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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 31 de maio de 2020

Datas Especiais

31 de maio:
Dia do comissário de voo
O Dia Internacional do Comissário de Bordo, também conhecido por Comissário de Voo, é comemorado anualmente em 31 de maio. A data homenageia os comissários de bordo, também chamados de aeromoças e aeromoços, responsáveis por tornar as viagens de avião mais agradáveis e seguras para todos os passageiros. São profissionais treinados para atender a todas as situações que possam ocorrer durante os voos. A origem do Dia Internacional do Comissário de Bordo homenageia a criação da Internacional Flight Attendants Association - IFAA (Associação Internacional dos Comissários de Voo), criada em 31 de maio de 1973, ao final do Congresso dos Comissários de Voo - Concov. O Dia do Comissário de Bordo foi oficializado em 1986.

A primeira comissária
Os serviços de bordo em voos comerciais, até 1930, eram efetuados por copilotos e pilotos da própria viagem. Os aviões daquele tempo não eram pressurizados, voavam baixo, em ar turbulento e eram muito barulhentos. Nessa época surge Ellen Church, mulher americana que tinha o sonho de ser piloto de avião mas não foi aceita pela empresa Boeing Air Transport, pois não era permitido na época. Mas ela não era uma pessoa de desistir do sonho de estar presente e trabalhar na aviação, pensou como poderia fazer algo diferente e percebeu que devido à precariedade de estrutura das aeronaves em voo e que por consequência geravam muita insegurança e sofrimento das pessoas quando voavam, ela poderia ser muito útil e também realizar seu sonho.

Pioneirismo
Um dia ao sair do trabalho decidiu novamente passar na Boeing e perguntar se tinha vaga de emprego disponível e foi informada de que seria contratado um funcionário para prestar assistência aos passageiros dentro do avião. Ouvindo isso e por ter a formação de enfermeira, decidiu propor a Steve Simpson da empresa que não aceitou que trabalhasse como pilota, que colocassem enfermeiras a bordo para cuidar dos passageiros e isso seria um fator positivo, traria calma as pessoas que tinham receio e medo de avião. Ela venceu, foi contratada em 1930 como chefe de pessoal navegante comercial, por um período de experiência de 3 meses. Com sua contratação e muita dedicação, Ellen foi primordial na construção da imagem de mais segurança e conforto na aviação, os passageiros sentiram-se mais amparados e seguros. Mas isso não foi o fato mais importante conquistado por essa mulher destemida e desafiadora. Ellen abriu as portas da aviação para as mulheres trabalharem, serem aceitas e terem uma nova opção de trabalho. Ela quebrou o monopólio masculino na aviação.

Sky girls
Atualmente 59% dos comissários de bordo são mulheres.Com o sucesso do trabalho de Ellen a empresa decidiu contratar mais 7 comissárias de bordo que na época foram chamadas de “Sky Girls” (meninas do céu). Nesse período também teve início a padronização física da profissão.Sem estar escrito em nenhum manual ou regra, foram determinadas algumas características quanto a peso, altura, idade. Elas precisavam ser atraentes, pelo menos aos olhos do responsável pela contratação. A Boeing planejava uma jogada de marketing ao introduzir comissárias nas suas tripulações, para atrair mais passageiros. O primeiro voo das comissárias, com Ellen a bordo, ocorreu em 15 de maio de 1930, entre Oakland, Califórnia para Chicago, durou 20 horas, com nada menos que 13 escalas. A vida das comissárias pioneiras não era nada simples e fácil nessa época, elas tinham que recolher saquinhos de vômito, verificar pressão arterial dos passageiros, ajudar a reabastecer a aeronave, conferir os bilhetes de passagem, consertar assentos quebrados durante o voo e ajudar os pilotos a empurrar o avião para dentro do hangar, no final da jornada. Com a experiência foi bem sucedida e o sonho de Ellen realizado outras empresas aéreas logo imitaram a iniciativa. Como contratar exclusivamente mulheres não era o ideal, muitos homens também foram contratados, especialmente nas empresas europeias, e pouco tempo depois deixou-se de exigir a qualificação de enfermagem para o exercício da profissão. A exigência de baixa estatura e baixo peso, no entanto, perdurou até que as empresas começassem a usar os jatos, no final da década de 1950.

Especial de Domingo

Novos tempos na exploração espacial, com intenso envolvimento da iniciativa privada, registra a publicação de hoje, com destaque para fotos desse histórico feito.
Boa leitura.
Bom domingo!

Cápsula da SpaceX é lançada com dois astronautas e se torna a primeira espaçonave da iniciativa privada a levar tripulantes para a ISS
A NASA enviou ontem, 30 de maio de 2020, dois astronautas, Robert Behnken and Douglas Hurley, para a Estação Espacial Internacional (ISS). Numa histórica missão que marca o primeiro lançamento de astronautas em foguete americano, desde cerca de uma década, quando foram canceladas as viagens nos ônibus espaciais.

Foi o primeiro emprego de uma espaçonave, a Crew Dragon, da iniciativa privada, construída pela empresa SpaceX, também responsável pelo foguete lançador Falcon 9. A missão inclui testes das capacidades em órbita da Crew Dragon. Todas as operações foram automáticas, mas monitoradas pelos astronautas, para atuação manual, caso necessário. Crew Dragon passou a navegar de forma a se acoplar com a Estação Espacial Internacional.

A cápsula Dragon é capaz de levar até sete passageiros para a órbita da Terra e além. No seu retorno à superfície a Dragon descerá de paraquedas no Oceano Atlântico.

O primeiro estágio do foguete Falcon 9 retornou e pousou sobre uma plataforma flutuante, cerca de 10 minutos após o lançamento, e poderá ser reutilizado posteriormente.

Após 13 minutos do lançamento, o segundo estágio se separou da cápsula e a Crew Dragon passou a navegar de forma a se acoplar com a Estação Espacial Internacional.

sábado, 30 de maio de 2020

Aviação Naval

Marinha terá aviões bimotores de transporte e pilotos treinam na FAB
Esquadrão de Aviões de Transporte da Marinha poderá surgir em 2021

A Força Aérea Brasileira (FAB) , por meio do Primeiro Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (1º/5º GAV) - Esquadrão Rumba, sediado em Parnamirim (RN), realizou o primeiro voo dos Oficiais da Marinha do Brasil que estão fazendo o Curso de Especialização Operacional da Aviação de Transporte (CEO-TR), em conjunto com os demais estagiários egressos da Academia da Força Aérea (AFA). A atividade ocorreu no dia 18 de maio de 2020.

Navais
O Capitão de Corveta Thiago Mendes Franco e o Capitão-Tenente Caio Cardinot da Costa farão o curso completo da aeronave C-95M Bandeirante, ministrado pelos instrutores do Esquadrão Rumba. O objetivo é que a instrução dê prosseguimento à formação dos Oficiais Aviadores Navais, os quais vão compor o efetivo do 1º Esquadrão de Aviões de Transporte da Marinha do Brasil (EsqdVE-1), com previsão de criação em 2021. Além de aprenderem como empregar um vetor da aviação multimotor, os estagiários da Marinha do Brasil também realizarão o intercâmbio de conhecimento e doutrina de funcionamento de um Esquadrão de Transporte Aéreo na Força Aérea Brasileira. "Realizamos hoje o primeiro voo do CEO-TR. Os conhecimentos que adquiriremos durante este ano, no 1º/5º GAV, serão essenciais para implantação do novo Esquadrão de Transporte da Marinha do Brasil. Em dezembro, após aproximadamente 100 horas de voo na aeronave C-95 Bandeirante, estou certo de que levaremos conosco a experiência operativa e a doutrina de voo obtida com os instrutores do Rumba e, com isso, contribuir para os dois principais pilares na formação de um novo Esquadrão Aéreo: segurança e eficiência", relatou o Capitão de Corveta Thiago Mendes.

