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Voar é um desejo que começa em criança!

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Voos da Maria Angélica

O avanço da frente fria
Maria Angélica de Moura Miranda*

Ary França

A família França é tradicional em Ilhabela, dona Iracema França, Stella França, Maria Cláudia França e outros são responsáveis por muitos trabalhos voltados à cultura da cidade. Mas a história que hoje vou contar é ligada à pesquisa na área da ciência. Ary França foi um dos primeiros docentes do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, a USP. Junto com o seu irmão Mário França que foi Tenente Coronel da Aeronáutica, percorreram o litoral de São Paulo de avião, numa pesquisa que se tornou o mais importante documento da sua época. Eles escreveram e publicaram em 1946, uma obra de Geografia Física, chamada “Estudo sobre o clima da Bacia Paulista”, explicando o que era a “Climatologia Dinâmica” ou seja, o princípio de que as variações do clima são determinadas pelo movimento de massas de ar. Toda a pesquisa para esse trabalho foi feita de avião e, a partir de 1957, quando os primeiros satélites foram colocados em órbita, veio a confirmação através das imagens que os estudos deles estavam corretos. Por esse e outros trabalhos o professor Ary França é citado na Grande Enciclopédia Larousse Cultural, editora Nova Cultural. A importância desse trabalho nós podemos perceber, uma vez que diariamente uma das pautas de todos os jornais é a previsão do tempo com o avanço das frentes frias.

Mário França

Mário França, trabalhou no CAN (Correio Aéreo Nacional), trouxe pracinhas mortos da Itália no fim da segunda Guerra Mundial, acompanhou os irmãos Villas Boas e Aziz Ab’Saber nas suas pesquisas. Foi um dos últimos pilotos da Gloriosa, que é como os pilotos se referem à aviação sem instrumentos. Teve também seu próprio avião, um Cessna 1952, e atuou como aviador, por muitos anos. Faleceu aos 77 anos, em 2000. Ary França viveu até os 88 anos e faleceu em 2006.

*A autora: Maria Angélica de Moura Miranda é escritora e jornalista, em São Sebastião (SP).

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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Datas Especiais

19 de novembro
DIA DA BANDEIRA
Em 19 de novembro é comemorado o Dia da Bandeira Nacional. É um dos símbolos oficiais da Nação, assim como o Brasão da República, o Hino Nacional e o Selo Nacional. É costume dizer que o avião conduz mais alto a Bandeira do Brasil. De fato, a maioria das empresas aéreas que fazem voos internacionais, ostenta, nas fuselagens de seus aviões, o desenho da bandeira de seus países-sede. Na prática, a maior altura a que chegou um exemplar desse símbolo nacional foi em março de 2006, quando o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, levou consigo para o espaço uma bandeira da Nação Brasileira, exibida a bordo da Estação Espacial Internacional, a 408 quilômetros de altura.
No Brasil, a Bandeira Nacional inspira o atual padrão de pintura das aeronaves A-29 Super Tucano da Esquadrilha da Fumaça, o Esquadrão de Demonstrações Aéreas da Força Aérea Brasileira.
Em épocas especiais, empresas aéreas, empregam a mesma temática em alguns de seus aviões. Durante shows aéreos também é possível ver apresentações de equipes de paraquedismo, com os saltadores trazendo o pavilhão nacional.

Bandeiras históricas
A Bandeira Nacional do Brasil foi instituída em 19 de novembro de 1889, pelo Decreto número 4. Os Estados da Federação são representados por estrelas. Projetada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, foi inspirada na antiga Bandeira do Império desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret, sendo que a esfera azul-celeste e a divisa com a inscrição "Ordem e Progresso" está no lugar da Coroa Imperial. Em cumprimento ao Artigo 12 da Lei Nº 5.700, de 1 de setembro e 1971, “a Bandeira Nacional estará permanentemente no topo de um mastro especial plantado na Praça dos Três Poderes de Brasília, no Distrito Federal, como símbolo perene da Pátria e sob a guarda do povo brasileiro”. Nos desfiles militares solenes, um grupamento conduz as 12 bandeiras históricas. A primeira delas - já utilizadas em terras hoje brasileiras, como colônia portuguesa, domínio espanhol ou nação independente - foi a da Ordem da Cruz de Cristo, utilizada de 1332 a 1651, período das grandes navegações lusitanas. De 1500 a 1521, o País contou também com o Pavilhão Oficial do Reino Português. A bandeira de D. João III foi utilizada de 1521 a 1616. Entre 1616 e 1640, o Brasil foi representado pela Bandeira do Domínio Espanhol, utilizada no período em que se deram as invasões holandesas no Nordeste e o início da expansão bandeirante.

