NINJA - Saiba mais:

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Videoteca Ninja

Natal, Encruzilhada do Mundo
Foi com o sentimento de dever cumprido que a Fundação Rampa lançou o documentário “Natal, Encruzilhada do Mundo”. O filme é um documentário que conta a história de Natal associada ao da aviação no século XX, quando a pequena cidade foi se desenvolvendo ao som do ronco dos motores das máquinas voadoras e seus aviadores pioneiros de todas as partes do mundo. Foram dois anos e meio de pesquisa, sendo o último destinado a coleta dos 30 depoimentos que serviram de base para o documentário, totalizando mais de 40 horas de gravação. Após a edição, todo esse material resultou num filme de uma hora e quinze minutos, além de um extra dedicado a Cruzex 2010, uma operação militar da Força Aérea Brasileira. No filme, a história da aviação se divide em duas fases. A primeira quando Natal era a encruzilhada do mundo para todos os aviadores que desejavam chegar à América através do oceano Atlântico ou necessitavam acessar o sul do continente pela costa oriental. Nesta fase, passam pela cidade franceses, alemães, italianos e americanos. Entre os pilotos, alguns nomes famosos como Charles Lindbergh, Amelia Eahart, Pinto Martins, Marquês De Pinedo, Carlo Del Prete, Arturo Ferrarin, Italo Balbo, entre outros. Na segunda e última fase, os depoimentos mostram que a encruzilhado do mundo estava fechada aos americanos e seus aliados, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, quando Natal recebeu a maior base militar aérea norte-americana fora dos Estados Unidos, denominada Parnamirim Field e, posteriormente, “Trampolim da Vitória”.

Natal, Encruzilhada do Mundo
Um filme de Fred Nicolau
75 minutos
Fundação Rampa

Saiba mais: Fundação Rampa

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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Portões Abertos

Confira o calendário de Portões Abertos da FAB pelo país
Em diversas Organizações Militares pertencentes à Instituição acontecem atividades com o objetivo de aproximar o público

Exposição de aeronaves militares e civis, demonstrações aéreas, shows musicais, espaços infantis, ações cívico-sociais e muitas outras atrações: os Portões Abertos são grandes eventos para os admiradores da aviação. Assim, a Força Aérea Brasileira (FAB), anualmente, convida a sociedade para conhecer suas principais ações com o objetivo de demonstrar suas capacidades, desenvolver vocações e estreitar laços com a comunidade. Os eventos são realizados em diversas Organizações Militares pelo país. Na Base Aérea de Brasília (BABR), o evento acontece no domingo (03/09) com demonstração da Esquadrilha da Fumaça, Esquadrilha Fox, acrobacias aéreas, aeromodelismo, entre outras atrações no ar e na terra. Na capital federal, o Portões Abertos reuniu mais de 90 mil pessoas na sua última edição. Mas se você é de outra região do país também pode aproveitar o evento na Organização Militar (OM) mais próxima. 

Confira o calendário dos Portões Abertos nas diversas OM da FAB pelo país:
03/09 - Base Aérea de Brasília (BABR)
09/09 – Base Aérea de Anápolis (BAAN)
17/09 – Academia da Força Aérea (AFA)
30/09 – Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR)
01/10 – Base Aérea de Manaus (BAMN)
01/10 - Parque de Material Aeronáutica de São Paulo – (PAMA-SP)
12/10- Base Aérea de Canoas (BACO)
14/10- Base Aérea de Santa Maria (BASM)
15/10- Base Aérea de Florianópolis (BAFL)
28 e 29/10 – Museu Aeroespacial (MUSAL)
29/10- Base Aérea de Fortaleza (BAFZ)
19/11- Base Aérea de Campo Grande (BACG)

Fonte: FAB

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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Sentando a Pua!

João Milton Prates
Ontem, 28 de agosto, conhecemos um pouco mais da história de João Milton Prates, um dos integrantes do 1º Grupo de Caça da Força Aérea Brasileira. Confira os frutos da pesquisa do Professor Eduardo Ferreira neste vídeo do Sentando a Pua, site que desde 2000 vem difundindo na internet a história do Brasil na Segunda Guerra Mundial.


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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Tráfego Aéreo

Embraer e Exército concluem com sucesso primeiro teste do radar M200 Vigilante
A Embraer e o Exército Brasileiro (EB) concluíram com sucesso o primeiro teste experimental do radar M200 Vigilante em ambiente representativo, incluindo o deslocamento do equipamento na aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira. A operação do radar foi realizada no Aeroporto Júlio Belém, em Parintins (AM), ao longo dos meses de junho e julho. A Prefeitura Municipal de Parintins e os administradores dos Aeroportos Júlio Belém e de Viracopos (Campinas-SP), também apoiaram a iniciativa. A localidade foi escolhida em virtude do Festival Folclórico de Parintins, evento que implica um aumento expressivo no tráfego aéreo da região. Milhares de visitantes acessaram a cidade neste ano por meio do Aeroporto Júlio Belém, totalizando mais de 800 operações de pousos e decolagens em uma semana. O radar M200 Vigilante foi transportado pela primeira vez em um KC-390 da FAB, em um trajeto de três horas entre Campinas e Parintins. O sensor acompanhou o tráfego aéreo em um raio de 200 km do aeroporto, de forma ininterrupta, paralelamente ao trabalho dos controladores de voo do CINDACTA IV, órgão da FAB responsável pela coordenação aérea na região Norte. “O Festival Folclórico de Parintins apresentou uma oportunidade de testar o desempenho do M200 Vigilante em um ambiente desafiador, como é o da Amazônia. A operação conjunta da Embraer com o Exército e a Força Aérea comprovou a versatilidade, agilidade, precisão e robustez do equipamento já em sua primeira operação. Estamos muito satisfeitos com os resultados que constituem um passo importante na transição para emprego efetivo e operacional futuro em proveito das Forças Armadas no Brasil e exterior”, afirma Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “Estamos orgulhosos em participar e contribuir com este relevante evento na região amazônica. Ao longo de mais de 15 anos de desenvolvimento na área de sensores, a parceria entre o Exército e a Embraer tem construído a autonomia tecnológica dos agora radares digitais, conhecidos como phased array. Realizar este exercício experimental foi mais um passo importante na comprovação de características técnicas do M200 Vigilante, que ampliará as capacidades da nossa tropa, mantendo a operação continuada com o apoio da Base Industrial da Defesa (BID)”, afirma o General de Exército Achilles Furlan Neto, Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro. O radar M200 Vigilante é um sensor de médio alcance voltado para aplicações de Vigilância Aérea e Alerta Antecipado. Utilizando técnicas avançadas de processamento, é capaz de detectar e rastrear posições e trajetórias, além de classificar os alvos detectados. Possui um sistema integrado de geração de energia, que lhe garante autonomia de operação por até 48 horas, ademais da facilidade de transporte por plataformas terrestres e aéreas.

Fonte: Embraer

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domingo, 27 de agosto de 2023

Especial de Domingo

Do INCAER - Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, selecionamos novamente o conteúdo de hoje.
Boa leitura.
Bom domingo!