Interoperabilidade FAB / Marinha
Nesta primeira fase do curso, os Oficiais se adaptam a pilotagem do novo avião em diversas situações e exercícios. Após isso, darão continuidade ao curso realizando as fases de Voo por Instrumentos, Navegação e Voo de Formatura. O Comandante do 1º/5º GAV, Tenente-Coronel Aviador Ailton David Cabral Júnior, destacou que é um orgulho para o Esquadrão Rumba retomar a interoperabilidade com a Marinha do Brasil. “Podemos contribuir para a formação dos novos pilotos da aviação multimotor desta Força Irmã", afirmou.

Aviação de transporte na Marinha
A incorporação da aviação de transporte, com a aeronave KC-2, na Marinha do Brasil possibilitará a realização de reabastecimento autônomo de suas aeronaves AF-1B/C e, também, juntamente com o Porta-Helicópteros Multipropósito “Atlântico”, aperfeiçoar sua capacidade de comando em controle com a utilização de seu radar 967 Artisan. Além da capacidade que caracteriza um trinômio inovador da MB, as aeronaves KC-2 terão a capacidade de realizar o lançamento de paraquedistas até a altitude de 25.000 pés (aproximadamente 7,2 Km), evacuação aeromédica, apoio Nuclear, Biológica, Química e Radiológica, apoio às operações de busca e salvamento e transporte de cargas e passageiros

Fotos: Tenente Matheus/1º/5º GAV

Fontes: FAB e Blog do NINJA

Saiba mais: Blog do NINJA de 27/11/2018 - Clique aqui  

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Transporte Aéreo

Latam pede recuperação judicial nos EUA
A Latam Airlines pediu recuperação judicial nos EUA, por causa dos efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

No Brasil, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou, dia 26 de maio de 2020, que o governo Jair Bolsonaro está monitorando a situação da Latam Airlines. A maior empresa aérea da América Latina anunciou, recentemente, um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. No Palácio do Planalto, Freitas disse que a decisão da companhia foi cuidadosa e não há preocupação de que ocorra algo parecido no Brasil: “É um movimento que nós estamos monitorando, é um movimento bastante pensado, e que no Brasil não aconteceu porque eles (Latam) estão confiando na linha de capital disponível pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), estão trabalhando para cumprir os requisitos, e essa linha vai ser importante para as demais companhias.” O ministro acrescentou: “Então, a gente está monitorando e estamos bastante tranquilos, até o momento, com a situação dessas empresas.”

Fonte: www.renovamidia.com.br em 27/05/2020

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Curso para Comissários

Aeroclube de Taubaté abre inscrições para curso de comissários de voo
O Aeroclube Regional de Taubaté (ART) está com matrículas abertas para o Curso de Comissários de Voo. A novidade nessa escola de aviação civil é a possibilidade de turmas para ensino presencial e também pela modalidade de ensino a distância. A classe presencial comportará até 20 alunos. O coordenador dos cursos, Geraldo Lage, explica que o curso presencial terá aulas aos domingos, das 08h30 às 17h30, proporcionando a oportunidade para alunos que tenham outras atividades durante os dias de semana. O conteúdo é ministrado em aproximadamente seis meses.

Matérias
Durante a preparação para capacitação e posterior ingresso numa companhia aérea, os futuros comissários de voo estudam disciplinas como Sistema de Aviação Civil, Regulamentações da aviação civil e da profissão de aeronauta, Segurança de voo, Conhecimentos sobre aeronaves, Navegação aérea, Meteorologia, Aspectos fisiológicos da atividade, Primeiros socorros, Emergências a bordo, Combate ao fogo e Fatores humanos na aviação civil. Outra parte importante do curso é a instrução de sobrevivência na selva e no mar.

Sobrevivência na selva
Segundo o coordenador Lage, a parte prática na atividade de sobrevivência envolve deslocamento a pé para local remoto, realizando tarefas de orientação e navegação terrestres, simulação de socorro e transporte de feridos em macas pelos próprios alunos, construção de abrigos, produção emergencial de fogo, obtenção de água, confecção de armadilhas para caça. Os alunos fazem um pernoite no acampamento, onde preparam o próprio alimento, e no segundo dia praticam exercícios de sobrevivência e flutuação em ambiente aquático.

Curso EAD
A opção de curso a distância (EAD) é uma parceria do Aeroclube Regional de Taubaté com a escola Aerocurso.com. No desenvolvimento do processo de aprendizagem, os alunos do curso EAD podem consultar remotamente os professores do Aeroclube ou até mesmo assistirem aulas de reforço juntos com a turma presencial. Numa determinada fase do curso, os alunos do método virtual de ensino farão as atividades práticas, incluindo a sobrevivência, na mesma área utilizada para a turma presencial.

Investimento
Após a realização do curso, com aproveitamento nas provas, o aluno será submetido a uma avaliação pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Se aprovado, receberá seu Certificado de Habilitação Técnica e poderá participar dos processos de contratação em companhias aéreas. O investimento no curso é da ordem de R$ 2.390,00 divididos numa matrícula de R$ 350 e seis mensalidades de R$ 340. Há opções de pagamento em cheque, boleto ou cartão e condições para descontos. Na matrícula estão inclusos o material didático e uniforme. Os requisitos para o candidato são: mínimo de 18 anos completos (ou a completar até o fim do curso), ensino médio (ou a concluir até o término da instrução). O aluno, além do curso, terá a seu encargo o pagamento do exame médico e a prova da Anac.

Informações e matrículas: ART (12) 3621-2277 ; Whatsapp (12) 99785-6887

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Aeroportos

Governo Federal anuncia privatização de 43 aeroportos brasileiros
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, comentou, segunda-feira, 25 de maio de 2020, sobre os próximos leilões de aeroportos do Brasil. O governo do presidente Jair Bolsonaro pretende leiloar os 43 terminais que ainda estão sob responsabilidade da Infraero. “Nós vamos arrebentar na venda de aeroportos”, disse o ministro, durante transmissão ao vivo pela internet promovida pelo banco Santander.

Otimismo
Tarcísio de Freitas demonstrou otimismo com a possibilidade de o governo Jair Bolsonaro conseguir transferir à iniciativa privada todos os aeroportos que estão na pauta do ministério: “Vamos vender e vamos vender muito, vamos vender os 43 aeroportos. Por uma questão de ousadia, uma vez que todo mundo está tirando aeroporto da praça.” O ministro acrescentou: “O setor vai retomar…Talvez a aviação civil seja o setor mais atingido com a pandemia da Covid-19. Mas viremos com protocolos de segurança e, aos poucos, o movimento será retomado.”

Fonte: www.renovamidia.com.br em 25/05/2020

terça-feira, 26 de maio de 2020

Tecnologia

ITA desenvolve detector de coronavírus no ar
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), sediado em São José dos Campos (SP) no campus do DCTA, desenvolve um sensor capaz de detectar a presença do coronavírus nas partículas do ar. O estudo recebeu R$ 250.000,00 do MPT (Ministério Público do Trabalho). O desenvolvimento do detector é feito por pesquisadores do laboratório de Bioengenharia, em parceria com o Laboratório de Genômica Médica do Hospital A. C. Camargo Câncer Center e o Instituto de Estudos Avançados da Força Aérea Brasileira (FAB).

