Implementar o PBN em larga escala no Brasil seria um avanço significativo para o setor
Tantas vezes ouvimos e fazemos inúmeras críticas à respeito da aviação brasileira e de suas instituições, mas devemos lembrar que o nosso país, no quesito controle e gestão do tráfego aéreo, possui números invejáveis e grande reconhecimento pela comunidade aeronáutica internacional.
Neste ano de 2013, o DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo, órgão do Comando da Aeronáutica, sob o manto do Ministério da Defesa e responsável pela segurança e fluidez do tráfego aéreo no Brasil– foi indicado ao IHS Jane´s Air Traffic Control Awards. A premiação, que aconteceu em Madri, é conhecida como o “Oscar do Controle Aéreo” e premiou a mais destacada iniciativa cujos resultados contribuíram para a eficácia das operações de tráfego aéreo.
Dentre as diversas iniciativas, a implementação da Navegação Baseada por Navegação nas Terminais Brasília e Recife, rendeu ao DECEA essa indicação. A instituição brasileira concorreu ao prêmio com a neo-zelandesa Air New Zealand, também indicada pela implementação do PBN; a norte-americana FAA, indicada pela recategorização das regras de separação de aeronaves no Aeroporto Internacional de Memphis, e a também norte-americana Midwest ATC Services – pela implantação da Separação Vertical Mínima Reduzida (RVSM) no Afeganistão.
Apesar da instituição brasileira não ter arrematado o prêmio (foi para a Air New Zealand), podemos dizer que a indicação confirma o reconhecimento do DECEA perante a comunidade internacional.
Implementado em abril de 2010, o PBN (Navegação Baseada em Performance – do acrônimo Performance Based Navigation) foi visto com uma quebra nos paradigmas do voo convencional, que até então se baseavam exclusivamente em auxílios localizados no solo.
O PBN baseia-se no uso de sistemas avançados de navegação por satélites, possibilitando a reformulação e otimização das rotas de navegação. Permite ainda aproximações precisas, maior fluxo de aeronaves nas terminais e um voo mais linear, já que as navegações são planejadas ponto a ponto e não interceptando auxílios rádios, conforme figura abaixo.
A implementação exigiu inúmeras mudanças nos conceitos de trafego aéreo, tais como: exigências de novos equipamentos a bordo, aeronaves aprovadas, rotas exclusivas, novas cartas de voo, tripulação capacitada, alteração no formato do plano de voo, etc.
Autor: Robson de Freitas (Piloto de Helicóptero e Despachante Operacional de Voo)/abril de 2013.