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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 30 de junho de 2024

Especial de Domingo

No conteúdo de hoje, originalmente publicado em 25/11/22 no LinkedIn, uma bela reflexão do Professor Maurício Luis Marra.
Boa leitura.
Bom domingo!

O que as pessoas nos ensinam, mesmo tendo cruzado nossos caminhos rapidamente?
Erkki K. K. Bohm - História da Construção Aeronáuticano Brasil - Roberto Pereira de Andrade

Em minha vida, aprendi muito com todos aqueles que passaram pela minha história, cada um com sua importância, e por isso sou muito grato. Mas hoje acordei lembrando de duas pessoas específicas, que conheci entre o final dos anos 80 e início dos anos 90. São duas pequenas histórias.

Jean de La Farge (de Burc) nasceu em 1925, na França. Lá trabalhou com Henri Mignet, projetista e construtor aeronáutico, e inventor de um minúsculo avião chamado “Pou du Ciel” (Piolho ou Pulga do Céu). Em 1942, aos 17 anos, começou a pilotar essas pequenas máquinas sobre o Canal da Mancha, transportando documentos e autoridades, a serviço da Resistência Francesa.

Nos anos 50, migrou para Córdoba, na Argentina, cidade que contava com os melhores engenheiros aeronáuticos argentinos, bem como com alguns alemães e franceses que haviam saído de seus países após a II Guerra Mundial, entre eles Kurt Tank e Emile Dewoitine. Lá funcionava a Instituto Aerotécnico de Córdoba, onde foi desenvolvido, entre outros, o primeiro avião a jato da América Latina.

Em 1989, quando Jean já estava com 62 anos, eu o conheci, cheio de histórias, documentos e fotos desse período narrado acima. Em sua oficina, estava construindo uma versão aprimorada do “Pulga”. Veio a falecer em 2009, ainda respeitadíssimo na comunidade aeronáutica da cidade e do país.

Nossa segunda história fala de outra figura ligada à aviação, Marc William Niess, engenheiro pela Escola Politécnica, ingressou em 1941 na Companhia Aeronáutica Paulista(CAP), onde participou dos projetos do “Paulistinha” e do “Planalto”. Passou por outras empresas e teve alguns de seus projetos fabricados em pequena série, nos anos 50 e 60, até que, em 1963, fundou, com Gilberto Clark, a Clark-Niess Indústria Aeronáutica, instalada a partir de 1965 na cidade de Tatuí, SP.

Sempre dedicado aos seus projetos aeronáuticos (projetou mais de uma dezena de modelos), Niess desenvolveu, em 1977, anéis de fibra de vidro e carbono, que absorviam em grande parte a força de eventuais impactos das aeronaves com o solo, gerando maior proteção aos tripulantes. Tais “Anéis Elíticos de Sobrevivência de Niess” foram avaliados com sucesso por equipes da NASA e de fabricantes de automóveis.

O conheci fazendo uma pesquisa para o livro “História da Construção Aeronáutica no Brasil”, de Roberto Pereira de Andrade, no início dos anos 90, falando com um entusiasmo cativante sobre sua trajetória e projetos que desenvolvia naquele momento. Marc Niess veio a falecer em 2011. 

Compartilho essas passagens por alguns motivos e para propor, ao final, um pequeno exercício a cada um de nós.

1º motivo: Jean e Marc me ensinaram, mesmo que nos poucos e breves encontros, que nunca devemos desistir do que sonhamos e gostamos de fazer, mesmo que nossos sonhos tomem caminhos paralelos ao idealizado inicialmente.

2º motivo: Tudo que é bom pode ficar melhor. Não se canse de buscar a evolução.

3º motivo: Ter sonhos nos ajuda a sermos ativos e criativos por muitos anos. Para evoluir, a mente tem que se divertir.

4º motivo: Idade não é limitação. Ao contrário, carrega junto experiências que permitem ampliar horizontes e buscar novas soluções, para novos ou velhos problemas.

Isso posto, proponho um olhar diferente para nossos currículos. Neles, costumamos colocar as empresas que trabalhamos e por quanto tempo estivemos lá, mesmo que por todo esse período não tenhamos sido muito mais que números na visão dos gestores, principalmente daqueles temerosos em perder seu status para alguém de sua equipe.

Assim, que tal se olhássemos mais para as pessoas com quem convivemos em nossa trajetória profissional, resgatando o que aprendemos com elas e o quanto contribuíram para a atividade ou setor? Olhar nossos currículos não pelas pessoas jurídicas que estão lá, mas pelas pessoas físicas com quem convivemos nesse local.

Não proponho enviar esses “novos” currículos aos recrutadores, embora valha a sugestão de que ouçam mais as histórias de quem estão selecionando. Eu sei que isso toma tempo, mas falamos tanto em network, em humanizar as relações etc, e acabamos nos esquecendo daqueles que nos ajudaram a percorrer os caminhos profissionais, pelos conhecimentos e vivência compartilhados.

Organizações são feitas de pessoas, com histórias e sonhos que podem ser inspiradores, e é para elas que devemos olhar.

É só uma reflexão.

Fonte: LinkedIn

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sábado, 29 de junho de 2024

Aero - Por Trás da Aviação

Avião do Chico Bento - Conhecendo e voando nesse Boeing 737 da GOL
Fomos conhecer um Boeing 737 da GOL com a pintura do Chico Bento. O avião é uma experiência encantadora e única. A fuselagem colorida e divertida desperta a curiosidade de passageiros de todas as idades. Essa parceria entre a GOL e a Maurício de Sousa Produções traz uma atmosfera lúdica e descontraída a bordo. Ao entrar na aeronave, é possível sentir a magia das histórias em quadrinhos ganhando vida no ambiente de voo que ainda conta com vários “easter eggs“ para você tentar achar e se divertir. Uma viagem nesse avião é uma oportunidade especial para crianças e adultos embarcarem em uma aventura inesquecível.

O piloto Fernando De Borthole criou o Aero - Por Trás da Aviação onde apresenta os bastidores e curiosidades do tema, com uma linguagem bastante didática, leve e descontraída, o que tornou os nossos NINJAS fãs do Fernando, do portal e do canal. Visite!


