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Voar é um desejo que começa em criança!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

11º Campeonato Latino-americano de Paraquedismo de Precisão

Seleção do Brasil é campeã latino-americana de paraquedismo
O Brasil sagrou-se campeão no 11º Campeonato Latino-americano de Paraquedismo, na modalidade Precisão de Aterragem, no certame disputado entre 12 e 16 de setembro de 2018, em São José dos Campos (SP), no campus do DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. O evento foi coordenado pelo Comitê de Paraquedismo Clássico da Confederação Brasileira de Paraquedismo. A competição - a maior já realizada - contou com atletas e árbitros de oito países: Brasil, Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Cuba, Perú e Bulgária (como representação convidada). Juntamente com a competição continental, realizou-se a Copa José Ribeiro de Carvalho de Precisão de Aterragem 2018, também denominada Copa da Amizade.

Nesta segunda competição, além das seleções nacionais, participaram as equipes Argentina Feminino, Alta Gracia, Latinos, Falcões, Cometas, Meteoros, Gaúchos e Milagres. A aferição do desempenho foi realizada com o emprego de uma mosca eletrônica de dois centímetros, sobre um colchão de 5 metros de diâmetro. A pontuação foi medida de 0 a 0,16 m.

Campeões Latino-americanos
A seleção brasileira de Paraquedismo de Precisão foi composta pelos atletas Gabriel, Marconi, Antonio, Diego e Neto. Em quatro rodadas, a equipe acumulou apenas 0,78 m do centro do alvo e sagrou-se campeã latino-americana. A vice-campeã foi a representação da Argentina, com 1,02 m, formada pelos saltadores Conil, Williman, Matias, Javier e Mariano. Em terceiro lugar, com 1,04 m, ficou a seleção de Cuba, integrada por Michel, Luis Mario, Yosvel, Oscar e Raul. Na quarta posição, com 1,58 m, chegou a equipe do Chile, com Carlos Burgos, Hector, Franscisco, Raul Miranda e Juan Castañeda. Em quinto lugar, com 2,09 m, ficou a equipe do Uruguai, formada com José, Gustavo, Oscar, Victor e Martin.

Masculino do Latino-americano
Na disputa individual para homens, do Campeonato Latino-americano, do primeiro ao décimo lugares, ficaram: Matias (Argentina), Williman (Argentina), Diego (Brasil), Conil (Argentina), Antonio (Brasil), Neto (Brasil) e Yosvel (Cuba), Raul Miranda (Chile) e Marconi (Brasil).

Feminino do Latino-americano 
Na competição individual para mulheres, do Campeonato Latino-americano, do primeiro ao oitavo lugares ficaram: Sabrina (1º), Ana Lígia (2º), Juliana (3º), Isabella (4º), Dalia (5º), Ivana (6º), Maria Inês (7º), Yanesly (8º), Maria Agustina (8º), Ana Belén (8º) e Romina (8º).

Equipes da Copa José Ribeiro de Carvalho
Na Copa José Ribeiro de Carvalho o resultado das 6 melhores equipes foi este: 1º) Equipe Falcões – da Força Aérea Brasileira composta por Rodrigo, G. Borges, Thomas, Roberto e Ricci – com 0,40 m; 2º); Seleção do Brasil – com Gabriel, Marconi, Antonio, Diego e Neto – com 0,66 m; 3º) Seleção da Argentina – com Conil, Williman, Matias, Javier e Mariano - com 0,82 m; 4º) Equipe Alta Gracia – com Sérgio, Mário, Jorge Ricardo, Frederico e Oscar Alberto – com 0,95 m; 5º) Seleção de Cuba – com Michel, Luis Mario, Yosvel, Oscar e Raul – com 0,97 m; 6º) Equipe Cometas – do Exército Brasileiro integrada por Arthur, Neves, L. Campos, Juliana e Alcy – com 1,07 m.

Individual Masculino da Copa
Na Copa José Ribeiro de Carvalho, na disputa Individual Masculino, os 10 melhores resultados foram estes: Thomas, Matias, Antonio, L. Campos, Sérgio, Williman, Diego e Rodrigo, G. Borges, Raul e Mario.

Individual Feminino da Copa
Na Copa José Ribeiro de Carvalho, na disputa Individual Feminino, do primeiro ao oitavo lugares ficaram: Sabrina (1º), Ana Lígia (2º), Juliana (3º), Isabella (4º), Dalia (5º), Ivana (6º), Maria Inês (7º), Yanesly (8º), Maria Agustina (8º), Ana Belén (8º) e Romina (8º). Igual classificação do Latino-americano.


Saiba mais: Blog do NINJA de 14/09/2018

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Tecnologia

FAB cria cenário para simular pouso em pista complexa de Surucucu (RR)
Com o objetivo de retomar a operacionalidade no aeródromo de Surucucu, o Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ) desenvolveu o cenário visual da localidade e o implementou no simulador do C-105, permitindo que os pilotos pudessem treinar a missão antecipadamente e obter a experiência necessária para realizar os pousos na localidade. O cenário visual foi elaborado pela Subdivisão de Simuladores do CCA-SJ, no período de 20 de agosto a 7 de setembro de 2018, e devidamente implantado na Ala 8, em Manaus (AM), entre os dias 10 e 14 de setembro. Os pilotos do Esquadrão Arara (1°/9° GAV) tiveram a oportunidade de tornar-se pioneiros em pousar e decolar na pista de Surucucu, podendo assim ambientar-se ao cenário e treinar os procedimentos de voo em condições adversas. O resultado da tecnologia empregada fortalece a qualidade do trabalho do CCA-SJ como pioneiro no desenvolvimento dos cenários visuais dos simuladores de voo da FAB e sedimenta a ideia do treinamento de voo militar simulado para prover economia e aumentar a segurança nas Operações Aéreas”, disse o Chefe do CCA-SJ, Coronel Aviador Luís Antonio de Almeida Rodriguez.

Aeródromo
O aeródromo de Surucucu está localizado no município de Alto Alegre (RR), no interior da Terra Indígena Yanomami, em uma região montanhosa, a cerca de 1.000m de altitude. Foi criado no início da década de 80 sendo referência para as operações do 4º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro, para a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e para a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), entidades federais sediadas na região. A diferença de altura de 43m entre as cabeceiras, os fortes ventos de cauda e a existência de montanhas ao redor, tornam o aeródromo especialmente peculiar, configurando alto grau de risco para pousos e decolagens, até mesmo para pilotos experientes. Devido a isso, desde abril de 2017, o Comando de Preparo (COMPREP), resolveu suspender as operações no local visando priorizar a segurança operacional.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Tecnologia

Dispositivo transforma vibração de helicópteros em eletricidade
Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores desenvolvem um dispositivo para reduzir a vibração produzida pelas pás dos helicópteros. Chamado de Smart Piezoelectric Pitch Link (SaPPL), o equipamento utiliza materiais que convertem vibrações em energia elétrica conectados a circuitos eletrônicos, aumentando a vida útil, velocidade, segurança e conforto da aeronave. O dispositivo também coleta a energia de vibração durante o voo, que pode ser usada em outros sistemas de baixa potência do helicóptero. A patente do equipamento é intermediada pela Agência USP de Inovação (Auspin). “Aeronaves de asas rotativas apresentam, em vários casos, níveis elevados de vibração e ruído que acarretam desconforto e até danos à saúde de seus usuários frequentes. Uma das fontes de vibração mais expressivas neste tipo de aeronave é a interação entre as pás elásticas de seu rotor principal e o ar”, afirma Marcel Clementino, que integra a equipe do projeto. “Parte significativa dessa vibração é transmitida do rotor principal para a fuselagem através das hastes de comando de passo, conhecidas na literatura pelo termo técnico, em inglês, pitch links.”

