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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Espaço

30 especialistas operarão o 1º satélite geoestacionário brasileiro
"Eu me imaginava operando ou controlando algum veículo aéreo dentro da atmosfera, não fora dela, no espaço”. A frase é do Tenente-Coronel Marcelo Magalhães, um dos 30 brasileiros que estão diante do desafio de pilotar um veículo que ficará a 36 mil quilômetros da Terra. Piloto de aeronaves de reconhecimento e patrulha da Força Aérea Brasileira (FAB), o aviador interessado na área aeroespacial iniciou sua preparação em abril de 2014. “Na aeronave, a resposta ao comando é imediata e visível ao piloto. No satélite, a diferença é que não vemos o comando ser executado, temos que esperar e interpretar os dados recebidos”, compara. São 20 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de outros dez do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Agência Espacial Brasileira (AEB), Telebras e da empresa Visiona, que estão se especializando na tarefa de operar, controlar e cuidar do Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). A “tripulação” do satélite é uma equipe que trabalha 24 horas por dia, sete dias na semana. Pilotar o satélite significa mantê-lo na sua posição definida: o espaço não é infinito para ele. O espaço geoestacionário está dividido em 180 posições orbitais, cada uma separada da outra por um ângulo de 2°. No caso do SGDC, a órbita é sobre a linha do equador, para que o satélite tenha um período de rotação igual ao da Terra, o que dá a sensação de que ele está parado no espaço sobre a sua área de interesse. Cada uma dessas posições é um cubo com cerca de 75 quilômetros de cada lado. Neste endereço espacial o SGDC deverá se manter para trabalhar bem. Porém, ele não estará sozinho. Outros dois satélites, sendo um da Embratel e outro estrangeiro, já orbitam por ali. De acordo com dados do centro de operações espaciais da Força Aérea dos Estados Unidos, há 705 satélites geoestacionários em órbita. Quem organiza a posição desses veículos espaciais é a ITU (Internacional Telecommunication Union), a agência especializada das Nações Unidas para tecnologias de informação e comunicação. Os "pilotos" de satélite têm outro desafio: defender o satélite da atração da terra. O equipamento precisa se manter a 36 mil quilômetros do solo, uma zona de equilíbrio entre as forças que tentam lançar o satélite para o espaço ou fazê-lo voltar para o planeta. O trabalho dos “pilotos” é baseado em cálculos e mais cálculos para planejar e manobrar o satélite. Uma outra área de atuação da equipe é o monitoramento da “saúde” do satélite, ou seja, manter os subsistemas, como softwares e componentes físicos, operando normalmente. “Além de monitorar e corrigir alguma possível anomalia no funcionamento do satélite, temos que estar atentos a alguma situação de alarme de uma possível colisão”, exemplifica o Tenente-Coronel Magalhães. A operação e o controle do satélite serão realizadas no centro de operações a ser construído em Brasília (DF). No local, de 11 mil m², nada poderá dar errado. Todos os sistemas terão dupla redundância. Mesmo assim, se necessário, entrará em ação o backup no Rio de Janeiro (RJ). “Tudo tem que funcionar com 99,9999% de confiabilidade”, afirma o Coronel Hélcio Vieira Junior, Comandante do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NUCOPE- P). A unidade da Aeronáutica tem como missão justamente a formação de profissionais para o futuro centro de operações espaciais.

Satélite SGDC será lançado em 2016
Em desenvolvimento na França pela Thales Alenia Space, sob a coordenação da Visiona Tecnologia Espacial e fiscalização das equipes da Telebras e do Ministério da Defesa, o Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) será lançado em 2016 no foguete Ariane 5, a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa, para atender demandas de comunicações militares e civis. A construção do satélite brasileiro, segundo o Ministério da Defesa orçado em R$ 1,7 bilhão, é estratégica para garantir a soberania das comunicações do governo e também para assegurar o fornecimento de internet banda larga aos municípios distantes e isolados, aonde não chega a rede terrestre de fibra ótica. A vida útil será de aproximadamente 15 anos. O projeto é desenvolvido em conjunto pelos ministérios das Comunicações, da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A parte civil, gerenciada pela Telebras, ocupará cerca de 70% da capacidade do equipamento. Em relação à área militar, o SGDC vai aumentar em 2,4 vezes a capacidade da atual rede de comunicações de defesa. Um único equipamento vai trafegar mais informações do que os dois satélites em órbita atualmente. A principal ferramenta militar a ser atendida é o Sistema de Comunicações Militares (SISCOMIS), usado para dar suporte à rede operacional de defesa. “Vai mais que dobrar a capacidade de comando e controle”, analisa o Coronel Hélcio Vieira Junior, Comandante do NUCOPE-P.