Com o pensamento no saudoso Gérard Moss, voltamos a divulgar os estudos do Mundo Moss.
Boa leitura.
Bom domingo!
RIOS VOADORES
Você já se perguntou alguma vez de onde vem a chuva que cai sobre sua cidade? Ela vem do norte, ou do sul? Da Antártica ou da Amazônia? Por que, em alguns anos, cai muita chuva e em outros, muito pouca? As mudanças climáticas podem ter algum impacto sobre o volume de água doce que cai literalmente do céu? E porque é importante entender tudo isso?
Você parou para pensar de onde vem a água que sai quando você abre a torneira? A gente tende a pensar que é um direito nosso, mas aquela água vem de longe e ela passa por um monte de tubulações e estações de tratamento antes de sair na sua pia. É um milagre ela estar ali, limpinha e fresquinha, quando você quer escovar os dentes!
Também é um milagre que ela cai do céu, de graça, resultado de uma sequência de processos climatológicos regidos não pelo homem, mas pela natureza. Vale refletir o que poderá acontecer no futuro, se o homem continuar impactando – com a poluição e o desmatamento – estes antiquíssimos processos naturais. A gente vai dar conta do recado quando não tem mais água limpa para sair da torneira?
Fenômeno dos Rios Voadores
Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do sul, por exemplo, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores – um termo que descreve perfeitamente, mas em termos poéticos, um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas.
A floresta amazônica funciona como uma bomba d’água. Ela puxa para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e carregada pelos ventos alíseos. Ao seguir terra adentro, a umidade cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração das árvores sob o sol tropical, a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água. Dessa forma, o ar é sempre recarregado com mais umidade, que continua sendo transportada rumo ao oeste para cair novamente como chuva mais adiante.
Propelidos em direção ao oeste, os rios voadores (massas de ar) recarregados de umidade – boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta – encontram a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Eles se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Porém, barrados pelo paredão de 4.000 metros de altura, os rios voadores, ainda transportando vapor de água, fazem a curva e partem em direção ao sul, rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e aos países vizinhos.
É assim que o regime de chuva e o clima do Brasil se deve muito a um acidente geográfico localizado fora do país! A chuva, claro, é de suma importância para nossa vida, nosso bem-estar e para a economia do país. Ela irriga as lavouras, enche os rios terrestres e as represas que fornecem nossa energia.
O caminho dos rios voadores.
Fonte: Projeto Rios Voadores
O diagrama acima mostra os caminhos dos rios voadores. Clique aqui e abra em tamanho maior, para melhor visualização.
Na página dos Vídeos e das Animações Didáticas, há outros recursos que explicam os processos de formação dos rios voadores.
Por incrível que pareça, a quantidade de vapor de água evaporada pelas árvores da floresta amazônica pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m³/s), tudo isso graças aos serviços prestados da floresta.
Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia – ou seja, mais que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente! Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais de 1.000 litros por dia. Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia: imagine então quanta água a floresta toda está bombeando a cada 24 horas!
Todas as previsões indicam alterações importantes no clima da América do Sul em decorrência da substituição de florestas por agricultura ou pastos. Ao avançar cada vez mais por dentro da floresta, o agronegócio pode dar um tiro no próprio pé com a eventual perda de chuva imprescindível para as plantações.
O Brasil tem uma posição privilegiada no que diz respeito aos recursos hídricos. Porém, com o aquecimento global e as mudanças climáticas que ameaçam alterar regimes de chuva em escala mundial, é hora de analisarmos melhor os serviços ambientais prestados pela floresta amazônica antes que seja tarde demais.
Observação: O termo “rios voadores” foi popularizada pelo prof. José Marengo do CPTEC.
Links de sites relacionados ao tema:
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos:
www.cptec.inpe.br
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais:
www.inpe.br
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia:
www.inpa.gov.br
IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia:
www.imazon.org.br
Observação: O termo “rios voadores” foi popularizada pelo prof. José Marengo do CPTEC.
Links de sites relacionados ao tema:
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos:
www.cptec.inpe.br
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais:
www.inpe.br
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia:
www.inpa.gov.br
IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia:
www.imazon.org.br
GÉRARD MOSS
Gérard Moss, aviador,
explorador, escritor e ambientalista faleceu em 16 de março de 2022, aos 66 anos, em decorrência de complicações de Mal de Parkinson.
Moss ficou conhecido mundialmente por dar a volta ao mundo, duas vezes, em um avião de pequeno porte.
Gerard Moss nasceu na Inglaterra e foi criado na Suíça. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1980, adquirindo a nacionalidade brasileira. Em 2006, Moss trocou o Rio por Brasília e se instalou na capital com a esposa, a fotógrafa queniana Margi Moss, com quem foi casado por mais de 40 anos.
“Uma vida muito bem vivida. O mundo aos seus pés foi bem visitado, o céu para ti era sempre infinito. A luta em favor do meio-ambiente foi árdua e contínua. Tive muito muito privilégio de compartilhar tudo isso contigo durante uns 40 anos. Você nos deixou prematuramente, após uma batalha travada com determinação e garra, como era padrão em tudo o que você fez. Você deixou um buraco imenso que nunca vamos conseguir preencher. Seu lugar no meu coração é eterno. Segue em paz, meu amor, nas asas do vento”, escreveu Margi.
Expedições em aviões brasileiros
A primeira grande expedição do piloto durou três anos, entre 1989 e 1992, quando completou a primeira volta ao mundo ao lado de Margi, pilotando um avião monomotor tipo Sertanejo, fabricado pela Embraer.
A segunda volta ao mundo aconteceu em 2001, com um motoplanador Ximango, da Aeromot.
Também fez importantes pesquisas ambientais em sete rios brasileiros, se deslocando em um avião anfíbio.
Projeto Sete Rios: Clique aqui
Asas do Vento: A volta ao mundo em motoplanador: Acesse aqui