Estrutura flexível
O SaPPL é dotado de uma estrutura eletromecânica flexível. O dispositivo possui um material piezelétrico (que atua na transformação da vibração em energia elétrica) chamado Macro Fiber Composite (MFC), acoplado a placas metálicas elásticas e a um circuito eletrônico. “As placas compõem a estrutura interna do dispositivo e esta estrutura transfere os esforços mecânicos entre as pás do helicóptero e sua fuselagem. Ao girar, as pás vibram e essa vibração é transmitida ao pitch link”, descreve Tarcísio Silva, pesquisador que colaborou com o desenvolvimento do circuito. “O dispositivo é capaz de aumentar a dissipação de energia de vibração ou modificar a rigidez efetiva do pitch link quando o circuito eletrônico processa o sinal elétrico vindo dos materiais piezelétricos”.

domingo, 16 de setembro de 2018

Especial de Domingo

A atuação da FAB na II Guerra Mundial (Parte 4 – Final)
No capítulo 1, no dia 26/08/18, o autor apresentava a criação do Ministério da Aeronáutica e a chegada das primeiras aeronaves de treinamento para o Brasil e a formação das primeiras turmas de aviadores e especialistas em manutenção e apoio. No capítulo II, em 2/09/18, Cambeses Júnior relatava os primeiros embates da FAB contra submarinos alemães na costa brasileira. Na terceira parte, dia 9/09/18, era mostrada a chegada dos heróis brasileiros à Itália e seus primeiros combates contra as tropas de Hitler. Nesta quarta e última parte, Manuel Cambeses Júnior conclui com a participação vitoriosa da Força Aérea Brasileira que, junto com as forças aliadas, venceu o nazismo, pondo fim à Segunda Guerra Mundial.

A FAB na campanha da Itália

Durante as operações aéreas nos meses de inverno o Grupo de Caça brasileiro sofreu numerosas baixas; três oficiais faleceram em acidentes de aviação, no período inicial, em Tarquínia; a 23 de dezembro o 1º Tenente-Aviador Ismael da Motta Paes, com o seu avião atingido pela artilharia antiaérea, ao norte de Ostiglia, saltou de paraquedas e foi aprisionado pelos alemães; a 2 de janeiro de 1941, o 1º Tenente-Aviador João Maurício de Medeiros teve de saltar de paraquedas sobre território inimigo e faleceu ao cair sobre fios de alta tensão; a 22 de janeiro, o 1º Tenente-Aviador Aurélio Vieira Sampaio faleceu atacando locomotivas ao norte de Milão; a 29 de janeiro, o 1º Tenente-Aviador Josino Maia de Assis, obrigado a saltar de paraquedas, devido a incêndio no seu avião, foi aprisionado pelos alemães.

A 4 de fevereiro de 1945 um dos Comandantes de Esquadrilha, o Capitão-Aviador Joel Miranda e o 2º Tenente-Aviador Danilo Moura são atingidos ao mesmo tempo, quando juntos atacavam locomotivas a sudoeste de Treviso; ambos saltaram de paraquedas, abandonando os seus aviões em fogo; o Capitão Joel, apesar de um braço partido e de um pé destroncado, andou muitas horas até que conseguiu ser recolhido por um grupo de “partisanos” que o alojaram na vizinhança de Pádua, até o fim da guerra; o Tenente Danilo caminhou a pé durante vinte e quatro dias, percorrendo duzentos e sessenta quilômetros e atravessando todo o território inimigo; depois de se juntar aos “partisanos”, nos Montes Apeninos, o Tenente Danilo conseguiu atravessar as linhas de combate e veio se juntar aos seus companheiros do Grupo de Caça Brasileiro, em Pisa.

A 10 de fevereiro, o 1º Tenente-Aviador Roberto Brandini, gravemente ferido na cabeça por um estilhaço de artilharia antiaérea, saltou de paraquedas e foi aprisionado pelos alemães; a 7 de março, o Capitão- Aviador Theobaldo Kopp, tendo o seu avião sido danificado quando atacava depósitos de munição, a nordeste de Parma, saltou de paraquedas e refugiou-se no meio dos “partisanos”; no dia 26 de março, o 1º Tenente-Aviador Othon Corrêa Netto ao atacar, com foguetes, posições de artilharia antiaérea que defendiam a ponte de Cassara, a oeste de Udine, teve o seu avião atingido e saltou de paraquedas; ficou prisioneiro até o fim da guerra.

Ao se aproximar o mês de abril de 1945, foi montada, pelos aliados, a grande “Ofensiva da Primavera” para quebrar, definitivamente, a resistência alemã na Itália, essa ofensiva foi desencadeada, pelo XV Grupo de Exércitos, no dia 9 de abril.

A 13 de abril, falece o Aspirante-Aviador Frederico Gustavo dos Santos na explosão de um depósito de munição alemão, que ele próprio metralhara, nas proximidades de Udine.

Na semana de 14 a 20 de abril, a totalidade da aviação aliada existente na Itália concentrou todo o seu poderio e desenvolveu um esforço máximo, atacando as posições defensivas alemãs ao longo de toda a linha de frente de combate; as equipagens dos aviões de caça começaram a fazer, em média, duas missões por dia.

Uma vez iniciado o avanço vitorioso dos aliados impunha-se, como golpe final, impedir que os alemães se organizassem na margem do rio Pó, utilizando o obstáculo do rio para deter os aliados.
A partir de 20 de abril, a retirada alemã se generalizou, em toda a frente, e os objetivos de oportunidade para a aviação se multiplicaram, ao longo das estradas e por toda a parte.

O dia 22 de abril é comemorado na Força Aérea Brasileira por ter sido o dia em que o Grupo de Caça Brasileiro, no auge de sua atividade, cobriu-se de glória e obteve o máximo de resultados; os seus ataques, nesse dia, na região de San Benedetto, foram um fator decisivo para o estabelecimento, no dia seguinte, da cabeça de ponte na mesma região.

No dia glorioso de 22 de abril pagamos mais um tributo pelas vitórias conquistadas: o 2º Tenente-Aviador Marcos Coelho de Magalhães teve que saltar de paraquedas sobre território inimigo; quebrou os dois tornozelos e foi aprisionado.

No dia 26 de abril faleceu o 1º Tenente- Aviador Luís Dornelles, comandando a Esquadrilha que fora do Capitão Kopp, abatido a 7 de março; o Tenente Dornelles foi atingido pela artilharia antiaérea quando atacava uma locomotiva na cidade de Alessandra; não teve chance de saltar de paraquedas.

No dia 30 de abril, o 2º Tenente-Aviador Renato Goulart Pereira foi atingido pela Artilharia Antiaérea e saltou de paraquedas, sendo recolhido por uma patrulha de soldados ingleses.

A 30 de abril cessou a resistência alemã no vale do Pó; a 2 de maio cessou a guerra na Itália.


Placa alusiva ao uso do aeroporto de Tarquínia como base de operações do 1º Grupo de Caça.

O resultado impressionante da ação do Grupo de Caça Brasileiro, no último mês da guerra, pode ser avaliado pelo seguinte trecho do relatório oficial do 350º Regimento de Caça: “Durante o período de 6 a 29 de abril de 1945, o Grupo de Caça Brasileiro voou 5% das saídas executadas pelo XXII Comando Aerotático e no entanto, dos resultados obtidos por este Comando, foram oficialmente atribuídos aos brasileiros 15% dos veículos destruídos, 28% das pontes destruídas, 36% dos depósitos de combustível danificados e 85% dos depósitos de munição danificados.”

As estatísticas mostraram que, só nos quatro primeiros meses de 1945, os aviões do Grupo de Caça Brasileiro fizeram 1728 saídas e foram atingidos pela artilharia antiaérea 103 vezes; na maioria das vezes os aviões, mesmo atingidos, conseguiam regressar à sua base, e nisso o avião P-47 “Thunderbolt” ficou famoso, pela sua extrema robustez e capacidade de trazer os pilotos de volta, mesmo quando avariado.

Entre os 48 pilotos do Grupo de Caça Brasileiro que realizaram missões de guerra houve um total de 22 baixas, sendo que cinco foram mortos abatidos pela artilharia antiaérea, oito tiveram os seus aviões abatidos e saltaram de paraquedas, sobre território inimigo, seis foram afastados do voo por prescrição médica, após esgotamento físico e três faleceram em acidentes de aviação.

Os restos mortais dos bravos aviadores brasileiros mortos na Itália foram enterrados no Cemitério Brasileiro de Pistoia; posteriormente foram transferidos para o Brasil e atualmente se encontram na cripta do Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, na Avenida Beira Mar, no Rio de Janeiro.

A pequena Esquadrilha de Ligação e Observação que, com pilotos e mecânicos da FAB, trabalhou junto à Artilharia Divisionária da FEB, também se portou com eficiência e bravura na Itália, realizando 682 missões de guerra e mais de 400 regulações de tiro de artilharia.