Baixo custo
O projeto consiste em um equipamento de baixo custo, que fará o monitoramento seguro da presença de microrganismos dispensados no ar, em particular o coronavírus, em áreas de grande circulação de pessoas, como hospitais, aeroportos, estabelecimentos comerciais, entre outros. O equipamento poderá prevenir ou antecipar possíveis novas ondas de retransmissão e contágios decorrentes de novas mutações do vírus e podem liberar áreas que mostram ausência de partículas virais infectantes. A verba destinada pelo MPT será investida na produção do protótipo, incluindo a aquisição de equipamentos, insumos, serviços e equipe técnica, além de outras despesas decorrentes do projeto.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Carreiras na Aviação

Oficial da FAB é premiado como professor de destaque na Academia da USAF
Oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), Major Julio Cesar Noschang Junior, recebeu, no dia 19 de maio de 2020, o Prêmio Outstanding Academy Educator, concedido ao professor que mais se destacou em cada Departamento da Academia da Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force Academy – USAFA). O militar brasileiro, que atua como Oficial de Ligação para os programas de intercâmbios de cadetes entre Brasil e Estados Unidos, é professor do Departamento de Línguas Estrangeiras da USAFA, onde concorreu ao prêmio com cerca de 40 professores, entre militares e civis. Na USAFA, desde junho de 2018, o Major Noschang ministra aulas de Português, Política, História e Cultura do Brasil. O término da missão está previsto para maio de 2021.

Orgulho de representar o Brasil
Segundo o Major Noschang, é a primeira vez que um estrangeiro recebe esse prêmio, conferido anualmente pela USAFA. “Para mim, representa o reconhecimento por parte dos cadetes e de outros professores pelo trabalho desenvolvido ao longo do último ano. Simboliza, também, o orgulho de representar a FAB e o Brasil”, declarou. A seleção do Prêmio Outstanding Academy Educator é baseada tanto nas avaliações que os cadetes fazem dos instrutores quanto na análise de desempenho funcional pela chefia do departamento. Depois disso, uma banca avaliadora avalia as aulas dos professores e analisa diversos fatores, como desenvoltura, interação, capacidade de transmitir o conhecimento e postura profissional.

O premiado
Antes de ir pra USAFA, o Major Noschang atuou como instrutor de voo na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), no período de 2010 a 2012 e de 2016 a 2018, tendo trabalhado no Corpo de Cadetes da Aeronáutica (CCAER). É piloto de Asas Rotativas, possui mais de 2.500 horas de voo em diferentes aeronaves, incluindo T-25, T-27, H-50, UH-1H e UH-60L. Mais recentemente, foi Comandante do 2º Esquadrão de Instrução Aérea da AFA.

Foto: USAF

Fonte: FAB

domingo, 24 de maio de 2020

Especial de Domingo

Encerrando a Semana ITA, com a reprodução de uma série de artigos publicados pela FAB, por meio do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, alusivos aos 70 anos de criação, em 22 de maio de 1950, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, hoje apresentamos os feitos da instituição na sua sétima década. A solenidade de celebração desse marco ocorrerá em outubro de 2020, com o lançamento do livro e exposição “Asas pra que te quero”.
Boa leitura.
Bom domingo!

ITA: 70 anos de história
Na última década, o orçamento do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) cresceu vertiginosamente. No intuito de manter a oferta de cursos de engenharia de alta qualidade, a universidade tem investido em muitas obras, que visam modernizar instalações e ampliá-las, de modo que possam atender cada vez mais estudantes, em qualidade cada vez melhor. Para gerenciar a execução de tais obras, o Comando da Aeronáutica (COMAER) criou a Comissão de Obras do DCTA (CO-DCTA), que tem supervisionado todas as obras realizadas, como no caso da construção do novo prédio da Divisão de Ciências Fundamentais. Outro exemplo é a obra de expansão da quadra H8, que tem por objetivo ofertar maior número de alojamentos aos alunos da instituição.

Tal estrutura necessita de seu bem maior, que são os recursos humanos especializados nas áreas necessárias à universidade. Para tanto, o ITA recebeu investimentos de mais de R$ 100 milhões e 80 novos professores ao longo do período. A importância da dedicação das pessoas no cumprimento dos objetivos da instituição pôde ser vista no desenvolvimento do ITASAT, microssatélite lançado em 2018 que, até hoje, envia sinais do espaço aos laboratórios da universidade. Outro exemplo é a assinatura de vários acordos de dupla titulação com universidades estrangeiras, como no caso da École Polytechnique de Paris, na França.

A área espacial teve grande investimento na última década, pois foi criado do Curso de Graduação em Engenharia Aeroespacial, o Programa de Pós-graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais e o Centro Espacial do ITA (CEI), que vem trabalhando com a National Aeronautics and Space Administration (NASA) e o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), além de prestar serviços relevantes para a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), órgão subordinado ao DCTA responsável por coordenar os trabalhos sobre definição e implantação de sistemas espaciais relativos à defesa, incluindo seus elementos orbitais e a respectiva infraestrutura de apoio. O Chefe do CEI, Major Aviador Pedro Kukulka de Albuquerque, ressaltou os anos de desenvolvimento do projeto, que ocorreram por meio de diversas atividades que envolveram o ITA e a FAB. “O CEI tem como objetivo diminuir a dependência internacional e valorizar os recursos internos do Brasil na área espacial, buscando soluções melhores, mais rápidas e acessíveis para os 22 milhões de quilômetros sob responsabilidade da FAB”, comentou. Importante destacar, também, que o Centro de Competência em Manufatura CCM), citado em uma das matérias históricas lançadas pelo DCTA, ganhou nova sede, desenvolvendo vários projetos relevantes para empresas da Base Industrial de Defesa e, mais recentemente, construindo e divulgando um manual de impressão 3D de face shields (máscaras de rosto) para uso no combate à pandemia do coronavírus. Além disso, o laboratório aliou-se recentemente a Fraunhofer-Gesellschaft, associação de pesquisa alemã.

Bioengenharia
Outro grande laboratório criado no período foi Laboratório de Bioengenharia, que se aliou inicialmente ao Hospital Albert Einstein. No ano de 2019, o projeto do “Dispositivo de Identificação Portátil de Prevenção de Retenção de Objetos Cirúrgicos com Marcadores Magnéticos” foi patenteado. O equipamento visa prevenir complicações cirúrgicas decorrentes de erro médico relacionado ao esquecimento de material cirúrgico no corpo de pacientes. “O equipamento pode ser operacionalizado em qualquer espaço hospitalar, sem a necessidade de obras ou aquisição de outros equipamentos. Além disso, é simples, de baixo custo e portátil, o que permite seu emprego em hospitais remotos, localizados em áreas desassistidas ou carentes de manutenção”, declarou o Major-Brigadeiro Médico José Elias Matieli, um dos cientistas responsáveis pela referida patente.

Covid-19
Na atual crise pandêmica, vários professores estão buscando criar soluções para o combate à COVID-19, desde a produção de máscaras e álcool em gel, até novas tecnologias e ferramentas computacionais. Um desses projetos é o desenvolvimento de um equipamento capaz de detectar a presença de coronavírus no ar. O trabalho será desenvolvido pelo Laboratório de Bioengenharia do ITA, que atuará em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEAv) e o Laboratório de Genômica Médica do Hospital A.C. Camargo Cancer Center. “Iniciamos hoje uma nova década, que trará grandes mudanças para o mundo, transformado pela pandemia que estamos enfrentando. Em vez de temermos seus impactos, nos colocamos à disposição do país para ser parte da solução”, afirmou o Reitor do ITA, Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia, sobre a atuação da universidade no combate à pandemia.