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sexta-feira, 28 de junho de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 21 a 27/06
O FAB EM DESTAQUE desta sexta-feira (28/06) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) de 21 a 27 de junho. Entre elas, a formatura dos 294 novos Sargentos Especialistas da FAB, a Turma Jaguar, que homenageou o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) - Esquadrão Jaguar - e a abertura do Processo Seletivo, de nível superior, para profissionais Médicos em caráter Temporário como Oficiais, nos anos de 2024 e 2025, em diversas localidades do Brasil. Nesta edição, você poderá, também, acompanhar as ações da Força Aérea na Operação Taquari 2, em ajuda ao povo gaúcho e as homenagens da FAB alusivas ao o Dia da Aviação de reconhecimento e da Aviação de Busca e Salvamento.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 27 de junho de 2024

Aeroportos

Exposição Jaguar Parade 2024 tem o RIOgaleão como seu aeroporto oficial
A Jaguar Parade, movimento artístico que tem como propósito arrecadar fundos e conscientizar sobre a necessidade urgente de conservação da onça-pintada e seu habitat, desembarcou no RIOgaleão para iniciar a pintura das obras que serão expostas gratuitamente na cidade a partir de 12/7/2024. O Aeroporto Internacional Tom Jobim, em parceria com a Artery – idealizadora da ação – é um dos ateliês montados na cidade do Rio de Janeiro para que os artistas pintem suas esculturas ao vivo para o público. O piso 0 do Terminal 2, área pública do desembarque, receberá as sessões de “live painting” diariamente até 10/07/2024: de segunda a sexta das 14h às 21h e aos domingos das 14h às 20h. “O RIOgaleão é o aeroporto oficial da iniciativa porque atua como motor de desenvolvimento econômico socialmente responsável para o Rio. Apoiamos experiências sensoriais que nos conectem ainda mais com os nossos passageiros. Com a arte, em uma causa nobre, reforçamos nosso espaço de encontros e criação de boas memórias”, afirma Uyara Assis, gerente de marketing e comunicação do RIOgaleão. Uma das esculturas produzidas no RIOgaleão também ficará exposta no terminal de 12/07 a 11/08/2024, período no qual a Jaguar Parade desfilará gratuitamente 67 obras de arte em praças, praias, parques e pontos turísticos da cidade. Assinada pela artista carioca Ticiana Parada, a onça que estará exposta no RIOgaleão terá como tema Floresta Tropical, inspirada na natureza, paisagem, cotidiano, cultura e estilo de vida do Rio de Janeiro. As estátuas serão leiloadas e 100% da receita líquida será doada para projetos de conservação da onça-pintada.

A Causa
A onça-pintada é o maior felino das Américas e, originalmente, habitava desde os Estados Unidos até a Argentina. Hoje, ela está oficialmente extinta nos Estados Unidos, é muito rara no México e já praticamente desapareceu dos pampas e da maior parte das regiões nordeste, sudeste e sul do Brasil. Por estar no topo da cadeia alimentar e necessitar de grandes áreas preservadas para sobreviver, as crescentes alterações ambientais como o desmatamento, a caça ilegal e a poluição são as principais causas da severa diminuição de sua população. Hoje, o número de indivíduos já é 54% menor que a população original; nos últimos 27 anos, ocorreu uma diminuição de 30% da espécie e, se não houver uma atenção séria em preservação, a perspectiva é de diminuir em 30% nas próximas três décadas. 

Fonte: AEROIN / Carlos Ferreira com informações da RIOgaleão

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quarta-feira, 26 de junho de 2024

terça-feira, 25 de junho de 2024

Plastimodelismo

Dicas interessantes para o uso de lixas:




Lixa de unhas, cortada em diversas formas, facilitando as operações em locais de difícil acesso.
Pedaço de palito de sorvete, cortado na forma de uma cunha. Coloca-se um pedaço de lixa sobre ele, prendendo todo o conjunto com jacarés de eletrônica.
Guardar e manter organizada uma coleção de lixas, após definir tamanhos agradáveis para trabalhar. No caso abaixo, foi usada uma caixinha plástica de remédios.
Fonte: Plastimodelismo.org

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segunda-feira, 24 de junho de 2024

Especialistas de Aeronáutica

Pais dos novos Especialistas de Aeronáutica expressam orgulho dos filhos
O lema dos 294 novos Sargentos Especialistas da turma Jaguar, formados no dia 21/06/2024, retrata com a precisão dos Jaguares o espírito dos integrantes da Escola de Especialistas de Aeronáutica e dos graduados da Força Aérea Brasileira. Histórias de superação não faltam nesta escola que forma os militares que serão a engrenagem da  Força Aérea Brasileira.

Fonte: FAB

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domingo, 23 de junho de 2024

Especial de Domingo

Amanhã, 24 de junho, brindaremos ao dia da Aviação de Reconhecimento e, também, da Aviação de Ligação e Observação. Confira no conteúdo de hoje.
Boa leitura.
Bom domingo!

Dia da Aviação de Reconhecimento

Celebrada no dia 24 de junho, a Aviação de Reconhecimento surgiu na FAB em 1947, com a criação do 1º/10º Grupo de Aviação - o Esquadrão Poker - que inicialmente operou as aeronaves Douglas A-20 Havok, dos extintos Primeiro e Segundo Grupos de Bombardeio Leve, a partir da Base Aérea de São Paulo. Olhos na paz e na guerra A Aviação de Reconhecimento atua em diversos tipos de missões, desde busca e salvamento no caso de acidentes aéreos até proteção ao meio ambiente. Já em um ambiente de guerra, é essencial na coleta de dados específicos sobre forças inimigas e áreas sensíveis para suprir os comandantes de informações. Visite: Especial da Aviação de Reconhecimento 


A obtenção de dados de estratégicos é uma necessidade que nasceu desde os primórdios da História Militar Brasileira. As unidades da FAB que tem por missão a tarefa operacional de reconhecimento aéreo, além de qualificar pessoal especializado em fotointerpretação tem, como missão secundária, realizar surtidas de ataque ao solo. Em função dos sensores utilizados, a aviação de reconhecimento realiza as missões de Reconhecimento Visual (RV), Reconhecimento Fotográfico (RF), Reconhecimento Meteorológico (RM), Reconhecimento Infravermelho (IV) e tem, em seus quadros, pessoal formado e em condições de realizar a análise e produzir relatórios de imagens de Reconhecimento Radar (RD). A FAB dispõe de unidades operacionais voltadas ao reconhecimento com aviões Embraer R-99A e R-99B. Os R-99A são aeronaves de Alerta Aéreo Antecipado e Controle, dotadas de um potente radar Ericsson Erieye em seu dorso. Esse avião tem a capacidade de detectar qualquer aeronave que tenha invadido o espaço aéreo brasileiro, mesmo em baixas altitudes, o que garante a soberania do nosso espaço aéreo. Já o R-99B é uma avançada aeronave de sensoriamento, capaz de fornecer imagens e informações eletrônicas sobre objetivos no solo em tempo real. Para o cumprimento das missões de reconhecimento foto, visual e meteorológico há os R-95 Bandeirante e os R-35A Learjet. Para o reconhecimento tático, a FAB utiliza as aeronaves Embraer RA-1A/B AMX.


