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domingo, 4 de fevereiro de 2024

Especial de Domingo

Voltamos a publicar um interessante marco na história da aviação brasileira.
Boa leitura.
Bom domingo!

Um pouso histórico nas montanhas de Piquete, SP



Os fatos históricos da aviação brasileira ocorrem, às vezes, de maneira inusitada. Um sobrevoo, uma demonstração, uma operação não regular marcam uma localidade, mesmo que ela não conte com um aeroporto, um aeródromo...

É o caso de Piquete, SP.
Nesta cidade, nasceram muitos integrantes da Força Aérea Brasileira e da aviação civil. Outros, de alguma forma, fazem parte do universo da aviação, como é o caso da professora Márcia Ferreira de Souza, especializada em inglês aeronáutico e que atua como consultora no ICEA – Instituto de Controle do Espaço Aéreo.

Além da sua mais recente ocupação com inglês aeronáutico, ela guarda, com carinho, material divulgado pelo jornal de Piquete O Estafeta, edição de abril de 1998, que retrata um fato histórico ocorrido naquela cidade: o primeiro pouso de aeronave em Piquete, apesar da evidente dificuldade, advinda do relevo intensamente ondulado da serra da Mantiqueira. No evento teve participação especial seu avô, Zeca Ferreira, que cedeu suas terras para a construção de improvisado campo de pouso, onde operaram num momento histórico três aeronaves. Duas possuíam as matrículas PP-RKB e PP-HDZ.


O registro da operação de três aeronaves do Aeroclube de Guaratinguetá, no ano de 1950, em Piquete, é o tema da matéria de O Estafeta reproduzida abaixo:

Um Domingo Inusitado
Foi num domingo ensolarado de 1950 que, pela primeira vez, um avião pousou em terras piquetenses.

Sob grande expectativa e curiosidade, a população, desde cedo, tinha os olhos voltados para o Santo Cruzeiro e tentava ouvir sons que denunciassem alguma aeronave. De repente foi um corre-corre: apareceu o primeiro aeroplano. Eram três. Sobrevoaram a cidade fazendo evoluções, aguçando ainda mais a curiosidade da população.

Anichado aos pés da Mantiqueira, o nosso município, visto do alto, parece um mar de morros, o que não oferece condições de segurança para perfeitas aterrissagens e decolagens. Mas não é que, após evoluções pelo espaço piquetense, o primeiro avião pousou no morro do cemitério, seguido do segundo e do terceiro, para espanto dos céticos e alegria dos intrépidos pilotos.

Tudo começou com um desafio feito ao jovem Agenor Ferreira, piloto no Aeroclube de Guaratinguetá, que constantemente sobrevoava nossa cidade. Certa vez, após ter narrado uma viagem ao sul de Minas, onde pousara em lugar de geografia semelhante à nossa, foi convidado a repetir a façanha em Piquete. Procurou o secretário da Câmara, José Salomão e após anuência do Prefeito Municipal, Sr. Luiz Vieira Soares, saíram à procura de terreno que menos riscos oferecesse a aterrissagens. O nosso piloto optou pelo morro contíguo ao cemitério, terreno de acentuado aclive, propriedade do Sr. Zeca Ferreira, que, de imediato, concordou com o evento.

A edilidade e o povo aguardavam, ansiosos, o grande dia.

Providenciou-se o preparo da pista: roçou-se o pasto e sinalizou-se o campo de pouso. Birutas indicavam a direção do vento.

No dia determinado lá estavam autoridades civis e eclesiásticas: o Sr. Prefeito Municipal, os vereadores Christiano Alves da Rosa, Luiz Arantes Júnior, José Penha de Andrade e José Moreira da Silva; o capelão do Hospital da FPV – Fábrica Presidente Vargas, Padre Romeu, e o Sr. Zeca Ferreira. Centenas de pessoas se acotovelavam para presenciar o espetáculo.

Aos mais corajosos foi proporcionada a oportunidade de uma viagem de poucos minutos sobre a cidade. Logo uma longa fila formou-se; todos queriam contemplar do alto a nossa paisagem.

A cada aterrissagem ou decolagem, uma nuvem de poeira envolvia os espectadores, que não arredavam pé e ovacionavam os denodados pilotos.

A todos foi oferecido suculento churrasco. Foi tanta carne, que muitos levaram bons nacos para casa. Esse dia ficou perenizado em oito fotografias, expostas, durante bom tempo, no bar do Sr. José Moreira da Silva. Elas são o registro de um domingo inusitado que alterou a vida rotineira do nosso povo.

Na foto, da esquerda para a direita: Christiano Alves da Rosa, um Padre visitante, Luiz Vieira Soares,Pe. Romeu (capelão do Hospital), Zeca Ferreira, Lulu Meirelhes, Luiz Arantes Jr, José Penha de Andrade, José Moreira da Silva, ( Zé do Bar), Reginato de Carvalho, (menino). De cócoras, quarto da esquerda para a direita, Agenor Ferreira e seus companheiros do aeroclube de Guaratinguetá. A menina da foto é Célia Aparecida Rosa, Presidente da Fundação Christiano Rosa (Foto arquivo Pro-Memória)

Esquadrilha da Fumaça: 
outro marco da aviação em Piquete
O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) da FAB, a conhecida Esquadrilha da Fumaça, teve o encerramento de sua primeira fase de existência exatamente em Piquete.

A Fumaça realizou sua primeira aparição pública no dia 14 de maio de 1954, em Mogi Mirim, SP. Iniciava-se, assim, a fase da esquadrilha equipada com os aviões T-6, com motor radial de ruído inconfundível. Esta fase terminaria no dia 31 de janeiro de 1976, com um show aéreo na cidade de Piquete, SP.

A Esquadrilha da Fumaça voltaria a operar somente em 1980, com o nome de Cometa Branco, com aviões T-25, na Academia da Força Aérea – AFA. A partir de 8 de dezembro de 1983, o esquadrão continuaria sua história, empregando aeronaves Tucano T-27. E, a partir de julho de 2015, a Esquadrilha da Fumaça passou a ser equipada com os Super Tucano A-29, ostentando pintura com a Bandeira Nacional na empenagem.

Fonte/Texto: O Estafeta (Piquete, abril 1998) e Redação Ninja.

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