Principado
Criada no período da expulsão dos holandeses do País, a Bandeira da Restauração foi usada de 1640 a 1683. Primeiro pavilhão elaborado especialmente para o Brasil, a Bandeira do Principado do Brasil foi hasteada entre 1645 e 1816, época em que a esfera de ouro passa a ser representada nas bandeiras nacionais. Entre 1683 e 1706, o País contou com a bandeira de d. Pedro II, de Portugal, substituída pela Bandeira Real no século 18. Em consequência da elevação do Brasil à categoria de Reino, em 1815, o País ganhou novo símbolo nacional, a bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, vigente até 1821. Criada em 21 de agosto de 1821, com o fim da monarquia absoluta e da adoção da monarquia constitucional, a bandeira do regime constitucional foi utilizada somente entre 1821 e 1822. Foi a última bandeira portuguesa a tremular no Brasil.

Bandeira Imperial
A bandeira imperial foi utilizada entre 1822 e 1889 e testemunhou o surgimento da Nação e a consolidação da unidade nacional. No período republicano, iniciado em 1889, o Brasil ostentou outra bandeira antes da atual, por apenas quatro dias, entre 15 e 19 de novembro de 1889, quando foi adotado o atual Pavilhão Nacional. 

Cerimonial
No dia 19 de novembro a Bandeira Nacional é hasteada às 12 horas. As manifestações de respeito ao símbolo da Nação ocorrem em várias organizações e escolas. Nas unidades militares, especificamente, uma tocante cerimônia é realizada e as bandeiras que se tornaram rotas e desbotadas pela ação do tempo são descartadas de forma respeitosa, em ato conduzido pelo graduado - sargento ou subtenente/suboficial - mais antigo da unidade. Além do Hino à Bandeira, executado em cerimônias de tropas militares, outra canção, “Fibra de herói”, é tocada frequentemente e diz em um dos seus trechos: “Bandeira do Brasil / Ninguém te manchará / Teu povo varonil / Isso não consentirá / Bandeira idolatrada / Altiva a tremular / Onde a liberdade é mais uma estrela a brilhar”.

Hino

Alma da nacionalidade
Para os brasileiros que optam por carreiras na aviação militar, tanto na Força Aérea, quanto na Aviação do Exército ou na Aviação Naval, a exemplo dos integrantes de outros setores militares, existe um ritual de passagem no início de suas jornadas, quando fazem um juramento perante a Bandeira Nacional, afirmando dedicarem-se inteiramente ao serviço da Pátria, cuja Honra, Integridade e Instituições, defenderão com o sacrifício da própria vida. Neste ato, um ou uma oficial, na função de porta-bandeira, apresenta o Pavilhão Nacional para o juramento. Enquanto a Bandeira é deslocada para um ponto específico no dispositivo, na Força Aérea, conforme um documento que rege o assunto, o narrador da solenidade proclama: “Aproxima-se, em passo cadenciado de solene ritual cívico, a Bandeira Nacional. Para assumir posição de destaque no ato que daqui a instantes será realizado. O pavilhão nacional encerra, no conteúdo grandioso de sua simbologia, a própria alma da nacionalidade, vibrante e esperançosa em toda a condensação histórica do passado de glória em que nos louvamos e em todo o vislumbre otimista do futuro do Brasil que almejamos”. E arremata solicitando às pessoas presentes: “Concitamos, pois, todos os presentes para que, neste momento, adotem a mais respeitosa atitude reverencial, pois é a própria Nação Brasileira que, representada no magno símbolo, toma o seu lugar de honra frente à tropa”.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

CRUZEX 2024

CRUZEX 2024 consolida estratégias de defesa e fortalece laços internacionais
Com sentimento de missão cumprida, laços e alianças fortalecidas, CRUZEX 2024 chega ao fim