ITA comemora seus 70 anos
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), organização de ensino subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), comemorou, na manhã do dia 22 de maio dede 2020, seu septuagésimo (70º) aniversário de criação. No intuito de celebrar tal data, um ato simbólico foi realizado na área externa do novo prédio da Divisão de Ciências Fundamentais, levando-se em conta todas as regras sanitárias vigentes para o combate à COVID-19. Estiveram presentes o Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral; o Diretor do DCTA, Major-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara; o Vice-Diretor do DCTA, Major-Brigadeiro do Ar Ricardo José Freire de Campos; o Reitor do ITA, Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia; o Prefeito da cidade de São José dos Campos - SP, Felício Ramuth; o Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Darcton Policarpo Damião; o Diretor de Desenvolvimento Tecnológico da EMBRAER; o Vice-Presidente Comercial da Avibras, Leandro Villar; entre outras autoridades. Durante o ato, foi exibido um vídeo com discursos do vice-presidente da República, General Antônio Hamilton Martins Mourão, do Ministro da Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, e do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez. Na ordem do dia alusiva ao aniversário do Instituto, o Reitor do ITA relembrou a trajetória percorrida, os desafios enfrentados e a posição de destaque que o ITA possui no ensino de engenharia. “70 anos. Sete décadas. Muitos momentos emocionantes ao longo do período. Sob a ótica racional, tudo o que alcançamos até hoje seria inimaginável na década de 1940. São muitos feitos, muitos heróis envolvidos em cada avanço conquistado. Seria difícil dizer qual década foi mais marcante, pois cada uma delas apresentou vários desenvolvimentos muito relevantes”, ressaltou o Reitor em seu discurso.

Centro Espacial do ITA
Após o ato de comemoração, algumas das autoridades presentes foram visitar o Centro Espacial do ITA, inaugurado em janeiro deste ano, que tem como missão “Capacitar as melhores mentes, explorar e inovar em pesquisas científicas e tecnológicas, metodologias e parcerias dentro da área de Sistemas Aeroespaciais, suprindo a demanda de mercado e contribuindo no avanço tecnológico Brasileiro”. Como pôde ser visto ao longo dos últimos sete dias, nos quais o DCTA e a FAB divulgaram uma série de matérias jornalísticas contando a história do ITA desde a sua criação, a universidade mostrou-se presente em diversos momentos da história nacional, como na construção do motor a álcool, no projeto da aeronave Bandeirante, ou na parceria ítalo-brasileira que deu origem ao AMX, aeronave de caça denominada A-1 na Força Aérea Brasileira. O resultado do empenho de todo o capital humano que atuou no passado, ou atua na atualidade, trouxe grandes frutos para a nossa indústria, para a academia e para a ciência nacional. O ideal do Marechal do Ar Casimiro Montenegro de dotar o País de uma estrutura aeroespacial pujante é evidenciada no quadro abaixo, que traz alguns exemplos de brasileiros de sucesso ao longo da história do ITA. Importante destacar que tal lista é apenas exemplificativa, uma vez que a universidade conta com diversos outros casos de egressos que fazem a diferença na Tríplice Hélice (Academia, Indústria e Governo) do desenvolvimento tecnológico.

Fotos: Suboficial Daniel / ITA e Arquivo

Texto: Sargento Anderson (DCTA), com informações do ITA.

Fonte: FAB

Semana ITA: Saiba mais em 18/5, 19/5, 20/5, 21/5, 22/5 e 23/5.

sábado, 23 de maio de 2020

Semana ITA

O crescimento do ITA na primeira década do século XXI
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em sua sexta década de existência, entra no novo milênio em um processo acelerado de consolidação da pós-graduação, que aumentou em mais de duzentos por cento (200%) a oferta de vagas no período. O corpo discente cresceu de cerca de 400 para 1.300 alunos, sendo 38% de aumento no Mestrado Acadêmico, 38% no Mestrado Profissional e 24% no Doutorado. O objetivo era proporcionar a formação de recursos humanos alinhados às demandas do século XXI, marcado pela globalização e pelo aceleramento dos processos de mudança tecnológica. Um dos destaques do Programa de Pós-Graduação do ITA no período foi a implantação do Mestrado Profissional em Engenharia Aeronáutica e Mecânica em 2003, que atendia demandas do setor aeronáutico, especialmente da Embraer. Considerando a promissora relação do ITA com o cluster industrial da região do Vale do Paraíba e de todo o Brasil, a década em questão também foi um período de expressivo apoio de órgãos de fomento, como da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que é subordinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Aplicações Operacionais
Outro ponto alto da década foi a criação do Programa de Pós-Graduação em Aplicações Operacionais (PPGAO), que viabiliza a formação de militares da ativa da Aeronáutica, do Exército e da Marinha para o emprego em demandas típicas das Forças Armadas. Atualmente, as pesquisas da área dividem-se em: Análise Operacional e Engenharia Logística; Comando e Controle e Defesa Cibernética; Guerra Eletrônica e Sensoriamento Remoto; Sistemas de Armas e Aplicações Espaciais; e Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) e Bioengenharia. No intuito de atender com qualidade os graduandos e pós-graduandos da Universidade, foi implantado o Túnel de Vento didático, que possibilitou a simulação em laboratório de questões complexas de aerodinâmica e do comportamento de materiais sob pressão. Além disso, teve início a implantação da primeira fase do Centro de Competência em Manufatura (CCM), e começaram a operar o Laboratório de Plasmas e Processos e o Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia, que proporcionam a execução de experiências importantes para os setores de aeronáutica, espaço e defesa.

Considerando todas as mudanças materiais em curso, a estrutura organizacional do ITA passou a englobar quatro Pró-Reitorias: de Graduação, de Pós-Graduação, de Administração e de Cooperação e Extensão (posteriormente transformada em Pró-Reitoria de Relacionamento Institucional). Tal mudança acompanhou a fusão do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) com o Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (DEPED), que culminou na criação do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (2005), mais tarde denominado Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

Fotos: Agência Força Aérea e ITA

Texto: Sargento Anderson (DCTA)

Fonte: FAB

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Datas Especiais

22 de maio:
Dia da Aviação de Patrulha


Em videoclipe a Força Aérea Brasileira enaltece o Dia da Aviação de Patrulha, comemorado em 22 de maio. A produção é uma homenagem a todos os militares que têm a responsabilidade de vigiar 24 horas por dia uma área de aproximadamente 13,5 milhões de quilômetros quadrados sobre o litoral brasileiro.

O Dia da Aviação de Patrulha é comemorado em 22 de maio e faz referência à primeira ação marcada pelo batismo de fogo da Força Aérea Brasileira (FAB). O vídeo mostra a evolução histórica ocorrida desde 1942 nas atividades de patrulha marítima, vigilância e proteção das riquezas do Brasil.

O fato 
No dia 22 de maio de 1942, durante uma missão no litoral do Nordeste brasileiro, uma aeronave B-25 Mitchell, comandada pelos capitães aviadores Parreira Horta e Oswaldo Pamplona, no contexto da II Guerra Mundial, atacou o submarino italiano Barbarigo, que havia realizado diversas incursões em águas territoriais brasileiras. Esse histórico evento, em que a Aviação de Patrulha teve a honra de realizar o primeiro ataque ao inimigo, é considerado o "batismo de fogo da FAB" e a data, 22 de maio, tornou-se o Dia da Aviação de Patrulha.

