Às 6 horas da manhã do dia 25 de junho, o CLBI - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno - estava guarnecido e apontava as suas antenas em direção ao gigante russo estacionado em Sinnamary, na Guiana Francesa, após um dia inteiro de testes entre as 6 estações da cadeia operacional equatorial, preparadas para o rastreamento do veículo Soyouz, lançado a partir do Centro Espacial Guianês (CSG). Às 16:25 o veículo foi lançado e rastreado pela Barreira do Inferno.
Além de Galliot (Guiana Francesa), Ascension (Atlântico sul), Libreville (Gabão) e Malindi (Quênia), mais uma estação compôs a cadeia de rastreamento: Perth (Hawaí). Esse conjunto de estações trabalhando em sincronismo permitiu ao nosso cliente compreender a viagem do veículo em torno da terra, com dupla visibilidade para alguns meios e a ejeção dos satélites passageiros.
Para executar este primeiro rastreamento do Soyouz equatorial, a estação de Natal foi a que mais sofreu modificações, tendo recebido franceses e russos para complementar os trabalhos. Novos equipamentos foram instalados no sítio do CLBI e todos os procedimentos operacionais existentes tiveram que ser reeditados para incluir o modo de recepção das Telemedidas Soyouz – Fregat.
O lançador Soyouz, composto de 3 estágios, já foi lançado quase duas mil vezes pela Agência Espacial Russa, desde a sua versão original. Para os lançamentos equatoriais, o terceiro estágio foi modificado para receber o motor Fregat, com 4 câmaras de combustão a querosene reagindo com oxigênio líquido, o que aumentou significativamente o desempenho geral do veículo. Com este novo arranjo, o lançador ficou com um comprimento de 46,2 m, um diâmetro de 10,3m e massa ao solo de 308 toneladas.
Os 4 satélites passageiros destinados às órbitas de 8 mil km de altura são os primeiros a integrar a constelação O3B, cujas características permitirão:
a) uma maior cobertura de internet em regiões da América Latina, Oriente Médio, Ásia, Austrália e África (quase 180 países);
b) aumentar a velocidades de download para até 1.2Gbps, ou seja, conexões com qualidade similar ao serviço do Google Fiber;
c) uma redução dos custos de banda larga em até 95% nos locais onde hoje seu uso é extremamente caro.
Apesar do modo de operação atípico, a equipe brasileira mostrou-se sólida o suficiente para lidar com as mudanças e garantir o rastreamento impecável desse verdadeiro gigante russo!
Fonte: http://www.clbi.cta.br