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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 3 de novembro de 2019

Especial de Domingo

Hoje o destaque é para a Esquadrilha da Fumaça.
Boa leitura.
Bom domingo!

Há 13 anos era estabelecido o recorde com 12 aeronaves em formação em voo de dorso
“O que mais me chamou a atenção foi o fato de ser um dia de outubro atipicamente Cavok”. Com essas palavras, o Coronel Aviador Marcelo Gobett Cardoso nos conta um pouco da experiência em ser um dos doze pilotos da Esquadrilha da Fumaça a participar da quebra do recorde mundial, utilizando um termo da aviação para se referir a um céu com boas condições de visibilidade e teto das nuvens.

29 Out 2006
Há trezes anos, no dia 29 de outubro de 2006, a Esquadrilha da Fumaça quebrou pela terceira vez o recorde mundial de número de aeronaves voando, simultaneamente, em formação e no dorso (de cabeça para baixo). O feito foi assistido por cerca de 60.000 pessoas na Academia da Força Aérea e homologado pelo Guinness World Record. Os dois recordes anteriores também pertencem a Esquadrilha da Fumaça, sendo que o primeiro feito ocorreu com 10 aeronaves em 1996 e o segundo em 2002, com 11 aeronaves durante as comemorações de 50 anos do Esquadrão. A data escolhida para o terceiro recorde não foi por acaso: naquela mesma semana a Força Aérea Brasileira comemorava o centenário do primeiro voo com o 14-Bis realizado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, em 1906, na capital francesa, Paris. Apesar do aumento de apenas uma aeronave na formação, a manobra exigiu muito mais do time, pois foi formada mais uma linha de aeronaves (em relação ao recorde anterior) T-27 Tucano. Conforme explica o Coronel Gobett, que voou na posição #7 durante a manobra, a técnica foi a mesma empregada no recorde anterior, “mas os parâmetros foram diferentes para que os aviões da última linha tivessem energia e manobrabilidade suficientes para manterem a velocidade e posição”. Explica que um dos pontos críticos da manobra foi a transição do voo normal para o voo invertido por meio de um “meio-looping” para chegarem à posição para o recorde. “A margem de erro era menor e era necessário um trabalho mais preciso nos comandos e motor, por isso, a maior exigência nos treinamentos”, completa o Coronel. Curiosamente, ele havia saído três anos antes do efetivo da Esquadrilha da Fumaça, que possuía 11 pilotos, e foi convidado para ser o 12º exclusivamente para a nova marca.

Mais um
Quem estava na última linha de aeronaves era o Coronel Aviador Ricardo Beltran Crespo, na posição #12, fechando o grupo de aeronaves para o recorde mundial. Conta-nos que apesar de todo o profissionalismo, técnica treinada e doutrina durante o voo, após o pouso, foi tomado pela emoção. “Confesso que, após o corte do motor e ao abrir o canopy do Tucano, toda a alegria e vibração daquele imenso público me contagiaram. O ser humano em mim, enfim, simplesmente chorou de gratidão e emoção”. Apesar das suas 276 demonstrações realizadas durante os anos de 2003 e 2006, esse voo, em particular, marcou a sua vida. “Por aquele momento eternizado, agradeço aos meus 11 amigos que dividiram comigo aquele espaço aéreo durante os 30 segundos daquele voo. Muito obrigado aos pilotos Fumaceiros, Anjos da Guarda e equipes de solo que viabilizaram esse recorde com muito carinho, hoje eternizado em nossas vidas”. Apesar da homologação no mesmo dia, apenas em 2017 é que a Esquadrilha da Fumaça recebeu o certificado pelas mãos do diretor do Guinness na América Latina, Carlos Martínez. Na ocasião, relatou a sua felicidade de poder conhecer de perto a equipe e parabenizar pelo recorde. “É impressionante e espetacular o que a equipe fez em 2006 de voar, simultaneamente, com doze aviões em voo invertido”. Passados 13 anos após o recorde com as doze aeronaves, nenhum outro Esquadrão no mundo bateu tal marca.

