Tecnologia flex para aviões a pistão promete reduzir custosUm novo sistema multicombustível desenvolvido pelo Grupo Magneti Marelli promete estender ao setor aeronáutico os mesmos benefícios econômicos e ambientais da utilização da tecnologia flex, que já está presente em quase 50% da frota de veículos leves do País.
“A inovação é um dos traços marcantes da utilização do etanol, fato que leva o Brasil à liderança em tecnologias relacionadas com a produção e uso deste biocombustível. A aplicação do sistema flex em aeronaves com motor a pistão é mais um importante passo para a popularização do etanol em mercados de alta tecnologia,” observa Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
O sistema Software Flexfuel Sensor (SFS®) para aviões de pequeno porte começou a ser desenvolvido pela Magneti Marelli em 2007. O projeto, concebido em parceria com a Divisão de Propulsão Aeronáutica (APA) e com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), servirá apenas para aeronaves que atingem uma altitude equivalente a três mil metros de altura e que utilizam uma gasolina especifica para aviação, de alta octanagem e de custo mais elevado.
Menor teor de chumbo
O sistema flex desenvolvido pela Magneti Marelli permite uma redução significativa no custo do combustível por hora de vôo com o uso do etanol. Torna-se possível optar pelo etanol para vôos mais curtos, ou pela gasolina quando a necessidade é de mais autonomia para atingir maiores distâncias. Além de sua disponibilidade reduzida, por ser produzida apenas em Cubatão (SP), a gasolina para aeronaves pode custar até R$5 por litro.
O uso do etanol, um combustível limpo e renovável, também traz importantes benefícios ambientais. Ao contrário da gasolina de aviação, o etanol não contém chumbo, metal pesado altamente poluente. Em comparação à gasolina comum, o etanol reduz as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEEs) em até 90%.
“Fomos pioneiros no desenvolvimento, aplicação e fornecimento do sistema multicombustível para automóveis, contribuindo para a independência energética e a redução de emissões. Esperamos que o setor aeronáutico possa caminhar da mesma forma,” afirma Virgilio Cerutti, presidente do Grupo Magneti Marelli no Mercosul.
Segundo o engenheiro e gerente comercial da Magneti Marelli, Eduardo Campos, um protótipo do sistema flex para aviões já está em fase de homologação no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP).
“Após os testes em laboratório, serão realizados ensaios em voo com uma aeronave AeroBoero 180, um rebocador de planador,” revela Paulo Ewald, chefe da subdivisão de Motor a Pistão da APA.
Ipanema
O uso do etanol na aviação começou com o Ipanema, um avião agrícola produzido em escala industrial pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), cujo motor movido a gasolina de aviação foi adaptado para utilizar 100% etanol. Seis anos após o lançamento no mercado, já foram comercializadas mais de 1100 aeronaves Ipanema, marca líder em vendas no segmento e responsável por cerca de 75% de todos os aviões agrícolas em operação no Brasil.
A escalada dos preços do petróleo, que tem encarecido sobremaneira os combustíveis de aviação, e a necessidade de redução de gases de efeito estufa no setor, são fatores motivadores para a busca de combustíveis alternativos e oportunidades para inovação,” ressalta Szwarc, da UNICA.
Fonte: Portal do Agronegócio