O Sargento Aviador na FAB
Os antecedentes são curiosos. Os oficiais de turmas mais recentes, com poucas exceções, desconhecem o assunto que, cada vez mais distante, apaga-se da memória coletiva. O INCAER - Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica, em 2011, teve a satisfação de receber a visita especial da Sra Anésia dos Campos Paranhos, viúva do 1º Tenente-Aviador Paulo Cezar de Lima Paranhos e, dessa conversa, tivemos acesso a documentos e imagens referentes a essa curiosidade histórica que se encerrou na década de 1960. A saga começa com o primeiro aviador do Exército, Ten KIRK, que “tomou aulas de aviação” no Aeroclube, em 1912, e que foi, posteriormente, designado para compor a Comissão que escolheria o campo adequado para a instrução aérea do Exército Brasileiro. Começava-se a delinear a ideia de dotar o Exército com a arma da aviação. Assim, a Fazenda dos Afonsos foi escolhida para futura sede da Escola Brasileira de Aviação (EAB).
É o primeiro capítulo da história sem par dos Afonsos. Nesse Campo, inicia-se a instrução de voo para os militares do Exército. Já na Escola de Aviação Militar (EAM), conforme o carimbo em sua caderneta de voo, o Cabo Aluno Aviador Paranhos teve a oportunidade de solar com maestria, treinado pelo seu instrutor, Tenente Neiva, em 1939. Não era propriamente uma novidade, pois tivemos sargentos, soldados e cabos aviadores em 1920, sob a égide da Missão Militar Francesa, formados na segunda turma, nos Afonsos. A novidade seria a brilhante carreira que o Cabo Paranhos viria a construir na Força Aérea que se delineava. Em 1941, no governo de Getúlio Vargas, criava-se o Ministério da Aeronáutica. Em consequência, os militares aviadores da Marinha e do Exército foram transferidos para a nova arma, assim como todos os especialistas em aviação e o material aeronáutico. O novo Ministério recebeu, entre tantos militares, um quadro singular, já em extinção, de apenas 21 componentes de pilotos aviadores (Q. PL. AV), os militares graduados do Exército! Seus nomes estão citados na página 110 do 3º Volume da História Geral da Aeronáutica Brasileira. Ali podemos ver o do 3º Sargento Paulo Cezar de Lima Paranhos. Paranhos nasceu em Belém, no Estado do Pará, em 20/03/1917, filho de João Agapito da Silva Paranhos e Amélia Pereira Lima Paranhos. Entrou para servir no Exército e, como 2º Cabo Piloto, iniciou a instrução de voo, tendo solado na aeronave biplano Muniz-M9, em 14 de junho de 1940, com 11 horas de voo e 70 pousos. Já formado e promovido a 3º Sargento, foi transferido da 8ª Região Militar do Exército, para o recém-formado Ministério da Aeronáutica, devido à sua especialização como Sargento-Aviador. Inicialmente, foi prestar serviço como instrutor de voo, nos aeroclubes do Pará e, em seguida, no aeroclube do Piauí, com o objetivo de acelerar a formação de aviadores civis, por causa da 2ª Grande Guerra que assolava o planeta. Em agosto de 1941, Paranhos começa a concorrer aos voos do CAN e teve o seu requerimento para cursar a escola de oficiais indeferido por ter idade superior à prevista no regulamento. Serviu na Base Aérea do Galeão e, em seguida, foi transferido para a Fábrica de Aeronaves do Galeão e, mais tarde, para a Base Aérea de Santa Cruz. Retornou ao Galeão, transferido para o 2º Grupo de Transporte, onde solou o C-47 em 31 de dezembro de 1951, em “boas condições de treinamento”.
No Esquadrão, trabalhou em todos os setores daquela Unidade Aérea. Durante sua vida de profissional, voou com diversos tripulantes, dentre os quais destacamos, a partir de suas cadernetas de voo, os seguintes oficiais que viriam a ocupar altos cargos na Força Aérea Brasileira: Cel Serpa, Ten Cel Araripe, Maj Burnier, Cap Magalhães Mota, Cap Paulo Victor, Cap Lebre, Cap Délio, Cap Montenegro, Cap Becker, Cap Protázio, Cap Rodopiano, Ten Pavan, Ten Palermo, Ten Faria Lima e Ten Barata. Em 1958, Paranhos foi escolhido para realizar curso de aeronave no exterior e trasladar os SA-16 Albatroz para o Brasil.
A chegada dos aviões, que inauguravam uma nova fase da Busca e Salvamento para o país, foi noticiada com ênfase nos jornais da época. Segundo a Sra. Anésia, sua viúva, ele se orgulhava muito de ter recebido essa missão, juntamente com os demais oficiais aviadores que compunham as tripulações. Durante seus voos no CAN, realizou diversas missões para o exterior, que também foram notícia na imprensa nacional. O repórter Manoel Villas Boas noticiava a respeito de sua viagem de La Paz para o Rio, pelo Correio: 

“O Correio Aéreo Nacional cobre todo o Brasil e presta relevantes serviços a países vizinhos...Proveitosos treinos para nossos aviadores, nas suas travessias sobre os Andes...Dirigido pelos Majores Fausto Gerpe Wunder... que foram auxiliados pelos Sub-Oficial Aviador Paulo Paranhos e pelos sargentos Nivaldo da Silva...”  

Em reconhecimento por seu desempenho profissional e contribuição inquestionável aos voos do CAN, foi escolhido para realizar missão no exterior, com dois anos de duração, na Guiana Francesa, onde assumiu a Chefia do posto CAN em Caiena, capital daquele país. Paranhos casou-se com a Srª Anésia de Campos Paranhos em 1942 e tiveram dois filhos, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Fuzileiro Naval Mauro Cezar de Campos Paranhos, que, entre suas diversas especialidades, é observador aéreo da Marinha do Brasil, e Maria Amélia Paranhos Araujo, casada com o Comandante Helius Ferreira Araújo, piloto da VARIG, diretor de empresa aérea e major-aviador da Reserva da FAB (Aspirante de 1962). Paulo Cezar de Lima Paranhos passou para reserva como 1º Tenente-Aviador e faleceu em 1966, após vida laboriosa e intensa, desbravando o espaço aéreo brasileiro, levando as asas do CAN aos remotos campos de pouso. Representou a FAB em importante missão no exterior e ajudou a construir os laços de nacionalidade do nosso país. Deixa sua assinatura laboriosa em capítulo único, na história da aeronáutica brasileira. 

Autor: Marco Aurélio de Mattos, Coronel-Aviador da Reserva.

Fonte: INCAER

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sábado, 26 de agosto de 2023

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 18 a 24/08
O FAB EM DESTAQUE desta semana traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) de 18 a 24 de agosto. Entre elas, o resgate dos tripulantes de aeronave desaparecida após decolar da aldeia Apalai Bona; os treinamentos de Guia Aérea Avançado e Atendimento Pré-Hospitalar Tático, realizados no Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2023; os 40 anos de apoio ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), realizado por meio do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1°GT) – Esquadrão Gordo; e a celebração dos 78 anos de criação da Intendência da Aeronáutica.

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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Cultura Aeronáutica

Helicóptero fixado em loja de Shopping é atração em São José dos Campos (SP)
Um helicóptero instalado em uma loja é a atração do Shopping Centro, em São José dos Campos (SP). É uma iniciativa de preservação de itens importantes para a cultura aeronáutica. O aparelho está hangarado na Aero96, loja de produtos para aventura ao ar livre, aviação, presentes, tiro esportivo com artefatos de pressão, uniformes de seguranças e bombeiros civis, além de calçados, mochilas e roupas com as temáticas aeronáutica e militar.
A estreia da nova apresentação visual do estabelecimento aconteceu ontem, dia 24 de agosto de 2023, no piso térreo do centro de compras. Durante o dia houve a presença de um ator de reencenação histórica, trajando um figurino representativo de combatente americano na Guerra do Vietnam. Utilizava vestimenta e acessórios, tais quais os vistos no filme "Platoon".

A reconstituição
A aeronave foi reconstituída a partir de uma célula inservível desativada da frota da Aviação da Marinha do Brasil. No processo foram empregados peças e materiais reciclados e alternativos.
Ao final da reconstituição, o monumento ostenta a cor verde típica de helicópteros militares e permanece suspenso na primeira parte do interior da loja, cujo acesso se dá passando por baixo do aparelho.
O trabalho de formatação foi executado por voluntários do NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação, após este projeto de cultura aeronáutica para crianças e jovens, em Ubatuba (SP), ter transformado uma cabine de aeronave com asa fixa em um modelo no tamanho real (mockup) de helicóptero, para instrução e divertimento de crianças.

