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Voar é um desejo que começa em criança!

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Centenário do 1º Pouso de Avião em Taubaté

05 de Setembro de 2022: Centenário do Primeiro Pouso de Avião em Taubaté (SP)
Há exatos 100 anos, no dia 5 de setembro de 1922, pela primeira vez, um avião pousava em Taubaté (SP). O Caudron G3, batizado Bandeirante, era pilotado pela pioneira aviadora Anésia Pinheiro Machado (1904-1999), a segunda brasileira a ser brevetada, logo após e no mesmo dia que a piloto Thereza de Marzo. Nos anos 1920, com a crescente aviação, havia a euforia dos recordes aéreos e o estabelecimento de rotas pioneiras, com o avião cobrindo grandes distâncias. Edu Chaves, em 1912, já havia feito a primeira viagem aérea entre São Paulo e Rio, mas uma mulher ainda não havia ousado. Como descrito no livro “A Aviação em Taubaté e os 25 Anos do Aeroclube Regional”, Anésia Pinheiro Machado, então com 18 anos, na Semana da Pátria de 1922, realizaria a proeza histórica, sendo a primeira mulher a voar na rota São Paulo – Rio. Para a aterrissagem em Taubaté foi improvisado um campo, nas margens da Estrada de Ferro Central do Brasil que, tal qual o rio Paraíba do Sul, lhe servia de referência na navegação.

Jornal
O jornal Correio Paulistano do dia 6 de setembro publicava notícia enviada pelo correspondente em Taubaté, sobre a passagem da aviadora pela cidade, com o título “Raid S. Paulo–Rio - Chegada da senhora Anésia Pinheiro Machado a Taubaté”. Dizia a nota: “Taubaté, 5 – A aviadora Anésia Pinheiro Machado, que iniciou hoje o reide S. Paulo – Rio aterrou nesta cidade às 12 horas, após uma viagem de 1 hora e 20 minutos, devido ao tempo bastante agitado e encoberto. A destemida sota paulista voou na altura média de 500 metros, por estarem as nuvens bastante baixas. Apesar destas circunstâncias, a aterragem foi feita nesta cidade sem incidentes. Anésia Pinheiro Machado, que aqui foi recebida debaixo de muitas aclamações, decolará entre as 15 e 16 horas em direção a Guaratinguetá, onde pernoitará, partindo amanhã para o Rio de Janeiro.”

O jornalista do Correio Paulistano lhe perguntou:
- Como pôde realizar o seu esplêndido voo de S. Paulo a esta cidade? Ao que Anésia respondeu :
- Com alguma dificuldade, pois que o tempo estava muito ruim e os ventos soprando em sentido contrário, o que embaraçou de certo modo a viagem. Vencidos esses embaraços, já mais ou menos esperados, subi à altura de 600 metros, esperando encontrar melhor tempo e mais claridade, pois em grande extensão do percurso encontrei também alguma cerração. Tive assim, de viajar entre 400 e 500 metros de altura até aqui. À hora em que saí de S. Paulo (10h e 40 min.), o tempo estava de molde a assegurar êxito da iniciativa. Foi assim que me animei a realizar o reide por que me interesso tanto. Hoje irei a Guaratinguetá se o tempo permitir; se não for possível, irei ali amanhã, onde descerei. De Guaratinguetá seguirei para Cruzeiro e de Cruzeiro para Pinheiros, onde tomarei a gasolina necessária para a realização da última etapa do reide. Tenciono deste modo, estar amanhã no Rio de Janeiro entre 15 e 16 horas.”

Anésia concluiu seu reide no dia 8 de setembro de 1922. A travessia começou no dia 5 de setembro de 1922, em São Paulo, com aterragens em Taubaté, Guaratinguetá, Cruzeiro, Pinheiral (RJ) e, por fim, no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.


Em 2022, no âmbito do Comando da Aviação do Exército, em Taubaté, pesquisa-se para documentar e subsidiar a confirmação do nome de Anésia Pinheiro Machado como patronesse da Base de Aviação de Taubaté (BAvT), unidade que cuida da parte administrativa daquele Comando.

O Caudron G3
O Caudron G-3 não possuía ailerons – superfícies móveis nas asas que, juntamente com o leme, proporcionam a execução de curvas “não derrapadas” com os aviões. Também não tinha freios, para auxiliar a parada após o pouso. O final do voo ficava por conta do atrito com o solo. O G-3 era um biplano monomotor construído pelos irmãos franceses Gaston e René Caudron. O modelo foi empregado na Primeira Guerra Mundial, como aeronave de treinamento e reconhecimento.

Outros reides
Várias atividades aéreas e viagens de longa distância celebraram o Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Além do feito de Anésia, com o reide São Paulo – Rio de 5 a 8 de setembro, registra-se o primeiro pouso de uma aeronave em Ubatuba (SP), no dia 14 de setembro, pelo piloto chileno Diego Aracena, acompanhado do mecânico Arturo Seabrook, quando faziam o reide Santiago do Chile – Rio, a bordo de um De Haviland DH-9, nomeado El Ferroviario. Outro destaque foi a primeira travessia aérea do Atlântico Sul pelos portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho. Os aeronavegantes partiram de Lisboa no dia 30 de março de 1922, com um hidroavião biplano Fairey II D, que recebeu o nome de Lusitânia. Após várias escalas e troca por outras duas aeronaves no percurso, chegaram ao Rio de Janeiro no dia 17 de junho de 1922. Contabilizaram 62 horas de voo, cobrindo oito mil quilômetros, empregando instrumentos e técnicas de navegação astronômica que eles próprios conceberam para a travessia.

Leitura recomendada:
Livro “A Aviação em Taubaté e os 25 Anos do Aeroclube Regional”. ART, 2018.

Saiba mais:
Sobre o reide Lisboa – Rio. Blog do NINJA de 14/06/2020 (Clique aqui);

Sobre o reide de Edu Chaves. Blog do NINJA de 27/04/2012 (Veja aqui);

Sobre o reide Santiago – Rio e o Primeiro Pouso em Ubatuba. Blog do NINJA de 24/03/2022 (Acesse aqui) ;

Sobre Anésia. Blog do NINJA de 25/10/2015 (Confira aqui

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