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sábado, 8 de abril de 2017

Tecnologia

Brasil testará, até 2020, dispositivo hipersônico 14-X
Está previsto para iniciar em 2020 o teste em voo com o demonstrador tecnológico 14-X, protótipo usado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAV), em São José dos Campos (SP), para desenvolver estudos de um motor que possa atingir velocidades de 12 mil km por hora ou 3 km por segundo. Uma velocidade dez vezes mais rápida que o som. “Queremos hoje sair do nível laboratorial e dar o grande salto que é para o nível de qualificação em voo dessas tecnologias”, afirma Israel Rêgo, gerente do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica do IEAV – Instituto de Estudos Avançados, instalado no campus do DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, em São José dos Campos (SP). No local está instalado o maior túnel de vento (T3) da América Latina, onde são realizados os testes. Os registros são feitos com uma câmera de alta velocidade. Batizado de 14-X, o dispositivo tem nome inspirado na mais famosa máquina voadora brasileira, o 14-bis. Em comum com o avião de Santos Dumont, o 14-X tem o poder de garantir para o País um lugar no pódio da tecnologia aeroespacial. Não tripulado, o modelo é hipersônico, capaz de atingir dez vezes a velocidade do som.

Efeito Waverider
A tecnologia de propulsão hipersônica aspirada utiliza o ar atmosférico para a combustão. Além do Brasil, está em desenvolvimento em países como Estados Unidos e Austrália. O objetivo é projetar, construir e ensaiar em solo e em voo duas tecnologias: a de uma aeronave em que e é estudado o efeito waverider ou de sustentação hipersônica que permite voar na atmosfera ; e a de um motor hipersônico, denominado scramjet, capaz de fazer voar a aeronave. De acordo com o pesquisador, o projeto é estratégico para a FAB, pois pode revolucionar a propulsão de veículos espaciais. “O projeto Prohiper irá, dentro de 10 anos, oferecer à Força Aérea Brasileira um produto de defesa que permita realizar voos rumo ao espaço de maneira mais barata e levando mais carga útil”, analisa o pesquisador. “O grande desafio com relação ao motor é conseguir demonstrar a operacionalidade da combustão hipersônica que é a fonte de energia para realização do voo”, complementa.

Combustão hipersônica
Um dos pesquisadores do projeto, o engenheiro aeroespacial Tenente Norton Assis, explica que o motor-foguete convencional tem de levar no seu interior tanto o combustível (álcool, hidrogênio ou querosene) quanto o oxidante (geralmente o oxigênio). Já o princípio de ação da combustão hipersônica utiliza o próprio ar como oxidante para a queima do combustível. A principal vantagem é que um motor aspirado precisa levar no interior apenas o combustível. Estima-se que a nova tecnologia possa permitir cargas úteis com até 15% do peso da decolagem de veículos espaciais. Atualmente, são utilizados motores-foguete de múltiplos estágios não reutilizáveis, baseados em combustão química em que são necessários carregamentos de combustível e oxidante. Com essa configuração, o peso da carga útil, ou satélite, por exemplo, fica limitado a cerca de 5% do peso total do veículo lançador. “O oxidante pode ser retirado do ar atmosférico, como um carro”, compara o engenheiro. “Isso reduz o peso total do veículo que será lançado e faz com que a carga útil possa ser mais pesada. Uma vez que ele não leva o oxidante no interior, o veículo torna-se mais seguro e essa redução de peso agrega mais eficiência”, ressalta.

Fonte: Agência Força Aérea

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