Já nos últimos dias da “Ofensiva da Primavera”, o Marechal Mascarenhas de Moraes publicou em Ordem do Dia uma referência elogiosa ao trabalho da 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação da qual constam as seguintes palavras: “Dizer do seu trabalho nesta Campanha é cantar um hino ao destemor e à noção de dever dos aviadores e artilheiros que a constituem. Não houve mau tempo, não houve neve, tão pouco acidentes e pistas impróprias, que arrefecessem o ânimo e a disposição dos seus componentes.”

Terminada a guerra na Itália, o 1º Grupo de Caça ainda lá permaneceu dois meses, aguardando transporte marítimo para o regresso. O Embaixador do Brasil na Itália, Dr. Maurício Nabuco, no ofício em que comunicava o regresso do Grupo de Caça Brasileiro, disse:

“Partiu há pouco, depois de quase um ano de luta na Europa, o Grupo de Caça da Força Aérea Brasileira. Confesso a Vossa Excelência que não é sem emoção que recordo as atividades heróicas desse pequeno grupo de brasileiro que, sob o brilhante comando do Tenente-Coronel Moura, integrados na imensa organização aérea do setor da Itália, lutaram num ambiente estranho e difícil.
Essa gente moça, que pela primeira vez na história do Brasil deixou sua terra para vir combater nos céus diferentes da Europa, e que durante bastante tempo, como Vossa Excelência sabe, teve que substituir o número pelo esforço maior de cada um, e pelo aumento individual de suas missões, merece louvor de todos os brasileiros.

Eu que vi de perto rapazes de vinte anos partindo para a morte com a maestria, a resistência e a coragem de homens afeitos às guerras modernas, posso dizer que um País que conta com gente de tal fibra nada tem a temer das adversidades do futuro. Todos nós, depois desta experiência, podemos confiar mais do que nunca nas energias físicas do nosso povo, mas sobretudo na força moral desses brasileiros que tão cavalheirescamente se põem ao lado daqueles que defendem ideias nobres.

Os rapazes da Força Aérea Brasileira deixaram na Itália gravado, em número bem modesto, mas com o mesmo vigor de seus heróicos aliados, o nome glorioso do Brasil.”

Essa é a história da atuação da Força Aérea Brasileira na Campanha da Itália. O Grupo de Caça Brasileiro lá executou 445 missões, com um total de 2.546 saídas de aviões e de 5.465 horas de voo em operações de guerra. Lá destruiu 1.304 viaturas motorizadas, 250 vagões de estrada de ferro, 8 carros blindados, 25 pontes de estrada de ferro e de rodagem e 31 depósitos de combustível e de munição.

A Força Aérea Brasileira, na sua primeira experiência de guerra fora do território brasileiro, mandou para a Itália uma unidade aérea, o 1º Grupo de Caça, cujo pessoal correspondeu à mais alta expectativa que se pudesse ter sobre a sua bravura, noção de cumprimento do dever, espírito de sacrifício e valor profissional.

Indubitavelmente, a atuação do aguerrido Grupo de Caça Brasileiro na Itália é a página mais gloriosa da história da Força Aérea Brasileira, e o brilho imorredouro dos feitos lá praticados servirá, sempre, de estímulo às suas gerações futuras dos bravos combatentes do ar.

Durante a II Guerra Mundial, um pugilo de bravos da Força Aérea Brasileira honrou a promessa que milhões de brasileiros já fizeram:

“Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte.”


MANUEL CAMBESES JÚNIOR, Coronel-Aviador, Vice-Diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

Bibliografia:

WANDERLEY, Nelson Freire Lavanère – História da Força Aérea Brasileira, 2ª Edição, 1975.

INCAER - História Geral da Aeronáutica Brasileira, Volume 3, 1991.

ABRA-PC - Estória Informal da Aviação de Caça, 2003.

MOREIRA LIMA, Rui Barboza - Senta a Pua!

Texto: Extraído de “A participação da Força Aérea Brasileira na II Guerra Mundial” publicado pelo INCAER – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. Autor: coronel-aviador Manuel Cambeses Júnior.

sábado, 15 de setembro de 2018

Cultura Aeronáutica

Alunos visitam a FAB e conhecem aplicação da Física na aviação
A Ala 7, localizada em Boa Vista (RR), recebeu, no dia 29 de agosto de 2018, a visita de alunos da Escola Estadual Ayrton Senna da Silva. Mais de 90 crianças, com idade entre 14 e 17 anos, acompanhadas dos professores, conheceram a atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) no país, equipamentos militares e tiveram explicações sobre a aplicação de conceitos da física na aviação. Ao chegarem, os alunos tiveram uma palestra sobre o papel que a FAB desempenha nos 22 milhões de quilômetros quadrados, bem como sua atuação na Amazônia, por meio da Ala 7, e as formas de ingresso na Instituição.

Física
Em seguida, visando atender ao projeto "Ensino de Física" da escola, os alunos tiveram uma aula de campo com pilotos do Esquadrão Escorpião (1º/3º GAV) que demonstraram, na prática, conceitos de física, como atuação de forças, energia, aerodinâmica e termodinâmica. Eles visitaram as aeronaves A-29 Super Tucano e seu simulador, a aeronave C-98 Caravan e conheceram o funcionamento do motor que equipa as aeronaves da Unidade. Para o professor de física que idealizou e coordena o projeto, José Dilson da Silva Teixeira, a contribuição das instituições para demonstrar a aplicabilidade da física no cotidiano é fundamental haja vista as dificuldades de compreensão e assimilação por parte dos estudantes em sala de aula. "A visão prática dos conceitos tornam o ensino muito mais dinâmico, reatando a importância e empenho dos alunos perante os estudos e promovendo a interação entre as ciências e tecnologias futuras", avaliou o professor. Para a aluna Adryelly Lopes, de 16 anos, a visita pôde mostrar a importância dos ensinamentos dos professores em sala de aula. "Hoje, com certeza, saio com uma visão diferente do conteúdo que aprendi em sala de aula e muito mais motivada para aprender", destacou.

Fonte: FAB

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

11º Campeonato Latinoamericano de Paraquedismo de Precisão

Paraquedistas de 8 países fazem salto de precisão, em São José dos Campos (SP)
 

Paraquedistas de oito países estão em São José dos Campos (SP), até dia 16 de setembro de 2018, disputando o 11º Campeonato Latinoamericano de Paraquedismo, na modalidade de Precisão. É o maior evento ocorrido em todos os tempos, em número de participantes, segundo Michel Marconi, da Confederação Brasileira de Paraquedismo. O certame reúne 150 pessoas, sendo 90 atletas e mais 60 ligadas à organização, apoio e arbitragem.

Participam equipes do Brasil, Argentina, Cuba, Chile, Uruguai, Paraguai e Perú, além de um paraquedista visitante da Bulgária.

Juntamente com a competição entre países, ocorre a Copa da Amizade, na qual disputam outras equipes, além dos times do certame latinoamericano. 

Seleção brasileira
A seleção brasileira de paraquedismo de precisão é composta por três atletas da Força Aérea e dois do Exército. Na Copa da Amizade, pelo Brasil, competem as equipes Falcões, da FAB, Cometas, do Exército, e um grupo civil. As competições são promovidas pela Confederação Brasileira de Paraquedismo, com organização do Comitê de Paraquedismo Clássico, e têm o apoio do DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, da fabricante brasileira de paraquedas Vertical do Ponto e outras marcas relacionadas ao esporte. 

Esporte olímpico 

Há um esforço para que a competição de paraquedismo de precisão possa fazer parte dos Jogos Olímpicos, haja vista que o ponto de chegada pode contemplar público em seu entorno. Com limite de vento de até 7 metros por segundo, os cinco atletas de cada equipe abandonam a aeronave a 1.200 metros de altura e navegam de forma a chegarem num colchão circular como alvo.

De modo que a melhor marca, chamada de mosca, do tamanho de uma moeda de um real, seja buscada. Toda vez que um saltador atinge a mosca, disposta numa placa eletrônica, um dispositivo é acionado e um sinal sonoro se faz ouvir. Os outros desempenhos são avaliados por árbitros. 