Na última sexta-feira (15/11/2024), a Base Aérea de Natal (BANT) se despediu da CRUZEX 2024, o maior exercício de guerra simulada da América Latina. Em sua nona edição, a CRUZEX reuniu forças aéreas de 16 países, que, por duas semanas, conduziram intensos treinamentos e trocaram experiências em operações de alta complexidade, nas quais nações aliadas compartilharam conhecimentos para fortalecer suas capacidades de defesa.
Para o Diretor da CRUZEX 2024, Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende, os resultados alcançados superaram todas as expectativas iniciais. “Com todo planejamento iniciado em 2022, nosso objetivo foi criar um ambiente de simulação de alta complexidade e, ao mesmo tempo, promover uma integração que fosse além dos aviões no céu. Estamos falando de uma rede de defesa internacional, onde a confiança e a coordenação são a chave”, afirmou. Ao longo do Exercício, foram registradas cerca de 1.500 horas de voo, mais de 450 paraquedistas lançados, 160 alvos atacados e mais de 800 missões cumpridas.
A eficiência operacional alcançou os 98%, refletindo o alto nível de preparo das equipes participantes. “Além dos números, a CRUZEX 2024 foi um marco na troca de conhecimentos sobre técnicas, táticas e procedimentos que podem salvar vidas e melhorar a resposta das forças aéreas em situações reais”, acrescentou o Brigadeiro Rezende.

Cooperação internacional e aprendizado mútuos
Um dos maiores triunfos da CRUZEX 2024 foi a sinergia entre os militares de diversas nacionalidades, como Canadá, Equador e África do Sul, que participaram como observadores das sessões de planejamento e debriefing, analisando cada etapa do treinamento e compartilhando suas perspectivas, visando a uma participação com meios aéreos na próxima edição do Exercício. Essa troca de experiência foi crucial para que as equipes aprimorassem suas operações e construíssem uma rede sólida de cooperação internacional.
Para o Coordenador Operacional da CRUZEX, Coronel Aviador Ricardo Bevilaqua Mendes, a edição de 2024 demonstrou como a colaboração internacional eleva o nível de prontidão. “As melhorias no planejamento das missões aéreas, com briefings mais detalhados e um processo mais dinâmico de análise dos resultados, garantiram um ambiente de treinamento que reflete as demandas modernas”, explicou o Oficial, destacando ainda a inclusão de cenários cibernéticos e espaciais como diferenciais nesta edição.

A força da aviação brasileira
A CRUZEX também foi um grande palco para o desenvolvimento das capacidades aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), que contou com um variado e competente conjunto de aeronaves. Na Aviação de Caça, o Comandante do Grupo de Defesa Aérea (GDA), Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos Forneas, destacou o desempenho do caça F-39 Gripen. “Tivemos a oportunidade de praticar missões complexas de combate aéreo, nas quais nossos pilotos puderam desenvolver táticas avançadas e aprimorar a coordenação com esquadrões estrangeiros, o que nos trouxe um importante ganho operacional”, afirmou.
Na Aviação de Transporte, o Tenente-Coronel Umile Coelho Rende elogiou o desempenho do KC-390 Millennium, essencial nas missões de reabastecimento em voo, ressuprimento aéreo, evacuação aeromédica e ajuda humanitária. “O KC-390 provou ser uma aeronave versátil e eficiente, operando em diversos cenários simulados e reforçando seu papel estratégico na Força Aérea Brasileira,” disse.
Já na Aviação de Reconhecimento, o Tenente-Coronel David Dantas da Silva ressaltou o valor das missões com o R-99 e o E-99, essenciais para a coleta de dados em tempo real. “O reconhecimento estratégico foi fundamental para o sucesso das operações. Pudemos fornecer informações detalhadas do cenário de combate, permitindo uma tomada de decisão ágil e precisa”, destacou.

Defesa integrada e cenários de futuro
Um dos pontos altos desta edição foi a integração de operações cibernéticas, que permitiu às forças participantes enfrentarem, em tempo real, ameaças digitais em paralelo com os desafios físicos. “O treinamento cibernético aplicado à simulação de combate aéreo foi um divisor de águas. Avaliamos como nossas forças podem reagir a cenários modernos e, mais do que isso, como podemos nos apoiar mutuamente em tais situações”, afirmou o Tenente-Coronel Aviador Tiago Josue Diedrich, Chefe da Célula de Operações Cibernéticas, apontando para um futuro em que a defesa cibernética ocupará um papel cada vez mais relevante.