Fonte: FAB

Semana ITA

Nos anos 1990 as mulheres chegaram às graduações do ITA
No início da década de 1990, a participação da mulher e os direitos direcionados a ela começaram a ser questionados em vários países, inclusive na Força Aérea Brasileira (FAB). Foi a melhor oportunidade para que o então Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Mauro José Miranda Gandra, anunciasse o ingresso de mulheres no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A declaração, ocorrida na Aula Inaugural da universidade em 1996, significava que a Aeronáutica receberia Oficiais Engenheiras da Ativa e da reserva do sexo feminino. Assim, coube aos órgãos responsáveis adequar a legislação vigente, as instalações para atender as ingressantes, bem como as normas para o concurso de admissão. Considerado um dos vestibulares mais concorridos do país, o ano de 1996 foi considerado um marco por ser o primeiro aberto às mulheres. De um total de 3.800 inscritos, que disputavam as 120 vagas disponíveis, 530 eram mulheres, sendo que seis delas foram aprovadas no concurso e duas optaram por estudar no Instituto. As pioneiras são Patrícia Silvia Rodrigues, que tinha 22 anos ao ingressar no curso de Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica, e a paulistana Karina Diogo de Souza, então com 23 anos, que optou pelo curso de Engenharia Aeronáutica. Assim, com suas bases consolidadas, firmadas em um ensino de alta qualidade, uma posição favorável no campo do ensino superior no Brasil e uma reputação notória, o ITA completava seus 50 anos formando as primeiras mulheres da Instituição. Para a professora Maryangela Geimba de Lima, que foi docente da aluna Patrícia, a inserção das meninas na graduação não afetou a rotina na sala de aula. “Não foi percebida nenhuma alteração significativa. A escola estava pronta para recebê-las, na minha visão de professora, na época. Hoje imagino a logística por trás da primeira seleção de meninas, incluindo, principalmente, os alojamentos”, ressalta a professora.

A professora Maryangela, que atualmente ocupa o cargo de Pró-Reitora de Pesquisa e Relacionamento Institucional do ITA, faz parte do corpo docente da escola desde 1993, um grupo composto por 297 professores, sendo 39 mulheres. Ela conta que a participação de mulheres na área de exatas sempre foi reduzida em relação à participação masculina. “Eu iniciei Engenharia Civil em uma turma de 60 colegas, sendo 6 meninas. Esse percentual de 10% tem se mostrado constante nas distintas escolas. Entendo que o ITA não é diferente neste aspecto”, aponta. O ITA já formou 160 mulheres nesses 20 anos, tendo uma média de 8 graduadas por ano. A participação feminina nos cursos de graduação ainda é pequena, mas é uma realidade que vem se modificando, uma vez que a busca por uma carreira na área de exatas está cada vez mais frequente. Aos poucos, as mulheres vêm demonstrando sua capacidade frente a um setor historicamente masculino. Pensando nesse cenário, o ITA firmou parceria com a empresa Johnson&Johnson criando um projeto de incentivo ao ingresso feminino na área de exatas.

Projeto “Mulheres em STEM”
Com o objetivo de incentivar e fomentar a participação das mulheres na área de exatas e motivá-las a ingressarem no setor, foi criado o projeto STEM²D (Science, Technology, Engineering and Mathematics, Manufacturing and Design) II. Criado em 2016, o projeto busca motivar mulheres a ingressarem em cursos de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática, Manufatura e Design.

Destinado a adolescentes e jovens de São José dos Campos – SP, são realizadas oficinas práticas, workshops, mentorias de carreira e autoconhecimento para 27 alunas cadastradas. O projeto também desenvolve outras iniciativas, como palestras, eventos e atividades em escolas de ensino fundamental e médio, além de parcerias com cursinhos pré-vestibulares.

Fotos: Arquivo ITA

Texto: Tenente Larissa (DCTA)

Fonte: FAB

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Semana ITA

A contribuição do ITA para a indústria nacional nos anos 80
Nos anos 1980, quando o mundo passava por uma crise do petróleo, por questões políticas, o ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica já com sua avançada política educacional, formava mais de três mil Engenheiros que atuaram e atuam ainda, nas áreas de Aviação, Indústria Aeronáutica, Eletrônica e no Ensino e Pesquisa.

Esses alunos ascenderam a grandes cargos em indústrias aeronáuticas, organizações estatais e em empresas. Dentre eles, o ex-iteano Ozires Silva, deixava seu cargo na diretoria da Embraer para assumir a Presidência da Petrobras, na qual atuou até 1989. “Deixar a Embraer não foi fácil e chegar à Petrobras como engenheiro aeronáutico, mais conhecedor da estratosfera do que as profundezas do planeta, foi menos difícil do que esperava. Também fui melhor recebido do que esperava”, declarou o Engenheiro. Além dele, parte dos ex-alunos ocuparam cargos elevados em empresas e organizações estatais, cabendo destacar: Guido Pessotti e Ozilio Silva - diretores da Embraer; João Verdi - presidente da Avibras; e tantos outros profissionais capacitados. Foi nesta mesma época, dentro do então CTA, que pesquisadores realizaram estudos para utilizar o etanol em automotivos e, também, na aviação com o objetivo de resultar na substituição do sistema de ignição e alimentação do combustível usado pelas aeronaves a pistão.


O primeiro voo-teste de uma aeronave movida a álcool foi no T-25, conhecido como Universal, e ocorreu em 11 de dezembro de 1985, em São José dos Campos - SP. Esse experimento coroou os trabalhos desenvolvidos no Centro, mas infelizmente o projeto foi paralisado por falta de recursos e por apresentar maior consumo, retomando suas pesquisas e atividades 17 anos depois.

Além deste acontecimento histórico, a quarta década ficou marcada pelo desenvolvimento do Caça AMX, do Turbohélice EMB-120 Brasília e do EMB-312 Tucano pelos próprios Engenheiros do ITA que trabalharam junto com a Embraer nesses projetos.

  Fotos: Arquivo / ITA

Texto: Tenente Isabele (DCTA) e Prof. Hermelindo Lopes

Fonte: FAB

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Semana ITA

A produção do ITA no auge da corrida espacial, nos anos 1970
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), na sua terceira década de existência, atinge sua maioridade no auge da corrida espacial que colocava os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em uma frenética disputa no setor aeroespacial. Poucos meses antes, a missão Apolo 11 levara os astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin à Lua, processo televisionado no intuito de conquistar corações e mentes para o lado capitalista da bipolaridade da Guerra Fria. Para fazer frente aos novos tempos, o ITA inicia a década de 1970 em um processo de modernização de seus laboratórios, além da instalação do Curso Superior de Tecnologia da Computação, que teria duração de 3 anos.

Considerando a evolução do emprego de softwares em larga escala que ocorreria na década seguinte, especialmente após a popularização dos computadores pessoais com o Macintosh (Apple, 1984), a decisão de incluir uma cadeira de Computação no Instituto foi tomada em boa hora. Durante o período, a especialidade de Engenharia Mecânica passou a ser denominada Engenharia Mecânica Aeronáutica, a partir de 1975. Em seguida, foi criada a especialidade de Engenharia de Infraestrutura Aeroportuária, dialogando com a criação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), que ocorrera em 1973. Nessa década, também foram ampliados os programas de pós-graduação nas especialidades de Engenharia Eletrônica, Aeronáutica e Mecânica.

