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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Especial de Domingo

Do Blog Oficial da Força Aérea Brasileira, selecionamos o conteúdo de hoje. Um belo retrato da excelente Escola Preparatória de Cadetes do Ar.
Boa leitura.
Bom domingo!

EPCAR: Do sonho de piloto a uma formação humana e profissional sem precedentes
No dia 26 de janeiro, a cidade de Barbacena amanheceu diferente, nos céus, o sobrevoo de uma aeronave F-5 e T-27 Tucanos. Era a recepção para a tropa mais jovem da Força Aérea Brasileira, os novos alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar. Aqui jovens de todo o Brasil, com idade entre quatorze e dezoito anos de idade, chegam carregando na mochila roupas, algumas incertezas e muitos sonhos. Cada um desses garotos superou outros cinquenta concorrentes para ingressar em uma das melhores escolas de ensino médio do Brasil, segundo ranking do Ministério da Educação. Esta escola sexagenária tem como missão o preparo para o ingresso na Academia da Força Aérea, e ao longo dos anos as histórias se repetem: as longas horas de estudo, a vida no alojamento, as competições esportivas, a saudade de casa, as amizades, os valores e a esperança do futuro. Vamos lá conhecer alguns depoimentos emocionantes de quem já passou por aqui? Quem nos conta sobre a rotina vivenciada é o barbacenense Guilherme José Pereira de Assis Adhade, ou o Aluno 2011/106 Adhade:

“A EPCAR nos proporciona a vivência e a experiência de histórias e acontecimentos que em nenhum outro lugar poderíamos ter. Para muitos, a realização do sonho de pilotar uma aeronave militar começa aqui, mas, além disso, esta Escola oferece um ensino de excelência, que prepara o seu Aluno para qualquer caminho profissional que venha a seguir. Primeiramente, após a realização de um dos concursos mais concorridos do país, nós, até então candidatos, tivemos o primeiro contato com a vida militar no estágio de adaptação. Nesse momento, o susto com algo novo e a curiosidade do desconhecido fizeram parte dos pensamentos. A separação dos familiares foi o que mais me marcou. Não imaginava o que seria o sentimento daqueles que, com até 14 anos de idade e dos lugares mais distantes desse país deixaram o conforto de casa e a proteção dos pais.”

Chegada dos alunos, despedida dos pais e adaptação

"E assim foi a Adaptação, correria todo o dia, tempo cronometrado e horas de sono reduzidas. Até que finalmente chegou o dia da entrega de platinas ao 1º ano. Finalmente Alunos, com o peso e a responsabilidade da platina nos ombros.” 

Entrega das platinas

“A partir de então, outras atividades começaram a fazer parte da rotina, algumas apenas continuaram. Dentre elas, Divisão de Ensino e o Treinamento Físico, momento este de preparação para os testes físicos e para as competições Troféu Tenente Lima Mendes e NAE."

Aulas e competições esportivas

"Houve também a Instrução militar, com os Exercícios de Campanha nos três anos."

Exercício de Campanha

“Foi perceptível o nosso amadurecimento, integrantes do 1º ano durante 2011. Além de sustentarmos a platina, a responsabilidade aumentou ainda mais enquanto realizávamos o juramento ao código de honra e também o compromisso à Bandeira.” 

Compromisso ao Código de Honra e Juramento à Bandeira

"Dessa forma, estávamos prontos para assumir o posto de segundo anistas, um ano em que a mente se abre para uma percepção mais crítica na vida militar, pois já não éramos mais os ”bichos” da escola. Teríamos então, o cuidado de dar o exemplo para a nova turma que chegaria. Enfim, foi o tempo em que nos preparamos para assim assumir o terceiro ano em 2013, e todos os cargos que eram direcionados ao esquadrão mais antigo do Corpo de Alunos, Liderança, Comitê do Código de Honra, Sociedade Acadêmica e a Chefia de Equipes e Clubes. Nesse tempo, o que contou foi o esforço e a dedicação, estando à frente de um grupo tão seleto, buscando sempre o melhor para os irmãos de arma. Enfim, chegaram os momentos finais enquanto alunos, foi aqui que em 2011 formou-se uma nova família, e juntos, chegamos à tão esperada conclusão do CPCAR. Foram, sem dúvida, os melhores anos de minha vida, tempo este de que sempre me lembrarei com orgulho e com a saudade que somente os ”non multa sed multum” (não muitos, mas os melhores) conhecem. Mas por esse caminho há muito o que se descobrir, novos desafios nos esperam na Academia da Força Aérea, onde o sonho de estar entre as nuvens estará mais próximo de se realizar.”

