Embraer e Boeing negociam eventual fusão
A fabricante brasileira de aviões Embraer e a americana Boeing negociam uma eventual fusão. As tratativas iniciais foram divulgadas pelo jornal americano "Wall Street Journal", nesta quinta, 21 de dezembro de 2017. As ações da Embraer chegaram a valorizar cerca de 40% durante o dia e fecharam em alta de 22,5%, na Bolsa de Valores de São Paulo. O acerto entre as empresas pode criar uma gigante global de aviação, com atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional, e capaz de fazer frente a uma união similar entre as concorrentes Airbus e Bombardier. "Boeing e Embraer confirmaram hoje que as duas companhias encontram-se em tratativas em relação a uma potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas. Não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões", informaram Boeing e Embraer em comunicado conjunto.
Conforme o Wall Street Journal, as empresas aguardam a posição do governo brasileiro sobre o negócio. A União tem uma ação de classe especial, chamada de "golden share", que dá poder de veto em decisões estratégicas da Embraer. Isso ocorre porque a empresa nasceu como estatal e foi privatizada nos anos 90. Uma eventual fusão necessita do aval de autoridades brasileiras e americanas. O acordo envolveria um prêmio alto para os atuais acionistas da Embraer, segundo o Wall Street Journal. Atualmente, a Embraer tem um valor de mercado de cerca de US$ 3,7 bilhões.
A Embraer é uma empresa privada, de capital aberto. A maioria dos seus acionistas são donos de ações da empresa negociadas na bolsa de valores de Nova York e de São Paulo. Esses acionistas, que são donos de fatias menores do que 5% da empresa, juntos detêm um total de 64,5% da empresa. O maior acionista individual é o fundo de investimentos americano Brandes, dono de 15% da empresa.
As discussões entre Boeing e Embraer acontecem poucos meses após as suas principais concorrentes, a europeia Airbus e a canadense Bombardier, unirem esforços, tendo a Airbus comprado uma participação majoritária na produção das aeronaves C-Series da fábrica canadense, concorrentes diretas dos jatos Embraer.
Boeing e Embraer já são parceiras em diversos projetos. Elas anunciaram em 2017 um acordo para venda e suporte técnico do novo cargueiro da Embraer, o KC-390. As duas empresas mantêm um centro de pesquisas conjunto sobre biocombustíveis para aviação em São José dos Campos, desde 2015.