O primeiro carro a etanol
Após a primeira crise do petróleo, ocorrida em 1973, a procura por fontes alternativas de energia levou ao desenvolvimento do motor a álcool no Brasil. O principal idealizador do projeto foi o Coronel Aviador Urbano Ernesto Stumpf, engenheiro aeronáutico formado pela primeira turma de engenharia do ITA. Durante três anos (1973-1976), o engenheiro realizou experiências com diversos tipos de motores, adaptando-os para o uso do etanol como combustível. No período, técnicos e engenheiros da Divisão de Motores do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD), órgão subordinado ao então Centro Técnico Aeroespacial (CTA), trabalharam diuturnamente para garantir a eficiência e eficácia do projeto, de modo que o etanol pudesse ser utilizado em larga escala pela sociedade. Em 1975, o Presidente da República Ernesto Geisel recebeu os resultados alcançados pelo estudo, o que contribuiu decisivamente para a criação, pelo Governo Federal, de um programa nacional de substituição de combustíveis derivados do petróleo por álcool. No mesmo ano, começa a circular o primeiro modelo movido pelo novo combustível, um Dodge Polara. Em seguida, um Volkswagen Fusca e um Gurgel Xavante movidos a etanol juntaram-se ao Dodge Polara para percorrer nove estados do Brasil, divulgando o sucesso da empreitada. O primeiro veículo a popularizar-se utilizando etanol, no entanto, foi o Fiat 147, lançado em 1979.

O primeiro Reitor egresso do ITA
Nascido em Garanhuns, no interior de Pernambuco, em 21 de novembro de 1930, Jessen Vidal formou-se engenheiro aeronáutico pelo ITA em 1956, onde obteve o título de Mestre em Ciências em 1965 e doutorado pela Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) em 1971, tornando-se livre docente em 1973 pela mesma instituição. Durante todo o período em que foi aluno do ITA, trabalhou na Biblioteca do Instituto, com dedicação exemplar, mantendo-a aberta à noite e aos sábados. Foi Professor da Divisão de Aeronáutica do ITA, no qual aposentou-se depois de ocupar inúmeras funções como Professor Titular, com destaque para seus dois mandatos como Reitor, de 1977 a 1982, e de 1989 a 1994. Jessen Vidal foi também professor titular da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, da UNESP. Além disso, foi membro do Conselho Estadual de Educação de 1981 a 1984 e Secretário de Educação do Estado de São Paulo entre 1982 e 1983. Faleceu em 12 de janeiro de 2009 em São José dos Campos, SP.

Fotos: Arquivo ITA

Texto: Sargento Anderson (DCTA) e Prof.Hermelindo Lopes

Fonte: FAB

terça-feira, 19 de maio de 2020

Semana ITA

Resultados da segunda década do ITA
Na década entre 1960 e 1970, a excelência do ensino adotada pelo ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica já influenciava outras universidades do país e o Instituto expandia suas atividades com o início, em 1961, do curso de Pós-Graduação em Engenharia. Com a tecnologia crescendo foi criado, em 1963, novos Laboratórios como o de Processamentos de Dados (LPD) e, com isso, a contratação de professores estrangeiros e o ingresso de alunos antigos, agora como docentes. Entretanto, o grande marco da época foi o desenvolvimento, pelo então Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) do CTA, do projeto liderado pelo Major-Aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), formado no ITA (turma 1962), Ozires Silva: a construção da Aeronave Bandeirante. A ideia era criar um avião bimotor turbohélice, com capacidade para 20 passageiros. Este se tornaria o primeiro avião comercial desenvolvido no Brasil.

Embraer
A aeronave inaugurou a aviação regional no país e deu origem à Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). “O Bandeirante foi uma resposta às nossas dúvidas, entre muitas, sobre qual tipo ou modelo de avião que poderíamos tentar fabricar no Brasil e que pudesse ser razoavelmente diferente daqueles que eram normalmente produzidos nos países mais desenvolvidos. Ele surgiu da ideia de que as pequenas cidades do futuro deveriam ter à disposição o transporte aéreo”, declarou Ozires Silva, criador e fundador da Embraer. Com a criação da Embraer, em 1969, abriram-se novos caminhos e ideais para os Engenheiros do ITA. Os sonhos do Marechal Montenegro se concretizavam com a implantação de uma indústria aeronáutica brasileira, que tornava possível colocar em prática toda pesquisa, ensino, desenvolvimento aeronáutico em sistemas e alavancar o país no campo aeroespacial. O primeiro voo do C-95 Bandeirante ocorreu dia 22 de outubro de 1968, e o nome dado à aeronave foi por um ex-iteano e Diretor, do então CTA, Brigadeiro Engenheiro Paulo Victor da Silva. Com o marco do Bandeirante e a criação da Embraer, o ITA tornava-se conhecido internacionalmente e, por sua vez, como um dos maiores centros de pesquisa e ensino no mundo.

Fotos: Arquivo Embraer e ITA

Texto: Tenente Larissa (DCTA) e Prof. Hermelindo Lopes

Fonte: FAB

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Semana ITA

ITA faz 70 anos como pilar da moderna indústria aeronáutica brasileira
“Antes de produzirmos aeronaves, precisamos produzir engenheiros”. Foi sob este ideal que, o então, Coronel Casimiro Montenegro Filho assumiu a missão de fundar as bases de uma indústria de aviação nacional. Nascia, assim, o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a primeira escola de formação de engenheiros aeronáuticos do Brasil, no ano de 1950, na cidade de São José dos Campos - SP. O ITA, no alvorecer dos anos 1950, era uma escola distinta, pioneira e inovadora em educação superior no cenário acadêmico brasileiro, com a missão de preparar engenheiros militares e civis para o desenvolvimento tecnológico do país. Tendo como base o modelo do Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, a ideia era criar uma escola de engenharia aeronáutica e um centro de pesquisas e desenvolvimento que levaria a ciência e tecnologia aeronáutica ao mais alto nível.

ITA e CTA: construção de um sonho
A concepção do CTA surgiu em meados da década de 40, por meio da visão de Casimiro Montenegro Filho, que buscava viabilizar a ideia de uma escola e um centro de aeronáutica no Brasil. Em uma viagem que fez para conhecer o MIT, pressentiu que seu plano se demonstrava cada vez mais viável, e quando retornou ao país, começou a escrevê-lo, iniciando pela tão sonhada escola. Para isso, foi necessária a ajuda do professor Richard Harbert Smith, chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT e consultor do governo norte americano, que veio ao país em 1945 para verificar a viabilidade de implantação de uma organização técnica. Após diversas viagens, estudos, pesquisas, levantamentos do ensino superior e da indústria, conduzidos pelo Professor e também por Montenegro, criou-se o “Plano Smith”, que apresentava uma série de propostas e orientava todo o caminho para a concretização de uma escola de engenheiros de alta qualidade, além de uma indústria aeronáutica de alto nível.

São José dos Campos
Em 26 de janeiro de 1946, foi criada a Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica - COCTA, incumbida de efetivar todo o projeto. A localidade escolhida para implantar o centro foi o município de São José dos Campos – SP. A escolha da cidade se deu por alguns fatores indispensáveis à época: sua localização privilegiada, que ligaria à rodovia Rio-São Paulo, as condições climáticas favoráveis, a topografia plana e a facilidade de comunicações. Ao longo de sua 1ª década de existência, o ITA firmou-se como uma escola de engenharia diferenciada, com um sistema educacional que proporcionava autonomia e liberdade acadêmica, baseado em períodos letivos semestrais e estrutura dividida em departamentos. O ITA dispunha, ainda, de diferencial em relação a outras escolas de engenharia do país devido à dinamicidade do currículo, que se renovava anualmente. Os alunos possuíam bolsas de estudos completas, que incluíam alimentação, serviços médicos, residência no campus, o que facilitava a dedicação exclusiva ao curso e a interação aluno-professor.

