Uma parceria entre empresas e universidades pretende criar um polo espacial no Estado do Rio Grande do Sul e colocar em órbita o primeiro satélite gaúcho. A velocidade com que o projeto vai sair do papel, no entanto, depende de apoio do governo federal.
Propostas de várias regiões do país tentam abocanhar parte dos R$ 2,9 bilhões que a Agência Brasileira da Inovação (Finep) terá para financiar projetos na área de defesa e aeroespacial. De olho nos incentivos do Planalto, um grupo de empresas no Estado planeja construir um microssatélite de uso militar. O valor solicitado é de R$ 43 milhões.
De pequeno porte – não muito maior que uma caixa de sapato – e pesando cerca de 20 quilos, o equipamento representa um grande desafio tecnológico. Poucos países dominam o conhecimento para fabricação de estruturas tão compactas para atividade de defesa. No país, a iniciativa é inédita. O polo de São José dos Campos (SP), maior centro de excelência em ciência aeroespacial do país, se dedica à fabricação do primeiro grande satélite brasileiro, voltado para a área de comunicações, como televisão e banda larga.
Composto, inicialmente por quatro empresas e quatro universidades, o projeto será conduzido pela AEL, que atua no ramo de sistema de segurança eletrônica há 30 anos. Serão pelo menos 50 profissionais envolvidos.
A expectativa é que 80% dos componentes do satélite sejam produzidos por empresas instaladas no Rio Grande do Sul.
Lançamento para 2015
Âncora de um projeto que deve mobilizar oito PhDs, 32 engenheiros e três institutos, além de universidades e empresas, a AEL Sistemas, de Porto Alegre, pretende lançar seu primeiro microssatélite em 2015, na base de Alcântara (MA), considerada uma das melhores do mundo pela localização próxima à Linha do Equador.
O MMM-1 não terá controle de órbita, quer dizer, não poderá ser “manobrado” para garantir orientação correta em relação à Terra. Ainda assim, os desafios são vários, entre os quais o de lidar com a temperatura no vácuo: o satélite pode se aquecer por causa do sol, mas o frio chega a -270°C, muito perto da temperatura considerada a menor possível. Também não dá para deixar o satélite cair: o equipamento estará sujeito a forças como a gravidade e a pressão solar, que o “empurram” para baixo.
A ideia é projetar, depois, o MMM-2 e o MMM-3, esse último com perspectiva de competir no Exterior.
O PROJETO:
Características:
Massa (peso): cerca de 20 quilos
Tamanho aproximado: 30 cm de altura x 10 cm de largura x 10 cm de profundidade
Altitude de órbita: 700 quilômetros
Custo estimado: US$ 250 mil
Aplicação imediata:
Setor de defesa
Perto de um satélite regular — do tamanho de um carro —, os microssatélites têm a proporção de uma roda.
Mas ainda há menores, veja a classificação:
Microssatélite: de 10 kg a 500 kg
Nanossatélite: de 1 kg a 10 kg
Picossatélite: menos de 1 kg
Parceiros:
UFRGS: processamento de bordo e análise de radiação;
UFSM: oferecerá a estrutura para a operação no solo;
Unisinos: sensores e microeletrônica;
PUCRS: antenas e transponder digital;
Cientec: ensaios e testes elétricos e ambientais;
Ceitec: microeletrônica (chips);
Empresas:
AEL: defesa eletrônica, componentes espaciais e interface de comunicação;
Digicom: fabricação de dispositivos mecânicos e suprimento de energia;
GetNet: serviços de comunicação;
TSM: desenvolvimento, qualificação e produção de antenas.