O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) realiza, há cerca de cinco anos, o trabalho de coordenação de voos e facilitação de todas as etapas envolvidas no processo de transporte aéreo de órgãos a serem transplantados. Cabe ao CGNA, a coordenação da distribuição, por meio de transporte aéreo, de órgãos para transplante no Brasil. Para isso, a unidade conta com duas posições da Central Nacional de Transplantes (CNT) em seu Salão Operacional, 24 horas por dia, para gerir a logística de distribuição.
Recebida a demanda, os profissionais alocados no CGNA iniciam a busca pelo voo adequado mais próximo, que serve ao percurso requerido. A regra é o aproveitamento de voos da aviação comercial. Quando o trecho não é atendido por linha aérea, entra em cena o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) da Força Aérea Brasileira (FAB), que, acionado, viabiliza uma aeronave militar.
Na útlima terça-feira (25/09/2018), por exemplo, a aeronave C-95, do Esquadrão Pioneiro (3° ETA), saiu de Guarulhos para buscar um fígado em Votuporanga (SP) e seguiu para São José dos Campos (SP), local do transplante realizado, por meio de coordenação do CGNA junto à CNT.
"O transporte de órgãos é uma operação delicada que exige celeridade, comprometimento e estreita coordenação entre os órgãos de controle envolvidos no processo. Nesse contexto, o CGNA vem participando ativamente, cumprindo o papel de coordenador de voos e facilitação de todas as etapas envolvidas no transporte aéreo dos órgãos e tecidos vivos. É, para nós, uma grande satisfação participar dessas operações, agregando ainda mais valor aos serviços prestados pela Força Aérea ao país", ressaltou o Chefe do CGNA, Coronel Aviador Ricardo Luiz Dantas de Brito.
Regulação
Desde a regulação da remoção de órgãos para transplante e autorização do apoio prestado pela FAB nesse tipo de missão, em junho de 2016, os acionamentos, que ocorrem a qualquer hora do dia e da noite, se intensificaram.
Atualmente, os esquadrões de transporte aéreo contam com tripulações de plantão em Belém (PA), Recife (PE), Galeão (RJ), Guarulhos (SP), Canoas (RS), Brasília (DF) e Manaus (AM), mas nada impede que missões desse tipo também sejam realizadas por outros esquadrões da FAB.
A logística envolvida em um transplante é complexa. Cada órgão tem um Tempo de Isquemia Fria (TIF), ou seja, o período que ele pode ficar sem circulação sanguínea.
O coração é o órgão de menor TIF, já os rins podem ficar até 24 horas sem serem irrigados. O transporte precisa ocorrer em uma caixa térmica que mantenha temperaturas entre 2ºC a 8°C. Se for abaixo do previsto, o órgão pode congelar, inviabilizando o transplante. Impactos mecânicos também podem danificar o órgão.
O transporte realizado pela FAB facilita o processo, que se torna mais viável e ágil, pois as aeronaves têm condições para pousar em pistas e aeroportos menores, o que possibilita maior mobilidade fora das capitais.
Fonte: FAB