No Polo Sul
O helicóptero da Aero96, um Esquilo com modificações, é uma homenagem às aviações da Marinha, do Exército, da Força Aérea e dos Serviços Policiais. No passado, foi empregado pela Força Aeronaval da Marinha do Brasil, no Esquadrão HU-1, incluindo operações polares no gelo da Antártica. Participou do ProAntar – Programa Antártico Brasileiro, embarcado no Navio Oceanográfico H-44 – Ary Rongel. Cumpriu missões de patrulha, reconhecimento e transporte de suprimentos na Estação Antártica Comandante Ferraz. O biturbina foi desenvolvido pela Aérospatiale, atual Airbus Helicopters. Foi montado, em 1991, no Brasil, pela Helibras, com a denominação HB355F2 Esquilo. Seu número de série foi 5338 e voou na Marinha com a matrícula N-7066 e a designação de tipo UH-13.

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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Recreio

Procura-se um Aviador
Procura-se um aviador. Nem jovem nem velho, apenas antigo. Que tenha sensibilidade para lidar comigo e compreenda minhas manias, pois já estive à beira do desaparecimento e fui ressuscitado – ou restaurado – como dizem por aí... Cada novo pedaço de tela, cada nervura, representa cicatrizes dos lanhos de uma vida de voos e pousos, mais rangidos, estalidos e tendências deste meu corpo – ou fuselagem...
Meu piloto poderá falar quando quiser, mas, sobretudo, terá que saber escutar, ouvir e entender os sons que sou capaz de emitir: como o assobio do vento relativo nos meus montantes e estais; o ronco do meu fiel motor que, às vezes, espouca e tosse, com um bafo de fumaça azulada.
Procura-se um humano que compreenda meus códigos, que talvez sejam mensagens diluídas pelo tempo e remanescentes de aviadores antigos que me conduziram, ou a outros iguais a mim.
Procura-se um aviador que não se importe com meu cheiro de dope, graxa e gasolina, também não se melindre quando eu o respingar de óleo. Deverá ainda saber usar a bússola e ler uma carta seccional, reconhecendo referências no terreno, compensando o vento e mantendo a rota, sem precisar de mostradores elétricos. Este piloto decerto apreciará as pistas de grama e cascalho.
O aviador que procuro deverá saber extasiar-se com minhas antiquadas chandelles, turneaux e loopings, apenas alegres e espontâneos bailados, sem pretensão a aplausos ou troféus.
Procura-se um aviador que tenha prazer de voar a qualquer hora, mas preferindo decolar ao nascer do sol, ou conduzir-me nas luzes mágicas do sol poente. Meu piloto será um saudosista por certo, sobrevivente do tempo em que um avião era um avião, e não um foguete com asas, recheado de automatismos.
Este piloto será tido como esquisito, pois será reservado e escondido, numa surrada jaqueta manchada de óleo. Será encontrado, junto com poucos iguais a ele, numa boa conversa de hangar.
O aviador que vier por este anúncio será aquele que procure poesia na aviação.
Procura-se este aviador raro, que tenha carinho por mim, a despeito de minha idade, e que, principalmente, não permita que lhe arranquem o romantismo.
Interessados dirigirem-se ao Hangar da Saudade, no Campo dos Sonhos, procurar pelo velho, porém majestoso, North American Texan T-6, mais conhecido por “Temeia”.

Autor desconhecido

Pesquise: Blog do Núcleo Infantojuvenil de Aviação – NINJA do dia 27/11/10

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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Datas Especiais

23 de agosto
Dia da Intendência da Aeronáutica


O calendário marca 23 de agosto como o Dia da Intendência da Aeronáutica. A Intendência é um quadro de profissionais que, entre outras atividades, é responsável, juntamente com outros elos, pela administração de unidades da Força Aérea Brasileira. Também no escopo do quadro está o apoio logístico aos combatentes em manobras, além do suporte às atividades rotineiras de uma unidade, tais como: os Sistemas de Orçamento, Contabilidade, Administração Financeira, Controle Interno, Material Aeronáutico, Pagamento de Pessoal, Subsistência, Provisões e Assistência Social. Para ser um oficial intendente é preciso ser selecionado em concurso para a Academia da Força Aérea (AFA), para um curso de quatro anos, destinado a mulheres e homens. O vídeo acima, produzido há muitos anos, mostra um estágio de intendência operacional para cadetes do quarto ano.

Visite: www.afa.aer.mil.br

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terça-feira, 22 de agosto de 2023

Biblioteca Ninja

MONTENEGRO
Reportagem biográfica sobre o grande brasileiro Casimiro Montenegro Filho, mais conhecido como Marechal Montenegro. Foi ele o responsável por façanhas como a viagem inaugural, em 1931, da missão do Serviço Postal Aéreo Militar, hoje Correio Aéreo Nacional. O visionário militar aderiu aos revolucionários de 30 e, em 1950, enfrentou presidente da República, ministros e até companheiros de farda para realizar sua grande obra - o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), um dos maiores centros mundiais de produção de conhecimento, à imagem e semelhança do célebre MIT dos Estados Unidos.

Título: Montenegro - As aventuras do Marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil
Autor: Fernando Morais
Editora: Planeta
Categoria: Biografia
Ano Edição: 2006
Nº da Páginas: 352
Tipo de capa: Brochura
Formato: Médio

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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Teoria de Voo

Leis de Newton
A lei fundamental que governa a ação do ar numa asa é a lei do movimento de Newton. A primeira lei de Newton é normalmente conhecida como lei da inércia. Ela quer dizer simplesmente, que um corpo em repouso não se moverá, a menos que uma força seja aplicada a ele. Se ele estiver se movendo a uma velocidade uniforme e em linha reta , para que sua velocidade seja alterada, é necessário que uma força a ele seja aplicada. Uma vez que o ar tem massa, ele constitui um "corpo" de acordo com a lei. Quando uma aeronave está no solo, com os motores parados, a inércia mantém a aeronave em repouso.Uma aeronave sai do seu estado de repouso através da força de empuxo criada pela hélice, pela expansão dos gases de escapamento, ou por ambos. Quando ela está voando em linha reta e à velocidade constante, a inércia tende a mantê-la em movimento. Uma força externa é requerida para mudar a atitude da aeronave.

A segunda lei de Newton estabelece que, se uma força externa age sobre um corpo, que se move com velocidade constante, a alteração do movimento ocorrerá na direção de atuação da força. Essa lei pode ser representada matematicamente da seguinte forma: Força = massa x aceleração (F=m.a). Se uma aeronave estiver voando com um vento de proa, sua velocidade diminuirá. Se o vento for lateral, haverá uma tendência de empurrar a aeronave para fora do seu curso, a menos que o piloto tome uma ação corretiva contra a direção do vento.

A terceira lei Newton, é a lei da ação e reação. Essa lei estabelece que para toda ação (força) existe uma reação, igual e contrária (força). Essa lei é bem ilustrada pela ação das mãos de um nadador. Ele empurra a água para trás, sendo dessa forma impulsionado para frente, uma vez que a água resiste a ação de suas mãos. Quando a força de sustentação sob a asa de uma aeronave se iguala à força da gravidade, a aeronave mantém o seu nível de voo.

As três leis de movimento, amplamente discutidas, estão relacionadas e aplicadas à teoria de voo. Em muitos casos as três leis podem estar atuando ao mesmo tempo em uma aeronave.


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domingo, 20 de agosto de 2023

Especial de Domingo

Com o pensamento no saudoso Gérard Moss, voltamos a divulgar os estudos do Mundo Moss.
Boa leitura.
Bom domingo!

