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domingo, 7 de fevereiro de 2021

Especial de Domingo

Em 6 de fevereiro de 1957, por meio do Decreto nº 40.549, foi organizado, no Ministério da Aeronáutica, o 1º Grupo de Aviação Embarcada, tendo como finalidade guarnecer Navios-Aeródromos da Marinha Brasileira. Relembrando essa história e estudando mais sobre temas relacionados, selecionamos conteúdo do portal da ABRA-PAT - Associação Brasileira de Equipagens da Aviação de Patrulha. Esta, é uma entidade civil de direito privado e sem fins lucrativos que tem como principais objetivos: RESGATAR, PRESERVAR e DIVULGAR a história da Aviação de Patrulha no Brasil, DIFUNDIR a evolução da Aviação de Patrulha no Brasil e no mundo, COLABORAR com as autoridades da Aeronáutica e ESTIMULAR o espírito de corpo, o profissionalismo e o entusiasmo que sempre existiram no seio da Aviação de Patrulha. A ABRA-PAT é formada por membros de Equipagem da Aviação de Patrulha (Oficiais, Suboficiais e Sargentos) da Ativa, da Reserva ou Reformados, além de militares das Forças Armadas e Civis. Foi criada no Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1999. 
Boa leitura.
Bom domingo!

O ESQUADRÃO CARDEAL
No dia 06 de fevereiro de 1957 foi criado o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (1º GAE) com a finalidade de guarnecer o navio-aeródromo da Marinha Brasileira. O 1º GAE foi organizado inicialmente com dois esquadrões, um de caça e outro de patrulha. Mais tarde, quando a Marinha definiu que o Minas Gerais seria um porta-aviões anti-submarino, o 1° GAE foi reorganizado, passando a ser composto por um esquadrão de aviões de patrulha e outro de helicópteros anti-submarino. O nome do Esquadrão Cardeal é em virtude da semelhança entre o pássaro e os gorros vermelhos utilizados pelos pilotos do 1º GAE no início de suas atividades. O seu emblema contém a inscrição em latim Sic Semper Tyrannis”, que em português significa “Assim sempre com os tiranos”.

AERONAVES
Grumman P-16A Tracker
Em outubro de 1958, a Base Aérea de Santa Cruz foi designada como sede em terra do 1º GAE. Nesse mesmo ano, começou a receber o seu equipamento inicial, os aviões North American B-25J Mitchell e helicópteros Bell H-13J. Em 26 de junho de 1961 chegaram ao Brasil os primeiros aviões Grumman P-16A Tracker, iniciando as operações aéreas a bordo do Minas Gerais no dia 22 de junho de 1965. Os P-16E, mais modernos e sofisticados, começaram a operar no 1º/1º GAE em dezembro de 1975. O último P-16 da FAB foi retirado de serviço no dia 30 de dezembro de 1996. Para a continuidade das operações, foi criado em 31 de julho de 1998, pela Portaria R.452/GM3, o Quarto Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (4º/7º GAv), operando as aeronaves Embraer P-95A Bandeirante Patrulha que voavam com o 2º/1º GAE, efetuando as missões de patrulha e esclarecimento marítimo.
Embraer P-95A "Bandeirulha"
No dia 16 de dezembro de 2011, o Esquadrão Cardeal encerrou as suas atividades com uma solenidade militar na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Biblioteca Ninja
OS CARDEAIS
1º Grupo de Aviação Embarcada
4º/7º Grupo de Aviação
"Já no pequeno bar, durante as conversas de pós-voo, lá pelas tantas disse-me o Rodolfo que na final curta comentara com o Mares Guia que nosso grupamento parecia um concílio de Cardeais, todos com o boné vermelho e o macacão laranja. Como consequência, no teste de rádio do dia seguinte, ao atender à chamada do Cobra 01 respondi não mais FAB 7016, mas sim, Cardeal 01”. A história dos Cardeais se inicia com a criação do 1° Grupo de Aviação Embarcada em 1957, no segundo ano do mandato de Juscelino Kubitschek. Os primeiro anos da nova unidade foram difíceis, marcados por um acrimonioso conflito doutrinário entre a Força Aérea e a Marinha. Porém, a partir de 1965, os Cardeais embarcaram pela primeira vez no navio-aeródromo Minas Gerais para iniciar um longo período de 31 anos de operações conjuntas de alta eficiência, em um clima de convivência harmoniosa que desmentia todo o conflito anterior. Em 1998, o 1° Grupo de Aviação Embarcada foi desativado, dando lugar ao 4°/7° Grupo de Aviação que herdou seu nome e suas tradições. Desde então, operando a partir da histórica Base Aérea de Santa Cruz, os Cardeais protegem os mares do Sudeste e prestam um serviço à nação, tão inestimável quanto pouco conhecido. A saga dos Cardeais é contada neste volume a partir de uma cuidadosa pesquisa dos históricos da unidade, documentos pessoais e entrevistas com veteranos. O texto é amplificado com numerosas fotografias, a maior parte das quais inédita, e de perfis das aeronaves especialmente preparados. 
Autor: Mauro Lins de Barros 
Ilustrações: Flávio Lins de Barros 
Editora: ADLER

