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domingo, 20 de dezembro de 2020

Especial de Domingo

A semana que passou trouxe uma magnífica notícia para a cidade de Ubatuba (SP) sede do NINJA - Núcleo Infantojuvenil de Aviação. A volta do transporte aéreo regular no município abre perspectivas extraordinárias e merece o apoio de todos. No conteúdo de hoje, saiba mais sobre esta boa nova e confira um estudo de caso sobre o tema, apresentado pelos pesquisadores Roberto Tadeu de Araujo e Marcio Ney da Silva Duarte, do Instituto de Controle do Espaço Aéreo, em 2016.
Boa leitura!
Bom domingo!

A volta do transporte aéreo regular em Ubatuba (SP)
Foram iniciadas, dia 18 de dezembro de 2020 e seguem até 31 de janeiro de 2021, as operações regulares de voos comerciais ligando Ubatuba (SP) à capital São Paulo. Os voos fazem parte do programa Conecte-se da Azul Linhas Aéreas, empregando aeronave Cessna 208 Caravan, com capacidade para nove passageiros. O Conecte-se, além de Ubatuba (SP), no litoral de São Paulo, serve a um grupo de cidades turísticas, com voos regulares na temporada de verão 2020-2021. Além de Ubatuba e Itanhaém, no estado de São Paulo, a malha especial abrange as cidades de Paraty, Angra dos Reis e Búzios, no estado do Rio; Guarapari, no Espírito Santo; Canela e Torres, no Rio Grande do Sul; e, Jericoacora, no Ceará.

Chamado de “Verão Azul Conecta”, o projeto da Azul tem o objetivo de incentivar os turistas a utilizarem a via aérea, abreviando o tempo de viagem, em relação ao período, caso o trajeto fosse realizado em automóvel.

Pilotos
Os voos da Azul Conecta ligando a capital São Paulo (aeroporto de Congonhas) a Ubatuba (aeroporto Gastão Madeira), entre dezembro de 2020 a janeiro de 2021, são diários e duram cerca de 55 minutos. O Caravan parte de São Paulo às 08 horas e decola do litoral às 09h20. Os tripulantes do primeiro voo da retomada de viagens aéreas comerciais em Ubatuba, no dia 18 de dezembro de 2020, foram o comandante Flávio Fernandes Vigatto e o copiloto Marcelo Rodrigues Moreira, com a aeronave Cessna 208 Caravan matrícula PT-MED.

Voos comerciais em Ubatuba
É a quarta vez que a cidade de Ubatuba (SP) passa a contar com voos regulares. Conforme o livro "Sobre o Mar de Iperoig: a Aviação em Ubatuba", a primeira experiência de voos comerciais entre a cidade e a capital ocorreu com pequenos aviões Stinson 108, para três passageiros, da empresa Valpar, nos anos 1950. Depois, Ubatuba foi servida pelos voos dos DC-3 da Vasp, entre 1967 e 1970. A localidade voltaria a ter voos comerciais com os aviões Bandeirante da Rio-Sul, entre outubro de 1980 e dezembro de 1982.

Um estudo de caso
Já em 2016, os pesquisadores Roberto Tadeu de Araujo e Marcio Ney da Silva Duarte, do Instituto de Controle do Espaço Aéreo, localizado em São José dos Campos (SP), trataram de uma possível solução para ligação entre cidades não servidas por aviação regular - e que necessitam do modal de transporte aéreo - com o estabelecimento de rotas operadas por aeronaves de pequeno porte. Tadeu e Marcio aventaram a hipótese - tendo como exemplo uma linha entre São Paulo e Ubatuba - que seria apresentada na 19ª Conferência Internacional de Sistemas Inteligentes de Transporte (19th International IEEE Conference on Intelligent Transportation Systems), que ocorreu de 1 a 4 de novembro de 2016, no Rio de Janeiro. Antes, em Ubatuba, na última semana de junho de 2016, eles apresentaram considerações preliminares do trabalho na reunião Café Voador, promovida mensalmente pelo NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação e Aeroclube de Ubatuba.

Transporte inter-regional

No artigo, Roberto Tadeu e Marcio Ney argumentaram que uma possível solução para a problemática do transporte inter-regional entre o litoral norte paulista, mais o município de Paraty (RJ), e a cidade de São Paulo (SP), é a hipótese de voos de baixo custo realizados por aviões de pequeno porte, a partir do Aeroporto Gastão Madeira, localizado em Ubatuba (SP). Enfatizaram que o adensamento populacional das áreas urbanizadas provocam impactos importantes no meio ambiente urbano, além do natural. Visando repará-los ou atenuá-los desenvolveu-se o conceito de “Cidade Inteligente”. A implantação da atividade de um Sistema de Transporte Inteligente eficiente deve ser consolidado com medidas e projetos que proporcionem conforto e funcionalidade nos modelos de transporte já existentes. Assim, uma hipótese de solução para questões de mobilidade e acessibilidade para uma determinada cidade ou região é a adoção do transporte aéreo inter-regional.

Fluxo turístico
Considerando o fluxo turístico na área formada pelo litoral norte paulista - integrado pelos municípios de Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba - e mais Paraty (RJ), somando perto de 550 quilômetros de costa, Roberto Tadeu e Marcio Ney propuseram um estudo de caso para despertar discussão acerca da possibilidade de se estabelecer uma linha aérea ligando o aeroporto de Ubatuba com o de Congonhas, na capital São Paulo. De acordo com as aerovias disponíveis para ligação entre os dois aeroportos, a distância de voo seria próxima de 180 quilômetros. O curto tempo de voo e o custo da passagem aérea compensariam eventuais dificuldades de acesso por via terrestre, haja vista o excesso de tráfego e frequentes congestionamentos nas estradas de acesso, principalmente em feriados prolongados ou alta temporada de férias.

Tendo em vista as dimensões da pista de pouso de Ubatuba, a expectativa do número de passageiros e o custo operacional, propunha-se, como exemplo, a operação com a aeronave Cessna 208 Caravan ou similar. Esse avião é largamente empregado em voos de baixo custo em outras partes do globo.


Desta forma, o acesso por via aérea seria conveniente para os cinco municípios da área de estudo que, juntos, representam um PIB – Produto Interno Bruto de 16 bilhões de reais, de acordo com dados de 2013 do IBGE (Ubatuba R$ 1,5 bilhão; São Sebastião R$ 5,7 bilhões; Ilhabela R$ 3,3 bilhões; Caraguatatuba R$ 2,4 bilhões; Paraty 3,1 bilhões). No mesmo ano, segundo o IBGE, o PIB do município de Florianópolis (SC), que é servido pelas principais empresas aéreas, foi de R$ 14 bilhões. O Caravan é um monomotor turboélice de asa alta, com capacidade para transportar nove ou dez passageiros. Voa a 320 Km/h e consome cerca de 200 litros de querosene de aviação por hora, o que pode representar consumo médio de 0,07 litro/passageiro/Km voado.

Fotos: Beatriz Rocha e acervo do NINJA

Saiba mais: Blog do NINJA de 03/07/2016 - Clique aqui  e de 19/12/2020 - Clique aqui