RIOS VOADORES

Você já se perguntou alguma vez de onde vem a chuva que cai sobre sua cidade? Ela vem do norte, ou do sul? Da Antártica ou da Amazônia? Por que, em alguns anos, cai muita chuva e em outros, muito pouca? As mudanças climáticas podem ter algum impacto sobre o volume de água doce que cai literalmente do céu? E porque é importante entender tudo isso? Você parou para pensar de onde vem a água que sai quando você abre a torneira? A gente tende a pensar que é um direito nosso, mas aquela água vem de longe e ela passa por um monte de tubulações e estações de tratamento antes de sair na sua pia. É um milagre ela estar ali, limpinha e fresquinha, quando você quer escovar os dentes! Também é um milagre que ela cai do céu, de graça, resultado de uma sequência de processos climatológicos regidos não pelo homem, mas pela natureza. Vale refletir o que poderá acontecer no futuro, se o homem continuar impactando – com a poluição e o desmatamento – estes antiquíssimos processos naturais. A gente vai dar conta do recado quando não tem mais água limpa para sair da torneira?

Fenômeno dos Rios Voadores
Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do sul, por exemplo, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores – um termo que descreve perfeitamente, mas em termos poéticos, um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas. A floresta amazônica funciona como uma bomba d’água. Ela puxa para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e carregada pelos ventos alíseos. Ao seguir terra adentro, a umidade cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração das árvores sob o sol tropical, a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água. Dessa forma, o ar é sempre recarregado com mais umidade, que continua sendo transportada rumo ao oeste para cair novamente como chuva mais adiante. Propelidos em direção ao oeste, os rios voadores (massas de ar) recarregados de umidade – boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta – encontram a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Eles se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Porém, barrados pelo paredão de 4.000 metros de altura, os rios voadores, ainda transportando vapor de água, fazem a curva e partem em direção ao sul, rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e aos países vizinhos. É assim que o regime de chuva e o clima do Brasil se deve muito a um acidente geográfico localizado fora do país! A chuva, claro, é de suma importância para nossa vida, nosso bem-estar e para a economia do país. Ela irriga as lavouras, enche os rios terrestres e as represas que fornecem nossa energia.

O caminho dos rios voadores.
Fonte: Projeto Rios Voadores

O diagrama acima mostra os caminhos dos rios voadores. Clique aqui e abra em tamanho maior, para melhor visualização. Na página dos Vídeos e das Animações Didáticas, há outros recursos que explicam os processos de formação dos rios voadores. Por incrível que pareça, a quantidade de vapor de água evaporada pelas árvores da floresta amazônica pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m³/s), tudo isso graças aos serviços prestados da floresta. Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia – ou seja, mais que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente! Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais de 1.000 litros por dia. Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia: imagine então quanta água a floresta toda está bombeando a cada 24 horas! Todas as previsões indicam alterações importantes no clima da América do Sul em decorrência da substituição de florestas por agricultura ou pastos. Ao avançar cada vez mais por dentro da floresta, o agronegócio pode dar um tiro no próprio pé com a eventual perda de chuva imprescindível para as plantações. O Brasil tem uma posição privilegiada no que diz respeito aos recursos hídricos. Porém, com o aquecimento global e as mudanças climáticas que ameaçam alterar regimes de chuva em escala mundial, é hora de analisarmos melhor os serviços ambientais prestados pela floresta amazônica antes que seja tarde demais.


Observação: O termo “rios voadores” foi popularizada pelo prof. José Marengo do CPTEC.

Links de sites relacionados ao tema:

CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos:
www.cptec.inpe.br

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais:
www.inpe.br

INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia:
www.inpa.gov.br

IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia:
www.imazon.org.br 

GÉRARD MOSS
Gérard Moss, aviador, explorador, escritor e ambientalista faleceu em 16 de março de 2022, aos 66 anos, em decorrência de complicações de Mal de Parkinson. Moss ficou conhecido mundialmente por dar a volta ao mundo, duas vezes, em um avião de pequeno porte. Gerard Moss nasceu na Inglaterra e foi criado na Suíça. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1980, adquirindo a nacionalidade brasileira. Em 2006, Moss trocou o Rio por Brasília e se instalou na capital com a esposa, a fotógrafa queniana Margi Moss, com quem foi casado por mais de 40 anos. “Uma vida muito bem vivida. O mundo aos seus pés foi bem visitado, o céu para ti era sempre infinito. A luta em favor do meio-ambiente foi árdua e contínua. Tive muito muito privilégio de compartilhar tudo isso contigo durante uns 40 anos. Você nos deixou prematuramente, após uma batalha travada com determinação e garra, como era padrão em tudo o que você fez. Você deixou um buraco imenso que nunca vamos conseguir preencher. Seu lugar no meu coração é eterno. Segue em paz, meu amor, nas asas do vento”, escreveu Margi.

Expedições em aviões brasileiros

A primeira grande expedição do piloto durou três anos, entre 1989 e 1992, quando completou a primeira volta ao mundo ao lado de Margi, pilotando um avião monomotor tipo Sertanejo, fabricado pela Embraer.


A segunda volta ao mundo aconteceu em 2001, com um motoplanador Ximango, da Aeromot.


Também fez importantes pesquisas ambientais em sete rios brasileiros, se deslocando em um avião anfíbio.

Projeto Sete Rios: Clique aqui  

Asas do Vento: A volta ao mundo em motoplanador: Acesse aqui 

Projeto Rios Voadores:
Clique aqui

Expedição Volta ao Mundo: Acesse aqui

Saiba mais: Mundo Moss

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sábado, 19 de agosto de 2023

Mulheres na Aviação

6º ETA realiza primeiro voo com tripulação totalmente feminina

Marco histórico aconteceu por meio de uma missão de transporte aerologístico

Desde que a Força Aérea Brasileira (FAB) abriu as portas para as primeiras mulheres incorporarem seu efetivo, em agosto de 1982, novos capítulos dessa história que já chegou aos 41 anos, continuam a ser escritos, dia após dia, com a competência e o empenho necessários para superar os desafios. Em julho, um voo na aeronave C-98 Caravan composto por uma tripulação toda feminina saiu de Brasília rumo à Campo Grande (MS), com escala na cidade de Três Lagoas (MS), retornando a Brasília. Com duração de quase sete horas, a missão de transporte aéreo logístico teve como tripulação a Capitão Aviadora Amanda de Andrade Melo, a Tenente Aviadora Karoline Ribeiro Loureiro e a Sargento Mecânica de Voo Ana Clara da Costa Fagundes. Elas são integrantes do Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA). De acordo com a Capitão Amanda, várias tripulações compostas apenas por mulheres já realizaram voos na FAB, mas essa foi a primeira vez com a aeronave C-98 Caravan. “Orgulho de ver que estamos desempenhando essas funções, com muita competência, profissionalismo e seriedade”, afirmou a Capitão. Para que esse tipo de aeronave possa decolar é necessário que a tripulação possua dois pilotos e um mecânico de voo. Nesse contexto, o referido marco foi possível devido à presença, em especial, da Sargento Ana Clara, que possui conhecimentos técnicos específicos do Caravan, adquiridos no Curso Teórico da Aeronave C-98. “Isso me mostrou que não há limites para os nossos sonhos e que se nos dedicarmos e estivermos dispostas, tudo está ao nosso alcance. Foi uma experiência única, da qual sou grata por ter feito parte”, contou a militar. Segundo o Chefe do setor de Operações do 6º ETA, Major Aviador Gabriel Teixeira de Freitas Brito, a escala feminina para essa missão não foi planejada. “Foi uma surpresa e não deixa de ser um marco que tende a ficar cada vez mais comum, pois temos cada vez mais mulheres no Esquadrão”, pontuou o Oficial. 