A evolução
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) é uma organização de ensino superior pública da Força Aérea Brasileira, vinculada ao DCTA - Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. Em 2020, o ITA oferece seis cursos de engenharia: Aeroespacial, Aeronáutica, Civil-Aeronáutica, Computação, Eletrônica e Mecânica-Aeronáutica. A duração de cada curso é de cinco anos, sendo o conteúdo dos dois primeiros anos comum a todas as especialidades. Ao longo de seus 70 anos, o ITA deixou muitas marcas de seu legado, provando que a visão de Casimiro Montenegro estava certa e o sonho foi concretizado. Atualmente, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – antigo CTA – e suas organizações subordinadas formam um complexo de pesquisa e desenvolvimento voltado a planejar, gerenciar e executar atividades relacionadas à ciência, tecnologia e inovação no âmbito do Comando da Aeronáutica.

Fotos: Arquivo/ ITA

Fonte: FAB

Esquadrilha da Fumaça

Show dos 68 anos da Fumaça teve mais de 50 mil espectadores no Youtube
Mais de 50 mil pessoas acompanharam a primeira transmissão ao vivo, pelo Youtube, de uma demonstração da Esquadrilha da Fumaça. O evento realizado ontem, 17 de maio de 2020, ocorreu na Academia da Força Aérea, sediada em Pirassununga (SP), a partir das 10 horas. Houve interação dos internautas fazendo perguntas, endereçadas a dois pilotos narradores, sobre detalhes da atividade da esquadrilha, por meio de contas do Instagram, Facebook e Twitter.

68 anos
O evento comemorou os 68 anos do EDA - Esquadrão de Demonstração Aérea, nome oficial da esquadrilha na estrutura da FAB - Força Aérea Brasileira. Durante 35 minutos, os sete aviões A-29 Super Tucano proporcionaram 50 manobras. A transmissão ao vivo pela rede mundial de computadores, de forma inédita, foi uma alternativa à interrupção temporária da agenda das tradicionais demonstrações da Fumaça, devido à pandemia da Covid-19. Ao final da apresentação, o comandante da esquadrilha saudou os espectadores, agradeceu aos pilotos antecessores que fizeram a história da Fumaça. Fechando a transmissão, falou o comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro Bermudez.

Assista: Clique aqui 

domingo, 17 de maio de 2020

Especial de Domingo

Todo ano, reproduzimos um artigo de Raquel França dos Santos Ferreira com informações da saudosa Campanha Nacional da Aviação. Estudar este conteúdo ajuda a compreender melhor os atuais desafios dos aeroclubes brasileiros.
Boa leitura.
Bom domingo!

Esse artigo visa analisar alguns aspectos da Campanha Nacional da Aviação (CNA), em curso durante a década de 1940 no Brasil, através de notícias em periódicos da época. Capitaneada pelo então presidente Getúlio Vargas, seu ministro da aviação Joaquim Pedro Salgado Filho e pelo empresário Assis Chateaubriand, a CNA fomentou a criação de aeroclubes e formação de pilotos no país inteiro.


Autora: Raquel França dos Santos Ferreira

UMA HISTÓRIA DA CAMPANHA NACIONAL DA AVIAÇÃO (1940-1949)
O Brasil em busca do seu "Brevêt" 

Visitando os Hangares
Em pesquisa na Coordenadoria de Publicações Seriadas, da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, fruto de interesse acadêmico de uma colega de trabalho, me deparei com um importante acervo de periódicos que ajudam a contar a trajetória de um movimento para se construírem as bases para a aviação nacional e a sua consequente integração aérea. Alguns desses impressos seriam Correio da Manhã, O Jornal e O Cruzeiro. Eles pertenciam a cadeia jornalística dos Diários Associados, fundada por Assis Chateaubriand, e que até então era aliada do presidente Vargas. Seus artigos funcionavam como veículos de propaganda do Estado Novo (1937-1945) e permitem vislumbrar como a Campanha Nacional da Aviação, que era visivelmente uma preocupação do Estado com a sua própria segurança e estabilidade em tempos de guerra, tornou-se um apelo popular para a construção de aviões e formação de pilotos. Trabalharemos aqui com notícias publicadas regularmente no jornal Correio da Manhã, para apresentar uma das versões possíveis sobre o movimento, bem como extrair desse periódico contribuições que possam auxiliar no entendimento dos processos históricos daquele momento.

Um sobrevoo
Período: década de 1940. País: Brasil. Principais articuladores: o próprio presidente Vargas, seu ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, e o jornalista e proprietário dos Diários Associados, Assis Chateaubriand.

Na década de 1940, durante o Estado Novo (1937-1945), havia no Brasil e no mundo um turbilhão de movimentos sociais. De acordo com Ângela de Castro Gomes(1), era uma época de incertezas financeiras, políticas e sociais. Mas, para o então presidente e para um grande grupo que o apoiava, inclusive com aval popular, uma certeza era flagrante: a de que o Brasil precisava fortalecer e reerguer a sua estrutura nacional - modificada após o movimento de 1930 que afastara do poder, ao menos temporariamente, as oligarquias que dominavam a política e a economia brasileiras. Recorreu-se aos argumentos nacionalistas de então: “arrocho” ao comércio de bens importados, nacionalização de empreendimentos estrangeiros, fomento da indústria nacional – em especial a agroindústria (café, açúcar, pecuária...) que, para alguns setores, ainda era tida como “vocação” nacional – e desenvolvimento do patriotismo e do sentimento de nação nos brasileiros. Muitos foram os projetos com a intenção de consolidar o Brasil enquanto nação moderna ora influenciados pelo liberalismo norte-americano, ora pelo modelo fascista italiano: como exemplo, podemos citar a criação da Companhia Siderúrgica Nacional – ainda na década de 1940. Havia também projetos culturais como o empreendido pelo maestro Vila Lobos que, com o apoio de Vargas, procurava formar crianças aptas a representarem a música e a cultura popular brasileira em grandes festivais de corais escolares – alguns apresentados em palcos como o Estádio das Laranjeiras, sede do Fluminense Futebol Clube. No plano da política externa, outro momento crítico, como nos aponta o historiador Eric Hobsbawm, em A Era dos Extremos(2): o mundo assistia a Segunda Grande Guerra com olhos atentos e preocupados. Não era para menos, pois milhares já haviam sido mortos em campos de batalha. Civis também eram atingidos e sua agonia chegava aos noticiários. Sem contar com os seis milhões de judeus, mais um sem número de homossexuais, ciganos, protestantes e comunistas. Homens, mulheres, crianças e idosos que foram exterminados em campos de concentração alemães espalhados pelas Alemanha, Áustria e Polônia – e que apenas foram contabilizados e anunciados pela mídia após a prisão de membros do Reich, liderado por Adolf Hitler, já no final da guerra. Diante da Segunda Grande Guerra (1939-1945) o Brasil procurou se posicionar de maneira neutra nos primeiros anos de conflito – negociava com norte-americanos e com alemães. Entretanto, com a entrada dos Estados Unidos na contenda (1942), Vargas precisou fazer sua opção: alinhar-se ao lado norte-americano ou integrar a frente de batalha do lado alemão. O que pesou na escolha foi o pensamento na segurança nacional, os interesses no desenvolvimento capitalista brasileiro e a conveniência política, apresentando o que Jorge Ferreira designa como “nacional-estatismo”(3). Ficou ao lado dos norte-americanos.
Variados grupos nacionais se mobilizavam concentrando-se em torno de objetivos comuns, já que se fazia urgente a consolidação das forças armadas brasileiras, no momento em que o perigo estava cada vez mais próximo. Envolvidos na guerra, precisaríamos nos proteger e fortalecer os emissários enviados diretamente para os combates. Apesar de ser a pátria natal de Alberto Santos Dumont, “O Pai da Aviação” – já reconhecido naquela época por nós brasileiros enquanto tal – o Brasil não possuía uma frota aérea satisfatória, nem mesmo para integração aérea nacional. As fontes consultadas para essa pesquisa informam que existiam diversos campos de pouso, aeroportos e aeroclubes funcionando no país, antes mesmo da década de 1920. Bem como as revistas e os jornais, das décadas de 1910 a 1940, já noticiavam as implicações da falta de uma estrutura aérea em nosso país. Em 1916, Aerophilo, a Revista do Aero Clube Brasileiro, trazia em uma de suas matérias o seguinte comentário:

