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Voar é um desejo que começa em criança!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Aviação Agrícola

Como a história começou
Uma praga de gafanhotos, um pequeno monomotor "Muniz M-9", um engenheiro agrônomo notável por sua criatividade e sua persistência, e um piloto hábil e corajoso foram os responsáveis pela chegada da Aviação Agrícola ao Brasil. A praga foi a que assolou a região de Pelotas, no Rio Grande do Sul, na década de 40, dizimando as culturas de gêneros alimentícios em uma vasta área. As nuvens daquele inseto predador (o Schistocerca Cancellata) eram tão grandes e intensas que poderiam causar problemas graves até a aeronaves maiores que o frágil "M-9" - como acabaram causando. O monomotor era uma das poucas aeronaves do Aeroclube de Pelotas, doado à entidade pelo governo federal, era um biplano projetado pelo brigadeiro Antônio Guedes Muniz e produzido em série pela Fábrica Brasileira de Aviões, de Henrique Lage. Para qualquer piloto que já tenha voado um biplano de madeira e tela, não será difícil avaliar as dificuldades de qualquer um que estivesse no comando do "M-9" nas ocasiões em que ele era repentinamente envolvido por uma verdadeira nuvem de gafanhotos. O engenheiro agrônomo era Antônio Leôncio de Andrade Fontelles, chefe do Posto de Defesa Agrícola do Ministério da Agricultura em Pelotas. Tão Logo se constatou a gravidade dos danos que a ação predatória dos gafanhotos poderia causar ao Estado e à economia nacional, ele recebeu de seus superiores uma ordem enérgica: detenha a praga a qualquer custo. O piloto era Cloves G. Candiota, integrante do aeroclube local que, procurado por Andrade Fontelles, não hesitou em se colocar a serviço do esquema de defesa da comunidade, dedicando-lhe integralmente sua incrível habilidade de aviador e uma impressionante coragem, provada, aliás, em várias ocasiões. Ele não só comandou os voos - muitos dos quais em companhia de Andrade Fontelles - como também participou pessoalmente dos trabalhos de adaptação e adequação da aeronave para as peculiaridades do combate à praga. Em nossos dias, quem quer que milite na aviação agrícola não pode deixar de reconhecer esses dois homens como verdadeiros heróis e pioneiros da atividade do agronauta.

Do livro "Guerra no Céu do Brasil", de Carlos Pizarro.
São Paulo - Artgraph Editora.