NINJA - Saiba mais:

sábado, 23 de março de 2013

Aviação Regional

Aéreas regionais querem voltar a crescer
A concessão de subsídios para companhias aéreas que realizarem voos regionais e a reforma de aeroportos no interior devem incentivar o retorno de empresas que pararam de voar e a expansão da frota das companhias menores. O governo anunciou em dezembro um pacote de incentivo à aviação regional que prevê desembolso de até R$ 1 bilhão em subsídios e investimentos de R$ 7,3 bilhões na reforma de 270 aeroportos. As medidas ainda estão em análise pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), mas já provocaram uma agitação entre as empresas. Voam hoje no Brasil apenas quatro companhias puramente regionais – a gaúcha Brava (antiga NHT), a paulista Passaredo, a goiana Sete e a amazonense MAP, que estreou no mercado neste mês. Essas empresas, juntas, somam menos de 1% dos voos nacionais. A Azul/Trip faz tanto rotas regionais quanto voos entre capitais. Gol, TAM e Avianca voam para algumas cidades do interior, mas seu foco são as rotas de alta demanda. O aumento de custos no setor levou dez companhias a suspender os voos desde 2010. Mas, se o plano do governo sair do papel, ao menos duas delas querem voltar ao mercado. A baiana Abaeté, que suspendeu os voos em 2012 após registrar prejuízo mensal de R$ 100 mil, tem nove aeronaves paradas esperando o projeto sair do papel. “São voos deficitários, que só se viabilizam com subsídios. Se tiver subsídio, vamos voltar”, diz Tiago Tosto, diretor de operações da empresa. Outra que pretende retomar os voos é a paranaense Sol, que parou em 2011. “A reforma dos aeroportos é mais importante do que o subsídio”, diz o dono da empresa, Marcos Solano. O pacote do governo também deve estimular novos empresários a entrar no setor aéreo. “Voltei a ser procurado por grupos que atuam no setor rodoviário interessados em abrir uma empresa aérea. Isso tinha parado nos últimos anos”, ressalta o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Apostole Chryssafidis.

Investimentos
A Sete Linhas Aéreas estava em plena fase de reavaliação de sua malha quando o governo anunciou o pacote de incentivo à aviação regional. A companhia, que leva 7,5 mil passageiros por mês para 18 cidades das regiões Norte e Centro-Oeste, preparava-se para abandonar as rotas menos rentáveis. “Com o subsídio, muitos voos deficitários vão se viabilizar. Vamos manter a malha e ampliar os destinos atendidos”, afirma o diretor comercial da Sete, Décio Marmo de Assis. A companhia também vai brigar por um espaço no Aeroporto de Congonhas para fazer voos para Goiás e para o sul de Minas Gerais. Uma das propostas em estudo no governo é redistribuir os slots (horários de pouso ou decolagem) no aeroporto paulista – e um dos critérios deverá ser a oferta de rotas regionais. “Se esse projeto sair do papel, nosso plano de operar com aviões maiores será acelerado”, diz Assis. Hoje, a empresa voa com dois Embraer 120 Brasília, com 30 lugares, e cinco Cessna 208 Caravan, com nove lugares. Outra que deve correr para comprar aviões maiores se o projeto for aprovado é a Brava, que voa com quatro aviões LET, de 19 lugares. “O subsídio para rotas regionais será ótimo, mas mais importante será ganhar mais slots em Congonhas. O empresário do interior também quer descer em Congonhas”, diz Jorge Barouki, presidente da empresa. A Brava já faz um voo semanal de Congonhas para Curitiba, mas deve alterar o voo para São Carlos (SP).

Recuperação
O presidente da Passaredo, José Felício Filho, diz que a abertura de Congonhas e a concessão de subsídios podem ajudar a empresa a se reerguer – ela está em recuperação judicial desde o ano passado. “O subsídio reduz o (nosso) risco ao entrarmos em novos mercados e permite estimular a demanda com tarifas menores.” A novata MAP voa apenas de Manaus para Parintins, mas tem interesse em atender a 12 cidades da região Norte. “Todas têm alguma restrição no aeroporto”, diz o presidente da empresa, Marcos Pacheco. Para ele, a reforma de aeroportos no interior vai viabilizar a expansão da malha e voos para cidades ainda não atendidas por linhas regulares.