A ESQUADRILHA DA FUMAÇA
A Esquadrilha da Fumaça é o nome popular do time de acrobacia que representa a Força Aérea Brasileira, cuja denominação oficial é EDA – Esquadrão de Demonstração Aérea, baseado na Academia da Força Aérea – AFA, na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo.

A Fumaça nasceu em 1952. Sua primeira demonstração foi no dia 14 de maio daquele ano. De maneira informal, o então tenente Mário Sobrinho Domenech, instrutor da Escola de Aeronáutica dos Afonsos, e mais três tenentes aviadores, passaram a ocupar as horas livres do horário de almoço para treinarem as manobras executadas na aviação de caça, sobre a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Empregavam os aviões NA-T6 para a realização de “loopings” e “tounneaux”, inicialmente com duas aeronaves e depois aperfeiçoaram as manobras com quatro aeronaves numa formação denominada de diamante.

O primeiro apelido da esquadrilha foi “Cambalhoteiros”, quando empregavam os aviões de treinamento dos cadetes. Nesta época ainda não havia a famosa fumaça, que mais tarde daria a tradicional identificação do time. Tornando-se assunto entre as rodas de conversa da Escola de Aviação, a equipe se fez conhecida por intervenção do então tenente coronel Délio Jardim de Mattos, futuro ministro da Aeronáutica, que os apoiou nos primeiros passos. Fascinado por acrobacias, Délio comentou com o comandante da Escola de Aviação, que autorizou a primeira demonstração sobre o Campo dos Afonsos.

A Esquadrilha da Fumaça conquistou seu nome por uma idéia que o tenente Domenech aprimorou e é a base técnica até os dias de hoje. A técnica que faz os aviões expelirem fumaça consiste no seguinte: um tanque armazenando óleo fino está ligado por uma mangueira ao escapamento do avião. Acionado pelo piloto, o óleo é injetado no escapamento direito, que é o mais quente. No ar, o óleo se vaporiza e condensa, transformando em fumaça. Outros modos para se produzir fumaça foram utilizados ao longo da história da Esquadrilha até se chegar ao sistema atual, desenvolvido pelos Anjos da Guarda, como são denominados os mecânicos e pessoal de apoio, melhorando sensivelmente o rendimento das aeronaves.

Em 1963, a esquadrilha, depois de conquistado o prestígio do público por suas manobras, foi nomeada Unidade Oficial de Demonstrações Acrobáticas da Força Aérea Brasileira, sendo a única no mundo a utilizar, até 1969, aviões convencionais. Desde 1960, o então tenente Antônio Artur Braga liderou a equipe, permanecendo a partir daí, durante 17 anos, como componente ativo na Esquadrilha. Braga, que chegou à patente de Coronel, nasceu em Cruzeiro, SP, em 1932, e faleceu em 2003. Foi recordista mundial de tempo de voo em aeronaves T-6.

A Esquadrilha foi desativada temporariamente em 1977, após uma demonstração com os T-6 na cidade de Piquete, SP, já que aquele modelo de avião estava sendo desativado na frota da FAB. No ano de 1980, no dia 10 de julho, com o nome de Cometa Branco, na AFA em Pirassununga, a Esquadrilha da Fumaça voltou à ativa. Com aviões T-25, o Cometa Branco fazia voos para comemorar a entrega dos espadins aos cadetes da Academia naquele ano.

Em dezembro de 1983, já com a denominação de Esquadrão de Demonstração Aérea –EDA, a Fumaça iniciou seus voos acrobáticos pelo Brasil. Desde então, utilizando aviões Tucano T-27, com o propósito de manter o espírito da primeira Esquadrilha da Fumaça, criada em 1952.

Cada um dos pilotos também têm atividades "fora do ar". Com cargos distribuídos entre os pilotos, eles são encarregados de manter a Esquadrilha não só como uma equipe acrobática, mas como uma organização bem estruturada. Permanecem por quatro anos em atividade no EDA e depois são transferidos para outra unidade da FAB, a fim de permitir um rodízio de tripulantes, seguindo diretriz de dar oportunidade para que outros oficiais voluntários também possam integrar a equipe.

