Fernando Caldeira de Moura Campos
Maria Angélica de Moura Miranda*
Em 1978, quando comecei a trabalhar na Embraer, logo
encontrei o engenheiro Fernando Caldeira, amigo de infância de
São Sebastião (SP).
Sua mãe dona Zayda, dona da Pedreira Krafer,
era muita amiga da minha família; meu tio Raul Puertas trabalhou
com ela muitos anos.
Um tempo depois fiquei sabendo que alguns engenheiros da
Embraer foram em visita à Alemanha para apresentar os nossos
projetos.
Nessa viagem, o Fernando recebeu uma proposta para
ficar trabalhando naquele país.
No fim do mesmo ano encontrei o
Fernando numa farmácia em São Sebastião e perguntei sobre isso,
ele me contou o caso em detalhes, rimos muito!!
Mais tarde, fiquei sabendo que ele havia criado uma firma
chamada AMIX – Integração de Sistemas, que fornecia peças e
equipamentos para o avião AMX, que estava sendo construído na
Embraer, através de um consórcio internacional que envolvia
também outras empresas.
Para mim foi uma alegria saber que ele
já estava em outro estágio da carreira.
Porém, no dia 9 de julho de 1997, São Sebastião ficou de luto,
o avião Fokker 100 da TAM, que havia decolado de São José dos
Campos para São Paulo, sofreu uma explosão e despressurização
repentina, abrindo um rombo na fuselagem.
O Fernando Caldeira,
aos 38 anos, que estava no voo, foi projetado para fora do avião e
caiu numa velocidade de 100 metros por segundo, de uma altura de 2.400 metros.
O avião prefixo PT-WHK, fez depois um pouso forçado de
emergência no aeroporto de Congonhas, dez minutos após a
explosão.
O piloto Humberto Angel Ascarel, os 4 tripulantes e os 54
passageiros sobreviveram; nove pessoas ficaram feridas.
O corpo de Fernando Caldeira foi encontrado numa fazenda
de Suzano, pela agricultora Maria Aparecida da Costa, que
acompanhou a queda.
No impacto seu corpo abriu um sulco na
terra de um metro de profundidade.
Durante um tempo a investigação tratou o caso como
atentado, mas até hoje, não se sabe ao certo o que aconteceu.
Um
homem que também embarcou em São José dos Campos, foi acusado de ter
colocado uma bomba no avião, mas morreu logo depois de maneira
trágica.
Os pais do Fernando Caldeira, sofreram muito com essa tragédia e morreram sem ver o caso resolvido.
*A autora: Maria Angélica de Moura Miranda é escritora e jornalista, em São Sebastião (SP).
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