Fábrica de paraquedas
Entre as empresas apoiadoras do Latinoamericano de Precisão está a Vertical do Ponto, sediada em Deodoro, no Rio de Janeiro. O empreendimento de José Carlos Leocádio emprega 165 pessoas, produzindo, há cinco anos, paraquedas esportivos, nas versões aluno, transição e avançado. É a única empresa brasileira a produzir equipamentos para salto e, há 28 anos, fornece paraquedas especiais para as três forças armadas, tanto os de tripulantes de aeronaves, quanto os operacionais, como o T-10 e o dirigível MC1-C, além dos de carga G11, G12, G13 e G14, para lançamento de veículos e equipamentos pesados.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Espaço

FAB disponibilizará imagens satelitais para órgãos governamentais
O Projeto Básico de Serviços de Sensoriamento Remoto do Comando de Oprrações Espaciais (COMAE) prevê a disponibilização de meios orbitais para sensoriamento remoto por satélite e de acesso a imagens, novas e pré-existentes em catálogo, com direito de uso e distribuição na esfera governamental. Em 2018, haverá um acordo de cooperação para o repasse das imagens, sem custos para os órgãos, e para os próximos anos, será realizado Termo de Execução Descentralizada. A Casa Civil da Presidência da República oficializou, em 2016, a necessidade de contratação de satélite para atender demandas de órgãos federais, no que se refere ao fornecimento de imagens. Considerando a expertise da Força Aérea Brasileira (FAB) neste campo de conhecimento, ficou a cargo da FAB a contratação do serviço de sensoriamento remoto por satélite e o repasse das imagens.

Fonte: FAB

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Helibras

Helibras amplia oficina de Conjuntos Dinâmicos
A fabricante brasileira de helicópteros Helibras ampliou a oficina de Conjuntos Dinâmicos, em Itajubá (MG), e aumenta competitividade. A mudança reduzirá em mais de 85% os processos logísticos. O espaço agora conta com 860 m² de área produtiva, um aumento comparado ao espaço anterior: 490 m². A área industrial otimizada é exclusiva para atividades de Manutenção, Reparos e Operações (MRO). O objetivo da nova organização foi reduzir o ciclo dos serviços e custos operacionais, aumentar o desempenho da oficina e também a satisfação do cliente. Para este projeto, a empresa focou na criação de um layout, no qual o fluxo produtivo seja mais claro e definido, separando os espaços conforme as fases do processo de trabalho. Todos os procedimentos relacionados a MRO de Conjuntos Dinâmicos estão agora em um mesmo local, diminuindo em mais de 85% a movimentação de componentes dentro da empresa.

Impactos ambientais
Com a padronização, oportunidades de melhoria foram detectadas para alinhamento com as melhores práticas do mercado no mundo. A área implementou processos ainda mais modernos visando também a redução dos impactos ambientais. Entre as novidades, destaca-se o processo de decapagem mecânica, os equipamentos para limpeza de componentes, nova cabine de pintura e sistema digital para acompanhamento de processo.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

RPA

40% dos drones atuam na agricultura
Praticamente desconhecidos até meados de 2010, os drones, Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA), vêm aumentando sua presença em diversas atividades, com destaque para o avanço expressivo de seu uso nas fazendas. O ritmo de crescimento desse mercado no país tem surpreendido até mesmo os fabricantes dos equipamentos. Há estimativas de que o Brasil se tornará, em dois anos, o terceiro maior mercado mundial de drones na agricultura. A previsão é da americana MicaSense, empresa líder no mercado mundia Segundo a empresa, o Brasil ocupa a décima colocação no mercado mundial de drones com aplicação na agricultura. Os primeiros colocados hoje são Estados Unidos, Europa, Canadá e Argentina. A projeção de crescimento do mercado de drones no Brasil se baseia em estudos dos analistas da empresa e no potencial da produção agrícola brasileira. “Nosso foco total está no mercado agrícola. Desde 2013, com o forte avanço tecnológico dos drones no Brasil, nossas vendas têm crescido 30% ao ano”, afirma Tadeu Barboza, representante da companhia.

Agronegócio

Desde que foram definidas as regras para utilização dos drones (há um ano, em maio de 2017), cerca de 40% das aeronaves não tripuladas estariam dedicadas a aplicações no agronegócio, segundo estimativas dos organizadores da feira DroneShow, realizada em meados de maio, em São Paulo. A participação é superior ao resto do mundo, que tem um percentual de 25%, segundo dados da empresa de auditoria PwC. Além do agronegócio, outras atividades que vêm se utilizando da nova tecnologia são empresas de inspeção de obras, segurança, filmagens e fotografias profissionais, monitoramento e mapeamento, entre outras. Uma das líderes na fabricação de drones no país, a XMobots tem cerca de 80% de suas vendas concentradas nos serviços de agricultura de precisão, que utilizam tecnologia para melhorar a produtividade no campo. “Está crescendo demais essa demanda”, diz Thatiana Miloso, diretora da empresa.

Texto: Denise Brito, revista Globo Rural

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

FAB TV

Veja como é o treinamento da Esquadrilha da Fumaça
Veja no programa FAB TV - vídeo produzido pela Força Aérea -os bastidores do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), mais conhecido como Esquadrilha da Fumaça. Um repórter voou junto com a Esquadrilha para mostrar a sensação de estar, durante cerca de 35 minutos, realizando diversas manobras nos céus. A produção traz, ainda, as informações sobre as inscrições para o concurso da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) e para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

domingo, 9 de setembro de 2018

Especial de Domingo

A atuação da FAB na II Guerra Mundial (Parte 3)
No capítulo 1, no dia 26/08/18, o autor apresentava a criação do Ministério da Aeronáutica e a chegada das primeiras aeronaves de treinamento para o Brasil e a formação das primeiras turmas de aviadores e especialistas em manutenção e apoio. No capítulo anterior, publicado aqui em 2/09/18 Cambeses Júnior relatava os primeiros embates da FAB contra submarinos alemães na costa brasileira. Nesta terceira parte, é relatada a chegada dos heróis brasileiros à Itália e seus primeiros combates contra as tropas de Hitler.
Boa leitura.
Bom domingo!

A FAB na campanha da Itália

Quando, em fins de 1943, o nosso Governo decidiu enviar forças brasileiras para a Campanha da Itália, o Ministro da Aeronáutica logo resolveu que, por mais empenhada que estivesse a Força Aérea Brasileira no seu laborioso processo de desenvolvimento e organização e por maiores que fossem os seus compromissos nas operações aéreas do Atlântico Sul, ela não poderia deixar de mandar um contingente para a luta na Europa, ao lado da Força Expedicionária Brasileira.

Foi decidido que, inicialmente, seria organizado e treinado um Grupo de Caça; que, assim que as disponibilidades de pessoal permitissem, outras Unidades de Combate seriam enviadas para o Mediterrâneo. De fato, quando cessaram as hostilidades na Europa, já se achava nos Estados Unidos, em treinamento, o pessoal- chave de um Grupo de Bombardeio Médio Brasileiro.

Ficou acertado que a Força Aérea Brasileira forneceria à Força Expedicionária do Exército o pessoal necessário para a organização da Esquadrilha de Ligação e Observação, prevista na Artilharia Divisionária, com exceção dos Observadores Aéreos que seriam Oficiais do Exército, da Arma de Artilharia.

Uma vez tomada a decisão de enviar uma Unidade Aérea de Caça para o Mediterrâneo, as providências se sucederam com rapidez.

A 18 de dezembro de 1943, o Governo criou o 1º Grupo de Aviação de Caça; por decreto de 27 de dezembro foi nomeado o seu comandante, o Major-Aviador Nero Moura; a 3 de janeiro de 1944 partiu do Brasil, para ser treinado nos Estados Unidos, o pessoal-chave do Grupo de Caça constante do Comandante, do Oficial de Operações, do Oficial de Informações e de quatro Comandantes de Esquadrilhas; esses oficiais, de janeiro a março, receberam um treinamento completo abrangendo 60 horas de voo em aviões de caça Curtiss P-40.

Durante o mês de fevereiro de 1944, os demais elementos do Grupo de Caça, num total aproximado de 350 homens, foram enviados, parceladamente, para a Base Aérea de Água Dulce, no Panamá. O pessoal-chave desse grupo, terminado o treinamento na Flórida, juntou-se ao resto do Grupo de Caça, no Panamá, em 18 de março de 1944.