C-98 Caravan
A aeronave C-98 é um importante vetor aéreo da FAB porque permite operações em pistas de cumprimento restrito em que outras aeronaves da Força não operam. Trata-se de um avião de transporte de pessoal e carga de pequeno porte, considerado um dos monomotores mais seguros e confiáveis do mundo. Recentemente, foi uma das aeronaves utilizadas para atuar na ação de ajuda humanitária aos indígenas em Roraima, tendo levado cerca de 40 mil quilos de medicamentos, alimentos e combustível, durante a Operação Yanomami.

Fonte: FAB

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sexta-feira, 18 de agosto de 2023

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 11 a 17/08
O FAB EM DESTAQUE desta sexta-feira (18/08) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB), de 11 e 17 de agosto. Entre elas, a edição do Jornal Notaer do mês de agosto, que traz como matéria de capa o Dia da Intendência da Aeronáutica, que completa 78 anos no dia 23; o início do Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2023, na Base Aérea de Campo Grande (BAGC); a assinatura do acordo com companhias aéreas para troca de experiências realizado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA); a doação de dez toneladas de alimentos para entidades carentes feita pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA); e a exposição em homenagem a Santos Dumont no Aeroporto de Brasília.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Recreio

Balé Noturno

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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Conhecimentos Técnicos

O que é empenagem de um avião?
A empenagem é a estrutura de uma aeronave estabelecida na parte traseira da fuselagem, cujo objetivo é estabilizar o voo. É formada pelos estabilizadores vertical e horizontal. O vertical contém o leme de direção, que orienta o avião para a esquerda ou direita. O horizontal controla o movimento de subida ou descida do avião e contém o profundor.
Quanto ao tipo, a empenagem pode ser: Convencional, na qual o estabilizador horizontal encontra-se abaixo do estabilizador vertical; Em “T”, com o estabilizador horizontal posicionado na parte superior do estabilizador vertical; em V, também chamado de butterfly; cauda dupla; e cruciforme.

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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Notaer

Edição destaca 78 anos da Intendência da Aeronáutica

Além disso, destacam-se as reportagens sobre Segurança da Informação no Comando da Aeronáutica, celebrações em homenagem aos 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, entre outras

O Notaer de agosto traz como matéria de capa o Dia da Intendência da Aeronáutica, que completa 78 anos de fundação no dia 23. Você vai ficar por dentro das atividades realizadas pelos Intendentes da Aeronáutica. Nesta publicação, você também pode conferir como foi a Reunião da Aviação de Transporte (RAT-2023) e mais sobre Segurança da Informação no Comando da Aeronáutica (COMAER). Por fim, o Notaer traz uma matéria completa sobre as celebrações realizadas pela FAB, em homenagem aos 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, além dos resultados parciais expressivos do trabalho realizado na Operação Ágata – Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte, em Roraima (RR). Confira todas essas reportagens aqui.

Fonte: FAB

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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Biblioteca Ninja

PORTA DE HANGAR
As pequenas histórias contidas em Porta de Hangar se transformam, na verdade, em partes inseparáveis de uma grande história sobre a aviação brasileira, da qual o autor é um grande retratista. Prendendo o leitor a narração, quase sempre recheada de assuntos históricos e sem perder o viés humanista que é uma das marcas indeléveis de sua escrita.

Autor: Celso Fonseca Jr.
1ª edição - 2008
226 págs.
Editora ASA

Visite: www.asaventura.com.br 

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domingo, 13 de agosto de 2023

Especial de Domingo

Neste dia dos pais, o Núcleo Infantojuvenil de Aviação - NINJA reproduz, novamente, conteúdo do excelente Santos Dumont de próprio punho, como singela homenagem ao nosso Pai da Aviação.
Boa leitura.
Bom domingo!
Feliz Dia dos Pais!

A entrevista a seguir foi um dos destaques da primeira edição de 1914  (1/1/1914) da revista “Lectures pour tous”, concedida por Santos-Dumont ao jornalista Frantz Reichel, em 20 de outubro de 1913, um dia após a inauguração do famoso monumento do Ícaro, construído em Saint-Cloud para marcar o pioneirismo do brasileiro.

NOSSA ENTREVISTA COM SANTOS-DUMONT
Todos sabem que pioneiro da conquista do ar foi o famoso Santos-Dumont. Não seria interessante aprender com ele de onde veio sua vocação, como realizou seus primeiros ensaios e o que pensa do futuro da aviação? Em nome da “Lectures pour tous”, um repórter reconhecido pelo seu conhecimento em assuntos esportivos, o Sr. Frantz Reichel, solicitou que ele respondesse a estas diversas perguntas. É esta entrevista tão instrutiva, alimentada por fatos e ideias, com o Sr. Santos-Dumont e o nosso colaborador, que os nossos leitores vão encontrar aqui. No último dia 19 de outubro, o Sr. L. Barthou, diretor do gabinete do presidente do Conselho, ministro da Instrução Pública da França, inaugurou, no cruzamento das colinas de Saint-Cloud, o monumento erguido pelo Aeroclube da França em grande homenagem à Santos-Dumont.
Na base da estátua, foi gravado o que segue: “Este monumento foi erigido pelo Aeroclube da França para comemorar as experiências de Santos-Dumont, pioneiro da locomoção aérea.” Santos-Dumont assistia à cerimônia. Não há muitos exemplos, na história das conquistas humanas, de inventores que tenham, durante suas vidas, sentido a emocionante honra de receber uma homenagem, em pedra e bronze, pelos seus esforços generosos. Santos-Dumont recebera essa excepcional recompensa a dois passos do parque do Aeroclube da França de onde, no dia 20 de outubro de 1901, ele se lançou a bordo de seu dirigível para tentar ganhar o prêmio de cem mil francos oferecido pelo Sr. Henry Deutsch de la Meurthe ao indivíduo audacioso que, em um aeróstato, e em menos de trinta minutos, lançaria-se das colinas de Saint-Cloud para contornar a torre Eiffel e retornar, sem ter feito escala, ao seu ponto de partida. Ninguém esqueceu a emoção que essa extraordinária façanha causou. Provocou uma verdadeira euforia no mundo inteiro. O homem havia tido, dessa vez, a impressão de que o sonho (ambicioso e orgulhoso) da conquista do ar, perseguido através dos séculos, estava como que realizado.
Durante o espetáculo do dirigível contornando a torre Eiffel e retomando o caminho de volta, pessoas corriam, conversavam, cumprimentavam-se, abraçavam-se. Elas sentiam que, a partir daquele dia, despontava uma época de novas vitórias, de façanhas inéditas e de heroísmo. Santos-Dumont fez mais para a conquista do ar por meio da fé que o inspirava, pelo impulso transmitido, pelas esperanças que fez nascer, pela confiante bravura de suas tentativas intrépidas, do que por suas próprias criações. Ele abriu as portas, suscitou o movimento, e, por isso, foi e é o verdadeiro e magnífico pioneiro da locomoção aérea. Ele ousou; arriscou com simplicidade admirável. E será uma honra para França ter homenageado adequadamente a atividade de um estrangeiro que considera um dos seus e adotou-a como pátria. Santos-Dumont, no dia seguinte à manifestação que consagrou seus atos e sua justa glória, quis revelar aos leitores de Lectures pour tous como alcançou a conquista do ar. 

