13 de agosto de 2022:
Há 90 anos, decolava de Lorena a aeronave para o 1º bombardeio noturno na América Latina
Eram tempos de revolução em 1932. Paulistas clamavam por uma Constituição. Tropas regulares - formadas por pessoal oriundo do Exército e Força Pública - e um expressivo contingente de civis voluntários faziam luta de trincheiras contra forças federais, ditas legalistas. Apoiando as escaramuças em terra, a Aviação Militar, pelo lado federal, e as Unidades de Aéreas Constitucionalistas (UAC), dos paulistas, manobravam nos céus, nas frentes Sul, Mineira e, principalmente, do Vale do Paraíba.
Uma esquadrilha constitucionalista deslocou-se, no dia 11, desde Itapetininga para Lorena (SP), onde fora construída uma pista de pouso, na localidade denominada Sementeira, que mais tarde receberia as denominações Horto Florestal e, hoje, Floresta Nacional.
Ataque na madrugada
O desdobramento tinha como objetivo barrar o avanço das tropas federais no Vale do Paraíba e na frente mineira. Era dia 13 de agosto de 1932. Na madrugada, saindo da pista com iluminação improvisada, um avião dos paulistas decolou rumo a Resende (RJ). Ao chegar no ponto, despejou bombas, na tentativa de fustigar o campo de operações do governo. Todavia, os artefatos lançados, dada a dificuldade gerada pela escuridão, não atingiram o alvo e caíram em terras próximas. O ousado ataque, na madrugada de 13 de agosto de 1932, à 01h30min, ficou consignado como o primeiro bombardeio aéreo noturno da América Latina, como registrado no livro “A Aviação em Lorena: traços históricos”.
Retaliação
Em retaliação, a aviação legalista, no dia seguinte, 14, efetuou um ataque com bombas de manhã e outro à tarde, ao campo de aviação de Lorena. Entretanto, os aviões das UAC conseguiram decolar em tempo e se deslocaram para o Campo de Marte, na capital. Alguns dias depois, aviões das UAC, retornando às operações na base de Lorena, empreenderam investidas contra as tropas federais, como a missão em Areias, empregando um Potez e dois Waco. No retorno, ao sobrevoarem Bom Jesus da Bocaina, interceptaram um Potez governista, que bombardeava uma usina hidrelétrica. Houve troca de rajadas, sem maiores consequências. Com o combustível baixo, os pilotos rebeldes se recolheram para o campo de aviação em Lorena. Mais próximo do fim do conflito, o aeródromo foi ocupado por forças federais. Os combates da Revolução Constitucionalista seguiram até 03 de outubro de 1932, quando foi assinado um armistício, cessando as hostilidades. Mais tarde, um novo campo de aviação foi construído no Horto Florestal, tendo sido sede do aeroclube local, que funcionou de 1941 a 1961. A pista de pouso ficou ativa até 1973. Em 2022, as ruínas do antigo hangar são um atrativo numa trilha ecológica na Floresta Nacional (Flona).
Saiba mais nos livros:
“Um Céu Cinzento: A história da aviação na Revolução de 1932”. Autor: Carlos Roberto Carvalho Daróz, Editora Universitária, UFPE, 2013;
“A Aviação em Lorena: traços históricos”. Autor: Cesar Rodrigues, JAC Editora, 2014.
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