam sua matricula na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra em dezembro de 1708. Como seu objetivo e sua pesquisa estavam voltados para a confecção do aeróstato, interrompe seus estudos e falta à última matrícula. Nesse ínterim concluiu seus estudos sobre sua grande invenção, que iria marcar essa época incontestavelmente e mostraria ao mundo a utilização do ar para benefício da Humanidade. Dirige a D. João V uma famosa petição, tendo Freire de Carvalho como primeiro a transcrever e que tem diversos apógrafos com variantes solicitando o privilégio para sua investigação, nos termos que se segue:

“Senhor. Diz o licenciado Bartholomeu Lourenço, que elle tem descoberto hum instrumento para andar pello ar, da mesma Sorte que pella terra, e pello mar, e com muito mais brevidade, fazendo se muitas Vezes duzentas, e mais legoas por dia no qual instrumento se poderão levar os avizos de mais importancia aos exercitos, e as terras muito remotas, quasi no mesmo tempo em que se resolverem, em que enteressa a Vossa Magestade muito mais do que nenhum dos outros Principes, pella Mayor distancia dos Seus dominios, evitandosse desta Sorte, os disgovernos das Conquistas, que procedam em grande parte de chegar muito mais tarde as noticias dellas a Vossa Magestade. Além do que poderá Vossa Magestade mandar vir o precioso dellas, muito mais brevemente e mais Seguro poderão os homens de negocio passar letra, e Cabedaes com a mesma brevidade, e todas as praças Citiadas poderão ser Socorridas, tanto de Gente, como de munições, e viveres a todo tempo e retirarem se dellas, todas as pessoas que quizerem. Sem que o inimigo o possa impedir; Discubrir se hão as Regiões que ficarão mais vizinhas aos Pollos do Mundo, sendo da Nação Portuguesa a gloria deste descobrimento que tantas vezes tem intentado inutilmente os estrangeiros; Saber se hão as Verdadeiras Longitudes de todo o Mundo, que por estarem erradas nos Mapas causão muitos Naufragios; Além de infinitas Conviniências que mostrará o tempo, e outras que por si são Notorias, que todas merecem a Real atenção de Vossa Magestade, porque deste invento tão Util Se podem Seguir Muytas discórdias, e facilitandosse e muito mais na confiança de Se poder passar Logo a outro Reyno, estando reduzido o dito Vso a huma só pessoa, a quem se mandem a todo o tempo as ordens que forem Convinientes, a Respeito do dito transporte, e prohibindosse a todas as mais, sob graves penas e he bem se Remunere ao Supplicante um invento de tanta importancia. Pede a Vossa Magestade Seja Servido Conceder ao Supplicante o privilegio de que pondo por obra o dito inventivo, nenhuma pessoa de qualquer qualidade possa Usar delle em nenhum tempo neste Reyno, e Suas Conquistas com quais quer pretextos, Sem licença do Supplicante ou de seus Herdeiros Sob pena de perdimento de todos seus bens (...).”

Como despacho à Resolução, segue o texto:

“Como parecer à Mesa: e além das penas, acrescento a de morte aos transgressores e para com mais vontade o Supplicante se aplicar ao novo instrumento, obrando os effeitos, que relata, lhe faço mercê da primeira Dignidade, que vagar em minhas Collegiadas de Barcelos, ou Santare, e de Lente de Prima de Mathematica na Minha Universidade de Coimbra, com seiscentos mil réis de renda, que crio de novo em vista do Supplicante somente. Lisboa, 17 de abril de 1709. Com rubrica de Sua Magestade.

As Experiências com Balões
Com o deferimento da sua Petição de Privilégio, e sempre protegido por D. João V, que reconhecia seu invulgar talento, resolve Bartolomeu realizar e tornar público seus experimentos. A leitura de documentos da época nos conduz a uma pequena síntese de que Bartolomeu construiu um aeróstato sem cubagem para criar força ascensional capaz de elevar um homem a luz do princípio de Arquimedes. Comprovadamente realizou quatro experimentos:

– Em 3 de agosto de 1709, quis fazer exame ou experiência, do invento de voar – para isso foi à casa que fica debaixo das embaixadas, na Sala de Audiências – que não surtiu efeito, sem que o balão se elevasse;

– Em 5 de agosto de 1709, na Sala das Embaixadas, com um meio globo de madeira delgado, e dentro trazia um globo de papel grosso, mantendo-lhe no fundo uma tigela com fogo material; o qual subiu 20 palmos e como o fogo ia bem aceso, começou a arder o papel subindo, sendo destruído pelos criados da Casa Real, receosos da propagação de um incêndio, assistindo a tudo Sua Majestade com toda a Casa Real e várias pessoas;

– Em 8 de agosto de 1709, no pátio da Casa da Índia diante de Sua Majestade e com muita fidalguia seu balão subiu suavemente à altura da sala das embaixadas e, do mesmo modo, desceu suavemente, caindo no Terreiro do Paço;

– Em 3 de outubro de 1709, no pátio da Casa da Índia, com o instrumento de voar que tendo, subido a bastante altura, desceu em seguida sem problema.

