PBN Sul: a maior reestruturação de rotas já realizada no País
Entrou em vigor, no dia 12 de outubro de 2017, o resultado do maior projeto de reestruturação de um espaço aéreo controlado já empreendido no País: a implementação da Navegação Baseada em Performance (PBN – Performance Based Navigation) no Sul do Brasil realizada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Com o novo arranjo de rotas haverá: A redução do tempo de voo e distâncias; o aumento da capacidade e eficiência do espaço aéreo; e, a redução do consumo de combustível e da emissão de CO².
O primeiro voo a ser beneficiado com as mudanças foi de uma aeronave da Força Aérea Brasileira, código de chamada Guará 08, que realizava um transporte de órgãos para transplante e que decolou de Dourados (MS) para Guarulhos (SP), ingressando na Terminal São Paulo às 2h25. Com as novas rotas, o tempo de voo diminuiu em 15 minutos, o que é muito importante para esse tipo de missão. A redistribuição e otimização de aerovias e procedimentos de navegação aérea em cerca de 1,8 milhão de Km² de espaço aéreo ratifica de vez, às aeronaves com tecnologia embarcada e tripulação capacitada, o voo orientado por satélites e sistemas digitais de performance de bordo na região.
Rotas menores
As alterações do PBN-Sul impactarão cerca de 300 mil voos por ano. Desde 1h37 da madrugada desta quinta-feira, quando foi concluída a mudança de cenário em todos os órgãos de controle envolvidos no projeto, as aeronaves cruzarão os céus em novos caminhos, agora abreviados. Do total do antigo arranjo de rotas, foram reduzidas 1430 milhas náuticas (2.650 Km) em trajetórias de voo na região; distância equivalente a um voo entre o Rio de Janeiro e Macapá. O gerente do projeto, o chefe da Divisão de Operações do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), Major Eduardo Sardella da Silva, afirma que a fluidez entre as Áreas de Controle Terminal também será aprimorada ao viabilizar, “além dos encurtamentos de trajetórias, acessibilidade a localidades anteriormente não contempladas e a possibilidade de expansão de operações sem exigência de grandes alterações”. Rotas mais curtas também impactam em outras variáveis importantes. Com a redução dos tempos de viagem, as aeronaves diminuem o consumo de combustível e, consequentemente, os custos de voo. De acordo com os cálculos do Subdepartamento de Operações do DECEA, a redistribuição dessas estradas do céu reduzirá o consumo de combustível das aeronaves em 2 mil toneladas por ano.
A quantidade é significativa porque a queima de querosene está diretamente relacionada à emissão de dióxido de carbono na atmosfera. O DECEA estima que, em face da redução dos trajetos e do tempo das viagens, cerca de 6.500 toneladas de CO²/ano a menos deixarão de ser despachadas no céu.
300 novas Cartas
Foram confeccionadas mais de 300 novas cartas aeronáuticas (mapas). Elas revelam os traçados dos novos caminhos pelos quais vêm evoluindo a racionalização da navegação aérea no Brasil que, com o PBN, pode seguir o preceito euclidiano de que a reta é a menor distância entre dois pontos. Reformulando a lógica convencional na distribuição das rotas no mapa, os trajetos não precisam mais interceptar os símbolos correspondentes aos auxílios à navegação no solo, o que redesenha por completo a disposição dos percursos. As subidas e descidas dos voos, igualmente, passam a ser executadas de modo contínuo, sem variações bruscas de aceleração e nivelamento de altitude (quando, por exemplo, um avião desce executando pequenos mergulhos seguidos de ajustes de altitude, tal qual num degrau imaginário). São as CDO (Operação de Descida Contínua) e CCO (Operação de Subida Contínua) que além de viabilizar melhores trajetórias de voo e economia no consumo de querosene, reduzem significativamente os ruídos das operações aéreas nas proximidades de aeródromos.
Áreas Terminais
Para o melhor aproveitamento dos voos, alguns limites de Áreas de Controle Terminal também foram alterados com o PBN-SUL. Áreas de menor movimento, que ainda não dispunham da tutela de um radar terminal foram anexadas às terminais mais movimentadas. Caso de Joinville – que agora passa à Área de Controle Terminal de Curitiba – e de Navegantes – anexada à Terminal de Florianópolis – consolidando um grande corredor entre as duas capitais monitorados por radar também em baixa altitude. A Área de Controle Terminal de Porto Alegre também sofreu ajustes. Seus setores foram reconfigurados de modo a atender os fluxos do Aeroporto Internacional de Porto Alegre e da Ala 3 (operadora inclusive de caças F5) independentemente. Para melhor harmonização entre voos militares e civis, os procedimentos de chegada e saída foram elaborados com o objetivo de permitir fluxos de tráfego aéreo específicos para cada operação, civil e militar, com separações lateral/vertical e regiões de abrangência distintas. Apesar da distância, São Paulo também precisou adequar-se à nova circulação. O lado oeste da Área Terminal mais movimentada do País ganha agora um novo ponto de chegada especialmente dedicado às aeronaves provenientes do Sul, encurtando suas descidas e aproximações aos aeroportos paulistanos.
Documentação PBN-Sul
Todos os detalhes referentes à reestruturação da circulação aérea das terminais aéreas de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e São Paulo e das alterações nas Regiões de Informação de Voo de Brasília e Curitiba estão relacionadas na Circular de Informações Aeronáuticas (AIC N31/2017). As novas cartas de rotas e procedimentos também já estão disponíveis no site do DECEA (aisweb). Entraram em vigor em 12 de outubro de 2017.
Saiba mais: AIC N31/2017
Fonte: FAB