É feito o Reconhecimento Tático como função primária e mantém a capacidade de ataque, interdição e apoio aéreo aproximado. Há também a operação do Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) Hermes.

Dia da Aviação de Ligação e Observação

A primeira unidade da Força Aérea Brasileira a desempenhar a função de Observação foi a 1ª ELO – Esquadrilha de Ligação e Observação, que participou da campanha brasileira na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Integrante da Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira, a 1ª ELO tinha como missão regular o tiro da artilharia e observar o campo inimigo. Os pilotos e os mecânicos dos aviões eram da FAB e os observadores aéreos, oficiais do Exército.


“Éramos os olhos avançados da artilharia no campo de batalha” explicou, em setembro de 2010, Orpheu Bertelli, voluntário da Forca Expedicionária Brasileira, integrante da 1ª ELO, por ocasião das festividades dos 30 anos do Esquadrão Puma, Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação da FAB, então sediado no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, cuja origem é a heróica 1ª ELO.

Saiba mais: Blog do Núcleo Infantojuvenil de Aviação – NINJA de 28/9/10 , 24/06/11 e 16/08/11.

Fonte: FAB

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sábado, 22 de junho de 2024

Aeronaves

O avião que formou gerações de pilotos: o Paulistinha
No dia 2 de abril de 1943, saiu das linhas de montagem da Companhia Aeronáutica Paulista, em Utinga, São Paulo, pertencente ao “Grupo Pignatari”, o primeiro avião “Paulistinha” CAP-4. Entre agosto de 1942 e o encerramento das atividades da Companhia Aeronáutica Paulista, em 1949, 777 aviões “Paulistinha” foram construídos.

Especificações

Comprimento: 6,76 m
Envergadura: 10,76 m
Altura: 2,08 m
Peso vazio: 434 Kg
Velocidade máxima: 220 Km/h
Velocidade de cruzeiro: 137 Km/h
Motorização:
Avco Lycoming O - 235 - N2A,
Continental C90 8F, de 90 hp,
Continental C90 14F, também de 90 hp,
Lycoming O235B, de 100 hp,
Lycoming de 115 hp e
Lycoming O320, de 150 hp.

O avião mais popular do Brasil
CAP-4 Paulistinha fabricado em 1946
O projeto do famoso Paulistinha teve início com a fundação da Empresa Aeronáutica Ypiranga (EAY), criada em 1931 por Fritz Roesler, Orthon W. Hoover e Henrique Santos Dumont, sobrinho de Alberto Santos Dumont. A Ypiranga iniciou suas atividades fabricando os planadores EAY-101, os primeiros projetados no Brasil, e em 1934 iniciou os projetos para a construção do EAY-201 Ypiranga. Inspirado no norte-americano Taylor Cub, o EAY-201 fez seu primeiro voo em 1935, inicialmente com o motor francês Salmson 9 AD radial, de apenas 40 hp e, posteriormente, com o motor Franklin de 65 hp, que giravam uma hélice de madeira. Além dessa mudança, o Ypiranga primitivo recebeu ainda a porção traseira da fuselagem. O último EAY-201 Ypiranga a voar foi o PP-TJR, que foi transladado do Campo de Marte, em São Paulo, para o Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, no dia 10 de dezembro de 1970, pela Comandante Lucy Lúpia Pinel Balthazar, e hoje se encontra exposto no Museu Aeroespacial, da FAB, Força Aérea Brasileira. A Empresa Aeronáutica Ypiranga foi adquirida pela Companhia Aeronáutica Paulista (CAP) em 1942, que passou a fabricar o Paulistinha com a designação CAP-4.


O aparelho teve cerca de 800 unidades produzidas para aeroclubes e forças armadas do Brasil, bem como para exportação para Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e Portugal. Em 1956, a Indústria Aeronáutica Neiva (NEIVA) adquiriu os direitos renomeando-o para P-56 Paulistinha. A Neiva, em 2023, pertence à Embraer e ainda detém os direitos sobre o projeto, para eventual retomada da produção.


O acervo do Museu Asas de Um Sonho, que funcionou em São Carlos (SP), atualmente desativado, contava com um EAY-201 Ypiranga que nunca voou e serviu de peça de decoração dos jardins da residência do senhor Francisco “Baby” Pignatari até os anos 1990, quando foi comprada por Odemar Rodriguez, que evitou o sucateamento do avião e o doou à Fundação EducTAM, que o restaurou sem o revestimento, para fins didáticos.

Fonte: www.aviacaopaulista.com/Valdemar Jr.

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sexta-feira, 21 de junho de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 14 a 20/06
FAB EM DESTAQUE desta sexta-feira (21/06) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) de 14 a 20 de junho. Entre elas, a atuação do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aérea (CINDACTA IV) durante o 57° Festival Folclórico de Parintins, a expressiva marca de 16.000 toneladas de donativos arrecadados através da Campanha “Todos Unidos Pelo Sul’, nas Bases Aéreas de Brasília, São Paulo e Galeão. Esta edição aborda ainda a atuação da FAB na Operação Taquari 2 em ajuda ao estado do Rio Grande Sul, o Grupo de Segurança e Defesa (GSD-CO) atuou em salvamentos, escoltas, inspeções de carga e na organização necessária para recebimento de aeronaves civis na Base Aérea de Canoas (BACO) totalizando mais de 800 missões, o apoio da FAB para decolagem de aeronaves retidas no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), os Hospitais de Campanha da Força Aérea Brasileira contabilizaram mais de 20 mil atendimentos em Canoas. Nesta edição, você confere também a emocionante ação de solidariedade da FAB ao entregar cartas com mensagens de esperança e carinho às famílias atingidas pela enchente no Rio Grande do Sul e a cerimônia de formação de novos soldados da BACO.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 20 de junho de 2024