Formatura

Então chega o tão sonhado momento de voar, mas as lembranças dos tempos passados em Barbacena não são esquecidos. Os laços construídos aqui são tão fortes a ponto de serem levados para toda a vida. Quem conta um pouquinho sobre isso é o Aluno 98/515 Arantes, ou melhor, o Capitão Aviador Arantes, piloto da Esquadrilha da Fumaça:

“O que é importante na EPCAR? É o tempo passado lá, pois cada instante tem um valoroso ensinamento. Antes de passar pela EPCAR eu não imaginava o tamanho de sua importância, não só na minha vida, mas também na vida dos meus companheiros de turma. Aprendemos muito mais do que o Ensino Médio. Muitos são os valores cultivados: Coragem, lealdade, honra dever, pátria, profissionalismo etc. Tudo começou com o afastamento da família, quando começamos nossa caminhada com as próprias pernas. Com o internato aproveitamos melhor o tempo dentro e fora da Escola. E as dificuldades e as vitórias passadas? Em grupo, aprendemos o quanto a amizade feita na EPCAR é importante. Não importa o tempo que passe, a carreira que cada um seguiu, onde eu for nesse imenso país e até fora dele, posso contar com um amigo de turma e eles comigo. Quando olho pelo caminho traçado, lembro que muitos amigos não seguiram na FAB. Mas eles não ficaram pelo caminho, todos passamos por conquistas e derrotas na vida, mas por causa dos valores assimilados e determinação eles seguiram em outra proa e com motor a pleno. E de 5 em 5 anos celebramos nossa passagem pela EPCAR e relembramos as diversas passagens vividas. Felizmente, como piloto da Esquadrilha da Fumaça, posso voltar com mais frequência à saudosa Escola de Barbacena e motivar os alunos que sonham como sonhei. Eu, AL 98/515 Arantes, agradeço muito a essa instituição e as pessoas que me prepararam e continuam forjando jovens no Brasil. Fumaça…Já!”

Encontro de Turma

Bom, pessoal, como vocês devem imaginar, no meio do caminho, alguns acabam por descobrir que a vida nos céus não é sua vocação. Buscam outros destinos, mas aqueles que passam por estes portões jamais esquecem as lições aprendidas. Alguns ainda permanecem ligados a instituições de ensino militares. Caso do Aluno 2009/099 Gonçalinho, hoje no Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Outros seguem para as demais Universidades deste Brasil, como Gabriel Dias, Aluno 2008/071 Dias:

“Cruzar os portões da EPCAR foi o primeiro passo da vida profissional de muita gente. Comigo não foi diferente. Lá estamos imersos em uma filosofia que nos mostra a responsabilidade de escolher bem o caminho que queremos seguir e isso faz muitos alunos pensarem sobre qual é a profissão que mais se encaixa no perfil de cada um. Apesar de ter o objetivo de formar futuros pilotos militares, a escola tem uma gama de alunos que ‘migraram’ para outras profissões muito nobres.”

A escola dá uma formação bastante sólida com relação ao ensino, quando comparada com muitas outras escolas de ensino médio brasileiras. Isso já é um ponto muito importante, pois uma boa base acadêmica é pré-requisito básico para estar em outras instituições de ensino, como o ITA ou outras faculdades brasileiras. No caso do ITA, os alunos da EPCAr possuem vagas especiais para o concurso. Fazem a mesma prova, mas temos uma média diferenciada e a concorrência é bem menor.

“É muito bom ver que quem se forma na EPCAR e não vai pra AFA ainda é bastante valorizado pela FAB, mostrando que escola é sim um diferencial na formação das pessoas – mesmo aquelas que não querem seguir a carreira de piloto.”

Com relação ao ITA, ex- epicarianos estão cada vez mais presentes lá. Além dos militares que se formaram na AFA como pilotos, e hoje estão fazendo graduação em engenharia pelo ITA também. Todos os ex-alunos, que agora iteanos, concordam que a experiência de ter passado pela escola foi muito importante, afinal lá eles aprendem principalmente a como viver longe de casa, assumir nossas responsabilidades, além de outras características básicas da vida militar tais como organização e disciplina – algo bastante presente no ITA, já que o instituto é oriundo do meio militar.

Aluno Gonçalinho

“Dos três anos na EPCAR acho que eu levo muitas lições de vida. As mais marcantes para mim estão relacionadas ao autoconhecimento e amizades. As situações pelas quais eu passei como aluno me mostraram do que eu sou capaz, tanto física, quanto academicamente, e ainda me fizeram descobrir uma força interna que passou a me sustentar diante dos obstáculos que eu encontrei, mesmo depois de sair da FAB. Também me deram amigos que eu levo até hoje.”

O ex – Aluno Dias hoje faz graduação em Direito na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Ele diz ter a disciplina adquirida na FAB como uma característica muito útil enquanto estudante.

“No Direito, assim como no militarismo, há uma hierarquia profissional bem definida. Ter passado pela EPCAR, estando às vezes em evidência, tendo que me comunicar com superiores hierárquicos todo o tempo, me deixou como legado a naturalidade com que hoje eu falo em público e me dirijo a qualquer pessoa dentro do meu círculo profissional atual.”

Aluno Dias

“Na EPCAR eu tive a honra e a conquista de ser Líder do Corpo de Alunos e a experiência de estar à frente de centenas de pessoas, tendo em minhas mãos a capacidade de influenciar suas vidas, isso tudo me deu um senso de responsabilidade que me acrescenta muito. Deixar a EPCAR ao final do curso foi angustiante no início, porque foi um lugar onde eu vivi momentos muito fortes. Mas, depois, o que restou foi a gratidão por todos eles.”

Bom pessoal, esperamos que vocês tenham gostado de conhecer mais algumas experiências vividas por alunos e ex-alunos da EPCAR. Muitos entram com um sonho, mas independente do caminham que sigam até o final dessa jornada, eles aprendem muito mais coisas do que jamais poderiam imaginar.