Um legado para o futuro
Para o Comandante do Grupo Operacional (GOP) da BANT e Chefe da célula Exercise Support (EXSUP), Coronel Aviador Paulo Cezar Fischer da Silva, a CRUZEX foi também um compromisso com a segurança global, uma vez que o Exercício representa um esforço coletivo para criar um espaço aéreo mais seguro e bem coordenado. "É gratificante ver o trabalho de dois anos de planejamento se concretizar nessa importante edição da CRUZEX. Graças ao esforço conjunto de todos os Órgãos de Direção Setorial do Comando da Aeronáutica, a Base Aérea de Natal pôde proporcionar a melhor estrutura de suporte aos participantes, criando um ambiente propício para a troca de experiências entre as diversas nações. O empenho de todo o time de suporte ao Exercício viabilizou a consecução plena dos objetivos da CRUZEX 2024", relatou. Com a CRUZEX 2024 encerrada, fica a certeza de um exercício bem-sucedido que deixou um legado de aprendizado e cooperação internacional. “Este cenário multinacional e complexo permitiu que nossos pilotos passassem por um treinamento operacional muito próximo de situações reais, contribuindo para o aperfeiçoamento da prontidão e da capacidade de resposta da Força Aérea Brasileira”, concluiu o Brigadeiro Rezende.
O Exercício deixa seu marco como um exemplo de integração e aprimoramento contínuos, pavimentando o caminho para futuras edições. A próxima CRUZEX já desperta expectativas, prometendo unir novamente as forças aéreas de diversas nações para um objetivo comum: a construção de uma defesa global forte e solidária. Clique aqui e assista ao vídeo final da Cruzex 2024.

Fotos: Suboficial Jonhson, Sargento Müller Marin, Sargento Mônica, Sargento Vanessa Sonaly/ CECOMSAER

Vídeo: Sargento André/ Sargento Neris, Sargento Lucas/ CECOMSAER

Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Eniele Santos

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domingo, 17 de novembro de 2024

Especial de Domingo

Saiba mais sobre a interação Brasil-França revelada nas pesquisas sobre a aviação em Ubatuba.
Boa leitura.
Bom domingo!

Momentos de franceses e brasileiros na história da aviação em Ubatuba (SP)
Considerando a temática de aviação em Ubatuba (SP), a interação de brasileiros e franceses aconteceu em quatro oportunidades significativas. A primeira delas foi quando o inventor ubatubense Gastão Madeira, após estabelecer uma teoria de voo para dirigibilidade de balões e idealizar um aparelho chamado Aviplano, foi, em 1914, estudar em Paris, onde providenciou a patente de seus inventos. O segundo momento foi em junho de 1933, quando um avião da Aéropostale fez uma aterrissagem técnica na cidade, devido condições meteorológicas adversas na rota, e gerou uma lenda local: a de que o piloto Antoine Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, era o comandante naquele voo. Alguns anos mais tarde, soube-se, todavia, ser outro Antoine, Léon Antoine, o responsável por aquele pouso em Ubatuba. A terceira aproximação ocorreu com o francês Jean Pierre Patural, estabelecido no bairro rural Ubatumirim, para produção agrícola, em 1954. Para facilitar o acesso ao local, naquela época remoto e sem estradas, montou seu próprio avião Jodel D112, a partir de peças e desenhos vindos da França, e providenciou uma pista de pouso em sua propriedade. A quarta ocasião de integração de franceses e brasileiros, motivados por coisas de aviação em Ubatuba, aconteceu em outubro de 2018. Foi um curso de iniciação aeronáutica para jovens, no âmbito do NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação, em parceria com a Associação Aeroclube Pierre_Georges Latécoère, de Toulouse, e a AMAB – Associação Memória da Aéropostale no Brasil.