Em março de 1999, o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira recebeu o certificado do Guinness Publishing de Londres, editora responsável pelo registro de todos os recordes mundiais no Guinness Book of Records, o livro dos recordes. O feito realizado pela Esquadrilha da Fumaça que mereceu tal distinção foi: "Em 23 de outubro de 1996, dez aeronaves T-27 Tucano, que equipam o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira, voaram em formação, todos de dorso, durante 30 (trinta) segundos, percorrendo uma distância de 3000 (três mil) metros". A Esquadrilha já quebrou seu próprio recorde por duas vezes. Em 18 de maio de 2002, no cinquentenário de nascimento, voou com onze aeronaves. Em 29 de outubro de 2006, mais uma vez superou sua própria marca, ao voar com doze aeronaves em formação, todos no dorso.

MISSÃO
A Esquadrilha da Fumaça tem como missão contribuir para a difusão da imagem da Força Aérea Brasileira junto aos públicos interno e externo. Como visão de futuro espera ser capaz de exercer toda a sua potencialidade como órgão de comunicação social, com o intuito de ampliar a notoriedade da Força Aérea Brasileira no cenário nacional e internacional. Tudo isto, cultuando os valores: Segurança de voo, Lealdade, Comprometimento com a missão, Espírito de corpo, Cortesia e atenção no trato com o público, Conduta moral irrepreensível em todas as circunstâncias, Preservação da história e da cultura organizacional, Disciplina e respeito à hierarquia.

Entre as atribuições da Esquadrilha da Fumaça estão as seguintes máximas: Estimular e desenvolver as vocações e a mentalidade aeronáuticas; Valorizar a Força Aérea Brasileira (FAB) e o sentimento de nacionalismo; Expressar a afirmação e o profissionalismo de todos os componentes da FAB; Demonstrar o alto grau de treinamento e a capacidade dos pilotos brasileiros; Comprovar a qualidade dos produtos da indústria aeronáutica brasileira; Contribuir para uma maior integração entre a FAB e as demais Forças Singulares; Estimular o entrosamento entre os segmentos civil e militar ligados à atividade aeronáutica; Representar a FAB no exterior como instrumento diplomático; Difundir a Política de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica - COMAER; Participar do processo de integração nacional, marcando a presença da FAB nos eventos realizados em todo o País.

AERONAVES
Fase atual: A-29 Super Tucano
Ao longo de sua história, iniciada em 1952, a Fumaça empregou os seguintes aviões: o convencional de motor radial North American T-6 Texan, até 1977; o jato T-24 Fouga Magister, de 1968 a 1972; o avião brasileiro T-25 Universal, de 1980 a 1983; o T-27 Tucano de 1983 até março de 2013. A partir daí, iniciou a implantação operacional do A-29 Super Tucano, cuja apresentação inaugural ocorreu em Julho de 2015.

O NINJA e a Fumaça
O Núcleo Infantojuvenil de Aviação mantém um aparelho em processo de reconstrução, com participação de alunos e voluntários. Trata-se do avião experimental Teenie Two Modificado que exibe pintura que homenageia a Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira, com o padrão de cores do Esquadrão de Demonstração Aérea, relativo à época, até 1976, em que empregava a aeronave T-Meia.
Para ilustrar, uma equipe da Extimbater, loja de equipamentos contra-incêndio em Ubatuba (SP) que apoia o NINJA, instalou um dispositivo, com o qual a piloto aciona uma sequência de jatos de fumaça precedidos da tradicional expressão "fumaça, já", pronunciada pela empolgada aluna-piloto em eventos na cidade.

Fontes: www.defesaaereanaval.com.br e texto adaptado pelo Núcleo Infantojuvenil de Aviação – NINJA, a partir dos conteúdos dos endereços eletrônicos do EDA e da FAB.