O guerreiro ainda voa. O Xavante AT-26 é excepcionalmente empregado no IPEV - Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo, unidade do DCTA - Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial , localizado em São José dos Campos, SP. Desativado do serviço operacional da FAB, após 39 anos de serviço, no dia 02 de dezembro de 2010, o avião Xavante é empregado pelo IPEV para a formação de pilotos de prova e engenheiros de ensaio em voo.
Desde 28 de fevereiro de 2013 e nas próximas três semanas, alunos e instrutores do IPEV estão envolvidos na calibração anemométrica, atividade que inclui voos rasantes com a aeronave Xavante. A atividade faz parte da grade curricular do Curso de Ensaios em Voo.
Nessa etapa do curso, é realizado um conjunto de testes nos sensores da aeronave para verificar se estão em pleno funcionamento. Assim, os pilotos fazem passagens com variadas velocidades e altitudes. Neste momento, os instrutores da própria aeronave verificam fatores como angulagem, pressão, temperatura, velocidade e altura. Em solo, estão engenheiros e instrumentadores fazendo as mesmas medições e comparando, em tempo real, os dados obtidos a partir da aeronave. Quando há discrepância, é sinal de que os equipamentos da aeronave precisam ser calibrados.Estes testes precisam ser realizados sempre no início da manhã, devido às condições meteorológicas, com menos turbulência e ventos fortes.
Curso de Ensaios em Voo
O Curso tem duração de, aproximadamente, onze meses, e as modalidades de asa rotativa (helicóptero) e asa fixa (avião) são intercaladas a cada ano. Em 2013 o curso é de asa fixa, empregando, inclusive o Xavante. Os profissionais especialistas em ensaios em voo que concluem o curso passam a desempenhar tarefas relativas às aquisições e modernizações de aeronaves, além de serem responsáveis pelos sistemas embarcados - que podem ser desde um instrumento de navegação até um armamento. Apenas seis instituições, no mundo, formam este tipo de mão de obra e a única que está no hemisfério sul é o IPEV.
Primeiro jato produzido no Brasil
O Xavante operou em unidades de combate de todo o país. Dentre as principais missões desempenhadas, destaca-se a formação dos pilotos de caça da FAB entre 1974 e 2004. Ao todo, a EMBRAER fabricou 182 unidades, sendo 166 para o Brasil, dez para o Paraguai e seis para o Togo. A FAB também doou onze unidades usadas para a Marinha Argentina.
O EMB-326GB Xavante é derivado do MB-326, aeronave monomotor a jato para treinamento, desenvolvida pela companhia italiana Aermacchi, que fez seu primeiro voo em 10 de dezembro de 1957. A aeronave foi escolhida pela FAB ao mesmo tempo em que comprava seus caças supersônicos Mirage III, que criavam a necessidade de uma aeronave de treinamento para a conversão operacional, além de substituir os Lockheed AT-33. A FAB procurou uma aeronave adequada e que oferecesse condições contratuais vantajosas que permitissem a sua fabricação no Brasil, que ocorreu até 1981, com a denominação de AT-26 pela FAB, indicando sua dupla função de ataque e treinamento.
Sendo o primeiro avião a reação construído em série no Brasil, possibilitou a transferência de tecnologia e conhecimento à Embraer, o que contribuiu para o sucesso da empresa no estabelecimento das linhas de produção do caça AMX e de jatos comerciais como o Embraer 195, capaz de transportar mais de cem passageiros.
Foto: Carlos Santos
Texto: Redação do NINJA, com informações da ACS/DCTA.
Saiba mais: Blog do NINJA de 2/12/2010 e 03/12/2010