Teoria e inventos de Gastão Madeira
Gastão Galhardo Madeira nasceu em Ubatuba e viveu de 1869 a 1942. Reconhecido como um dos pioneiros da navegação aérea no Brasil, escreveu uma interessante teoria de voo, a partir da observação de pássaros, e concebeu, em 1890, um balão dirigível.
Seus estudos de estabilidade aerodinâmica dos aeroplanos o levaram, em 1911, a criar, o Aviplano, uma máquina voadora com estabilizador. O projeto visava controlar a aeronave, em caso de pane no motor ou perda da hélice, de modo que planaria lentamente até o solo, sem causar acidente grave.
O inventor seguiu, em 1914, para a França, indo morar em Paris. Embora não tenha conseguido industrializar seus inventos aeronáuticos e de emprego geral, devido às perturbações advindas com a Primeira Grande Guerra, providenciou as patentes das suas criações: aparelho de divertimento que dava a ilusão de voo; dispositivo de estabilização automática de aeroplanos e análogos, como o Aviplano; gerador de anúncios luminosos, comandado por uma porta giratória; e, dispositivo de comando do leme de profundidade de aviões. Gastão idealizou, ainda, um artefato aplicável a navios, para dar segurança em deslocamentos em regiões minadas. O inventor deixou Paris e retornou ao Brasil em 1917.

Um Antoine pousou em Ubatuba: a lenda de Saint-Exupéry
Uma lenda ubatubense perdurou de 1933 a 1985, segundo a qual o aviador e escritor francês Antoine de Saint-Exupéry teria, em junho de 1933, aterrissado na orla de Ubatuba, evitando voo em condições meteorológicas inadequadas. De fato, aconteceu o pouso do avião tipo Laté 26, matrícula F-AILR. Pesquisas do jornalista Luiz Ernesto Kawall (1927-2024) esclareceram que a operação não fora executada pelo autor de “O Pequeno Príncipe”, o “Saintéx”, como a tradutora Mônica Cristina Corrêa se refere a Antoine Saint-Exupéry, foco de seus estudos com as obras literárias do aviador. O trabalho de Kawall desfez os ruídos de comunicação e da tradição oral, evidenciando que aquele voo da Aéropostale era comandado por outro Antoine: não o Saint-Exupéry, mas sim Léon Antoine.
Este francês, ao encerrar sua carreira na aviação, migrou para o Brasil, para viver na região serrana do Rio de Janeiro.
Casou-se com uma brasileira e, a convite do jornalista, visitou Ubatuba e contou com exatidão o ocorrido naquela viagem, quando se chegava na cidade apenas de duas formas: de barco ou de avião.

Jean Pierre Patural e seu avião no Ubatumirim
O francês Jean Patural migrou para o Brasil e se estabeleceu em Taubaté (SP). Também adquiriu, em 1954, uma propriedade em Ubatuba, no sertão de Ubatumirim, a seis quilômetros da praia, para produção agrícola. Como o local só podia ser acessado por mar ou precárias trilhas, Jean Pierre resolveu comprar, na França, plantas e peças de um avião tipo Jodel D112, para ser seu meio de transporte rápido entre Taubaté e suas plantações em Ubatuba. Ele mesmo, que era engenheiro agrônomo, se dedicou a montar o aparelho, finalizado em 1958, e tirou o brevê de aviador para pilotá-lo. Ainda construiu uma pista de pouso ao lado de sua casa, para, enfim, realizar os voos entre Ubatumirim e Pindamonhangaba, sua base operacional do outro lado da serra. Em setembro de 1961, num voo de transporte de uma peça para consertar um trator, o avião de Patural, prefixo PP-ZTX, sofreu um acidente na serra do Mar. Ele faleceu em consequência da queda.

Um francês ensinando aviação para jovens de Ubatuba
Uma atividade cultural e pedagógica foi apresentada, em outubro de 2018, pelo piloto francês Jacques Despretz. Ele cruzou o Oceano Atlântico, especialmente para ministrar um Curso de Iniciação Aeronáutica, a um grupo de alunos do NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação, utilizando as instalações do Colégio Dominique.
Além dos conteúdos de navegação aérea, teoria de voo, história da aviação, meteorologia e conhecimentos técnicos sobre aviões, os participantes tiveram premiações com o Diploma Latécoère, medalhas e um voo panorâmico sobre Ubatuba. Para os alunos foi o primeiro voo de suas vidas, com apoio do Aeroclube Regional de Taubaté. O evento foi uma parceria do NINJA com a Associação Aeroclube Pierre-Georges Latécoère, de Toulouse, promotora do Raid Raid Latécoère-Aéropostale, e a AMAB – Associação Memória da Aéropostale no Brasil, presidida por Mônica Cristina Corrêa.
Os voos, advindos do curso de iniciação, ocorreram em aeronave Piper PA-28. Foram patrocinados pelo piloto Márcio Fazenda e outros voluntários do NINJA.
As operações de pouso e decolagem foram conduzidas pelo piloto Rafael Valério, tendo a bordo ansiosos jovens por ver do alto a cidade e os tons de azul do oceano.