Avenida du Bois-de-Boulogne, 58: um vasto, claro, elegante rés-do-chão, cujas janelas sorriem ao esplendor verdejante da avenida. Nas lareiras, nos móveis, nas paredes, enfeites lembram as façanhas aéreas de Santos-Dumont. O senhor conhece Santos? Um homenzinho ágil, magro, nervoso, vigoroso; um verdadeiro atleta em miniatura, do peso de cinquenta quilos, que a prática de esportes mantém em perfeitas condições. Ele tem a testa comprida, larga, descoberta, o rosto alongado, os traços bem marcados, simultaneamente resolutos e afáveis. Um pequeno bigode, bastante curto, olhos brilhantes, ágeis completam sua fisionomia tão particular, tão original. De maneira gentil e como que constrangido de ter de falar de si, Santos consente, contudo, a entrevista; dificilmente o faz; porém, para tal, empenho uma obstinação rigorosa e metódica. Ele relata o que segue:

“Sou brasileiro; isto se sabe. Nasci no dia 20 de julho de 1873. Minha juventude se passou no meio de vastas plantações de café que meu pai possuía. Nesse lugar, tive uma vida livre, incomparável para formar o temperamento e suscitar o gosto pela aventura. Desde minha adolescência, tive uma queda extremamente acentuada pelas coisas da mecânica e, como todos aqueles que têm, ou acreditam ter, uma vocação, cultivava a minha com cuidado e paixão. Desde sempre imaginei, construí, dediquei-me a pequenos engenhos mecânicos que me alegravam e rendiam uma grande consideração da família. Minha principal alegria era ocupar-me das instalações mecânicas do meu pai, era da minha competência e ficava bem feliz e orgulhoso. Brilhava, aliás, na minha função; e acredite o senhor que, em uma área tão vasta quanto aquela que possuía meu pai, as instalações mecânicas abundavam. Essa área compreendia sobretudo uma via férrea de uma extensão de mais de cinquenta quilômetros; com frequência, eu mesmo conduzia os trens. Era um dos meus grandes prazeres. Meu gosto pela mecânica levou-me a entrar e estabelecer-me na nossa escola politécnica, de onde saí engenheiro civil. Foi então que vim para a França. Vivo no seu belo país há cerca de vinte e dois anos: eu o amo de um amor quase igual àquele que nutro por minha querida pátria."

POR TER LIDO JÚLIO VERNE
Quando e como (eu o interrompi) o senhor foi conduzido a se envolver com a aeronáutica, a se tornar o pioneiro da conquista do ar?

De maneira bem simples, que provavelmente parecerá inverossímil e extraordinária: graças às leituras de minha juventude fui influenciado a me apaixonar pela conquista do ar. E atribuo essa paixão ao maravilhoso romancista cujo gênio prodigioso, profético, nunca será célebre o suficiente, a Júlio Verne; espírito surpreendente de previsão que, com uma originalidade científica adivinhadora, construiu espontaneamente todas as grandes invenções modernas. Eu amo e venero Júlio Verne, e seria, da minha parte e da parte de todos, a pior ingratidão não reconhecer a influência considerável que ele teve no imaginário das novas gerações. Foi ele que deu a elas o gosto, a curiosidade pelas tentativas mecânicas mais audaciosas, poder-se-ia dizer as mais monstruosas. Tornou-as verossímeis, e a realidade mostrou que, na verdade, ele havia tido razão. Eu tinha, portanto, a ideia de me empenhar pela conquista do ar, que devia ser para o homem, quando fosse realizada, a causa de novas alegrias provocadas pela sensação vitoriosa de agir de maneira consciente, de viver a seu capricho, a sua vontade, em pleno ar livre. O balão esférico, do qual fui um adepto, não provoca essa sensação, essa exaltação vitoriosa. Quando levantamos em um esférico, não temos essa sensação de ação, essa impressão de movimento. É a terra que parece se distanciar; o aeronauta não tem a impressão de que ascende. Ele permanece como que imóvel.

Santos-Dumont para um instante e retoma:

Devo fazer, aqui, uma confissão; não que eu queira privar quem quer que seja da honra de ter empreendido algo, nem exagerar o que pude ou tive a felicidade de fazer, mas por simples homenagem à verdade. Quando comecei minhas pesquisas e experiências, não conhecia nada daquilo que podia ter sido feito antes, ou que era realizado por outros em paralelo aos meus trabalhos. Sei perfeitamente bem que um inventor tem grandes chances de ter êxito: quando é chegado o momento em que deve ser cumprido o tempo previsto. Sei que seus esforços também são, com frequência, o resultado do esforço de outros. Aliás, um inventor pode repentinamente obter sucesso em algo que outros teriam mais bem realizado, mas que não conseguiram porque chegaram cedo demais ou (igual e geralmente) tarde em demasia. Tive a extraordinária sorte de estar presente à ocasião em que os meios para realizar meu sonho e minhas concepções se encontravam à minha disposição. Cheguei no tempo esperado, num bom momento; foi meu glorioso destino, e eu, que acreditara nos maravilhosos sonhos do romancista, contentei-me pura e simplesmente em realizar o que ele imaginara, previra, em uma magnífica e genial concepção.

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS
Seus primeiros esforços datam exatamente de qual época?

A possibilidade de conquistar o ar me pareceu evidente em 1892-93, ao longo de uma visita feita ao Salon du Cycle, instalado, naquele momento, no Palácio da Indústria de Paris, onde, pela primeira vez, expunha-se motores de automóveis: eles eram bastante pesados, de 40 a 50 quilogramas com ¼ de cavalo-vapor, e logo pensei que a indústria em pouco tempo consideraria outros resultados e que, dada a existência de um motor a explosão suficientemente potente e leve, a conquista do espaço aéreo não seria difícil. Não me enganara; em alguns anos, a tecnologia do motor à explosão sofreu extraordinárias transformações, devidas essencialmente ao triciclo a petróleo. Desde então, tive pressa de ser o primeiro a navegar em dirigível; eu sentia – como posso dizer? – que a coisa estava no ar. Para estar preparado, eu me envolvera, com empenho, na navegação aérea por meio do balão esférico, desde que se apresentara a ocasião para realizar meus projetos.

Quando o senhor desenhou e construiu seu primeiro dirigível?

Foi em 1898 que construí meu primeiro dirigível – um charuto – inflado a hidrogênio, composto por uma pequena barquinha munida de um motor, de uma hélice e de um leme. Meu balão havia sido inflado nos ateliês de Henri Lachambre, em Vaugirard, e o dia de minha primeira saída, em fevereiro de 1898, o tempo estava horrível; nevava. Essa primeira saída, aliás, quase me foi fatal. A cinco ou seis metros de altura, sobre Longchamp, o aparelho, repentinamente, dobrou-se e a queda começou. De toda minha carreira, esta é a lembrança mais abominável que tenho guardada. Enquanto o balão caía, perguntava-me se os cabos que sustentavam minha barquinha não se romperiam! A queda durou vários minutos e tive tempo de me preparar para a morte. O que começara tão mal, de resto, terminou muito bem; aterrissei incólume.

A EXPERIÊNCIA
O senhor me disse, prontamente, que ignorava todos os trabalhos feitos por aqueles interessados na pesquisa da aviação à época em que se dedicou à conquista do ar. Isso dá a sua obra um valor pessoal muito mais considerável e largamente merecido. Entretanto, desde então, quais foram os métodos empregados para fornecer as soluções tão engenhosas e tão racionais devidas ao senhor pela navegação aérea em “o mais leve” e “o mais pesado” que o ar?

O empirismo…e acredito de bom grado que todos aqueles que, na conquista do ar, atingiram resultados úteis não procederam diferentemente. Partir de dados teóricos, conforme constatei, não conduz a grande coisa; se o erro está na base, ele também está na consequência. Procedi por empirismo na construção de todos meus aparelhos, de todos sem exceção. Parece-me supérfluo lembrar-lhe os inumeráveis modelos de dirigíveis que construí e seria bem difícil lhe dizer o número exato! Acredito, contudo, recordar-me que construí quatorze dirigíveis e aproximadamente dezenove modelos de aeroplanos. Tratando-se tanto de dirigíveis quanto de aeroplanos, e admitindo, mais uma vez, a possibilidade de chocar algumas pessoas dentre as quais lerão esta entrevista: sempre procedi apenas por empirismo. Tateei, experimentei; cada experiência servia a uma próxima; eu continuava de maneira ponderada, com prudência; encontra-se a gênese de meus resultados na variedade de meus engenhos ampliados e modificados de modelo em modelo. Nunca me sentei diante de uma mesa para trabalhar sobre dados abstratos; à medida que realizava testes, aperfeiçoava minhas invenções, segundo o bom senso e a prática. Entretanto, não nego ter sido utilmente assessorado em meus esforços pelos conselhos de alguns técnicos, que foram, contudo, menos felizes na aplicação daquilo que a teoria ensinara-lhes. Eu tinha uma fé absoluta que, com paciência e aplicação, chegar-se-ia a vencer o ar, senão em todas as circunstâncias, ao menos na maioria delas. Nada me desencorajou, tão numerosas as aventuras tenham sido, das quais fui a vítima…aliás feliz, pois a Providência zelou constantemente por mim, já que fui ferido apenas uma vez ao longo de uma aterrissagem em balão livre, em Nice.

