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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 18 de setembro de 2011

Especial de Domingo

Os monitores e coordenadores do Núcleo Infantojuvenil de Aviação-NINJA procuram estimular os jovens envolvidos no projeto a realizar estudos e pesquisas na Biblioteca Ninja ou em outras fontes.
Na internet, recomendamos diversos sites e blogs.
No Especial de Domingo de hoje reproduzimos um texto publicado em uma das fontes preferidas dos participantes do Ninja: o Aviões & Músicas, editado pelo competente e talentoso Lito, experiente técnico de aeronaves de grande porte.
O artigo a seguir, de autoria de Sander Ruscigno, colaborador do A&M, é um exemplo de como temas complexos podem ser apresentados de forma didática e interessante, facilitando o processo de aprendizagem.
Boa leitura!
Bom domingo!

Como funciona um VOR e como ele é utilizado?
Há no mundo uma tendência de colaboração, onde pessoas se unem para realizarem algo que uma delas sozinha não conseguiria. Estas tendências levam o nome de crowd+qualquer coisa; o mais conhecido exemplo é a Wikipedia, que, trata-se de uma crowdsourcing.
Certo, mas o que nós temos a ver com isso? Bom, nós amantes da aviação somos uma comunidade, por sinal uma comunidade muito grande, sendo assim, penso eu que devemos nos unir para trocar conhecimento, cada um contribuindo da maneira que puder e souber.
Aproveito então a oportunidade para me apresentar como colaborador do site Aviões e Músicas. Moro em Floripa, onde faço minhas horinhas de voo, penso em avião 24h por dia, aliás, meu indexador de valor é uma hora de voo, isso mesmo, eu não penso em quantos reais algo irá me custar, penso em quantas horas de voo irá me custar. Tenho 28 anos, estou na reta final do meu curso de Piloto Privado já pensando no curso de Piloto Comercial e vislumbrando lá no horizonte a minha licença de PLA.
Mas deixemos a conversa fiada de lado e vamos ao que interessa.
Existem diversos métodos de navegação utilizáveis por um piloto para que ele consiga sair de um ponto no globo terrestre e chegar a outro com relativa facilidade e segurança. Um dos mais difundidos e utilizados é a navegação por radio-faróis, também conhecidos como VOR. Como funciona então um VOR e como ele é utilizado?
Abaixo temos um recorte de uma carta de navegação, onde, destacados com círculos verdes, vemos duas estação VOR.A primeira coisa que o piloto precisa saber é o que realmente é um VORTAC, visto que há diversas informações dentro desta imagem. Temos, como já foi dito, duas estações VOR na imagem, são elas: GAVIOTA e SAN MARCUS. Vamos considerar a VORTAC San Marcus, sendo assim, dentro da respectiva caixa esta escrito que seu nome é San Marcus, e que para sintonizar esta estação você precisa inserir a frequência 114,9 no seu rádio de navegação.
Ela também lhe mostra que RZS é o identificador de 3 letras dessa estação, de modo que, se você inseriu o RZS no seu plano de voo, todos saberão que você estará voando para o VORTAC San Marcus, já que, não há outro RZS no país. Além disso, se o piloto quiser confirmar que sintonizou a estação correta ele poderá ouvir o código Morse da estação, que neste caso é: ponto, hífen, ponto, hífen, hífen, ponto, ponto, ponto, ponto, ponto. Para certificar-se basta acompanhar os pontos e hífens que ouvires com os pontos do identificador VOR.

Como funciona uma estação VOR?
Antes de mais nada VOR significa VHF omnidirectional radio range, e nada mais é do que um sinal de rádio emitido em todas as direções (omnidirecional) que funciona através do princípio da diferença elétrica de fases entre dois sinais de rádio. Hein!? Não entendi nada!
Imagine um farol com um feixe de luz e uma lâmpada que pode ser vista em qualquer direção. O feixe de luz gira, a uma taxa constante, ao redor da torre e como possui um feixe muito estreito só pode ser visto no momento que passa pelo espectador. A outra lâmpada pisca e só é visível quando o feixe passar pelo norte magnético do farol.
Sabendo qual a frequência do feixe giratório, simplesmente calcule a diferença de tempo entre a piscada da lâmpada (omnidirecional), ou seja, quando o feixe de luz giratório passar sobre o norte magnético, e o feixe de luz apontar em sua direção. Calculado o intervalo entre os sinais poderemos medir qual a nossa radial em relação à estação. Simples, não?