Datas Especiais

20 de junho
Nascimento de Gastão Madeira
Gastão Galhardo Madeira nasceu em 20 de junho de 1869, na cidade de Ubatuba (SP). Ainda muito jovem propôs uma teoria de voo baseada no deslocamento dos pássaros, sugerindo a alteração do centro de gravidade dos aeróstatos. Ao sugerir esse deslocamento do CG, postou-se como o solucionador da dirigibilidade dos balões, fundamento aplicado ao seu projeto de dirigível, em 1890. O mesmo princípio foi empregado por Santos Dumont, em 1901, para contornar a torre Eiffel com seu balão número 6. Em 1911, o inventor ubatubense idealizou o Aviplano, uma máquina voadora que teria a vantagem de diminuir a incidência de acidentes, ao descer vagarosa e controladamente, em caso de parada do motor ou perda da hélice, fatos corriqueiros naqueles primeiros anos da aviação. Na França, Gastão Madeira estudou para aperfeiçoar suas concepções aeronáuticas e patenteou, entre outras invenções, um estabilizador automático para aviões, para controle em caso de parada de motor, algo semelhante ao que propôs para o Aviplano. No ano de 1927, Gastão Madeira foi reconhecido como Pioneiro da Navegação Aérea.

O livro
“Voando além do tempo: o pensar de Gastão Madeira” é um livro que resgata integralmente a teoria de voo idealizada, em 1890, por Gastão Madeira com base no voo das aves, além de abordar seus inventos. Com 200 páginas, a publicação tem por objetivo resgatar a importância do pensamento de Gastão Madeira para a história da aviação, aglutinando informações acerca do trabalho do inventor, com o noticiário de sua época abordando suas invenções, sua teoria de voo e as patentes concedidas no Brasil e na França, com o detalhamento técnico dos seus aparelhos. O livro se encerra mostrando o trabalho de construção de um inédito modelo em escala do balão dirigível concebido por Madeira, no ano de 1890.

Saiba mais: Blog do NINJA de 12/3/19, 29/5/201913/6/19 e 29/10/19

terça-feira, 18 de junho de 2024

Sentando a Pua!

Histórias da Caça Brasileira
Ontem, segunda-feira, 17 de junho de 2024, tivemos a continuação da entrevista com o Brigadeiro Mendes que, com 51 anos de FAB e mais de 4.800 horas de voo - sendo 1.500 na Aviação de Caça Brasileira - tem muita história para contar. Confira em mais um vídeo do Sentando a Pua, site que desde 2000 vem difundindo na internet a história do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

Confira a entrevista anterior: Blog do Ninja em 24/04/2024


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domingo, 16 de junho de 2024

Especial de Domingo

Do excelente blog de Luiz Pagano, A Maravilhosa Vida de Santos=Dumont, selecionamos o conteúdo de hoje.
Boa leitura.
Bom domingo!

Cartier Santos=Dumont Rewind:
Uma Homenagem ao Gênio Sul Americano


A relação da Cartier com Santos=Dumont vai muito além da amizade entre eles, uma das marcas mais reconhecidas do mundo da relojoaria, que alia genialidade, tradição e modernidade, deu mais um passo ousado que deixaria tanto Louis quanto Alberto S=D entusiasmados. Trata-se do Santos=Dumont Rewind, um relógio que celebra bem o espírito do Pai da Aviação.

O nome de Dumont que é amplamente considerado como o patrono do primeiro relógio de pulso masculino comercialmente disponível, que remonta a 1904, está tendo um interessante ressurgimento com essa incrível peça.

Louis Cartier e Santos Dumont

Com seu icônico fundo em laca, nesse caso vermelha de cornalina e a famosa caixa quadrada arredondada, o Santos=Dumont Rewind tem nesse modelo um atributo curioso e inovador; conta o tempo ao contrário - é uma homenagem ao brilhante inventor brasileiro conhecido por seu espírito inovador e por desafiar as convenções estabelecidas.

A nova edição mantém o movimento 430 MC, que é uma versão do movimento ultra-fino Piaget 430 MC. As dimensões da caixa são 31,4 mm de diâmetro por 43,5 mm de comprimento e 7,3 mm de altura, proporcionando um design super fino e confortável de usar.


No mostrador do Santos=Dumont Rewind, os números romanos estão dispostos de maneira que, ao lermos no sentido horário, eles vão de 12 no topo, para 11, depois 10, e assim por diante. Esta configuração, que pode ser considerada uma "gimmick" por alguns, é apresentada de uma forma que exige ser levada a sério, especialmente considerando seu preço de US$ 38.400 em uma caixa de platina.

Por que segue no sentido anti-horário?
O aspecto mais fascinante sobre o Santos=Dumont Rewind é a sua ligação com a história dos relógios de sol. Os relógios mecânicos modernos rodam no sentido horário porque foram inventados no hemisfério norte, onde o relógio de sol marca as horas nesse sentido. No hemisfério sul, no entanto, o relógio de sol marca as horas no sentido anti-horário.


Este relógio da Cartier, portanto, serve como uma reflexão não só sobre as influências históricas e geográficas na evolução dos relógios, bem como faz referência aos geniais más pouco reconhecidos cientistas do hemisfério sul.

No final, esse engenhoso produto de moda, beleza e tecnologia traz a importante homenagem ao próprio Santos=Dumont, por representar o pensamento multidimensional do inventor que nos deu asas. 

Com o Santos=Dumont Rewind, a Cartier não apenas presta homenagem a um gênio sul-americano, mas também desafia as convenções tradicionais da relojoaria.

Mas como acontece com qualquer assunto em pauta hoje em dia, neste caso também temos quem não gostou da invenção, pois se diz que Santos=Dumont era um homem muito supersticioso e não gostava de nada que fosse o contrário. Dizem ainda que ele só dava ré em seus automóveis em situações muito específicas e talvez não gostasse de ter seu nome associado a algo que estava indo na direção oposta. Ainda não tivemos uma manifestação oficial do Instituto Cultural Santos=Dumont.

Este relógio, com sua contagem de tempo do ponto de vista do hemisfério sul simboliza o espírito inovador de Santos=Dumont e convida os entusiastas da relojoaria a verem o tempo de uma nova maneira. É um tributo adequado a um inventor que sempre pensou fora da caixa e que continua a inspirar gerações com sua genialidade e visão.


