NINJA - Saiba mais:

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Datas Especiais

Dia da Aviação de Busca e Salvamento

ORDEM DO DIA DA AVIAÇÃO DE BUSCA E SALVAMENTO 
PALAVRAS DO COMANDANTE-GERAL DE OPERAÇÕES AÉREAS 

Brasília, 26 de junho de 2013. 

No dia 04 de julho de 1967, o Serviço de Relações Públicas do então Ministério da Aeronáutica distribuiu nota à imprensa no seguinte teor: “a Seção de Relações Públicas do Gabinete do Ministro da Aeronáutica informa que, na visita feita hoje pelo Ministro Márcio de Souza e Melo aos sobreviventes do C-47 2068, Sua Excelência pode constatar ser do mais elevado nível o estado de espírito de cada um e que a todos inspira um só desejo: o pronto restabelecimento para que possam retornar, o mais cedo possível, ao convívio dos seus companheiros de farda”
Esse renascer somente se concretizou graças ao trabalho de todos os envolvidos em uma das maiores missões de busca e salvamento já realizada pela Força Aérea Brasileira, quando destemidos e abnegados homens e mulheres se uniram para localizar e resgatar os sobreviventes daquele acidente. Já vai longe a tarde de 16 de junho daquele ano, que remonta à decolagem do FAB 2068 da Base Aérea de Belém com direção ao Campo de Provas de Cachimbo para a consecução de mais uma missão de salvaguardar vidas humanas. Naquele momento indígenas ameaçavam a vida de pessoas, inclusive da equipe da Aeronáutica de serviço em Cachimbo, motivo pelo qual uma tropa de infantaria decolava para prover a segurança de todos. Desde a decolagem de Belém rumo à escala de Jacareacanga, o FAB 2068 já apresentava problemas no sistema de rádio compasso, fato que não impedia o prosseguimento da missão, desde que mantidas as condições de voo visuais na rota e a utilização dos rios da região como auxílio à navegação. A aproximação já se dera ao cair da tarde, mas a premência da chegada a Cachimbo obrigava a tripulação a decolar, de imediato, à noite, em face do agravamento da situação dos que lá estavam. E assim foi feito na pista iluminada por pequenas chamas que trepidavam em estopas embebidas em óleo queimado e embutida em latas. Transcorrido o tempo de voo entre as duas localidades, o aeródromo de destino, também preparado com o mesmo tipo de “balizamento”, não foi encontrado. Tentativas de retornar a Jacareacanga e até mesmo de prosseguir para Manaus foram realizadas, mas o infortúnio atingiu aqueles 25 militares que estavam a bordo com o pouso de emergência na escuridão da selva amazônica, nas proximidades de Tefé. Mais de trinta aeronaves participaram da busca do local do acidente, tendo sido voadas mais de mil horas no espaço de dez dias de angústia e esperança, tornando-se a operação de busca mais longa, vultosa, instrutiva e persistente que a FAB já fez em toda a sua história, movida pelo sentimento de solidariedade humana. Como explicar o que sentiram os primeiros homens do resgate a ter contato com aqueles sobreviventes, no dia 26 de junho de 1967, ao escutar a célebre frase proferida por um deles: “Eu sabia que vocês viriam!”. A imagem do sorriso então estampado na face de cada um clarifica esta mensagem. "Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer." Ao parafrasear o filósofo e teólogo Santo Agostinho, tem-se o verdadeiro combustível que impulsiona aqueles que labutam, diuturnamente, na consecução da mais nobre de todas as missões: a de salvar seres humanos. É a chama que jamais se apaga, é a esperança incessante de localizar, resgatar e devolver ao seio da família seus entes queridos. Somente aqueles que já se engajaram em alguma missão de busca e salvamento conseguem entender os sentimentos de difícil explicação por meio de palavras, mas que os impelem a dedicar suas vidas em prol de outras, a subordinar seus interesses pessoais e bem estar para que outros possam retornar aos seus lares. Por isso a ordem é lutar, pois dela advém a esperança. O homem de busca e salvamento não reconhece vocábulos como esmorecer ou desistir, pois ele sabe que sempre haverá no âmago de uma vítima de acidente a vontade de sobreviver, por mais difícil e improvável que possa parecer. Honrando as tradições do passado, rememoramos a história como forma de valorizar aquilo que nossos antecessores consolidaram por meio de árduo e profícuo trabalho, de reconhecer que o rumo navegado foi coerente e de vislumbrar um futuro promissor. Cada cidadão brasileiro que sobrevoa a imensidão do nosso país ou navega por nossos verdes mares pode ter a certeza da presença dos vetores da Força Aérea Brasileira, sejam eles de asas fixas ou rotativas, diuturnamente prontos para garantir a tão necessária e consagrada certeza do resgate. Em diversas ocasiões, passados 46 anos da saga do FAB 2068, o Sistema SAR brasileiro já foi testado em combate, como na busca e salvamento dos sobreviventes do VARIG 254, no Xingu, nas buscas aos destroços do Air France 447, acidentado no Oceano Atlântico e ao GOL 1907, que veio a cair sobre a Floresta Amazônica, dentre tantas outras. Importante ressaltar que o sucesso das missões realizadas somente foi possível pela sinergia de esforços de todos os atores envolvidos, homens e mulheres das equipes de resgate e tripulantes das aviações de Busca e Salvamento, Patrulha, Asas Rotativas, Transporte e Reconhecimento, trabalhando em perfeita harmonia, coordenados em maior grau pela II FAE e pelo COMGAR e, contando, ainda, com a primordial e indispensável participação dos elos de busca e salvamento do DECEA. Assim, ao prestar serviços de tamanha importância à sociedade brasileira e aos órgãos internacionais, nossas equipagens mantêm-se adestradas para o resgate de combatentes em tempos de conflito, pois uma Força Aérea deve estar sempre preparada para desenvolver ações atrás das linhas inimigas. Ontem, hoje e sempre permanecem indeléveis os ideais das tripulações de Busca e Salvamento da Força Aérea Brasileira, cujos alicerces fundamentais de abnegação, coragem, disciplina e força seguem inalterados. É o destemor presente em cada olhar. É a fé demonstrada em cada gesto. É a honra acima de tudo. Salve a Aviação de Busca e Salvamento! Voar, combater e vencer! 

TEN BRIG AR NIVALDO LUIZ ROSSATO 
COMANDANTE-GERAL DE OPERAÇÕES AÉREAS