Brasil lança satélite que permitirá acesso à banda larga em áreas remotas
Satélite de controle brasileiro será usado para oferta de internet banda larga e pelo Ministério da Defesa; investimento foi de R$ 2,78 bilhões.
O governo brasileiro lançou, por volta das 18h50 de quinta-feira, 4 de maio de 2017, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Ele será usado para as comunicações, principalmente para oferta de banda larga em áreas remotas, e será integralmente controlado pelo Brasil.
O lançamento ocorreu na base de Kourou, na Guiana Francesa. O satélite foi enviado dentro do foguete Ariane 5, que também lançou ao espaço o KOREASAT-7, da operadora sul-coreana Ktsat.
Com esse novo projeto, o Brasil deixará de alugar satélites de empresas privadas. O lançamento estava inicialmente previsto para o dia 21 de março, mas foi adiado por causa da greve geral na Guiana Francesa.
Após o lançamento, o presidente Michel Temer, que acompanhou o evento, afirmou que o SGDC ajudará o país a "democratizar" o sistema digital.
“Vamos democratizar o fenômeno digital do Brasil, já que a banda larga vai atingir todos os recantos do nosso país. Democratizando o sistema digital no nosso país. É um grande momento para o nosso governo”, afirmou o presidente.
Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o SGDC terá uso civil e militar e exigiu R$ 2,784 bilhões em investimentos. A vida útil do satélite é de 18 anos.
Além de ampliar a capacidade de telecomunicações e a cobertura de serviços de internet banda larga no Brasil, com foco em áreas de difícil acesso, ele fornecerá um meio seguro para transferência de informações civis e militares que envolvam a segurança nacional.
Atualmente o governo aluga o sinal de satélites privados.
O projeto do SGDC é resultado de uma parceria entre a Telebras e o Ministério da Defesa.
O uso militar do satélite na chamada banda X começará na metade do mês de junho, mas o uso para oferta de banda larga só deve começar a partir de setembro.
O ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que apesar da crise financeira, o presidente Temer decidiu manter os investimentos no satélite.
“Poderíamos ter prorrogado esse programa, mas o presidente definiu que apesar da magnitude do investimento, era um investimento que não poderia ser prorrogado. [...] O Brasil entra definitivamente na era digital", disse.
Kassab afirmou ainda que o presidente Michel Temer determinou que o Brasil mantenha os estudos para ampliar sua frota de satélite.
“Agora estamos conquistando tecnologia. Dezenas de profissionais passaram meses na França se capacitando para que o Brasil, em algumas décadas, alcance soberania tecnológica”, disse.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que além da independência da soberania, por ser o primeiro satélite totalmente operado por brasileiros, o satélite vai acabar com o apartheid digital.
Transferência de tecnologia
O satélite foi comprado da França, mas o acordo envolveu a transferência de tecnologia, com o envio de 50 profissionais brasileiros para as instalações onde foi construído.
Serão esses os profissionais responsáveis por operar o equipamento. Toda a operação será feita a partir do 6º Comando Aéreo Regional (VI Comar) da Aeronáutica, em Brasília, e da Estação de Rádio da Marinha, no Rio de Janeiro.
A empresas responsável pelo projeto é a Visiona, uma joint-venture entre Embraer e Telebras criada para estimular o setor espacial do país.
'Estacionado'
O satélite geoestacionário gira na mesma velocidade da Terra e fica "estacionado" sobre um mesmo ponto do planeta. Pesando 5,8 toneladas e com 5 metros de altura, ele vai ficar posicionado a 36 mil quilômetros da Terra e cobrirá todo o território brasileiro, além do oceano Atlântico. A previsão de vida útil do satélite é de 18 anos.
A construção do satélite foi feita em Cannes e Toulouse, na França, pela empresa aeroespacial Thales Alenia Space, e durou 2 anos. O projeto foi supervisionado pela Visiona Tecnologia Espacial, parceria entre Embraer e Telebras.
De acordo com o Ministério da Defesa, o processo envolveu transferência de tecnologia e intercâmbios entre profissionais brasileiros dessas empresas e da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Alcântara
Segundo informações das Forças Armadas, a escolha da Guiana Francesa para o lançamento deve-se a sua posição geográfica, por estar mais próximo da linha do Equador.
O Brasil tem a base de Alcântara, que fica em uma posição ainda mais vantajosa, mas a base não tem capacidade para lançamentos de foguetes do tamanho do que foi usado para o lançamento do satélite.
Fonte: G1
Fonte: G1