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sexta-feira, 14 de junho de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 07 a 13/06
O FAB EM DESTAQUE desta sexta-feira (14/06) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) de 7 a 13 de junho. Entre elas, a edição especial do Jornal Notaer com todas as ações da Força Aérea no apoio às vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, bem como a marca de 2.000 horas atingidas pelas aeronaves engajadas na missão cumpriram durante a Operação Taquari 2; a vista do Comandante da Aeronáutica, Marcelo Kantiz Damasceno à Base Aérea de Canoas (BACO) e o lançamento aéreo de 4,3 toneladas de donativos em Pelotas (RS). Esta edição aborda ainda o alerta feito pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) para o risco que envolve a soltura de balões, o que é ainda mais recorrente nesta época do ano e, por fim, a cerimônia em homenagem ao Dia do Correio Aéreo Nacional (CAN) e da Aviação de Transporte.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Aviação de Transporte

Correio Aéreo Nacional e a Aviação de Transporte comemoram 93 anos
A Força Aérea Brasileira (FAB) celebrou os 93 anos do Correio Aéreo Nacional (CAN) e da Aviação de Transporte em uma cerimônia realizada na Base Aérea dos Afonsos (BAAF), no Rio de Janeiro (RJ), ontem, quarta-feira, 12 de junho de 2024. O evento foi presidido pelo Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida, e recepcionado pelo Comandante da BAAF, Coronel Aviador Elio de Almeida Abreu Junior. O evento contou com a participação do Ex-Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista, membros do Alto-Comando, Oficiais-Generais da Marinha do Brasil (MB) e do Exército Brasileiro (EB), Comandantes, Chefes, Diretores, Prefeitos de Organizações Militares e Graduados-Master das Guarnições de Aeronáutica dos Afonsos, Santa Cruz e do Galeão.
Durante a cerimônia, o Comandante de Preparo (COMPREP), Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, entregou uma placa ao pioneiro do Correio Aéreo Nacional, Major-Brigadeiro do Ar Cezar Ney Britto de Mello, em reconhecimento às suas contribuições. Outros nomes importantes, como Nelson Freire Lavenére-Wanderley, Casimiro Montenegro Filho, Lemos Cunha e Eduardo Gomes, também foram lembrados por suas colaborações para o crescimento da FAB. Em simbolismo ao compromisso e profissionalismo contínuos da Aviação de Transporte, o estandarte do antigo Comando de Transporte Aéreo foi entregue ao Coronel Aviador Alexandre Nogueira de Sousa, representante dos veteranos. A Aeronave Curtiss Fledgling K-263, que deu início ao Correio Aéreo Nacional em 12 de junho de 1931, estava exposta no pátio da solenidade, enriquecendo o evento com sua presença histórica.
Naquela data, os Tenentes Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenére-Wanderley transportaram um malote com duas cartas do Rio de Janeiro (RJ) até São Paulo (SP). Após 93 anos, a Aviação de Transporte permanece essencial para a FAB e para o Brasil. “Em 1931, quando os Tenentes Casimiro Montenegro e Nelson Freire Lavenère-Wanderley cortaram os céus, levando um malote com duas cartas, do Rio de Janeiro a São Paulo, deram início a um salto de desenvolvimento e integração até então desconhecido à Nação. De certo, os visionários pilotos que fizeram esse voo a bordo de um Curtiss K-263 e que, anos depois, contribuiriam ainda mais para o progresso deste país, não faziam ideia da magnitude daquela tarefa. O feito se constituiu como a primeira missão do Correio Aéreo Nacional e a gênese da Aviação de Transporte. Esse marco inicial não apenas simbolizou a coragem e a inovação dos Aviadores Brasileiros, como, também, deu origem a um serviço que transformaria a infraestrutura de transporte e de comunicação”, destacou o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Farcic, ao ler a Ordem do Dia. Atualmente, a Aviação de Transporte da FAB possui 13 Unidades Aéreas que operam as aeronaves KC-30, KC-390 Millennium, C-105 Amazonas, C-99, C-97 Brasília, C-98 Caravan, C-95 Bandeirante e U-100 Phenom, localizadas em diversas regiões do Brasil, incluindo Manaus (AM), Belém (PA), Parnamirim (RN), Rio de Janeiro (RJ), Canoas (RS), Campo Grande (MS), Anápolis (GO) e Brasília (DF).

Centésimo aniversário do Brigadeiro Athayde
Na solenidade, o Veterano do CAN, Brigadeiro do Ar Clóvis de Athayde Bohrer foi homenageado pela celebração do seu centésimo aniversário, completado também no dia 12/06. O Secretário de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquista, entregou uma placa pela sua contribuição à FAB e ao CAN. “No mesmo dia em que o CAN completa 93 anos do início do seu primeiro voo, completo 100 anos. Para mim, é uma bênção divina poder estar aqui, poder comemorar com os meus companheiros de hoje mais um aniversário. Nessa oportunidade, levamos ao comando da nossa Força, a todos os integrantes e, particularmente, aqueles que hoje fazem o CAN, os nossos cumprimentos”, agradeceu o Oficial-General.

Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura
Durante o evento, seis Comandantes de Unidades Aéreas foram agraciados com a Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura: Tenente-Coronel Aviador Bruno Américo Pereira, Tenente-Coronel Aviador Rodrigo de Sousa da Costa, Tenente-Coronel Aviador Marlon da Fonseca Sampaio, Tenente-Coronel Aviador Moisés Franklin da Costa, Tenente-Coronel Aviador Guilherme dos Santos Araújo e Tenente-Coronel Aviador Umile Coelho Rende. Instituída pelo decreto número 7.085, de 29 de janeiro de 2010, a Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura homenageia militares do Comando da Aeronáutica que desempenham funções de Comandante de Unidade Aérea, reconhecendo suas contribuições à operacionalidade da organização e da Força Aérea Brasileira.
O evento encerrou-se com o desfile da tropa de veteranos do Correio Aéreo Nacional e de integrantes da Aviação de Transporte, liderada pelo Brigadeiro do Ar Clóvis de Athayde Bohrer.

Fotos: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER

Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Johny Lucas

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domingo, 9 de junho de 2024

Especial de Domingo

Publicamos novamente o relato de uma investigação jornalística que esclareceu uma dúvida de mais de meio século: teria o aviador e escritor francês Antoine de Saint-Exupéry pousado em Ubatuba?
Boa leitura.
Bom domingo!