Fontes: Livro Sobre o Mar de Iperoig: a aviação em Ubatuba (Instituto Salerno-Chieus, 2017); Jovens de Ubatuba (SP) conquistam o Diploma Latécoère, em: Blog do NINJA, de 04 Nov de 2018 (Clique aqui

Fotos: Arquivo do NINJA

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sábado, 16 de novembro de 2024

Aviação em Ilhabela

O Antigo Campo de Aviação de Ilhabela

Edson Souza / Arquivo Ilhabela®

Atualmente conhecido como o “antigo campo de aviação de Ilhabela”, o local foi uma das principais áreas em 1932, devido à Revolução Constitucionalista. Situado no bairro do Pequeá, depois do bairro do Engenho d’Água quase no centro, muitos fatores históricos que influenciaram a história de Ilhabela, e a história política do Brasil aconteceram nessa pequena localidade.    No ano de 1930, foi realizada a última eleição da República Velha para a escolha de um candidato à Presidência da República. Os paulistas indicaram Júlio Prestes e o Estado de Minas Gerais indicou Getúlio Vargas para concorrer ao cargo. Júlio Prestes obteve a vitória no campo eleitoral, mas, devido o ato ilegal do “Golpe de Estado”, os paulistas perderam o posto para Getúlio Vargas, que acabou assumindo a liderança do chamado “Governo Provisório”.   O Estado de São Paulo tentou politicamente, em 1932, afastar Getúlio Vargas do cargo, época em que o próprio Estado lutava contra a crise do café, um dos fatos que levou Ilhabela a perder sua condição de município em 1934 e tornar- se distrito de São Sebastião. Isto se deu devido à insuficiência de moradores causada pela crise cafeeira destas épocas. O café também era uma das principais fontes econômicas da Ilha. Com a crise, o rendimento econômico da ilha caiu a tal ponto, que a administração não teve como pagar seus impostos. Deste modo, Ilhabela perdeu sua independência financeira recebendo ajuda do governo. Mas recuperou mais tarde, sua condição de município.   São Paulo estava destinado a afastar Getúlio Vargas do poder para reconquistar o título de autonomia Estadual, gerando uma guerra. Na Revolução de 1932, os paulistas investiram em aeronaves de modelo Potez 25 TOE para bombardear o inimigo. Porém, Getúlio Vargas possuía muitos aliados, e passou a contar com o apoio da Marinha. Nessa época foram construídas duas espécies de flutuantes de pouso próximos à área no bairro do Pequeá em Villa Bella (Ilhabela), considerado um local estratégico para fundear as aeronaves para usá-las contra o inimigo.   Da base secreta em Villa Bella, as aeronaves partiam para realizar o reconhecimento das áreas tomadas pelos paulistas, cuja entrada do porto de Santos foi uma delas.   A Marinha, por sua vez, contribuiu com o Governo de Getúlio Vargas, enviando três hidroaviões de apoio para proteger o litoral norte. Estes três aviões ficaram atracados nos flutuantes do Pequeá em Villa Bella, voltados para o Canal de São Sebastião. Alguns aviões mais avançados na época foram inseridos no plano de proteção e bombardeio pela Marinha, mas os flutuantes da localidade não eram firmes o bastante para suportar os novos modelos com trem de pouso. Então o governo decidiu alargar uma pequena área no Pequeá para pouso ao lado da praia, próximo ao morro, criando uma pista, esta que atualmente é apontada como o antigo campo de aviação em Ilhabela.   A pista de pouso em Ilhabela foi concretizada em julho de 1932, e era utilizada como “garagem” para os aviões. No local pernoitavam vários modelos aéreos da Marinha como, os S-55 e D.H. 60 T, que saiam em missões de bombardeio. Algumas acabaram afundando no canal de Toque-Toque. A ditadura de Getúlio Vargas influenciou no histórico de Ilhabela até 1940 alterando o nome da cidade de “Villa Bella” para “Formosa”. Com o fim da revolução, a pista de pouso criada em Villa Bella ficou esquecida e encoberta pelo matagal.   Posteriormente, nas areias da Praia do Perequê, o diretor da empresa SKF Rolamentos (fundada em 1907), Sven Cecil Werner Urban, realizava pousos nesta área com um modelo de pequeno porte quando vinha a cidade. Sven era também proprietário da Fazenda Cocaia em Villa Bella (Ilhabela). Sempre quando viajava com seu pequeno avião, sobrevoava a fazenda na ilha para que os empregados soubessem de sua chegada, então, pousava nas areias da Praia do Perequê. Com a ajuda dos caiçaras locais, o avião era empurrado para dentro de um rancho e um dos funcionários da fazenda apanhava o proprietário de Charrete.
A Fazenda da Cocaia do Sven produzia cachaça, considerada uma das melhores, e no rótulo havia uma grafia do pequeno avião pelo qual ele realizava suas vindas a Villa Bella.   Quando Benedito Carlos de Oliveira assumiu a Prefeitura de Ilhabela, em 1948, investiu na reurbanização da antiga pista de pouso criada pelo governo de Getúlio Vargas no bairro do Pequeá, cujo local ficou conhecido como “Aeródromo Sven Cecil Werner Urban”, que passou a ser o Campo de Aviação de Ilhabela.
Com o tempo, neste local foram realizados os principais shows e eventos da cidade, como o Festival do Camarão, o aniversário da cidade, comemorado no dia 3 de setembro, e o Carnaval, eventos hoje realizados no centro, tal como os shows, que agora são realizados na Praça de eventos do antigo Campo do Galera, no bairro da Água Branca. O atual ‘Campo de Aviação’ hoje, é uma área residencial, como praça, parquinho e campos para pratica de esportes, além de abrigar a sede da Escola de Vela de Ilhabela “Lars Grael”.