A “Passarola”


Os princípios físicos utilizados por Gusmão eram verdadeiros e o são até hoje. O ar, quando aquecido, perde densidade e torna-se mais leve do que o ar ambiente e tem como consequência dessa diferença de temperatura e densidade, sua elevação. Essa primazia de utilizar o ar quente nos balões para erguer um objeto às alturas é de Bartolomeu. Com a divulgação da sua “Petição”, aceita pelo Rei em 17 de abril de 1709, a qual notificava a cessão da patente de um “instrumento para se andar pelo ar”, que mais tarde seria conhecido por aeróstato ou balão, muito reboliço causou nos meios acadêmicos e no seio da população de Lisboa. Essa divulgação pública se ramificou em vários reinos europeus, que geraram uma divulgação maior com publicações contendo estampas fantasiosas que retratavam o invento como uma barca com um formato parecido com um pássaro que ficou conhecido vulgarmente como “Passarola”. As primeiras ilustrações da “Passarola” são de autoria do primogênito do 3º Marquês de Fontes, D. Joaquim Francisco de Sá Almeida e Menezes, com a conivência de Bartolomeu, pois o mesmo era seu aluno. Esperava, dessa maneira, melhor proteger o segredo confiado à sua guarda e, ainda, ludibriar os bisbilhoteiros. Atualmente, temos conhecimento de que a forma dos balões, utilizadas por Bartolomeu, nunca ficou bem determinada, sendo que a série de documentos e estampas apócrifos divulgados por seus adversários (inclusive por ele), muito contribuíram para a confusão e perfeita concepção do modelo. Como visto acima, é bem provável que Bartolomeu tenha divulgado a estampa da “Passarola” e outras falsas informações para camuflar suas observações, como fazia regularmente.

A Morte de Bartolomeu de Gusmão
Foi mergulhado num ambiente repleto de detratores, de superstições e ignorância, onde o Santo Ofício dominava por completo a consciência do Rei, que resultou a sua perseguição pelo Tribunal de Inquisição. Ciente de que seria declarado culpado em processo de calúnia e intrigas movido por seus opositores, e sua prisão decretada em 26 de setembro de 1724, antecipou-se a esse evento e fugiu com seu jovem irmão, João de Santa Maria, religioso carmelita de 24 anos. A intenção de Bartolomeu era refugiar-se em Paris, seguindo viagem via Madri. Sua saúde nesse período estava muito abalada e, quando se encontrava na cidade de Toledo, não resistiu e, debilitado, interrompeu sua viagem, vindo a falecer no Hospital de Misericórdia. Era dia 19 de novembro de 1724, uma data que não devemos esquecer. Bartolomeu retirava-se para sempre desse viver terreno, esse brasileiro notabilíssimo, que dera ao Brasil e a Portugal a primazia, na História, de serem os precursores da busca pelo domínio do ar e da Navegação Aérea. O momento em que Bartolomeu alçou seu voo mais alto e se despegou desse mundo está registrado na transcrição da Certidão de Óbito desse ilustre homem da Ciência, precioso documento que o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro recebeu em doação, acompanhando um certificado de Francisco Adolpho Varnhagen, encarregado de negócios do Brasil em Madri, e copiado por Dom Joaquim Martinez, cura colado da Igreja Paroquial de Santa Leocádia e São Romão, na cidade de Toledo, que o extraiu das folhas 115 do livro dos falecidos, que começou no ano de 1705 e terminou no ano de 1739.

O Reconhecimento


Bartolomeu deixou para seus pósteros, por meio de sua visão imaginativa de sonhador, o exemplo de persistência, de singular modéstia, de amável singeleza e candura d’alma, que de tal sorte acanhado, não parecia um guardião de tantos conhecimentos e saber. Dizia o Visconde de São Leopoldo que Gusmão nunca fez alarde dos seus profundos conhecimentos de humanidades, porém o seu saber era admirado por todos os seus contemporâneos. Para marcar o feito desse homem ilustre, a cidade e o povo de Santos homenageiam Bartolomeu de Gusmão com um monumento na Praça Rui Barbosa, que teve a pedra fundamental lançada em 12 de julho de 1922, na presença de convidados de honra, como a dos aviadores portugueses, Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Criado pelo escultor italiano Lorenzo Massa, o monumento foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, em meio às festas oficiais pelo Centenário da Independência do Brasil. Não podemos esquecer a magnitude de sua inteligência e do seu espírito inventor, que por seus diversificados estudos pôde-se destacar nos vários ramos da inteligência humana, como podemos citar a seguir: Na História, foi proeminente membro ativo da Academia Real de História Portuguesa. Preparando a resposta a um trabalho do conceituado Geógrafo Guilherme de Lisle, por incumbência do Governo português pôde destacar-se no campo da Geografia. Sua atuação destacada na célebre “Questão da Casa de Aveiro” pode demonstrar seus conhecimentos jurídicos. Compondo vários sermões, dissertações e versos, demonstrou seus dotes na área da Literatura. Nos estudos da Matemática, em toda sua extensão, excedeu ao conhecimento dos estudiosos do seu tempo em Portugal. Inventou mecanismos de elevar água, de aumentar o rendimento dos moinhos hidráulicos e engenhos de açúcar, além de outros, e enveredou pelo campo da Mecânica com imenso ardor e destaque. Culminando com o estudo dos balões, tornou-se precursor na Ciência Aerostática. Ainda foi muito além, atuando também nos campos da Diplomacia e da Criptografia, por designação de D. João V. Enfim, podemos afirmar, sem sombra de dúvida e com imenso orgulho, que Bartolomeu de Gusmão foi um visionário no seu tempo; foi um sonhador que procurou transformar seus sonhos em realidade e tornar-se o primeiro homem que vislumbrou nos céus o domínio do ar para a conquista da terra, portanto, com justa razão, o precursor da Aeronáutica no mundo. Por tudo que esse brasileiro nato realizou, fez-se credor e digno do título que o coloca numa posição de destaque no contexto da História Universal, reconhecido mundialmente e inserido na História da Aeronáutica brasileira como Patrono do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER). E como homenagem a esse brasileiro que sonhava voar, terminamos com esse lindo soneto de Olavo Bilac em sua homenagem:

O Voador

“Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, inventor do aeróstato,
Morreu miseravelmente num convento, em Toledo, sem
Ter quem lhe velasse a agonia.”

Em Toledo. Lá fora, a vida tumultua
E canta. A multidão em festa se atropela...
E o pobre, que o suor da agonia enregela,
Cuida o seu nome ouvir na aclamação da rua.

Agoniza o Voador. Piedosamente, a lua
Vem velar-lhe a agonia através da janela.
A Febre, o Sonho, a Glória enchem a escura cela,
E entre as névoas da morte uma visão flutua:

“Voar! varrer o céu com asas poderosas,
Sobre as nuvens! correr o mar das nebulosas,
Os continentes de ouro, o fogo da amplidão!...”

E o pranto do luar cai sobre o catre imundo...
E em farrapos, sozinho, arqueja moribundo
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão.

Fonte: INCAER

Texto: Cel Av R1 Manuel Bezerra Barreto Reale
Chefe da Divisão de Estudos e Pesquisa do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica

sábado, 16 de março de 2019

Aeroportos

Privatização de 12 aeroportos trará investimentos de R$ 3,5 bilhões
Foi concluído o leilão para privatização de 12 aeroportos, na última sexta-feira, 15 de março de 2019, pelo governo federal. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com a disputa, realizada em três blocos, a arrecadação à vista do governo ficou em R$ 2,377 bilhões – o que representa R$ 2,158 bilhões acima do mínimo fixado pelo edital para o valor de outorga inicial. O ágio médio do leilão foi de 986%. Além do valor à vista, as regras do leilão preveem uma outorga variável a ser paga ao longo dos 30 anos de concessão, estimada em R$ 1,9 bilhão para os três blocos de aeroportos concedidos. O investimento previsto nos 12 aeroportos ao longo do período de concessão é de R$ 3,5 bilhões, para ampliação e manutenção dos terminais. Para os primeiros cinco anos da concessão, o investimento estimado é de R$ 1,47 bilhão. Já nos primeiros 180 dias dos contratos, as concessionárias deverão realizar melhorias como adequação de banheiros e fraldários, revitalização e atualização das sinalizações de informação dentro e fora do Terminal de Passageiros (TPS); disponibilização de internet wi-fi gratuita de alta velocidade em todo o TPS; e revisão de sistemas de climatização, escadas rolantes, esteiras rolantes, elevadores e esteiras para restituição de bagagens; entre outras intervenções.

Nordeste
A espanhola Aena venceu o disputado leilão pelo principal bloco de aeroportos, o Nordeste. Com oferta de outorga de R$ 1,9 bilhão – que surpreendeu os participantes do leilão –, o consórcio vai administrar os aeroportos do bloco Nordeste, considerado o "filé" das concessões desta sexta, que compreende os terminais de Recife, Maceió, João Pessoa, Aracaju, Juazeiro do Norte e Campina Grande.

Centro-Oeste
O Bloco Centro-Oeste – que compreende os aeroportos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta, todos no Mato Grosso – foi arrematado pelo Consórcio Aeroeste, por R$ 40 milhões, ágio de 4.739% sobre o valor mínimo de outorga de R$ 800 mil. O Consórcio Aeroeste é formado por Socicam Terminais Rodoviários (85%), que administra o terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo, e Sinart Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (15%).

Sudeste
Os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ), que fazem parte do bloco Sudeste, foram arrematados pela suíça Zurich por R$ 437 milhões, ágio de 830% sobre o valor mínimo de R$ 46,9 milhões. O grupo já administra, no Brasil, os terminais de Florianópolis e Confins (MG).