LÉON ANTOINE ou ANTOINE DE SAINT-EXUPERY?
A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UM POUSO EM UBATUBA

Célia Regina e Léon Antoine

Era uma tarde luminosa do mês de junho de 1933 em Ubatuba, época de tantos peixes que as tainhas podiam ser apanhadas na praia, apenas com as mãos. Época em que os parcos 800 habitantes da cidade viviam ainda o espanto de seu primeiro contato com um automóvel, ocorrido poucas semanas antes. Mas nessa tarde o espanto seria maior: sem qualquer aviso ou preparação na praia do Cruzeiro, centro da cidade - cujas árvores haviam sido cortadas exatamente para uma emergência desse tipo na Revolução de 32, mas nunca sucedida - desceu um avião da Cia. Aero-Postale, que fazia a linha aérea regular entre França e Argentina. Nos 11 mil quilômetros do percurso passava pela costa atlântica brasileira e teria descido em Santos, na base aérea da Praia Grande, não fosse pela má visibilidade.
 

O avião era pilotado por um certo Antoine, que naturalmente não falava português, assim como os de Ubatuba não sabiam francês. No máximo um “vous voulez quelque chose?”, dos rudimentos ginasianos, recordados oportunamente por Washington de Oliveira, o Filhinho, que mais tarde ocuparia duas vezes a prefeitura da cidade e se tornaria seu principal historiador. Filhinho foi também, sem qualquer má intenção, uma espécie de cultor e divulgador de um mito que Ubatuba teve como verdade durante 52 anos. O de que, após a visita do alemão Hans Staden mais de quatro séculos antes, a cidade recebera outro visitante internacionalmente célebre. Antoine foi imediatamente dado como Antoine de Saint-Exupéry, o famoso aviador e autor de O Pequeno Príncipe, livro que provocaria erupções de sensibilidade banal em vários cantos do mundo, incluindo as passarelas por onde desfilavam as candidatas a miss Brasil.

Léon Antoine

Antoine, como esclarece hoje, após mais de 20 anos de pesquisa o jornalista, museólogo e pesquisador Luiz Ernesto Kawall, não era um prenome. Tratava-se do piloto Léon Antoine, também um dos grandes ases da aviação francesa em todos os tempos, com mais de 21 mil horas de voo, recordista mundial de voo livre com um tempo de 8 horas e 20 minutos, detentor da Legião de Honra e hoje em dia, aos 84 anos, aposentado e vivendo num bonito sítio em Javari, no Estado do Rio de Janeiro. Mas disso só se sabe agora. Tanto no folclore quanto na história de Ubatuba, o visitante que caiu do céu naquela tarde de 1933 acompanhado de um telegrafista chamado Chauchat, era mesmo Saint-Exupéry, embora em nenhum de seus livros se encontre uma única palavra sobre tal aventura.

Antoine de Saint-Exupéry

Kawall começou sua pesquisa a partir de uma notícia publicada em 9 de novembro de 1964. “Essa história foi criada como um conto de fadas. Em 1933, Ubatuba, isolada no Litoral Norte, onde só se chegava por mar ou então pelo céu – e aí só por acidente – estava reduzida a 110 casas, todas mais ou menos em ruínas e em dez anos poderia acabar. Matava-se peixe a paus e apanhava-se milhares de tainhas cujos cardumes vinham dar á praia e eram enterrados como sobras. Quando o aviãozinho desceu, um grupo logo correu à praia do Cruzeiro e cercou a nave. Hélice parada os tripulantes desceram, foram guiados por um agitado cortejo popular até a casa do radiotelegrafista da Aeropostale, Gilberto Nogueira Brandão. Léon Antoine e Chauchat queriam ficar hospedados em sua casa, mas o telegrafista não tinha acomodação suficiente e isto chegou até a causar um pequeno desentendimento.” A partir daí, Léon Antoine e Chauchat foram considerados hóspedes oficiais da cidade pelo então prefeito Deolindo de Oliveira Santos (aliás, tio do historiador Filhinho) e levados para o Hotel Felipe, de pau-a-pique, porém de linhas coloniais, hoje já demolido.


Hotel Felipe, em guache de João Teixeira Leite

Nas lembranças de Antoine, levado a Ubatuba 52 anos depois por Kawall, ele e Chauchat viveram uma noite memorável, regada por duas garrafas de um inesquecível vinho Sauternes, raro e caro até mesmo na França. Após o justo sono, os franceses, bem cedinho, no dia seguinte voltaram à praia, com o propósito de retirar do avião uma parte do combustível, ofertados à população, facilitando a decolagem. Antoine se lembra que chegaram com todo o tipo de vasilhame, de latas até penicos.



Depois todos, com compreensível entusiasmo, testemunharam o pequeno avião - um Latecoère - correr pela praia, até que o aparelho adquirisse velocidade suficiente para decolar. “Tomou sul, após uma suave evolução sobre a baía de Ubatuba.” A cena jamais seria esquecida, incorporou-se ao folclore local. A crônica ubatubense registra ainda dois outros casos de ruidosas descidas de aviões em suas praias, mas nada que provocasse o mesmo frisson.


Tornada pública a partir de 64 por uma série de reportagens do jornalista Ewaldo Dantas Ferreira, a inusitada visita de Saint-Exupéry passou quase imediatamente a ser pesquisada por Luiz Ernesto Kawall, que tornou-se, então, conhecedor da obra e da vida deste francês nascido em 1900 e cujo avião desapareceu sobre o Mediterrâneo no dia 31de julho de 1944, entre Grenoble e Annecy, depois de haver partido de um campo de pouso na Córsega. “Não encontrei na obra do escritor nenhuma referência ao incidente em Ubatuba; suas maiores referências ao Brasil estão contidas no capítulo 13 de Voo Noturno, onde fala sobre as montanhas ‘recortadas com nitidez no céu brilhante’, das florestas ‘sobre as quais brilham incessantemente, sem lhes dar cor, os raios do luar’ e de ‘uma lua sem desgaste: uma fonte de luz’”.

Por depoimentos, sem nenhuma imagem, especula-se sobre a presença de Saint-Exupéry em Natal, na Praia Grande, em Itaipava, em Pelotas e Porto Alegre. Mas a descida em Ubatuba tornou-se um mito tão forte que envolveu, ou foi corroborado, até por uma especialista imbatível na biografia do escritor-piloto-aventureiro, a dominicana irmã Rosa Maria. Ela ficou nacionalmente conhecida ao responder sobre Saint-Exupéry no programa O Céu É o Limite, tendo depois disso escrito um livro sobre ele. No prefácio fazia referências a pousos forçados em Santos, Praia Grande e Ubatuba. Mas, Kawall explica, irmã Rosa Maria foi das primeiras a alertá-lo de que Ubatuba tinha poucas possibilidades de ter sido pelo menos uma vez incluída em seus roteiros.



