NINJA - Saiba mais:

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ozires Silva

Neste pós feriado da Independência, selecionamos mais um belo texto do engenheiro Ozires Silva, indicando o bom caminho.


UM EXEMPLO A SER SEGUIDO

Nós, os brasileiros, mostramo-nos preocupados com nosso país e surge a pergunta perplexa sobre qual será nosso futuro. E mais: para onde caminha o país gigante, que era nosso orgulho até pouco tempo, questionando o que oferece de volta aos seus habitantes, contribuindo para crescimento de cada um na sociedade que construímos.

Olhando para o mundo vemos, entre outros, o exemplo da Coreia do Sul, cujos produtos inundam nossas lojas e são consumidos pelos brasileiros, com satisfação pelo valor que consegue pela sua compra. Poucos se dão conta que podem encontrar um pequeno país da Ásia apaixonado pela Educação. Que compram produtos criados e fabricados por estudantes, possivelmente os melhores do mundo. Que dispõe das melhores escolas que operam o melhor ensino básico do planeta.

Por fora, a escola não tem nada de mais, estruturas simples, 35 alunos por classe. Mas a diferença está no que conta uma professora, com mestrado em Educação, como a maioria de seus colegas. Na sala de aula, encontra-se tudo o que seja necessário para educar com motivação. São oito horas por dia na escola. Estressante? Não, é divertido, dizem eles! Todos têm notas acima de oito.

O segredo é nunca permitir que o aluno passe um dia sem entender a lição, diz a professora, que ganha o equivalente a R$ 10,5 mil por mês. É a média na Coreia, onde os professores precisam ter curso superior e são atualizados e avaliados a cada dois anos. Se o aluno não aprende, o professor é reprovado. Tudo isso num país que nos anos 50 estava destruído por uma guerra civil que dividiu a Coreia ao meio, deixou um milhão de mortos e a maior parte da população na miséria. Um em cada três coreanos era analfabeto. Hoje, oito em cada dez chegam à universidade.

A virada começou com lei, bem estruturada e executada, que tornou o ensino básico prioridade. Os recursos foram concentrados nos primeiros oito anos de estudo, tornados obrigatórios e gratuitos, como são até hoje. O ensino médio tem 50% de escolas privadas e são todas pagas pelo governo, mesmo as públicas. Bons alunos têm bolsa de estudos e governo incentiva pesquisas estratégicas. Depois da reforma da Educação, a economia da Coreia começou a crescer rapidamente, em média 9% ao ano durante mais de três décadas.

E hoje, graças à uma multidão de cientistas que o país forma todos os anos, a Coreia está no primeiro mundo, tendo como cartão de visitas incrível capacidade de inovar em campos avançados da tecnologia. Nas grandes corporações que espalharam marcas coreanas, no mercado mundial de eletrônicos e de automóveis, aparece a revolução econômica que começou em casa.

“O segredo é a família, com pais comprometidos, criando alunos motivados e professores entusiasmados”, fala uma professora. O governo concorda. “Os pais que não tiveram a oportunidade de educação lutam para que seus filhos tenham o melhor. “Foi a paixão pela Educação que fez a Coreia crescer”, concorda o pai de quatro filhos, que como a média dos coreanos gasta 20% da renda familiar em cursos extracurriculares para reforçar o aprendizado.

Os filhos falam inglês com desenvoltura e os pais gastam bastante em livros, comprados às dezenas. Um pai descreveu tudo, testemunhando o que a educação fez pelo país: “Quando eu ia para escola, nos anos 70, muitos colegas não tinham nem o que comer”, lembra o pai. O avô lembra que no tempo dele não tinha nem livros. Agora nada falta para neta e ela passa 15 horas por dia na escola. A corrida para entrar numa das três melhores universidades do país é disputada.

No Ministério da Educação e Recursos Humanos, o diretor explica: “Os coreanos não querem ser perdedores. Por isso a educação é voltada para a economia”. Estão convencidos de que Economia forte significa um país forte. Enquanto isso, no Brasil aonde estamos?

Muito a corrigir, mas não é impossível. Basta que cada um de nós comece a olhar com entusiasmo e crença na formação dos nossos filhos e dependentes, fazendo deles cidadãos conscientes e capazes. É uma tarefa que é nossa. Somente nossa. Ninguém fará isso por nós.

OZIRES SILVA é engenheiro aeronáutico e fundador da Embraer

Fonte: O VALE