O senhor se lembra do número de suas desventuras? Santos-Dumont se recolheu um instante, pôs-se a contar nos dedos, depois:

Certamente que não! Às minhas quedas, não dei muita importância. Tinha fé no meu destino…e nos amuletos que carregava. Os navegadores do ar são, com efeito, como os marinheiros; eles têm crenças e superstições: o progresso da locomoção aérea não os fez renunciar a esses hábitos, e o senhor sabe que todos os aviadores usam no pescoço talismãs cuja perda ou cujo esquecimento desestabilizariam sua coragem. A todas minhas quedas, escapei, com efeito, sem problemas; aconteceu dessa forma quando caí no campo de polo; quando vim a encalhar na propriedade do Barão de Rothschild, na ascensão em Bois-de-Boulogne; quando caí sobre os telhados de Passy, ou sobre as árvores de Saint-Cloud; quando o vento me empurrou em direção ao aqueduto do Avre; e, enfim, em Monte-Carlo, quando naufraguei no porto. Em todas essas quedas, não tive emoção alguma; foi breve e natural; desci simplesmente e, em alguns segundos, estava imóvel. Nos telhados de Passy, foi instantâneo: um estalo e estava enganchado. Apenas tive, após ter adquirido paciência, de fazer um pouco de ginástica: na verdade, pouco de perigo e nada de emoção. Ao contrário, foram essas aventuras que me tranquilizaram e deram confiança. Com calma e presença de espírito, o homem pode se defender melhor na navegação aérea do que na locomoção terrestre. Reitero ao senhor: a única aventura angustiante foi minha primeira queda, quando meu balão se dobrou.

DO DIRIGÍVEL AO AEROPLANO

Qual é, quais são suas mais ternas lembranças?

Tenho tantas lembranças que escolher a mais terna dentre elas, a mais preciosa, é muito difícil, para não dizer impossível. E seria ingratidão. Não são, acredite mesmo, os dias que foram, então, considerados como aqueles de vitórias definitivas que ocupam o lugar mais importante no meu coração; recordo-me com maior emoção das primeiras tentativas, daquelas que, consolidando as audaciosas esperanças de uns e outros, e as minhas, mostravam que era de fato possível conquistar cedo ou tarde o espaço aéreo. Essas tentativas eram, para mim, o que são, para a mãe e o pai, os primeiros passos de um filho que, entregue à própria sorte, vai dos braços da mãe aos do pai. Certamente, passei por uma nobre emoção no dia em que, com felicidade, tive êxito na viagem de Saint-Cloud à Torre Eiffel, ida e volta, pois era o primeiro grande experimento do balão automóvel, mas sabe-se que, cedo ou tarde, por mim ou por outros, ele seria concluído. Tive simplesmente a magnífica sorte de ser o primeiro. Por isso, tal evento me alegrava excepcionalmente, porque provocaria, sem dúvida, emulações e, em consequência, desencadearia progressos cuja humanidade logo se beneficiaria.

Mas como o senhor foi conduzido a passar subitamente do dirigível ao aeroplano?

Após alguns sobrevoos em Longchamp, em Paris e, sobretudo, aquele onde fiz escala no Champs-Elysées, em frente ao imóvel em que vivia, considerei, quanto ao dirigível, minha tarefa como cumprida; comportava-me como sportsman cientista e não tinha, por isso, nenhuma intenção de industrializar minhas pesquisas providencialmente favoráveis. O motor de automóvel tinha sido, em alguns anos, tão aperfeiçoado que se evidenciou, então, o fato de o homem poder, enfim, empenhar-se em rivalizar com o pássaro; e, lançando “o mais leve que o ar”, pus-me com urgência a trabalhar “o mais pesado”. Devo, aqui, afirmar igualmente que nada subtraí de outros. Tinha, provavelmente, ouvido falar dos Wright, mas ignorava seus trabalhos, os resultados atingidos por eles quando, em 1905, comecei no aeroplano. Tratando da aviação, continuei procedendo por empirismo. E, sem querer em qualquer momento diminuir o que outros fizeram, e então muito melhor do que eu, não posso ser acusado de tê-los copiado. Para se convencer disso, basta comparar meus aparelhos da época com os utilizados então.

A PRIMEIRA “DEMOISELLE”
É necessário recordar minhas primeiras e tímidas experiências com o canard de asas de tipo celular em V? Aqueles que foram as testemunhas dessas primeiras tentativas, ao longo das quais consegui deixar o solo em 7, depois 13, 60, 160 e 220 metros, enfim conheceram emoções e alegrias desproporcionadas com os resultados adquiridos; mas nisso ainda tive a sorte extraordinária de ser o campeão de suas esperanças. Eis a verdade! Eu entrara em cena no dia certo. Minhas primeiras experiências de aeroplano aconteceram em Bagatelle. Depois de meu voo, meu salto de 220 metros, transportei meu campo de ação para Issy-les-Moulineaux, mais vasto e deserto. Foi então que, renunciando ao gigantesco aparelho de minhas primeiras pesquisas, iniciei a construção do monoplano “la Demoiselle”, que renovava o primeiro monoplano concebido, construído e experimentado por Ader. Encontrei, na minha prática, sérias dificuldades; elas vinham do motor. Sempre fui partidário – e sou ainda mais do que antes – de um aparelho leve, que dispõe de uma fonte de energia suficientemente grande, a fim de poder voar com facilidade e se defender utilmente no ar da decolagem à aterrissagem. Os motores de então, mesmo tão aperfeiçoados, estavam ainda demasiadamente pesados. Foi, nesse momento, que pensei em aplicar o motor horizontal e que utilizei o Dutheil-Chalmers, com o qual obtive resultados suficientemente satisfatórios, mas que não valem comparados aos conquistados por mim com o motor que desenhei e cuja construção foi infelizmente abandonada. Em Issy-les-Moulineaux, somente pude treinar em linha reta, mas meu aparelho estava tão rápido e suas qualidades tão seguras, que sonhei em ultrapassar os limites da propriedade e pôr-me à prova em voos pela campanha, e, como se tornava perigoso voar em Issy, devido à multidão que os experimentos atraíam para esse local, desloquei-me para Saint-Cyr. Estava muito satisfeito com minha “Demoiselle”, com a qual completei velocidades de 90 quilômetros por hora, o que, para a época, era uma velocidade relevante. Fiz algumas ascensões que tiveram repercussões, sobretudo aquela que me dirigiu ao castelo de Wideville, onde fui acolhido com entusiasmo do qual ninguém duvidará. Eu era, naquela época, o pássaro raro. Isso é quase toda minha história.

O senhor sabe que sua aposentadoria repentina é o que surpreende. Lastima-se que não tenha trabalhado mais longamente sua “Demoiselle”.

