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domingo, 16 de setembro de 2012

Especial de Domingo

A carta abaixo foi selecionada no Sentando a Pua!, excelente espaço com a História da Aviação Militar Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Seu texto, com quase 12 anos, continua atual e, certamente, traduz o sentimento de todas as crianças e jovens do Brasil que tenham a oportunidade de conhecer nossa extraordinária história. Vale como um convite a reflexão, do Núcleo Infantojuvenil de Aviação - NINJA - para a importância de levar à juventude - sempre - os esforços de nossa brava gente, que lutou para garantir um país melhor, um mundo melhor! 
Bom domingo! 


 Carta da Mariana

Colégio Brigadeiro Newton Braga
Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2000
Aluna: Mariana Cardozo Simas - Turma 806
Redação sobre o filme Senta a Pua!

Senta a Pua!
Estamos no ano 2000.
Tenho 14 anos de idade.
Um dia, como outro qualquer, a escola nos fez um convite; assistir a um filme; um documentário sobre a 2ª guerra mundial.
Devo confessar que foi apenas um pretexto para passar uma tarde fora.
Quando a fita foi passando, sem dar conta, foi tomando a minha atenção.
Eram depoimentos de homens que, a princípio, me pareciam comuns, como o meu avô.
Aqueles senhores contavam histórias, vividas por eles, com a voz presa e lágrimas nos olhos.
As lembranças eram relatadas de tal forma, que eu podia vê-las em seus rostos.
Como se neles, outra fita estivesse sendo projetada.
Como mágica. Falavam das missões, dos riscos, dos medos.
Quanto aos medos o que mais me impressionou nos relatos, foi o fato de que, muito mais do que temer a morte, eles temiam a necessidade de matar.
Alguns contaram como viram amigos serem feridos, mutilados e mortos.
Mal podia tirar os olhos da tela, e muitas vezes me transportava a 1944, como se pudesse protegê-los, caso lá estivesse.
Ao término do filme, saímos do cinema maravilhados.
Nossos comentários eram unânimes: "me amarrei...", "chocante", "muito bom"...
Não sabíamos que a surpresa maior estaria do lado de fora.
Eram alguns dos militares que fizeram parte do filme, ao vivo e a cores, falando com os alunos, respondendo a perguntas, com a mesma emoção que eu havia visto no filme.
A emoção tomou conta de mim de tal forma que corri até eles e pedi autógrafos como uma "tiete" de uma banda de rock.
Eles eram exatamente o que eu vi no filme, senhores, velhinhos, vovozinhos, que provocaram em mim um desejo enorme de abraçá-los, acariciar suas cabeças branquinhas e lhes dizer:
Agora está tudo bem, você voltou, está em casa, eu vou cuidar de você, não precisa mais chorar, e sim ter orgulho por ter cumprido seu dever, representando bravamente seu país. Sei que as cicatrizes do corpo e da alma jamais sumirão, mas sejam felizes, porque hoje, no ano 2000, alguém de apenas 14 anos, na humilde pretensão de amenizar de alguma forma as tristes lembranças, tem o orgulho de poder dizer a todos vocês muito obrigada, o Brasil se orgulha de vocês.