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domingo, 17 de dezembro de 2023

Especial de Domingo

Há exatos 29 anos, em 17 de dezembro de 1994, falecia o Brigadeiro do Ar Nero Moura. Em memória deste admirável brasileiro, o Núcleo Infantojuvenil de Aviação - NINJA dedica o conteúdo de hoje.
Boa leitura.
Bom domingo!

Nero Moura, o Patrono da Aviação de Caça Brasileira
O Brig do Ar Nero Moura nasceu na Cidade de Cachoeira do Sul - Rio Grande do Sul - no dia 30 de janeiro de 1910. Filho de fazendeiros, fez o curso primário no próprio município indo depois cursar o Colégio Militar de Porto Alegre.

Em 1927 foi admitido como Cadete na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro. Por ter escolhido a Arma de Aviação, foi então transferido no ano seguinte para Escola de Aviação Militar, localizada no Campo dos Afonsos, onde completou os estudos de Oficial Aviador do Exército. Declarado Aspirante em 22 de novembro de 1930, foi promovido a Segundo Tenente em janeiro de 1931.

Suas primeiras missões como piloto e oficial foram no Correio Aéreo Militar. Com a explosão da Revolução de 1932, Nero Moura participou do lado das forças legais executando voos de reconhecimento, bombardeio e ataque ao solo na região do Vale do Paraíba, chegando a completar 100 horas de voos em missões reais. Com o fim da Revolução foi designado instrutor de voo na Escola de Aviação Militar.

Promovido a Primeiro Tenente em 1933, e em 1934 deixa a Escola de Aviação para fazer o Curso de Aperfeiçoamento na École d'Aplication de L'air em Verssalles - França. Ao regressar da França, participou do combate a Intentona Comunista de 1937. No dia 28 de novembro realizou uma missão real de bombardeio ao Terceiro Regimento de Infantaria na Praia Vermelha no Rio de Janeiro.

Após ser promovido a capitão em 1937 é designado Subcomandante e Comandante substituto do Terceiro Regimento de Aviação em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Tinha ordens de, se necessário, combater um possível levante do governo estadual.

Com a criação do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira, em 1941, Nero Moura participou de sua organização já como Major Aviador, tendo sido instrutor do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Em 28 de dezembro de 1943 foi designado Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça com a missão de organizá-lo para combater na Segunda Guerra Mundial. Seu desempenho como comandante foi excepcional e, apesar de inúmeras dificuldades, conseguiu que o seu Grupo fosse um dos mais eficientes e destacados no teatro de operações do centro sul europeu. Nero Moura cumpriu sessenta e duas missões de combate na Itália e várias outras de patrulha no Atlântico Sul.

Pelos seus feitos na guerra recebeu diversas condecorações com destaque para Medalha da Campanha da Itália, Medalha da Campanha do Atlântico Sul, Cruz de Aviação fita "A" com três estrelas, Distiguished Fying Cross (E.U.A.), Air Medal With Two Stars (E.U.A.), Legion du Merit (França), Croix de Guerre Avec Palm (França), Order of the British Empire (Inglaterra).

Algumas citações de condecorações recebidas:

Distinguished Flying Cross
General Order 69 de 18/06/1945
"Por ação extraordinária, quando em missão contra o inimigo, pilotando um avião P-47, em 26 de abril de 1945. O Ten.Cel. Nero comandava uma esquadrilha de quatro aviões com a missão de efetuar um reconhecimento armado na área das linhas de defesas inimigas do Rio Adige, no norte de Itália. Demonstrando extrema perícia no voo e grande habilidade em navegar, bem como determinação de cumprir a importante missão que lhe foi confiada, conduziu a esquadrilha através de uma sólida camada de nuvens existente na base, sobre os apeninos e sobre o Vale do Pó. Atingindo a área que lhe foi assinalada com extrema precisão, avistou duas locomotivas em funcionamento e um comboio de veículos motorizados fortemente defendidos. Os repetidos ataques rasantes enfrentando forte fogo inimigo e a obstinada persistência em derrotar o inimigo fizeram com que ele e sua esquadrilha imobilizassem dezoito veículos, destruindo onze e danificando sete, danificando também as locomotivas. Depois disto, repetindo sua função de hábil navegador, o Ten.Cel. Nero executou o arriscado voo de regresso à base. Em muitas missões de combate realizadas, sua incomum habilidade e perfeita noção do cumprimento do dever refletiram de um modo bastante meritório não somente sobre ele como sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.

Bronze Star
General Order 69 de 18/06/1945
"Por atuação meritória no desempenho de suas funções durante o período de 7 de outubro de 1944 a 2 de maio de 1945, como comandante do 1º Grupo de Caça. Seu tirocínio e resolução firme de que o espírito combativo, habilidade de voo, manutenção, administração e o serviço de saúde, tudo sob seu comando, deveriam reverter em honra para o Brasil e promover a melhor atuação de conjunto dentro das Forças Aéreas Americanas foram coroados de êxito. O seu comando exemplar em contribuição apreciável para o sucesso do esforço aliado refletem grande credito para a sua pessoa e para as Forças Armadas das Nações Aliadas.."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.