Tal qual era em 1910, é, com efeito, a “Demoiselle” em 1913, - retoma Santos-Dumont. Ela teve seus adeptos, e ainda posso dizer que me orgulho de ter fornecido a dois dos mais conhecidos aviadores modernos, a Roland Garros e a Audemars, o aparelho de sua estreia. Foi com minha “Demoiselle” que Roland Garros estreou: aquela com a qual fiz as ascensões e a visita que o senhor sabe, Roland Garros fez seu aprendizado. Ele comprara de mim uma “Demoiselle”, e, no dia 9 de setembro de 1910, efetuou a travessia do rio Rance, de Paramé à Dinard, passando sobre Saint-Malo; no dia seguinte, deslocou-se de Dinard até a ilha de Cézembre, em oito minutos e seis segundos. Por sua vez, Audemars adquiriu sua “Demoiselle” na maison Clément, que havia começado a construir essa máquina.

O senhor renunciara completamente à navegação aérea desde 1910. O que motivou o seu retorno?

Retornei à navegação este ano, porque me pareceu que o motor aeronáutico havia realizado progressos tais, que se podia, enfim, construir os aeroplanos leves, robustos, práticos os quais sonhara. Quis, inicialmente, introduzir-me aos aparelhos modernos, e havia mesmo começado meu treinamento. Tentei, sinceramente, familiarizar-me com os comandos atuais; não tenho a pretensão de criticá-los, mas foi bem difícil adaptar-me a essas manobras, que são contraintuitivas; elas trabalham tanto os pés quanto as mãos e são contrárias aos gestos comandados pelo instinto. Desaprovo isso; tenho medo que, em situações graves, quando o piloto não se controla mais o suficiente, seu instinto, vencendo, dirija-o a movimentos que o fazem se perder em vez de se salvar. Havia imaginado um aparelho permitindo o aprendizado fácil desses diferentes movimentos, mas não pude submeter-me a essas manobras e preferi renunciar aos aparelhos modernos para retornar pura e simplesmente à minha “Demoiselle”.

MINHA NOVA MÁQUINA
Devo aos senhores Morane e Saulnier uma nova ‘Demoiselle’, construída de maneira perfeita, muito mais sólida, muito mais robusta, muito mais ágil em relação àquelas que foram seus ancestrais. Leve, dispondo de um motor de 50 cavalos, tenho nela um instrumento de turismo que considero perfeito e que oferece as mais altas garantias de segurança; conservei minha “curvatura”, apenas pela manobra do corpo, com a ajuda de correias que agem na extremidade das asas e criam a torção desejável, pelo único fato de o piloto se inclinar do lado oposto ao da queda, e tanto quanto for necessário para obter a correção conveniente. Agrada-me nesse sistema não muito mecânico, eu reconheço, mas extremamente seguro, extremamente maleável, ter de me encarregar apenas com a direção do aparelho; e, como estou sentado sob minhas asas, disponho de uma visibilidade admirável que me permite controlar a aterrissagem à minha maneira. Penso, com efeito, que muitas dessas quedas mortais que lamentamos foram provocadas pela necessidade na qual os pilotos se encontram, no momento da aterrissagem, de colocar o aparelho cabeça para baixo e cauda para cima para ver o solo. Quando, então, em virtude de um ângulo desmesurado, eles se chocam contra o solo, ou quando, faltando velocidade, levam de repente uma rajada de vento, ocasionando a capotagem e a queda com suas consequências desoladoras. A meu ver, pouso com as asas altas, por assim dizer; desço em posição normal.

CONSELHO AOS CONSTRUTORES
Não acredito, na verdade, que o aeroplano deva, no futuro, mudar muito, mas se tivesse uma observação a dar aos construtores, dir-lhes-ia que cegaram ao exagerar a potência de seus aparelhos; eles se lastimam que a aviação civil não se desenvolve, mas são eles mesmos que a tornam verdadeira e demasiadamente dispendiosa. Do motor de 50 cavalos passou-se ao de 70, 80, 100, 160 cavalos; eis que nos encontramos no de 200 cavalos! Aparelhos de 30.000 a 45.000 francos são excessivamente caros, não somente do ponto de vista do valor de compra, mas, sobretudo, se consideramos sua utilização. O quilômetro/“voo” custa valores exorbitantes; esses motores tão potentes são embebidos de petróleo e de óleo: a menor ascensão se torna uma prodigalidade! Se compreendemos muito bem que a aviação militar necessite de aparelhos que por sua força possam ascender a todo o momento, porque, para lutar, não se escolherá nem o dia, nem a hora, acredito ser um erro grave querer fazer, para a aviação civil, aparelhos de todas as formas. Neste momento, o aparelho civil deve ser considerado antes de tudo e, sobretudo, na área dos construtores, como um aparelho de turismo e de esporte ocasional. Por exemplo, os iates à vela de nossos rios ou de nossos portos, tão bons navegadores, tão ótimos veleiros, têm a pretensão de poder enfrentar o mar e o vento em todas as ocasiões? Eles esperam seu dia, a maré favorável, o vento propício, e, se as condições marítimas e atmosféricas não são aquelas esperadas, permanecem ancorados, abrigados no porto! A marinha de guerra necessita de navios que partam todos os dias, que partam a todo o momento. O sportsman, o turista e mesmo o comerciante não necessitam completamente de um navio que enfrente todas as dificuldades do mar e do ar. Igualmente para a aviação. Sempre buscando a realização do aeroplano para todos os dias e para qualquer momento, os construtores deveriam se empenhar para criar o aeroplano de esporte, de simples adesão, para belos dias, para o tempo bom, leve, barato. Veja o céu! Será que os pássaros permanecem no ninho quando o céu está contra eles? É o instinto deles que os faz ficar; quanto ao homem, a razão é o seu instinto. Desejo que os construtores franceses cheguem à fórmula que indico; eles prestarão um grande serviço à causa da aviação e a si mesmos, fornecendo a muitas pessoas, que desejariam se dar asas, a ocasião de adquiri-las, mas que renunciam ao turismo e ao esporte aéreos porque são dispendiosos, e não porque acham perigosos.

Assim relatou o Sr. Santos-Dumont. Agradeci a ele pelos detalhes que fornecera a respeito de si e da origem de sua extraordinária vocação, e mais ainda pelas opiniões que expusera sobre a aviação moderna. Parece que os fatos lhe dão constantemente razão! Alguns dias após esta entrevista, o aviador Perreyon, que todos consideravam um piloto que sua ciência, sua experiência, seu sangue-frio protegiam-no de um acidente, faleceu na cidade de Buc em um acidente de aterrissagem, no momento em que os acidentes mortais se multiplicam na França e no estrangeiro, na aviação civil e militar. Se alguns acidentes tinham sido comunicados com esta menção: “por uma causa desconhecida”, a maior parte era motivada por uma má aterrissagem. Devo recordar aqui o mais trágico de todos? Aquele ocorrido na cidade de Bethon, próximo de Epernay, com o tenente Briault e o soldado Brouillard, que, em um pouso infeliz, foram mortos carbonizados nas ferragens de seu aparelho em chamas? A aviação francesa passa, do ponto de vista industrial, por um período difícil: ela tem como clientes apenas o as forças armadas da França e os governos estrangeiros, estes últimos pouco a pouco tentando realizar o próprio abastecimento ou buscando provimentos por outra via. É necessário que nossos construtores voltem seus esforços para a aviação civil, fazendo dela um esporte e um meio de turismo ocasional, excepcional, delicioso e vencedor. As forças armadas alimentam o projeto – denegado, mas inevitável – de se tornar seu construtor. A partir de então, elas decidiram admitir na formação de suas esquadrilhas apenas três marcas de aparelhos, quatro no máximo. Hoje, uma dezena de marcas supre as forças armadas, e sua concorrência assegura o progresso da aviação. O dia em que a concorrência for limitada a quatro marcas oficiais, essa concorrência perderá sua intensidade e suas consequências fecundas serão quase nulas. Sozinha, então, a aviação civil garantirá o futuro da conquista do ar. É preciso pensar nela.

Frantz REICHEL

Tradução: Janaína Pinto Soares