1919-2019: Cem anos da aviação militar no Brasil
Berço da aviação militar brasileira, o Campo dos Afonsos completou em 2012 um século de história.
A vocação para a aviação iniciou em 1912, quando o Aeroclube Brasileiro recebeu da União parte do terreno da “Invernada dos Afonsos”, para que nele fosse construído o aeródromo.
No ano seguinte, surgiu ali a primeira escola de aviação do Exército, a Escola Brasileira de Aviação (EBA), criada por uma parceria do Ministério da Guerra com a firma particular de aviação “Gino, Buccelli & Cia”.
A escola, inaugurada em 1914, recebeu 60 militares do Exército e da Marinha e contava com instrutores estrangeiros.
Poucos meses depois, a escola faliu, em consequência do início da 1ª Guerra Mundial.
Ficaram, contudo, os hangares e os aviões para uso do Aeroclube Brasileiro civil, que também desenvolvia ampla atividade aviatória no Campo dos Afonsos, no mesmo período.
Exército
Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Campo dos Afonsos passou a ser, novamente, utilizado pelo Exército Brasileiro em atividades aeronáuticas.
Em maio de 1916, o inventor do avião, Alberto Santos Dumont visitou o local e elogiou as instalações.
Assim, em 1919, foi criada a Escola de Aviação Militar (EAM), com o apoio da Missão Militar Francesa de Aviação, que preparou aviadores militares e mecânicos para o Exército até a década de 40.
O desenvolvimento da Aviação no Brasil encorajou à criação da “Arma de Aviação”, em 1927.
Em seguida, Bandeirantes do Ar, com o aviador militar Lysias Augusto Rodrigues, passaram a defender a criação do Ministério do Ar, como um instrumento fundamental de Defesa Nacional.
Foi nos Afonsos que o então Major Eduardo Gomes, comandando o Grupo Misto de Aviação e o 1 Regimento de Aviação do Exército, iniciou a trajetória aeronáutica.
Neste Campo, também, a indústria aeronáutica deu os seus primeiros passos e possibilitou o surgimento de talentos da engenharia brasileira, como o então Capitão Antônio Guedes Muniz, projetista do primeiro avião a ser construído em série no Brasil, o M7.
O local também foi o berço do Correio Aéreo Nacional (CAN), uma das mais importantes iniciativas de integração do território brasileiro.
É importante destacar que, nos Afonsos, desenvolveu-se parte significativa da história do Ministério da Aeronáutica.
A passagem de Comando das Armas de Aviação Naval e de Aviação Militar ocorreu em 1941.
A antiga Escola de Aviação Militar foi desativada e, em seu lugar, criou-se a Escola de Aeronáutica, também em 1941, que passou a formar os aviadores militares do país até 1971, quando foi foi transferida para cidade de Pirassununga-SP e passou a denominar-se Academia da Força Aérea (AFA).
EAvM: uma Escola que gerou vários resultados ao longo de 100 anos.
Em 29 de janeiro de 1919, o Exército viria a ocupar definitivamente o Campo dos Afonsos, com a criação da Escola de Aviação Militar (EAM), acompanhando a implementação do Serviço de Aviação do Exército.
Era o início de um longo período de desenvolvimento aeronáutico no local, levado a cabo pelo Exército até o ano de 1941.
De 1919 a 1941 a evolução da aviação no Brasil esteve sob responsabilidade do Exército Brasileiro cuja modificação e modernização de sua estrutura de ensino sofreram forte influência da Missão Francesa de instrução.
Logo após sua chegada, a Missão Militar de Aviação tratou da fundação de uma Escola de Aviação, para esse feito foi escolhida as antigas instalações da Escola Brasileira de Aviação.
Os oitos hangares geminados desta escola havia funcionado por apenas cinco
meses e serviram de berço para o novo estabelecimento de ensino, embora a sede da Escola Militar de Aviação e todos os outros departamentos funcionassem, temporariamente, em prédios existentes na Vila Proletária de Marechal Hermes.
Aos hangares da Escola Brasileira foi aos poucos sendo acrescidas novas instalações, inclusive hangares franceses de campanha, desenvolvidos durante a guerra de 1914 e, posteriormente, até mesmo a construção do primeiro hangar de concreto armado no Brasil.
Em 1941, a Criação do Ministério da Aeronáutica determina a junção das aviações militares de Exército e Marinha, bem como toda a estrutura organizacional e encargos do Departamento de Aeronáutica Civil.
Neste contexto, a Escola de Aviação Militar transformava-se na Escola de Aeronáutica.
Texto: Roberto Caiafa
Fonte: www.tecnodefesa.com.br