Selecionado da ABRA-PAT:
AVIAÇÃO DE PATRULHA NO BRASIL
Antecedentes Históricos
Martin PM
Retroagindo no tempo, vamos encontrar, há quase 10 anos antes da criação do Ministério da Aeronáutica a primeira Unidade Aérea de Patrulha de que se tem registro no Brasil: a “Primeira Flotilha de Bombardeio e Patrulha”, criada na Aviação Naval em 1931, baseada na Ponta do Galeão da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Possuía 7 hidro-aviões, 2 MARTIN PM e 5 Savoia Marchetti e realizou a primeira operação de Patrulha Aérea conhecida. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, três aviões “Savoia Marchetti” realizaram missões de patrulha nas cercanias do porto de Santos, bloqueado pelas Forças Legalistas, visando impedir a chegada de reforços para os rebeldes. A Aviação Militar do Exército também realizou missões de Patrulha Aérea ao longo do litoral logo no início da 2ª Grande Guerra. Em fins de 1939, deslocou 3 aviões “Corsário” para Belém com a missão de patrulhar o litoral Norte, a fim de verificar possíveis presenças de unidades navais de países beligerantes em nossas águas territoriais. Na mesma época, enviou outros 3 aviões “Corsário” para Recife para, de lá, efetuar missões de patrulha ao longo do litoral Nordeste com a mesma finalidade.

A Fase do Pré-Guerra
B-25
Em janeiro de 1941 foram criados o Ministério da Aeronáutica e a Força Aérea Brasileira, esta pela absorção da Aviação Naval e da Aviação do Exército. A Aviação de Patrulha na FAB surgiu em fevereiro de 1942. O Brasil rompera relações diplomáticas com os países do Eixo dando mostras de abandono da posição de neutralidade até então mantida. Como represália, os alemães e italianos desfecharam uma campanha de ataques aos nossos navios mercantes em rotas litorâneas, resultando no afundamento de numerosos navios. A situação da FAB era de total despreparo para empreender ações bélicas eficazes. Não tinha os aviões adequados para as missões de Patrulha, nem em quantidade, nem em qualidade. Não tinha bombas de profundidade, nem treinamento técnico ou tático. Nós não voávamos por instrumento, não conhecíamos navegação sobre o mar, navegação rádio nem navegação astronômica. Não estávamos familiarizados com planos de busca, de esclarecimento ou de cobertura de comboio. Nada sabíamos sobre técnicas de ataque a submarino. Mas, apesar de todas as deficiências, começamos a empreender missões de Patrulha empregando, em total improviso, todos os meios aéreos disponíveis. Aviões B – 25, P- 40, T- 6, FOCK-WULF e outros faziam, regularmente, missões sobre o mar. Aviões de transporte em viagem pelo litoral eram orientados para voar sobre o mar, a uma pequena distância da costa. Acreditava-se que a simples presença de aviões, de qualquer tipo, sobre o mar se constituía em fator limitador da liberdade de ação que os submarinos desfrutavam durante o dia. Nesse início da guerra tudo faltava, menos a garra, a vontade férrea dos patrulheiros de bem cumprir suas missões. Dia 22 de maio de 1942, um avião B – 25 do Agrupamento de Aviões de Adaptação sediado em Fortaleza, empregado no treinamento de equipagens brasileiras, realizou uma busca na área onde um navio havia sido torpedeado . O Instrutor era americano e os alunos eram dois Capitães que faziam a adaptação ao novo avião. Foi avistado o submarino italiano BARBARIGO e imediatamente atacado com uma salva de 10 bombas de 100 libras de emprego geral . O submarino mergulhou, sem avarias, e o B-25 retornou a Fortaleza. É de se notar que o Brasil, nessa data, só havia cortado relações diplomáticas com o Eixo, mas ainda mantinha sua neutralidade. Esse foi o batismo de fogo da FAB na II Guerra Mundial!