Fonte: Edson Souza / Arquivo Ilhabela®

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com notícias da CRUZEX 2024
Nesta sexta-feira (15/11), o FAB em Destaque é especial! Diretamente da Base Aérea de Natal (BANT), a revista semanal da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe todas as notícias sobre o maior exercício de guerra simulada da América Latina, a CRUZEX 2024, que ocorreu em solo e ar potiguares entre os dias 3 e 15 de novembro.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Sentando a Pua!

Confira mais um texto selecionado do excelente Sentando a Pua!, que preserva e divulga a História da Aviação Militar Brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Histórias dos Veteranos
Alfaiate Bom 

A pedido do Comandante da Base, o Comandante Nero Moura ordenou a formatura dos "enlisted man" (soldados e cabos), no pátio em frente ao comando. Todos estavam vestindo o uniforme de gabardine que a FAB havia mandado confeccionar na Alfaiataria Guanabara, localizada na Rua da Carioca, Rio de Janeiro. Foi o maior vexame. Os uniformes estavam sem as etiquetas com os nomes de cada um, o que provocou a maior mistura.

Tinha jaqueta sem fechar, mangas curtas ou compridas demais, calças a la JECA TATU e outras gracinhas que provocaram risadas dos ianques e espanto dos brazilians boys.

O Comandante Nero Moura, em comum acordo com o Comandante da Base, ordenou fora de forma e recolher os Uniformes ao almoxarifado do Grupo. Em seguida, recebemos uniforme americano completo, incluindo agasalhos para frio.

Além disso, recebemos ordens do comando para recolhermos ao almoxarifado, todas as peças de uniforme que foram adquiridas por cada um, tais como: camisas e calças caqui de tropical, Jaquetas de couro, sapatos de Verniz e que não faziam parte da relação oficial.

Foram todas as peças etiquetadas com o nome e o número de cada um, embaladas em caixotes que seriam remetidos para o Brasil e posteriormente devolvidas, O QUE INFELIZMENTE NÃO ACONTECEU!!! 



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