Kawall, entre muitas outras pessoas, foi ouvir em Ubatuba – onde criou o Museu do bairro do Tenório, para preservação da memória, história e paisagem da cidade – dona Isabel de Oliveira Santos, viúva do prefeito Deolindo, que considerou os acidentados franceses hóspedes oficiais. O raro vinho Sauternes servido a Antoine e seu companheiro foi possível por ser Deolindo “um comerciante que tinha em sua casa, vinhos de várias partes do mundo, especialmente franceses e portugueses, importava das casas de São Paulo e Rio...” Dona Isabel não se lembra bem dos aviadores no depoimento, tomado em agosto de 1973 (ela já faleceu), mas conta que “eles devem ter se hospedado no Hotel Felipe, que ficava defronte da nossa casa, na Rua Maria Alves e era o melhor e mais antigo de Ubatuba”.

Washington de Oliveira - "Filhinho"

A saga exuperyana foi confirmada pelo historiador e ex-prefeito Filhinho: “Quando o avião desceu houve aquele burburinho, o aparelho foi cercado pela população. Um húngaro, Júlio Kertz, tentou falar com o piloto em alemão, mas ele não entendeu”. Ele lembra que “no dia seguinte os franceses ainda passaram a pé pela frente de casa, junto à praça da Matriz, se despediram com um au revoir e foram embora. Não sei se passaram telegrama pelo correio, acho que não, pois se a própria Air France (nome da Aero-Postale de 1933 em diante) tinha estação telegráfica não precisariam disto”. Filhinho informou que não há mais registro dos livros do hotel porque seus proprietários morreram. Mas conseguiu descobrir o telegrafista Gilberto Brandão, da Air France, morando em Niterói e este confirmou numa carta “a estada de Saint-Exupéry entre nós”, embora sem conseguir precisar exatamente a data.



A “estada de Saint-Exupéry" está fartamente documentada em fotografias. Umas foram feitas pelo próprio piloto Léon Antoine e outras por um alemão (aliás, nascido na Guatemala), Herman Porcher, também já falecido, mas ouvido por Kawall. O “alemão” estava na cidade como turista e mais tarde compraria “metade da praia de Santa Rita”. “Localizei esse Porcher morando em Santo Amaro, me diziam que ele gostava de frequentar os bares do bairro e levei tempo até encontra-lo. O garçom de uma choperia me deu o telefone dele, marcamos um encontro em seu escritório de numismática – Ele trocara a fotografia pelo comércio de moedas.


Que descoberta! Porcher não só relatou o caso dos aviadores como, depois de me descrever o jantar na companhia deles, mostrou quatro fotografias batidas na manhã de sua partida. Em Ubatuba, onde se hospedava no Hotel de Idalina Graça e planejava caçadas nas matas vizinhas com alguns amigos, usando culotes, perneiras e capas sobradas da Revolução de 32, o ‘alemão’ lembrou-se de que eram por volta de cinco horas e já começava a escurecer quando o avião desceu na praia. Falou com os tripulantes em francês, ouviu deles que vinham de Natal, fazendo várias escalas e levando malas postais até Santos”.

– Quando os franceses pediram vinho o prefeito foi buscar. O mais alto ao ver a garrafa exclamou: "Mas onde o senhor arranjou isto? Na França este vinho custa um dinheirão!” Conversamos sobre aviões e a linha aérea francesa para a América do Sul e também sobre os voos do Zeppelin, que eu tinha fotografado em São Paulo naquele mesmo ano. Depois do jantar fomos ver o avião na praia, um caiçara entrara na cabine e estava divertindo-se. “Cuidado, João, o avião pode levantar voo”, alguém gritou, e ele saiu correndo de medo.


Jornalista Luiz Ernesto Kawall coletando informações.

Porcher contou também que, “por volta de 50 e poucos, quando Saint-Exupéry começou a ficar falado e famoso, eu soube que aquele homem alto e gentil que descera em Ubatuba era ele”. O fotógrafo morreu antes de desfeito o equívoco. Mas com as fotos na mão, Kawall foi em frente. Uma das primeiras pessoas que procurou foi a dominicana Rosa Maria, que não pode dizer com certeza se nas fotos estava ou não seu amado Saint-Exupéry. Talvez no lugar do escritor piloto estivesse outra celebridade, o grande pioneiro da aviação e grande herói Jean Mermoz, que também pilotara para a Generale Aero-Postale. Kawall tentou Joseph Halfin, da Air France, e escreveu cartas para a França, mas nada de levantar com certeza a identidade dos franceses que pernoitaram em Ubatuba. 

Jean Mermoz

A verdade começou a aparecer em setembro do ano passado (1985), quando se comemorava a travessia do Atlântico por Mermoz e a TV Globo entrevistou o jornalista francês Jean-Gérard Fleury, correspondente da revista Le Point. Ao vê-lo falar sobre o heroísmo pioneiro de Mermoz, Kawall intuiu que poderia ter dele um esclarecimento definitivo. Tinha razão. Fleury, que foi amigo de Saint-Exupéry, imediatamente se interessou pelo assunto, a partir de uma conversa telefônica. Viajou para a França e lá recebeu uma carta do jornalista brasileiro, com várias perguntas. Entre as respostas, a de que “as fotos enviadas não são de Saint-Exupéry” e “Saint-Exupéry nunca teve acidente no Brasil”. E completava: “Achando muito simpática sua pesquisa sobre um episódio acontecido em Ubatuba, tenho grande prazer em completar as informações solicitadas. O avião que pousou naquela cidade em 1933 era pilotado pelo veterano comandante Léon Antoine, acompanhado pelo radiotelegrafista Chauchat. Hoje ainda Antoine se lembra da triunfal acolhida tanto pelo prefeito como pelo povo da cidade e evoca sempre com emoção um vinho Sauternes de admirável paladar, assim como suas conversas com o prefeito e um cidadão alemão que falava francês. Quando lembrei a Antoine este episódio ele se comoveu e falou de sua grande vontade de rever o lugar do acidente e as pessoas que lhe prestaram tão fraternal assistência”.