Foi, então, iniciado um treinamento em conjunto da unidade aérea, com um programa de 110 horas de voo em aviação de caça P-40 para os demais oficiais pilotos vindos do Brasil e com programas correspondentes para o pessoal encarregado da manutenção dos aviões, do armamento, das comunicações e de todos os demais serviços administrativos.

O Grupo de Caça Brasileiro, durante as últimas semanas do seu treinamento em Água Dulce, participou ativamente da defesa aérea do Canal do Panamá, já como uma unidade tática completa, mantendo de prontidão, todos os dias, uma das suas esquadrilhas.

Em fins de junho de 1944, o 1º Grupo de Caça se deslocou para a Base Aérea de Suffolk, em Long Island, ao norte de Nova York, onde passou pouco mais de dois meses realizando novo programa de treinamento, já agora nos aviões de caça mais modernos da Força Aérea Norte- Americana: Os P-47 “Thunderbolt”; esse era o tipo de avião com que os nossos pilotos iriam lutar na Itália; cada oficial realizou 80 horas de voo de treinamento e o pessoal de terra adaptou-se ao novo material.

Terminado o estágio de instrução em avião P-47, o Grupo de Caça Brasileiro estava em igualdade de condições, em matéria de treinamento, com qualquer outra unidade congênere da aviação norte-americana; além disto, pelo menos um terço dos pilotos brasileiros eram oficiais com mais de 2.000 horas de voo; acresce, ainda, que todos os oficiais do Grupo de Caça tinham se apresentado voluntariamente para combater nos céus europeus, o que era garantia de um moral elevado dos pilotos, mais tarde fartamente posto à prova em face do inimigo.

Desta maneira, quando o Grupo de Caça Brasileiro deixou o hemisfério ocidental, com destino à velha Europa, o seu comandante e os demais responsáveis pelo seu treinamento tinham consciência de que tinha sido dado àquele grupo de brasileiros, que ia enfrentar um inimigo experimentado, um adestramento tão aperfeiçoado como aquele que, até então, era privilégio das forças aéreas das grandes potências mundiais.No dia 10 de setembro de 1944, o Grupo de Caça Brasileiro embarcou, próximo a Newsport, no Estado da Virgínia, no navio francês “Colombie” que se incorporou a um dos comboios que atravessavam o Atlântico Norte, com destino ao Mediterrâneo.

A 6 de outubro de 1944, o Grupo de Caça desembarcou no Teatro de Operações, no porto de Livorno, na costa ocidental da Itália; daí viajou, de trem, para Tarquínia, seu primeiro aeródromo de destino; ali armou as suas barracas e passou a viver e operar acampado; receberam os seus aviões P-47 “Thunderbolt”, completamente novos e já pintados com as cores brasileiras, incorporando-se ao 350º Regimento de Caça Norte-Americano, que possuía três outros Grupos de Caça com pessoal norte-americano; ali realizaram os primeiros voos de experiência de seus aviões e de reconhecimento da região.

O 350º Regimento de Caça fazia parte da Força Aérea Tática do Mediterrâneo, a qual apoiava o 5º Exército Norte-Americano e o 8º Exército Inglês.

No dia 14 de outubro de 1944, pela primeira vez, tremulou a bandeira de uma unidade da Força Aérea Brasileira em território inimigo, durante uma guerra; nesse dia, a Bandeira Brasileira foi içada no acampamento do 1º Grupo de Caça, em Tarquínia, na Itália, com uma cerimônia solene; a Ordem do Dia dessa data registra: “Na história dos povos coube-nos, assim, a honra de sermos a primeira Força Aérea Sul-Americana que cruzou oceanos e veio alçar as suas asas sobre os campos de batalha europeus. Antes de entrar em ação, aqui no Velho Mundo, o 1º Grupo de Caça cumpre o sagrado dever de plantar em território inimigo a Bandeira do Brasil. Camaradas: para a frente, para a ação, com o pensamento fixo na imagem da Pátria, cuja honra e integridade juramos manter incólumes. Cumpre-nos tudo enfrentar, com fortaleza de ânimo, a fim de manter intacto esse tesouro jamais violado: a honra do soldado brasileiro! E nós o faremos, custe o que custar.”

A 31 de outubro de 1944 os pilotos brasileiros começaram a tomar parte nas missões de guerra, voando nos seus próprios aviões, mas integrando esquadrilhas norte-americanas, a fim de se familiarizarem com as realidades da guerra.

A 6 de novembro tivemos a nossa primeira perda em combate: o 2º Tenente- Aviador Cordeiro e Silva, participando de uma missão de guerra, foi abatido pela artilharia antiaérea, na região de Bolonha.

A 11 de novembro, o Grupo de Caça começou a operar com esquadrilhas completamente constituídas por oficiais brasileiros e recebendo os seus próprios objetivos a serem atacados.

Um mês depois, a 4 de dezembro de 1944, juntamente com o 350º Regimento de Caça, sem interromper as operações aéreas um dia sequer, o 1º Grupo de Caça deslocou-se para uma nova base: o aeródromo de Pisa, que ficava 200 quilômetros mais ao norte e bem próximo da linha de frente, permitindo aproveitar melhor o raio de ação dos aviões. Logo ao norte da cidade de Pisa começavam as cadeias de montanhas dos Apeninos, naquela época já cobertas de neve; um inverno rigoroso impunha sacrifícios acrescidos aos pilotos e ao pessoal de terra.

O Grupo de Caça Brasileiro operou, durante a Campanha da Itália, como uma unidade de caças-bombardeiros. Realizando o bombardeio em voo picado, eram atacadas pontes de estradas de ferro e o seu próprio leito, campos de aviação, posições de artilharia, edifícios ocupados por tropas inimigas, concentrações de material e de tropa, depósitos de munição e de gasolina, etc.

Após o ataque com bombas aos objetivos predeterminados, os pilotos tinham ordem de regressar voando baixo, procurando atacar com as metralhadoras dos seus aviões os veículos encontrados nas estradas de rodagem, locomotivas, vagões de estrada de ferro, aviões aterrados nos aeródromos, etc.
Os objetivos atribuídos ao Grupo de Caça Brasileiro e às demais Unidades de Caça faziam parte de um Plano de Bombardeio com o qual o Comando da Força Aerotática visava, principalmente três finalidades:

1ª - apoio direto às Forças Terrestres;

2ª - isolamento do campo de batalha, pela interrupção sistemática das vias de comunicações, ferroviárias e rodoviárias, que ligavam a linha de frente alemã ao vale do rio Pó e ao resto do território ocupado pelos alemães; e

3ª - destruição de instalações militares e industriais no norte da Itália.

Foi durante os duros meses do inverno 1944/45 que o Grupo de Caça Brasileiro consolidou, rapidamente, a sua experiência de guerra, a qual nenhum treinamento anterior poderia substituir.

A respeito disso pode ser citado o relatório do comandante do 350º Regimento de Caça, unidade veterana que já tinha passado por todas as campanhas do Norte da África, da Sicília e da Itália e que assim se pronunciou: “Todos os do 350º Regimento de Caça que auxiliaram os brasileiros a se iniciarem na guerra o fizeram com prazer, porque os brasileiros desejavam combater o inimigo e combatê-lo com perícia. Um mês depois eles operavam como veteranos. Eles tinham muito poucos pilotos de recompletamento, comparando com os nossos Esquadrões mas, apesar disso, sua coragem e energia eram indômitas.”

Numa rara ocasião, o Grupo de Caça Brasileiro teve oportunidade de apoiar diretamente a Força Expedicionária Brasileira; na véspera da conquista do Monte Castelo pela FEB, a 20 de fevereiro de 1945, o ataque de esquadrilhas brasileiras tinha eliminado a resistência inimiga numa elevação no flanco da tropa brasileira; o Marechal Mascarenhas de Moraes ao se referir a esse fato, no seu livro “A FEB pelo seu Comandante”, disse: “Aviões da FAB haviam arrasado a resistência germânica de Mazzancana, numa arrojada participação no combate terrestre e num exemplo inesquecível de união dos expedicionários do ar e da terra.”

(A saga da FAB na II Grande Guerra termina na postagem do próximo domingo, aqui no blog do Núcleo Infantojuvenil de Aviação-NINJA)

Texto: Extraído de “A participação da Força Aérea Brasileira na II Guerra Mundial” publicado pelo INCAER – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. Autor: coronel-aviador Manuel Cambeses Júnior.

