Apoena: o primeiro VANT certificado pela ANAC
Qualquer menino acharia uma diversão trabalhar na oficina de Giovani Amianti. Ele constrói aviões. Faz peças, compra outras, cola tudo, deixa secar, instala um controle remoto, confere se ficou direitinho e coloca para voar. E o melhor: não são aqueles modelos que vinham no encarte das revistas e a turma enchia os dedos de cola para montar. No momento, o jovem empreendedor – tem 28 anos – está terminando o primeiro Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) em fibra de carbono feito no Brasil, que vai custar perto de R$ 600 mil.O currículo de Amianti tem outros “primeiro do Brasil”. Sua empresa – a XMobots, incubada e até hoje localizada na Universidade de São Paulo (USP) – foi a primeira a operar um VANT na região da Amazônia. Isso aconteceu em agosto de 2010, quando começaram a monitorar o desmatamento na hidroelétrica de Jirau para o consórcio que constrói a obra. O modelo Apoena 1000 também será o primeiro VANT brasileiro certificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) . A própria XMobots propôs ao governo o processo de certificação, que entrou em vigor recentemente.Isso tudo faz parecer que se trata de uma empresa enorme, a maior do país no ramo. Não é verdade. Ela nasceu e ainda vive numa “garagem”, só que universitária. Na verdade, numa constelação de garagens chamada Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), na USP, onde estão incubadas 147 empresas inovadoras, a maioria com foco em tecnologia da informação, biomedicina e "brinquedos" revolucionários como o Apoena 1000. Desde 1998, surgiram ali 398 negócios, que recolheram mais de R$ 53 milhões em impostos – cerca de três vezes o dinheiro públco investido na incubadora, como faz questão de ressaltar o diretor executico do Cietec, Sergio Risola.
Made in Brasil
O Apoena – em Tupi, “aquele que enxerga longe” – faz 8 horas de voo por mês sobre a futura hidroelétrica. Tecnicamente, ele presta serviço de monitoramento de supressão da vegetação, que é feito por quatro empresas. Trocando em miúdos, ele monitora o corte proposital de árvores, necessário para que a obra seja executada. Depois, a XMobots vende as imagens para o consórcio de Jirau, para que ele possa, com bases nos dados, pagar essas empresas.Mas por que Jirau confiou o serviço a novatos? “Pelo preço”, afirma Amianti. Uma operação da XMobots custa entre 50% e 60% do valor cobrado por um concorrente israelense ou americano “E porque tínhamos alternativas, versatilidade”, completa. Ele diz isso porque a maioria das peças usadas no Apoena é feita no Brasil, o que permite adaptação para cada cliente. O índice de nacionalização do avião, calculado sobre preço de venda, é de 95%, maior do que costuma ser nesse segmento.
Fonte: http://economia.ig.com.br