A Fase da Guerra
A-28 Hudson
Com o estabelecimento de Estado de Beligerância em 22 de maio de 1942 e a formal Declaração de Guerra aos países do Eixo em 31 de agosto de 1942, o Brasil, como aliado dos EUA, foi beneficiado pelo “LEND AND LEASE ACT”, tendo recebido daquele país, 28 aviões A-28 HUDSON, 6 hidro-aviões PBY-5 CATALINA, 14 aviões anfíbios PBY-5A CATALINA e 14 aviões PV-1 VENTURA para serem empregados no patrulhamento das águas próximas ao litoral brasileiro. Após essa fase de total improvisação, durante a qual foram afundados 20 navios brasileiros, a FAB orientou suas ações em direção ao profissionalismo. Oficiais foram mandados ao exterior para se familiarizar com a Aviação de Patrulha. De nada adiantava receber aviões modernos sem uma instrução adequada sobre seus sistemas, pilotagem, técnicas e táticas de emprego. Com vistas a sanar tais deficiências foi criado em outubro de 1943, inicialmente em Natal e posteriormente no Galeão, unidade de instrução denominada UNITED STATES – BRASIL AIR TRAINING UNIT, que ficou conhecida pela sigla formada por suas iniciais: USBATU. Em Natal o avião utilizado no curso foi o PV – 1 VENTURA. A instrução abrangeu 3 turmas, compostas de pilotos, tripulantes e mantenedores. Ao término do curso, a FAB recebeu um esquadrão de 14 aviões PV – 1 vindos diretamente da fábrica. Esse esquadrão, autônomo e constituído somente de brasileiros, passou a operar cumprindo ordens de operação e fragmentárias emanadas do ComSoLant – Comando do Atlântico Sul, chefiado pelo Almirante americano Jonas Howard INGRAM. No Galeão foi realizada a instrução terrestre dos PBY-5A CATALINA (anfíbios) tendo sido utilizadas as instalações de Santa Cruz para treinamento de voo.
PBY-5A Catalina
Ao término do curso, a FAB recebeu um esquadrão composto de 14 PBY – 5A em complemento aos 7 PBY- 5 já existentes. Esse mesmo treinamento foi dado aos tripulantes dos A-28 HUDSON, cuja sede era Fortaleza, mas que operavam desdobrados em aeródromos ao longo do litoral. Com esse treinamento, a FAB passou a ficar responsável pelo patrulhamento e cobertura de comboio em certos trechos, até então sob a responsabilidade apenas de unidades americanas. Ao término da guerra a FAB possuía uma Aviação de Patrulha de mesmo nível operacional e com aviões idênticos aos empregados pela Aviação Naval da Marinha Americana.

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