Visite: www.incaer.aer.mil.br

sábado, 8 de setembro de 2018

Aviação Naval

Marinha recebe caça AF-1 modernizado
No dia 23 de agosto de 2018, Dia da Aviação Naval, foi finalizada a fase de aceitação da aeronave modernizada AF-1B N-1008, encerrando mais uma etapa do contrato de modernização dos AF-1B/C. Em 29 de agosto, a aeronave foi transferida ao setor operativo, aumentando a capacidade de inteligência e defesa aérea da Força Naval e possibilitando a demonstração de incremento da Base Industrial de Defesa, por meio da empresa Embraer Defesa e Segurança. A empresa desenvolveu tecnologia nacional para integração de sistemas embarcados para combate e criou integralmente o software embarcado de missão das aeronaves modernizadas (Operational Flight Program), o que permite maior independência nacional.

Pintura especial
O AF-1B N-1008 modernizado poderá ser utilizado em operações de inteligência, uma vez que apresentou evolução no quesito furtividade, por receber pintura que reduz a identificação visual. Todas as aeronaves modernizadas receberam o radar israelense EL/M 2032, que possui os seguintes modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação, e tem como principal tarefa detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de fornecer medida de distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armas. O radar, no sub-modo TWS (Tracking While Scan), possui capacidade de localizar e rastrear automaticamente 64 alvos, simultaneamente, marítimos ou terrestres. No modo SAR (Abertura Sintética), é possível fazer o mapeamento terrestre em operações de esclarecimento (reconhecimento).

Apoio à Força Naval
Com a incorporação do Porta Helicópteros Multipropósito (PHM) “Atlântico” e seu Radar 3D 997, será possível realizar o vetoramento das aeronaves decolando a partir de terra, para conduzir operações de guerra naval em apoio à Força Naval. Será igualmente possível realizar ações de defesa aeroespacial, ativa e passiva, da Força Naval ou de Fuzileiros Navais, garantindo um nível de proteção e ações em oposição à ameaça aérea inimiga. Ao verificar a obsolescência dos sistemas de combate das suas aeronaves de asa fixa e objetivando fomentar a indústria nacional, a Marinha celebrou em 2009, contrato exclusivo com a Embraer Defesa e Segurança, escolhida para ser a Primer Contractor para a modernização de suas aeronaves de asa fixa. Desde de então, a Embraer iniciou projetos mediante requisitos diferentes daquelas aeronaves que operam apenas a partir de terra. O projeto de modernização objetivou atender a requisitos de um avião que operasse com capacidade de alinhamento do sistema inercial sob plataforma móvel e que precisasse operar em ambiente com alta emissividade eletromagnética. Estas características são um marco no contrato que elevam o know how em projetos, tanto para a Marinha do Brasil quanto para a Embraer.

Fonte: Marinha do Brasil

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Dia da Pátria

Desfile aéreo marcará o 7 de Setembro em Brasília
A Força Aérea Brasileira (FAB) participará do Desfile da Independência, em Brasília (DF), com atrações no céu e no solo. O evento será realizado amanhã, sexta-feira, 07 de setembro de 2018, na Esplanada dos Ministérios, a partir de 9 horas. O desfile terrestre será composto pela Banda de Música da Ala 1 e por mais seis grupamentos, entre eles, o Grupo de Comando da Tropa da FAB, composto pelo Estado-Maior, Guarda-Bandeira e Bandeiras Históricas do Brasil; o Grupamento de Aeronavegantes, representando as Unidades Aéreas localizadas nas mais diversas regiões do país; e o Grupamento Feminino, com mulheres oficiais e graduadas que, há mais de 30 anos, fazem parte das fileiras da Força Aérea.

Nos céus
Já nos céus de Brasília serão vistas aeronaves que atuam nas tarefas de defesa do espaço aéreo brasileiro e de integração nacional. O público poderá conferir a passagem do KC-390, aeronave multimissão; do caça F-5, utilizado para defesa aérea do país; do A-29 Super Tucano, aeronave de caça leve que atua no combate ao narcotráfico; além do T-27 Tucano, do VC-2 e do E-99. Após o fim do desfile terrestre, a Esquadrilha da Fumaça fará uma demonstração ao público.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Carreiras na Aviação

O ingresso de mulheres na Força Aérea
Embora o alistamento no Serviço Militar seja obrigatório apenas para os homens, as mulheres também podem ingressar na Força Aérea Brasileira ou nas demais Forças Armadas. O processo ocorre de forma voluntária e elas têm a opção de servir como militares de carreira ou temporárias. Para aquelas que desejam entrar de forma definitiva, é preciso prestar concurso público. As escolas de formação também podem ser a porta de entrada para quem deseja atuar na Força Aérea. Elas realizam concursos públicos todos os anos para renovar o quadro efetivo e reservam vagas para homens e mulheres, com diferentes níveis de escolaridade. As interessadas devem acompanhar os editais nos sites oficias.

Temporárias
Outra alternativa é participar dos processos de seleção para trabalho temporário de oficiais e sargentos. Nesses casos, o contrato pode durar até oito anos. Após ingressarem no serviço militar, as mulheres desempenham cargos nas mesmas condições dos militares do sexo masculino, recebem a mesma instrução básica e concorrem às promoções em condições de igualdade.

Números
De acordo com dados de 2017, divulgados pelo Ministério da Defesa, as Forças Armadas têm 28 mil mulheres. A Aeronáutica é a campeã de participação feminina, com 10,8 mil mulheres na corporação. Em seguida está o Exército, com 9,1 mil mulheres, e a Marinha, com 8,1 mil.

Fonte: Adaptado do original no Portal Brasil

Saiba mais: www.fab.mil.br

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Transporte Aéreo

Azul volta a voar entre São José dos Campos e Rio
A Azul Linhas Aéreas voltou, ontem, 03 de setembro de 2018, a operar no aeroporto de São José dos Campos (SP), ligando a cidade ao Rio de Janeiro, com o bimotor ATR 600, para 70 passageiros. A volta da operação de uma linha aérea regular ocorre depois de dois anos sem voos domésticos no aeroporto joseense. Segundo a Azul, foi criada uma tarifa promocional da passagem para o período inicial das operações, que será a partir de R$ 100. No aeroporto Santos Dumont, os passageiros poderão fazer conexões para outras cidades, como Vitória (ES), Belo Horizonte, Confins (MG), Campos dos Goytacazes (RJ), Ribeirão Preto (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Goiânia (GO).

Horários
Segunda, terça e quarta-feira:
Rio - São José, partida às 8h05 e chegada às 9h15;
São José - Rio, partida às 9h45 e chegada às 10h50.

Quinta e Sexta-feira:
Rio - São José, partida às 17h40 e chegada às 18h50;
São José -Rio, partida às 19h20 e chegada às 20h25

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Transporte Aéreo

Mercado de passageiros no Brasil é o sexto maior
O mercado de passageiros de voos domésticos brasileiro é o sexto maior do mundo, transportando 91,9 milhões de passageiros em 2017. O setor aéreo contribuiu com R$ 124,2 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado. Além disso, é responsável por 1,5 milhão de empregos no Brasil, sendo 65 mil diretos. Esses são alguns dados incluídos no Panorama 2017, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Para 2018, a expectativa é de crescimento de 4% em voos domésticos e 6,3% em voos internacionais. Ï No ano de 2017, o setor registrou aumento de 3,2% na demanda doméstica, o que superou a expectativa inicial, que era de 1,7%. O aproveitamento dos voos foi de 81,5%. Outro movimento identificado foi a expansão da demanda internacional, com elevação de 12,6%, bem acima dos esperado. Assim, as empresas expandiram 9,8% a oferta no segmento de voos internacionais. Em relação a força de trabalho, as empresas ligadas a Abear somaram 54.284 funcionários e um total de 439 aeronaves, sendo que a frota tem idade média de 7,4 anos, mais jovem do que as principais companhias dos Estados Unidos e da Europa, de acordo com a ABEAR. As empresas contabilizaram lucro líquido de R$ 412 milhões, representando o melhor resultado nos últimos sete anos. Uma das justificativas foi o recuo do valor do dólar em relação ao real, no ano passado, e a eficiência operacional.

domingo, 2 de setembro de 2018

Especial de Domingo

Em 4 domingos, reproduziremos a íntegra de “A participação da Força Aérea Brasileira na II Guerra Mundial” originalmente publicado pelo INCAER – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, de autoria do coronel-aviador Manuel Cambeses Júnior.
Boa leitura.
Bom domingo!

