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terça-feira, 10 de abril de 2012

Tecnologia

Embraer se alia à Boeing para os jatos do futuro
A Embraer anunciou parceria com a gigante do setor aeroespacial, a norte-americana Boeing, para cooperação em projetos voltados à melhoria da eficiência de aeronaves e pesquisas de novas tecnologias, como biocombustível. O acordo foi firmado em meio aos estudos para o desenvolvimento de uma nova família de jatos da Embraer, com previsão para entrada no mercado em 2018. A parceria pode resultar, a longo prazo, no desenvolvimento conjunto de aeronaves entre as duas empresas. No entanto, o comunicado sobre o acordo não especifica os detalhes do projeto. “Tenho certeza que a colaboração com a Boeing em assuntos de ponta será benéfica para a indústria e estreitará as relações entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse o diretor-presidente da Embraer, Frederico Curado, em comunicado. O executivo integra a comitiva da presidente Dilma Rousseff, que se reuniu com o presidente Barack Obama e líderes empresariais norte-americanos.“Este acordo entre duas empresas reconhecidamente líderes da indústria aeroespacial traz oportunidades reais para a redução de custos operacionais dos clientes e melhoria da eficiência de suas frotas”, disse o presidente da Boeing, Jim Albaugh, também em nota.

Avaliação
O consultor de mercado aeronáutico e ex-presidente da Embraer, Ozires Silva, considerou a possibilidade de desenvolvimento conjunto de aeronaves algo natural.“As duas empresas não são concorrentes diretas, mas se aproximam cada vez mais uma do segmento da outra. (A parceria) é um grande caminho para a aviação comercial”, disse Ozires, um dos fundadores da fabricante de São José dos Campos-SP. Ele afirma que a demanda por novas tecnologias no setor aeronáutico pode ter acelerado o processo de cooperação entre Embraer e Boeing.“São duas empresas com produtos muito competitivos. Os próximos aviões vão ter que evoluir muito, como na questão de biocombustível. Novas tecnologias terão que ser adotadas”, disse. A mesma ideia é compartilhada pelo economista da Unicamp, especialista em mercado aeronáutico, Marcos Barbieri. “Além do biocombustível, existem outros custos, um conjunto de tecnologias. Mesmo uma grande empresa como a Boeing está buscando parcerias”, disse. Barbieri considera o desenvolvimento conjunto de aeronaves possível, mas que, num primeiro momento, novas tecnologias poderiam ser implantadas em segmentos paralelos. “Isso possibilita que a Embraer use tecnologias avançadas para até 100 passageiros e a Boeing em seu segmento. Nada impede que isso encaminhe para o desenvolvimento conjunto. Não digo que isso irá acontecer, mas é possível”, disse Barbieri.

Aproximação
Boeing e Embraer assinaram em outubro passado acordo de apoio a pesquisas voltadas ao biocombustível. Na semana passada, a Boeing anunciou a construção de um centro de pesquisas e tecnologia em São Paulo. A Embraer é hoje líder no mercado mundial de aviação comercial até 120 assentos e a Boeing lidera a faixa de aeronaves a partir de 130 lugares.

Acordo vai influenciar no FX-2
Especialistas do mercado aeronáutico acreditam que a parceria assinada ontem entre Embraer e Boeing possa ter influência direta nas concorrências dos programas F-X2, da Força Aérea Brasileira, e LAS (apoio de ataque leve) da Força Aérea dos EUA.
“(O acordo) vai interferir sem dúvida alguma” , afirmou Ozires Silva. No caso do programa LAS, no qual a Embraer chegou a ter a vitória anunciada para o fornecimento de 20 caças Super Tucano em contrato estimado em US$ 355 milhões, Ozires considerou que a ratificação da vitória da brasileira seja questão de tempo. “Esse é um período complicado por causa das eleições, mas a concorrente (Beechcraft) tem uma dívida monstruosa”, disse. Já o economista Marcos Barbieri disse que a parceria pode colaborar, mas não é determinante. O F-X2 se arrasta há duas décadas e está estimado em R$ 10 bilhões.

Texto: Arthur Costa

Fonte: O Vale