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domingo, 11 de janeiro de 2015

Especial de Domingo

Na seleção de hoje, mais conteúdo do blog do saudoso Pery de Serra Negra, da série "Aviadores que fizeram história". 
Boa leitura.
Bom domingo!

Aviadores que fizeram história
COMANDANTE CHESLEY SULLENBERGER

Fotos: Gary Hershorn/Chip East/Eric Thayer/REUTERS

Infografia: Rica Ramos


Vídeo mostra pouso de emergência de avião no Rio Hudson (2009). Imagens divulgadas pela Guarda Costeira dos EUA mostram o momento do pouso de emergência de um avião da US Airways no Rio Hudson, em Nova York.

O HERÓI DO RIO HUDSON
No dia 15 de janeiro de 2009, às 15h26m (18h26m-hora de Brasília), partia o voo 1549, do aeroporto de La Guardiae, Nova York, com destino a Charlotte/Carolina do Norte. O comandante, capitão Chesley Sullenberger, 57 anos, com quase 40 horas de experiência e 19 mil horas de voos, decolava com 5 tripulantes e 150 passageiros, em um Airbus A320 da US Airways. Logo depois da decolagem, Sullenberger viu pássaros grandes e marrons pelo pára-brisa do avião.
“O instinto dele foi de desviar”, disse Higgins, comentando o depoimento do piloto.
Segundo Sullenberger, houve uma pancada, o cheiro de algo queimado e silêncio, por causa da paralisação das turbinas do avião e uma aparentemente em chamas. Posteriormente, o comandante contou que teve pouco tempo para decidir como manobrar a aeronave, que perdeu potência. Achou que estava muito baixo, muito lento e muito próximo dos edifícios no centro de Manhattan para tentar pousar no aeroporto mais próximo.
Não podemos fazer isso” - retornar ao aeroporto, disse o piloto aos controladores. “Vamos descer no (rio) Hudson.” Informou à base que pousaria no rio Hudson, entre as cidades de Nova York e Nova Jersey. 
Aos passageiros, alertou: "Abracem-se para o impacto." Muitos começaram a rezar e alguns já sentiam o cheiro da gasolina. Com as turbinas comprometidas, a manobra forçada tinha tudo para destroçar a base do avião de 70 toneladas, que afundaria no rio com a entrada na água.
O desempenho do piloto garantiu um pouso suave para as condições do momento. Com a estrutura conservada, o avião planou sobre as águas do rio Hudson.
Dentro da aeronave, pânico. "Batemos na água com força. Foi assustador” disse à BBC o passageiro Jeff Kolodjay. Instantes depois, a área em torno do rio já estava repleta de helicópteros, carros de bombeiros, policiais da guarda costeira e táxis aquáticos. A população, amedrontada desde o 11 de setembro, temia a possibilidade de mais um atentado. Mas foi tranquilizada ao assistir a uma cena digna dos milagres bíblicos. Passageiros pareciam caminhar sobre as águas ao saírem ilesos pela porta de emergência da aeronave. Todos foram aguardar o resgate, que não demorou a chegar, sobre as asas.
Homens da guarda costeira usaram pequenas embarcações para chegar até a aeronave e darem coletes salva-vidas para as pessoas que estavam a bordo.

Os que saíram pelas portas dianteiras tiveram que nadar nas águas geladas (a temperatura no ar era de -7ºC) para chegar aos botes salva-vidas. No acidente, um homem teve as pernas quebradas e outros 78, ferimentos leves. O comandante Sullenberger foi o último a sair. Antes, percorreu todo o avião duas vezes para ter certeza de que não deixaria ninguém para trás.
Enquanto o avião começava a afundar na água, a equipe de bordo conseguiu tirar os 155 passageiros, logo em seguida resgatados por barcos que navegavam no Hudson e correram a ajudar no resgate. 

Dono de uma empresa de segurança na Califórnia e ex-piloto da Força Aérea Militar, Sullenberger fez parte do Comitê Nacional de Segurança no Transporte e obteve certificado como piloto planador. Seu feito foi intitulado como "o milagre no rio Hudson" pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. A Administração Federal de Aviação informou que, entre os anos de 1990 e 2005, houve cerca de 65 mil colisões com pássaros. Os acidentes ocorrem porque, ao serem sugadas, as aves rompem os metais internos da turbina. Há pouca tecnologia disponível para evitar esse problema, que atormenta a aviação mundial. Foi o primeiro acidente aéreo, em 50 anos, no qual um piloto consegue pousar uma aeronave de grande porte na água sem mortes. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, saudou com entusiasmo o heroísmo e o profissionalismo do piloto do Airbus 320 da companhia aérea US Airways, que se preocupou até o fim com que todas as pessoas deixassem o avião a salvo. "O herói do Hudson", informou o jornal "New York Daily News". No dia seguinte ao milagre do "Hudson River",o piloto do avião, Chesley “Sully” Sullenberger, foi festejado como um verdadeiro herói nacional.

ENTREVISTA
A jornalista da Katie Couric, da rede CBS perguntou ao piloto:

''Você rezou em algum momento da tragédia?''
Sullenberg: ''Devia ter alguém lá atrás fazendo isso por mim. Eu tinha que pilotar o avião.''
De fato na entrevista o Comandante revelou que não pensou em Deus nem por um segundo.
"Minha concentração no momento estava tão focada em pousar que nada mais me passou pela cabeça."

Foi isso o que salvou a vida dos passageiros.
Num momento de crise, Sullenberg mostrou que a melhor coisa a fazer é resolver o problema como se estivéssemos sozinhos no céu.
A repórter da Air & Space fez várias pergunta ao Comandante:

Você ainda ama voar?
Sullenberger: Ah, sim. Tem sido uma paixão desde que eu tinha 5 anos. Eu posso lembrar aos 5 anos de idade sabendo que eu ia pilotar aviões.

Algum conselho para pilotos iniciantes?
Sullenberger: Bem, não apenas para aviadores, mas para todos nós. Minha visão do mundo é que as pessoas estão mais bem servidas quando tentam encontrar, cedo, a sua paixão, porque nós tendemos a ser bons nas coisas que amamos. Eu acho que também precisamos encontrar pessoas das quais admiramos e tentar agir como elas.

E quem você admira?
Sullenberger: Meu primeiro instrutor, L.T. Cook Jr., foi instrutor do programa de treinamento de pilotos civís durante a segunda guerra mundial, uma pessoa do tipo "manche-e-leme" com grande classe. Ele era agricultor e tinha sua própria fazenda no Texas.

Sua experiência como piloto de planador veio à tona? A manobra foi natural para você?
Sullenberger: Na verdade depois da colisão com os pássaros nada foi muito natural, mas o planeio foi confortável. Uma vez que estabelecemos nosso plano, sabíamos que a nossa única opção viável era pousar no rio e vimos que poderíamos fazer o pouso. Mas muitas coisas ainda precisavam acontecer do jeito certo.

O Comandante disse que está com saudades dos colegas e do trabalho, mas durante o tempo que ficou afastado teve muitas atividades e sua família teve experiências ótimas.
"Em meu novo papel, vou continuar sendo o mesmo defensor da segurança de voo que sempre fui durante várias décadas", disse Sullenberger, segundo a empresa.