Há cinco anos o 1º astronauta brasileiro foi ao espaço
Marcos Pontes entrou para a história do Brasil como primeiro astronauta brasileiro a participar em missão ao espaço. Ele foi à Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo da nave russa Soyuz TMA-8, em viagem denominada "Missão Centenário", iniciada em 29 de março de 2006. Foi uma homenagem aos 100 anos do histórico voo de Santos Dumont no 14-Bis em Paris. O astronauta brasileiro nasceu em Bauru, no interior de São Paulo, em 11 de março de 1963, de família humilde. Sua trajetória de vida pessoal e profissional são exemplos de persistência, superação e empreendedorismo que o levaram a ser um personagem vivo dos livros de história do Brasil. Sempre foi um sonhador e teve na educação e no sacrifício as ferramentas para vencer na vida e representar uma Nação inteira. A missão daquele histórico dia 29 de março de 2006 teve como objetivos impulsionar a pesquisa em micro gravidade no país, homenagear Santos Dumont, divulgar o programa espacial brasileiro e motivar jovens para carreiras de Ciência e Tecnologia. Segundo Pontes, após a missão a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) passou a contar com aproximadamente um milhão de estudantes, enquanto antes tinha em torno de 100 a 150 mil participantes. Atualmente Pontes desenvolve a carreira de engenheiro e pesquisador, além de ser educador e palestrante, buscando inspirar principalmente os jovens, mas também adultos, a realizar seus sonhos através da educação, ética e do trabalho. Cerca de 80% de suas atividades são voltadas à educação e defende que o ensino fundamental seja de excelente qualidade, que considera essencial para o desenvolvimento de uma nação.
Transformar sonhos em realidade
Pontes salienta que na transformação de sonhos em realidade há a importância do vínculo familiar, dos valores e princípios pessoais, da persistência e preparação para as oportunidades. “A jornada de sucesso começa com o sonho, mas é preciso ter atitudes corretas e adotar estratégias. Definir os objetivos, as metas, planejar, preparar e executar o plano. Depois fazer a avaliação e o controle. Vai precisar ter resistência para superar os fracassos e chegar ao sucesso”, ensina. Uma das lições que recebeu dos pais foi a de fazer de suas necessidades a mola propulsora para o crescimento. “Tinha vontade de ser piloto desde adolescente, mas precisava ajudar a família. Meus pais ensinaram que era preciso lutar e fazer sempre mais do que as pessoas esperavam de mim. Outra lição que foi de extrema importância é não deixar que os outros limitem seus sonhos. Porém, é preciso prestar atenção, porque oportunidades passam na frente das pessoas disfarçadas de trabalho e podem ser desperdiçadas.”
Treinamento para astronauta
Instalado em Houston, Texas, Estados Unidos em agosto de 1998, deixou as funções de militar da ativa como oficial da Força Aérea Brasileira para se dedicar exclusivamente às funções civis de astronauta, a serviço do Brasil. Teve que encerrar sua carreira militar no posto de tenente-coronel, ao se dispor em prol da Nação para ser astronauta. E isso teria um novo peso, uma nova importância, não só para a ciência, mas especialmente para a Educação no Brasil. Começaram os treinamentos para a nova etapa. Muitos treinamentos, duros, intensos, distantes da família, distantes de todos, distante dos limites fisiológicos e psicológicos. Os dois primeiros anos foram de curso. Procedimentos, sistemas do ônibus espacial, sistemas da Estação Espacial, emergências, mais emergências.Mais treinamento, mais treinamento. Em dezembro de 2000, finalmente, recebeu o “brevê” de astronauta na NASA. Era então, oficialmente, o primeiro Astronauta Profissional Brasileiro. Enquanto como astronauta mantinha o treinamento, estando pronto para atender à escalação para voo no momento que o país determinasse, também trabalhava com a parte técnica do projeto do laboratório Japonês KIBO entre Houston (NASA) e Tsukuba (JAXA – Agencia Espacial Japonesa). Todos os astronautas têm funções técnicas, além das funções normais operacionais. Em 2002 a Agência Espacial Brasileira oficialmente desistiu de fabricar as peças nacionais que dariam um certificado de qualidade extremamente importante para a indústria brasileira para exportações de alta tecnologia.Então, resolveu que era hora de entrar no circuito técnico para tentar ajudar a manter o Brasil no programa e evitar a vergonha de sermos o único país, entre os 16 participantes da ISS, a não ser capaz de cumprir sua parte no acordo. Conseguiu recuperar a participação brasileira na Estação Espacial Internacional mudando o escopo da responsabilidade brasileira no acordo: de seis peças com investimento estimado na indústria brasileira de 120 milhões de dólares em cinco anos, para 43 pequenas placas adaptadoras com investimento total de apenas 10 milhões do Programa Espacial Brasileiro na indústria nacional. Essa redução de custos foi necessária, segundo a administração para adequar o orçamento. O tempo passou. Reuniões técnicas e mais reuniões técnicas. Ocorreu o acidente do Columbia em 01 de fevereiro de 2003 e acidente em Alcântara no mesmo ano. Atrasos operacionais. Tristeza. Trabalhou na investigação do Columbia. Perdeu sete amigos próximos em Houston e mais 21 no Brasil. Houve a demora do retorno ao voo dos ônibus espaciais. Finalmente em 2005 a AEB – Agência Espacial Brasileira tomou a decisão de realizar a Missão Centenário em 2006, com apoio de uma nave russa, visto a impossibilidade operacional dos ônibus espaciais americanos. Seguiu para a Rússia em outubro de 2005. Na frente outro grande desafio: aprender todos os sistemas do Soyuz (espaçonave russa) e dos módulos russos da ISS em menos de seis meses. Seria um recorde inclusive para o setor de treinamento dos russos. Além disso, como se isso já não fosse uma tarefa enorme, em paralelo nos primeiros três meses, teve também que aprender a língua russa o suficiente para passar nos exames orais e operar com segurança todos os sistemas das espaçonaves.
2006: A missão
Diz o astronauta: “Mas, Eu Venci! Vencemos juntos! Todos os Brasileiros venceram! Cumpri a minha missão e o coração Brasileiro decolou para o espaço no dia 29 de Março de 2006 às 23:30 (horário no Brasil)!" O povo Brasileiro vibrou com a missão. O sentimento de orgulho nacional foi enorme. A Bandeira do Brasil chegou ao espaço pela primeira vez nas mãos de um Brasileiro. E foram mãos simples! Não de um privilegiado de berço, não de um superdotado, não de alguém protegido pela política, mas nas mãos de um filho de servente, um menino pobre como tantos nesse nosso país, um sonhador que teve na educação e no sacrifício pessoal as armas para vencer na vida e carregar nas costas o peso de representar uma nação inteira. Após a missão, o Comando da Aeronáutica oficializou a sua transferência do serviço ativo militar para a reserva, de forma que continuasse normalmente com as atividades da função civil de astronauta que já executava desde 1998. Isso é um evento comum da carreira de astronautas de origem militar em todos os países desenvolvidos devido às incompatibilidades da função civil de astronauta com o regulamento militar. Por exemplo, todos os astronautas e cosmonautas que estiveram com ele no espaço e que eram militares, também já tinham sido, ou foram, transferidos para a reserva.
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