Air Medal
General Order 14 de 19/02/1945
"A Air Medal é concedida a Nero Moura, BO320, Tenente Coronel, Força Aérea Brasileira, por meritória atuação quando participava de uma missão de guerra contra o inimigo como piloto de um P-47, Em 16 de dezembro de 1944 o Tenente Coronel Nero voava como líder de uma formação de quatro aeronaves destinada a efetuar o bombardeio em mergulho de uma importante posição de artilharia. Na chegada ao alvo encontrou condições climáticas extremas, envolvendo teto baixo e visibilidade pobre como predominantes, tornando impossível localizar com precisão o alvo. Não querendo ejetar as bombas que carregava, o Tenente Coronel Nero liderou a esquadrilha até que uma área onde as condições climáticas permitissem a seleção de um alvo. Este provou-se ser a locomotiva com dez vagões. O inimigo imediatamente levantou uma barreira de antiaérea intensa para proteger seu vital equipamento. Desprezando qualquer perigo pessoal o Tenente Coronel Nero liderou sua esquadrilha em um bombardeio preciso e acurado, que resultou na destruição do trem. Ele pessoalmente atingiu a locomotiva. Sua habilidade para liderança, sua coragem e sua determinação frente ao perigo refletem grande crédito para sua pessoa e para as Forças Armadas das Nações Unidas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.

Air Medal - 1º Cluster
"Por meritória atuação quando participava de uma missão de guerra, como piloto de um P-47, em 25 de janeiro de 1945. O Ten.Cel. Nero, como guia de uma formação de quatro aviões, efetuou um reconhecimento armado, descobrindo depósitos de gasolina bem camuflados. Como resultado de perfeitos bombardeiro, o alvo foi completamente destruído. Apesar das más condições do tempo, o Ten.Cel. Nero efetuou com sua formação agressivos ataques rasantes, destruindo e danificando inúmeros veículos motorizados. Sua coragem, ardor pelo combate e habilidade profissional refletem grande crédito para sua pessoa e para as Forças Armadas das Nações Unidas"
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.

Air Medal - 2º Cluster
General Order 63 de 07/06/1945
"Por meritória atuação quando participava de uma missão de guerra, como piloto de um P-47, em 22 de abril de 1945. O Ten. Cel. Nero comandava uma formação de quatro aviões destinada a efetuar um reconhecimento armado, numa época em que o inimigo tentava uma retirada através do Rio Pó. Encontrava-se uma concentração de veículos motorizados contra a qual a formação efetuou vários passes em voos rasantes, enfrentando forte fogo inimigo. Como resultado destes ataques, vinte veículos inimigos ficaram destruídos e vinte outros danificados. O alvo foi abandonado em chamas. O Ten.Cel. Nero com sua destreza e precisa pontaria teve a seu crédito grande parte desta destruição. A coragem, determinação e vivacidade demonstrados em combate pelo Ten.Cel. Nero refeltindo de modo bastante meritório não somente sobre ele, como sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.


Em setembro de 1945, como Tenente Coronel, foi designado Comandante do Primeiro Regimento de Aviação em Santa Cruz. Esta função, à época, era mais abrangente do que um comando de Base Aérea. Nero Moura, então com trinta e cinco anos de vida, passou para a reserva, dedicando-se então à aviação civil, tendo sido fundador e organizador da Aerovias Brasil e do Loide Aéreo.

Getúlio Vargas ao ser eleito para Presidente da República, em 1951, o convidou para ser Ministro da Aeronáutica. Nero Moura com sua personalidade congregadora e perfil profissional invejável, conseguiu fazer uma administração excelente, apesar do fato inusitado de ser o oficial general mais moderno e mais jovem da Força Aérea. Devido aos acontecimentos políticos de agosto de 1954, pediu demissão do Ministério da Aeronáutica e voltou a dedicar se às atividades civis.


Nero Moura sempre manteve estreita ligação de amizade com todos os seus subordinados da Campanha da Itália, sem qualquer distinção. Após a Revolução de 1964, em solidariedade a alguns desses subordinados que foram proibidos de entrar em unidades militares, Nero Moura não compareceu mais a nenhuma festividade cívico-militar até o ano de 1979. Sua reprovação silenciosa teve grande influência na revogação deste ato.

No dia 22 de abril de 1979, o então Tenente Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, Ministro da Aeronáutica foi a sua casa e pessoalmente o convidou e o conduziu a Base Aérea de Santa Cruz, onde junto com todos os seus companheiros, foi reverenciado e assistiu as solenidades do Dia da Caça.

As tradicionais e concorridas reuniões mensais em sua residência no Bairro de Copacabana no Rio de Janeiro continuaram acontecendo até o fim de sua vida.

Nero Moura faleceu aos 84 anos, no dia 17 de dezembro de 1994 e permanece, em espírito, junto a todos os pilotos de caça brasileiros.

"Cumpri as missões para que fui designado com satisfação, sem heroísmos, sem exageros. Se, por acaso, deixei transparecer alguma coisa além do normal, foi no entusiasmo com que me fizeram falar. Mas quero declarar que sou uma pessoa normal e nada fiz de excepcional. Só cumpri o meu dever e estou satisfeito com minha vida por ter permanecido como sou até os dias de hoje." Nero Moura

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