Velho sim, ultrapassado não!
Apesar da idade e limitações do sistema praticamente todas as aerovias mundiais se baseiam ou se basearam na construção de radiais por VOR. Tais aerovias foram mapeadas de VOR para VOR, sendo a coluna vertebral da navegação aérea durante décadas.
Agora que já sabemos como um VOR funciona vamos partir para sua utilização.

O indicador VOR
Além do rádio de navegação, onde definimos a frequência e o volume, precisamos saber como visualizar as radiais. Para tanto, fora criado um sistema bastante engenhoso, onde escolhemos a radial que nos interessa e o sistema nos mostra onde estamos em relação a esta radial. Incrível não? E tudo isso em um único instrumento, muito inteligente, que se chama indicador VOR.
Não podemos esquecer que o indicador VOR possui um cartão rotativo graduado, dando-lhe um visual semelhante ao indicador de rumo. E assim como no indicador de rumo, há um seletor no canto inferior esquerdo para girar o cartão.
Omni Bearing Selector
A diferença entre os botões é que no botão do indicador VOR esta escrito “OBS“, que quer dizer algo como “Selector de Radial Omni” (omni bearing selector, em inglês). Neste instrumento o cartão só se moverá se nós o movermos, diferentemente do Heading Indicator que gira conforme nossa proa magnética é alterada. Sendo assim, deveremos girar o botão até a radial desejada, lendo a radial indicada na ponta da seta. Temos 360 possibilidades de escolha.

Course Deviation Indicator
Consideremos a agulha vertical no centro do instrumento. Ela é fixada ao topo do instrumento e move-se à direta e à esquerda. Ela é chamada de “indicar de desvio de curso” (Course Deviation Indicator, em inglês) ou “CDI”, porém é usualmente chamada apenas de agulha.
Pensemos na agulha como se fosse uma linha imaginária central em uma estrada. Se estivermos à direita da estrada, a linha central – ou a nossa agulha – estará à esquerda. Na medida em que alteramos a nossa direção à esquerda e nos aproximamos da linha central da estrada, a agulha se moverá em direção ao centro do instrumento.
Porém, se continuarmos nos movendo à esquerda passando do centro, a agulha, por sua vez, cruzará o centro em direção ao lado direto. Em voo, para navegarmos uma radial ou um curso, devemos manter a agulha no centro do instrumento, isto é, movendo-nos em direção à agulha sempre que a mesma sair do centro. Lembre-se: “Voe em direção à agulha”.

Qual a largura da aerovia?
Deixando a legislação de lado, qual é a largura de uma aerovia? Do centro da linha até a deflexão máxima são 10 graus, desta forma, se a agulha esta no ponto mais afastado, estaremos 10 graus fora da radial selecionada.
Como é possível ver na figura mais acima, o cartão do indicador VOR possui pontos igualmente separados, assim é possível contar quantos graus estamos fora do curso. Se o seu CDI possui 5 pontos em cada lado da linha central, como o da figura, significa que cada ponto equivale a 2 graus de deflexão. Na verdade podemos contar quantos graus estamos fora, até no máximo 10 graus.
Se a agulha estiver grudada no lado do instrumento, não saberemos exatamente quão afastado do curso estamos, apenas que são mais de 10 graus.
Como o CDI mostra seu ângulo de afastamento do curso e não sua distância lateral da radial, a distância lateral da radial selecionada variará de acordo com a distância que estamos da estação VOR. Por exemplo, se estamos a 60 milhas da estação, um desvio de 1 grau significa 1 milha fora do curso. Mas se estivermos a apenas 15 milhas da estação, o mesmo 1 grau de deflexão na agulha nos diz que estamos a apenas 1/4 de milha fora do curso. Isso explica porque a agulha se move tão rapidamente quanto é a nossa proximidade com a estação VOR.

Indicador To/From
Também na porção central do instrumento, há uma pequena janela escrita TO com um pequeno triângulo apontando para cima, ou FR para “from” com um triângulo apontando para baixo… mas também poderá estar preenchida com um símbolo tracejado em vermelho e branco, chamado de “Nav Flag” ou “Off Flag”. Alguns instrumentos possuem apenas os triângulos apontando para cima ou para baixo (A seta para cima significa TO).
O indicador To/From nos diz quando o curso selecionado com o botão OBS é uma radial partindo da estação ou um rumo para a estação. Ele não nos diz se estamos atualmente indo em direção à estação ou se afastando dela.
Quando o símbolo “Off Flag” é exibido na janelinha significa que temos um sinal não confiável e que não deveremos utilizar esta estação para navegação. No entanto, o “Off Flag” poderá aparecer, momentaneamente, quando o indicador alternar entre o indicador To/From, isto é, no instante que estivermos sobrevoando a estação.

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