A pesquisa estava terminada, ou quase. Luiz Ernesto Kawall decidiu então que tudo só ficaria completo depois de um encontro com o próprio Léon Antoine, sobre quem Fleury informara estar vivendo no Brasil desde que se aposentara na Air France. Antoine, casado, pela segunda vez, com Célia Regina, uma bela negra brasileira, de fato mora num sítio em Barão de Javari, no interior fluminense. Aos 84 anos, pai de dois filhos, tem cinco netos e dois bisnetos. Adora o Brasil e permanece um admirador de bons vinhos. Reconheceu imediatamente as fotografias feitas em Ubatuba do seu avião Late 26. Já pilotou todos os tipos de avião, do primitivo Brequet-14 até o Super G Constellation. Seu relato sobre o episódio:

Nossa próxima parada seria Praia Grande, mas na altura de Ubatuba a cerração impediu o voo visual. Nós nos guiávamos por carta da Marinha do Brasil, sempre observando os faróis e os homens da empresa acendiam fogueiras nos pousos de Praia Grande, Florianópolis e Pelotas para nos orientar. Com a cerração fechando o visual, baixamos um pouco e avistamos a torre da igreja de Ubatuba. Fizemos um voo em círculo, escolhemos uma praia onde a vegetação era rala e decidimos descer. Fomos imediatamente cercados pelo povo, alguns nos olhávamos como se fôssemos extraterrestres.

Sr. Lindolfo, último a direita, de chapéu e paletó branco, observa o avião, em 1933.
 Em 1985, sr Lindolfo aponta o local do pouso.

Antoine, entre muitas lembranças, conta que na hora da partida o dono do Hotel Felipe lhes ofereceu a compra do estabelecimento, “por seis mil contos, em moeda da época. Deve ter sido por causa do meu nome, Léon Antoine, que mais tarde se passou a acreditar que Saint Exupéry teria dormido na cidade. Eu era mesmo parecido com ele. Não apenas nas feições, mas também pela altura. Só que ele andava mais curvado do que eu. Além disso, Saint-Exupéry nunca fez regularmente a linha para a América do Sul, mas como passou dois anos em Buenos Aires certamente andou por aqui. Não foi meu amigo íntimo, mas eu o conheci bem, era um pouco do mundo da lua...” O piloto falou a Kawall de sua vontade de rever Ubatuba.

Luiz Ernesto Kawall, Léon Antoine e Célia Regina.

O capítulo final dessa história que remete a memória aos tempos da aviação, à lembrança de homens como Saint-Exupéry, Mermoz, Guillaumet e Dumesnil, foi encerrada a algumas semanas: Léon Antoine, após 52 anos, retornando a Ubatuba. Revendo os mesmos cenários hoje muito mudados, impossibilitado de hospedar-se no colonial Hotel Felipe, que não existe mais, para abrigar-se sob as sofisticadas quatro estrelas do Palace Hotel. As testemunhas da época são também poucas. Mas lá estava ainda Filhinho, o historiador, farmacêutico, ex-prefeito. O homem que ajudara cimentar um mito e que assistia à definitiva destruição do seu atraente mistério. Ubatuba, cujas areias receberam escritos de Anchieta, cujos índios foram introduzidos pelo padre Nóbrega aos rudimentos do que o Ocidente chama de civilização, cujas paisagens extasiaram o alemão Hans Staden, teria de abrir mão de sua mais palpitante história contemporânea: o Pequeno Príncipe jamais passou uma noite no Hotel Felipe.

Edição de textos e fotos após consulta a Luiz Ernesto Kawall, em julho de 2015, a partir de reportagem de Edmar Pereira, publicada no Jornal da Tarde em 11/1/1986.

Fonte: Doc-LEK

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sábado, 8 de junho de 2024

Aeromagia

Sempre há alternativas quando se pensa com antecipação
Por Jean Gabriel Charrier
Aeromagia em 20/10/15
Você toma decisões todos os dias, e, estando no comando de seu avião, algumas delas podem ser cruciais

Por exemplo, para um mesmo voo podem haver duas estratégias diferentes de gestão do mau tempo. 

Bem entendido, a realidade não é tão simples, mas uma simples repassada de como os acontecimentos podem se encadear irão te ajudar a antecipar suas decisões no dia em que você estiver diante de situações similares. 

Pessoalmente, já mentalizei diversas ‘meia-voltas’, retornos, mudanças de planos.

Essas decisões são sempre mais fáceis (menos difíceis) de tomar quando já foram previamente visualizadas e programadas no seu espírito: “Cedo ou tarde eu estarei diante de uma necessidade de fazer meia volta, desviar rota, ou não decolar. Isso é certo.”

Aqui, em algumas linhas, uma pequena análise de acontecimentos.

1 – O ser humano tem tendência a subestimar naturalmente os riscos; isso é algo que todos sabem. E alguns subestimam mais do que outros! Se há alguma coisa que deve ser retida no tocante a ‘Fatores Humanos’, é a mensagem seguinte: Você é vulnerável.

2- Tanque cheio, coração leve – Uma pane seca em carro é uma coisa, em avião é outra!

3 – A diferença entre uma situação normal em voo e uma situação perigosa é marcada às vezes por uma linha tênue, assim como são as diferenças de espessura de agulhas.

4 – Antes de tomar uma decisão, você deve analisar objetivamente a realidade da situação. Ou seja, se você admite que não é um ‘bom nadador’, você teve ficar sempre onde ‘dê pé’.

5 – O principal desafio do piloto é de ficar dentro dos seus limites de competência, porque senão a pressão é um fator que irá empurrá-lo insidiosamente para sair ignorando certos riscos.

6 – Um piloto desportivo voa para seu lazer.

7 – Os pilotos que prestam atenção regularmente às suas margens de segurança trabalham sem dar brecha para o azar.

8 – Ao tomar uma decisão acertada de forma rápida, o piloto pode lidar melhor com novas contingências que surgirem em seguida.

9 – O julgamento do piloto é motivado por diversas razões. Uma decisão de insistir em algo crítico não é racional diante da segurança.

10 – Um piloto deve aprender a passar de uma situação para outra rapidamente, como de uma situação normal para uma de estresse.

11 – É muito difícil haver meras ‘fatalidades’ na aviação. Tenha sempre diversos planos B.

12 – Um simples conhecimento pode se transformar em capacitação…a partir do momento em que tudo isso estiver em harmonia com suas decisões.

Bons voos!!

Sobre o autor: Jean Gabriel Charrier foi instrutor de avião, planador e acrobacia, piloto de linha aérea e inspetor de segurança de voo na França. Possui cerca de 13.000 horas de voo, e é titular de um diploma de Fatores Humanos em Aeronáutica, pela OACI.

Fonte: Aeromagia

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