A atuação da FAB na II Guerra Mundial (Parte 2)


No capítulo anterior, publicado em 26/08/18, o autor apresentava a criação do Ministério da Aeronáutica, a chegada das primeiras aeronaves de treinamento para o Brasil e a formação das primeiras turmas de aviadores e especialistas em manutenção e apoio. No capítulo de hoje, Cambeses Júnior relata os primeiros embates da FAB contra submarinos alemães na costa brasileira:

A Proteção Aérea à Navegação Marítima
Desde o início da II Guerra Mundial, as nações do continente americano perceberam que a grande conflagração iria, mais cedo ou mais tarde, afetá-las. Em outubro de 1939, os representantes das nações americanas se reuniram, na cidade de Panamá, para concertarem medidas tendo em vista a preservação dos seus interesses em face do conflito mundial.Nessa ocasião foi fixado o limite de 300 milhas marítimas, em torno do continente americano, como Zona de Segurança, dentro da qual as nações americanas desejavam manter a sua neutralidade. A guerra submarina, iniciada no Atlântico Norte, iria, progressivamente, aproximar-se do litoral brasileiro. Nos anos de 1939 e 1940 não houve torpedeamento de navios próximo ao nosso litoral. No ano de 1941, ocorreram três torpedeamentos de navios de nacionalidade estrangeira, a mais de 400 quilômetros da costa brasileira.

Depois do ataque a Pearl Harbour e da entrada dos Estados Unidos na guerra, em dezembro de 1941, o panorama geral da campanha submarina no Oceano Atlântico mudou completamente; a maioria dos torpedeamentos e afundamentos de navios mercantes passou a se verificar nas águas territoriais dos Estados Unidos, ao longo da sua costa oriental e no mar das Caraíbas. A 28 de janeiro de 1942, na sessão de encerramento da III Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, no Rio de Janeiro, o Ministro Oswaldo Aranha participou o rompimento das relações diplomáticas do Brasil com as potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. No mês seguinte começaram os torpedeamentos de navios mercantes brasileiros: o “Cabedello”, nas costas dos Estados Unidos, em 14 de fevereiro de 1942; o “Buarque”, próximo a Curaçao, dois dias depois; o “Olinda”, próxima à ilha de Santa Lúcia, nas Antilhas, em 18 de fevereiro; o “Arabutã”, na costa da Carolina do Norte, em 7 de março; o “Cairu”; entre Norfolk e Nova York, em 9 de março e o “Paraíba”, a leste da ilha de Trinidad, em 1 de maio, tudo no ano de 1942. O sétimo torpedeamento de navio brasileiro foi próximo ao território nacional, a NE do arquipélago de Fernando de Noronha, a 18 de maio de 1942; foi o do navio mercante “Comandante Lyra” que, apesar de danificado, ainda foi rebocado para o porto de Recife, pelo “Tender” de hidroaviões norte-americano “Trush”.

A guerra submarina, ao mesmo tempo que atingia os navios mercantes brasileiros, aproximava-se do nosso litoral, tornando mais urgente a atuação da Força Aérea Brasileira e mais graves as suas responsabilidades. Os torpedeamentos dos navios mercantes brasileiros continuaram se sucedendo, como o do “Gonçalves Dias”, ao sul do Haiti, em 24 de maio de 1942, o do “Alegrete”, ao sul da ilha de Santa Lúcia, em 7 de junho, o do “Pedrinhas”, próximo a Porto Rico, em 26 de junho, o do “Tamandaré”, a leste de Port of Spain, em 26 de julho, e o do “Barbacena” e do petroleiro “Piave” no mesmo dia, a NE de Port of Spain, em 28 de julho de 1942. Colhida numa situação difícil pela guerra que se aproximava, sem aviões de guerra apropriados para a luta contra os submarinos, a Força Aérea Brasileira lançou-se num esforço intenso, tentando superar as suas dificuldades. Em dezembro de 1941 foi criado o Estado-Maior da Aeronáutica e em janeiro de 1942 foram organizados e instalados os Comandos de Zonas Aéreas, que teriam que dirigir e coordenar as operações da Força Aérea Brasileira ao longo de todo o litoral. Entre esses Comandos, o da 2ª Zona Aérea, abrangendo todo o território do Nordeste brasileiro e o Estado da Bahia, passou a ter uma atuação preponderante.

Em outubro de 1941, a Base Aérea do Recife, recentemente organizada, começou a prestar serviços. Em março de 1942, foi criada a Base Aérea de Natal. Assim que as autoridades norte-americanas puderam ceder à Força Aérea Brasileira alguns aviões de guerra, foi dado início em Fortaleza, em fevereiro de 1942, a um núcleo de adaptação dos oficiais aviadores brasileiros ao material aéreo moderno. Nesse núcleo foram concentrados 12 aviões de caça Curtiss P-36, 2 aviões bimotores de bombardeio Douglas B-18 e 6 aviões bimotores de bombardeio North American B-25.


De acordo com a diretiva existente, como ainda não tinha havido declaração de guerra entre o Brasil e os países do Eixo, o avião só poderia atacar o submarino se fosse por esse hostilizado inicialmente; e assim foi feito. O B-25 brasileiro fez uma passagem sobre o submarino e largou todas as bombas, que caíram próximas ao mesmo; o cerrado fogo antiaéreo que continuava a vir do submarino fez com que o avião, já sem bombas, se afastasse da área. Cinco dias depois, no dia 27 de maio de 1942, houve mais dois ataques a submarinos feitos por aviões B-25 brasileiros do Agrupamento de Aviões de Adaptação, de Fortaleza.

O Alto Comando Alemão orientava a guerra submarina de modo a concentrar os seus ataques nas áreas onde a respectiva defesa ainda não estava devidamente organizada nem dotada de meios suficientes; esse era o caso do litoral brasileiro, durante o ano de 1942. Hitler, numa conferência com o Comandante em Chefe da Esquadra Alemã, realizada no dia 15 de junho de 1942, decidiu desencadear uma ofensiva submarina contra a navegação marítima nas costas do Brasil. Uma flotilha de submarinos, sendo 8 de 500 toneladas e 2 de 700 toneladas, foi despachada, em julho, dos portos da França ocupada; esses submarinos foram reabastecidos, já próximo do Brasil, pelo submarino tanque U-460 indo, em seguida, se postar nos locais de ataque.

Em junho de 1942 foi terminada a instrução do primeiro grupo de oficiais aviadores; os aviões de caça, já com pilotos brasileiros, foram deslocados para Recife, a fim de participar da defesa aérea da área. Em todo litoral brasileiro, principalmente da Bahia para o norte, começaram, desde 1941, os patrulhamentos aéreos, em muitos casos com aviões de instrução. Apesar de os aviões de instrução não poderem atacar os submarinos, o simples fato de estarem vigiando os mares, ao longo das rotas marítimas, restringia de muito a liberdade de ação dos submarinos.

Caso fosse avistado um submarino, podia-se alertar a navegação mercante e fazer convergir para a área aviões de guerra com capacidade de atacá-lo. O primeiro ataque a um submarino, feito por avião da Força Aérea Brasileira, foi realizado no dia 22 de maio de 1942, às 14 horas, entre o arquipélago de Fernando de Noronha e as ilhas Rocas. Um avião B-25 “Mitchel” do Agrupamento de Aviões de Adaptação, de Fortaleza, fazendo um voo de patrulha, na área onde quatro dias antes havia sido torpedeado o “Comandante Lyra”, surpreendeu um submarino inimigo navegando na superfície; vários homens da tripulação do sub- marino, que se achavam no convés, logo correram para as armas antiaéreas e iniciaram o fogo.

Entre 15 e 17 de agosto de 1942, cinco navios mercantes brasileiros foram torpedeados e afundados, com numerosas perdas de vida; a 15 de agosto o “Baependi” foi torpedeado a 20 milhas da foz do rio Real, ao sul de Aracaju, causando a morte de 55 tripulantes do navio e de 215 passageiros, entre os quais achavam-se 124 militares, pertencentes ao 1º Grupo de Artilharia de Dorso que estava sendo transportado para o Nordeste; no mesmo dia, foi torpedeado o “Araraquara” com a morte de 66 tripulantes e 65 passageiros; no dia seguinte, 16 de agosto, o “Aníbal Benévolo” foi afundado a 7 milhas da costa de Sergipe, com 67 tripulantes e 83 passageiros mortos; a 17 de agosto mais dois navios brasileiros foram afundados: o “Itagibe” a 9 milhas da costa da Bahia com 10 tripulantes e 26 passageiros mortos e o “Arará”, a 6 milhas da costa da Bahia, com 20 tripulantes mortos; dois dias depois o “Jacira” foi afundado na costa da Bahia.

