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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Cultura Aeronáutica

Motor do P-47 do Musal será recuperado para funcionar em abril
Um robusto veterano de 11 metros de comprimento, 12,4 metros de envergadura, 4,5 toneladas e capacidade para atingir uma velocidade de 704 quilômetros vai passar por uma recauchutagem. Um grupo de amantes da aviação conseguiu arrecadar R$ 43 mil, por meio de financiamento coletivo, para restaurar o motor do P-47D Thunderbolt B4, aeronave utilizada pela Força Aéra Brasileira (FAB) durante a Segunda Guerra Mundial e que está em exposição no Museu Aeroespacial (Musal), no Campo dos Afonsos. Os trabalhos começaram este mês. Baterias e juntas, além de manuais, comprados nos Estados Unidos, já chegaram ao museu, e mecânicos da instituição começaram a preparar a aeronave.

Acionamento: 22 de abril
As peças serão trocadas por mecânicos especializados, cedidos pela empresa de serviços aéreos Helisul. Mês que vem, será feita a pintura, para deixá-la o mais próximo possível do original. O motor deverá de ser acionado no 22 de abril de 2019, Dia da Aviação de Caça. “Esse avião é icônico, muito conhecido no meio aeronáutico e com um forte apelo emocional entre os amantes da aviação. Nossa vontade de ver esse motor girar novamente é muito grande”, diz Gilson Campos fundador da World Aviation Friends (WAF) e funcionário da seção de comunicação social do Musal. Ele pensou na campanha junto com o piloto e cartunista Fernando Cresceisti, autor da mascote do projeto, o avião Quatro Setinho. Em pouco tempo, a dupla ganhou adesão de outros amantes da aviação, que ajudaram a fazer e a divulgara vaquinha online. A ideia não demorou a decolar. “Para os aficionados da aviação, ouvir o ronco do motor de um avião é a coisa mais linda que tem. Além do barulho sai fumaça e uma lingueta de fogo, algo que é emocionante! (…) barato também é recordar um momento que a nossa geração não viveu”, explica Pedro Ferraz. Presidente da Associação dos Amigos do Museu Aeroespacial e um dos parceiros do projeto.

Segunda Guerra
O Thunderbolt foi o caça americano mais numeroso produzido, teve mais de 15 mil exemplares espalhados pelo mundo. A Força Aérea Brasileira recebeu 117 aeronaves P-47D e as operou por 14 anos, entre 1944 e 1958, inclusive na campanha da Itália junto aos países Aliados, na Segunda Guerra Mundial. Se parte do dinheiro arrecadado sobrar, os organizadores do projeto planejam investir na revisão de amortecedores, trem de pouso, rodas e na compra de pneus, para que ele possa também taxiar no pátio do Museu Aeroespacial. Mas fazer a aeronave voltar a voar é um sonho ainda distante. O diretor do Musal, brigadeiro Luiz Carlos Lebeis, conta que ela chegou a ser preparada para decolarem 1995, mas o voo não aconteceu por questões políticas: O comandante da Aeronáutica na época proibiu os aviões do museu de voar. O B4 tem condições, mas precisaria passar, por inspeção minuciosa de motor, sistema de alimentação de combustível, hidráulica, freio… E o comandante da Aeronáutica tem que autorizar. É vontade minha. Mas, com um pouco de pé no chão, vejo que não é coisa para agora, ressaltou o Diretor.