O Governo Brasileiro reagindo imediatamente à afronta e à revolta da opinião pública brasileira, declarou guerra à Alemanha e à Itália no dia 22 de agosto de 1942. Ainda sem possuir aviões de patrulha adequados nem as unidades aéreas especializadas para a campanha antissubmarino, a Força Aérea Brasileira, depois da declaração de guerra, intensificou o patrulhamento aéreo com os parcos meios disponíveis. Quatro dias depois da declaração de guerra, um avião brasileiro Vultee V-11, da Base Aérea de Porto Alegre, atacou um submarino a 50 milhas marítimas da costa de Santa Catarina. Durante o segundo semestre de 1942, vieram para o litoral brasileiro diversos Esquadrões da Aviação Naval Norte- Americana, equipados com modernos aviões de patrulha PBY-5 “Catalinas” e A-28 “Hudsons”. Enquanto as unidades aéreas brasileiras não estavam devidamente organizadas e adestradas, esses esquadrões norte-americanos ficaram participando do patrulhamento aéreo, baseados em Belém, São Luís, Fortaleza, Natal e Recife e subordinados ao comando da 4ª Esquadra Norte-Americana que tinha a responsabilidade de coordenar todas as operações da campanha antissubmarino no Atlântico Sul.

A Ofensiva submarina nas costas da América do Sul obrigou a organização dos comboios marítimos, como o melhor meio de defesa. Em outubro de 1942 começou a funcionar o sistema de comboios ao longo do litoral brasileiro. A escolta naval dos comboios entre Trinidad e Recife, era fornecida por navios de guerra norte-americanos; de Recife para o sul a escolta era feita por navios de guerra brasileiros. A proteção aérea dos comboios, ao longo da costa brasileira, era feita por aviões brasileiros e norte-americanos, distribuídos pelas Bases Aéreas existentes no litoral. Esse patrulhamento aéreo representou um grande esforço para a Força Aérea Brasileira. Milhares de horas de voo eram realizadas mensalmente, de dia e de noite, muitas vezes em condições de mau tempo e em áreas distantes centenas de quilômetros do litoral, em busca dos submarinos que muito raramente eram avistados e que ofereciam pouquíssimas oportunidades de ataque.

Nos meses de abril e maio de 1943 houve dois ataques a submarinos feitos por aviões da Força Aérea Brasileira, um ao largo de Aracaju e outro ao largo de Maceió. Durante o ano de 1943 e no princípio de 1944, a Força Aérea Brasileira recebeu, finalmente, aviões adequados para a luta contra os submarinos, fortemente armados e com todo o equipamento disponível da época, inclusive o radar que aumentava, consideravelmente , o rendimento e a eficiência da busca aérea de submarinos; os novos Esquadrões de Patrulha da Força Aérea Brasileira passaram a ser equipados com aviões A-28 Lockheed “Hudson” e PV-1 “Ventura” e aviões Consolidated “Catalina”.


A maior vitória da Força Aérea Brasileira, na luta contra os submarinos inimigos, foi obtida no dia 31 de julho de 1943, quando o afundamento do submarino alemão U-199 ficou plena e indiscutivelmente comprovado com o recolhimento, no local do ataque, de 12 sobreviventes da tripulação entre os quais achava-se o comandante do submarino. Na manhã de 31 de julho, o submarino U-199, ao se aproximar do Rio de Janeiro, caiu numa área fortemente patrulhada por aviões, devido ao início da viagem do comboio marítimo JT-3, que saía do porto do Rio de Janeiro. O submarino foi atacado, inicialmente, às 07:18 hora local, por um avião PBM “Mariner” norte-americano, que o avariou, dificultando sua imersão; o submarino achava-se a 60 milhas ao sul da barra da Baía de Guanabara. Tendo sido acionada a entrada em ação de aviões da Força Aérea Brasileira, acorreram dois aviões pertencentes ao Grupo de Patrulha sediado na Base Aérea do Galeão: um A-28 “Hudson”, que decolou especialmente para o ataque e um PBY “Catalina” que já se achava voando, fazendo uma varredura na rota que iria ser percorrida pelo comboio JT-3. Os dois aviões brasileiros chegaram sobre o submarino com uma diferença de menos de dez minutos, permitindo um ataque coordenado; o “Hudson” a partir das 08:50, hora local, apesar de não ter acertado as bombas no alvo, fez mais duas passagens baixas sobre o submarino, metralhando as tripulações das armas antiaéreas que, do tombadilho, desencadeavam um fogo cerrado. O “Catalina”, pouco antes das 09:00 horas (local), iniciou dois ataques, lançando duas bombas de cada vez entre a primeira e a segunda passagem. O comandante do submarino deu ordem à tripulação para abandonar o navio. Depois do segundo ataque do “Catalina”, às 09:02 horas, o submarino afundou em três segundos, levantando a proa e mergulhando primeiro a popa.

Em outubro de 1943, novo ataque foi feito, por um avião “Catalina” da Força Aérea Brasileira, a um submarino inimigo, ao largo do litoral do Estado do Rio de Janeiro. A partir de abril de 1944 os Esquadrões da Aviação Naval Norte-Americana começaram a ser retirados do litoral brasileiro, sendo enviados para outros Teatros de Operações. No fim de 1944 a Força Aérea Brasileira estava em condições de fazer a proteção aérea da navegação marítima ao longo do litoral brasileiro, operando, com eficiência, os aviões de patrulha mais bem equipados e mais sofisticados existentes na época.

O valor do trabalho realizado pela Força Aérea Brasileira na campanha antissubmarino e na proteção aérea da navegação marítima, durante a II Guerra Mundial, foi testemunhado pelo Almirante Comandante da 4ª Esquadra que, ao término da guerra, enviou mensagem ao Ministro da Aeronáutica do Brasil, na qual constam as seguintes referências: “Os voos frequentes, prolongados e perigosos feitos pela Força Aérea Brasileira exigiram perícia de voo, a máxima cooperação e coragem excepcional. Não há dúvida de que as operações da Força Aérea Brasileira foram da maior importância e um dos fatores decisivos na eliminação do inimigo do Atlântico Sul”.

(A saga da FAB na II Grande Guerra continua em próximas postagens aos domingos, aqui no blog do Núcleo Infantojuvenil de Aviação-NINJA)

Texto: Extraído de “A participação da Força Aérea Brasileira na II Guerra Mundial” publicado pelo INCAER – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

Autor: Coronel-Aviador Manuel Cambeses Júnior.

sábado, 1 de setembro de 2018

Inspeção em Voo

GEIV recebe terceiro avião-laboratório Legacy 500
O Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), sediado no Rio de Janeiro (RJ), recebeu a terceira aeronave-laboratório Legacy 500. O processo de renovação desses tipos de vetores e equipamentos faz parte do Projeto I-X. O contrato contempla a aquisição do jato da Embraer para cumprimento da atividade de inspeção em voo e de radiomonitoragem em todo o território nacional. Prevê ainda a entrega de mais uma aeronave até o final de 2019.

Homologação
Para receber o Embraer Legacy 500, o GEIV formou 24 pilotos e 30 mantenedores, entre mecânicos de voo e operadores de sistema de inspeção em voo. Para os pilotos, a formação consistiu em aulas teóricas e treinamentos em simuladores na Flight Safety International, nos Estados Unidos, além de instruções práticas na própria aeronave, orientadas por profissionais da Embraer. Segundo o Comandante do GEIV, Tenente-Coronel Aviador Mauro Carrinho de Moura, o Legacy 500 traz diversos ganhos operacionais às tripulações. A aeronave amplia a capacidade embarcada e permite que o Brasil realize, com autonomia, a homologação de procedimento de aproximação nos aeroportos, chamado de RNP-AR (do inglês Required Navigation Performance). O procedimento de aproximação faz parte do conceito de Navegação Baseada em Performance (PBN).