[O] Governo do Brasil (...) já (...) deveria ter [se] inclinado a fazer algo em favor do Aero Club Brasileiro, para que em tempo de paz e durante a guerra imprevista, o nosso paiz pudesse contar com uma das maiores esquadrilhas do mundo para fiscalizar as suas costas e as nossas fronteiras, já sob o ponto de vista econômico, na paz, tanto em função militar na guerra.(4)

Entretanto, segundo a Revista Brasileira de Aviação, órgão oficial do Aero Clube do Brasil, a preocupação com o transporte aéreo brasileiro apareceu após a Primeira Guerra Mundial e só tinha lugar entre empresas estrangeiras europeias e norte-americanas. De acordo com a mesma, os próprios brasileiros mostravam-se “frios” com relação ao assunto e o governo ainda não havia sequer delineado as bases da aviação civil que deveria se subdividir em:

1º- construção dos aparelhos, motores;
2º- preparação dos pilotos;
3º - estabelecimento dos portos aéreos e serviços acessórios
4º - manutenção das linhas”. (5)

Nas décadas seguintes as notícias sobre aviação continuam crescentes nos meios de comunicação e um desses jornais, o Correio da Manhã, desde janeiro de 1939 mantinha, na sua quinta página, a coluna “Aviação Militar, Comercial e Civil: informações do país e do estrangeiro”, encarregada de trazer aos leitores as informações sobre as novidades tecnológicas no campo da aviação nacional e estrangeira, militar ou não, e críticas à falta de consciência de entidades nacionais sobre a importância do desenvolvimento aéreo nacional. Um dos colunistas que escreviam ali, Pierre Henry Closterman (assinando como P. Henry C.), defendia a ideia da formação de uma “Doutrina Aérea Brasileira” – ou seja, muito mais do que apenas desenvolver a indústria aérea seguindo a tendência internacional de criação e incentivo estatal a aeroclubes e a aeródromos, era crucial que se criasse uma cultura da aviação nacional, cultivando em todos os brasileiros um sentimento de zelo e identificação com o assunto. Na América Latina eram vários os países que possuíam aeroclubes, instituições privadas e/ou mistas que angariavam recursos para a aviação e forneciam cursos de pilotagem para civis e militares. Existiam aeroclubes na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e no Brasil, desde o início do século XX. Na Europa, a França, a Inglaterra e a Alemanha empenhavam-se no assunto e detinham conhecimento técnico de ponta. Os Estados Unidos, na América do Norte, eram conhecidos pela fabricação de peças e exportação de aviões comerciais e militares (6). 
Diante desse panorama, durante a década de 1940 surgem novas perspectivas e mais um projeto de integração aérea do Brasil, a partir de uma conversa entre Assis Chateaubriand e o ministro da Aeronáutica (7), Salgado Filho. Uns dizem que a ideia partiu de Chateaubriand e outros de Salgado Filho. O caso é que se imaginava que a aviação nacional, contando com acordos e patrocínios privados, poderia desenvolver-se e ajudar a solucionar sérios problemas como: a falta de uma aviação civil abrangente, de oportunidades de treinamento para aviadores civis e militares, e a ausência de um monitoramento mais efetivo da nossa costa. Surgia, então, a campanha que teve denominações como: “Campanha Nacional para Doar Aviões”, “Campanha Nacional para dar Asas à Mocidade do Brasil” e “Campanha Nacional da Aviação Civil”, dentre outras, até chegar ao nome atualmente conhecido de “Campanha Nacional da Aviação”, ou CNA (8). O primeiro avião da CNA foi doado ao aeroclube de Pesqueira-PE, em primeiro de novembro de 1940. Aquele projeto era bastante audacioso, pois tencionava angariar recursos privados para fomentar a aviação nacional, doando aviões de pequeno e médio porte para aeroclubes espalhados pelo Brasil afora. Inicialmente, contava-se com menos de cinquenta aeroclubes em território brasileiro – praticamente cada estado e território possuíam apenas um aeroclube na capital, excetuando-se os estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, que possuíam dois ou três aeroclubes além do da capital. Após a CNA, foram fundados cerca de 300 aeroclubes em todo o país. A campanha não estaria totalmente entregue nas mãos de particulares.
O Estado controlaria todas as atividades dos aeroclubes através de sua “base mãe”: o Aeroclube do Brasil, sediado no Rio de Janeiro. Ele ficaria responsável por controlar entregas de aviões, repassar verbas e insumos, fiscalizar subscrições de sócios, formar pilotos e monitores de outros estados que seguiriam para seus aeroclubes de origem e repassariam o que aprenderam, etc. Além disso, para obter crédito junto ao governo, todos os aeroclubes deveriam filiar-se ao Aeroclube do Brasil – por sua vez, filiado à francesa Fédération Aéronautique Internacionale (FAI) que avalizava brevês concedidos por ele e atestava a qualidade de seus serviços. Importante destacar que por meio do Decreto 10.314 de 22 de agosto de 1942, divulgado no Boletim do Ministério da Aeronáutica, fica patente o interesse do governo nessa empreitada:

“Art. 1º: fica estabelecido que o exercício, em comissão do cargo de Presidente do Aeroclube do Brasil por oficial da Força Aérea Brasileira [FAB], é do interesse da Aeronáutica” (9) e, portanto, do Estado.

Salgado Filho e Assis Chateaubriand começaram, então, um incansável trabalho de divulgação da CNA por todo o país. O ministro participava através da elaboração de decretos e portarias que beneficiassem a aviação, como na postura tomada em 13/02/1941, quando:

Na visita feita ao Aero Club [sic] do Brasil, o Ministro da Aeronáutica teve oportunidade de acentuar que sendo elle uma sociedade de caráter privado, embora sui generis, sob o controle do Poder Público, não deveria contar exclusivamente com o amparo financeiro do Estado, mas, por meio de propaganda, augmentar o seu quadro social e appellar também para a fortuna particular. Para início dessa campanha alistou-se o sr Salgado Filho como sócio do referido club [sic]. (10)

Momento em que o ministro aproveitou para declarar que para manter contratos comerciais de qualquer espécie com o Aeroclube do Brasil, e seus filiados, empresas e negociantes deveriam tornar-se sócios do mesmo alistando-se, por consequência, em subscrição para compra de aviões para doação à campanha. Chateaubriand participava incentivando subscrições de sócios e doações para os aeroclubes, através de notícias nos “Diários Associados” – especialmente em O Jornal, que era o órgão líder da cadeia de jornais associados. Não podemos esquecer que a cada novo avião entregue e batizado, crescia a participação de ambos e um novo discurso em prol da aviação nacional era proferido. Faziam parte dos discursos lemas como: “Dêem asas ao Brasil” e “O avião conduz mais alto a Bandeira do Brasil”. No artigo intitulado “Asas Silenciosas”, publicado no Correio da Manhã de 10 de maio de 1941, P. Henry C. escreve que a campanha teria cumprido seu objetivo de espalhar uma centena de aviões pelo Brasil e já em 1941 esta meta havia, em muito, sido ultrapassada. Mas, para felicidade daqueles que estavam envolvidos nela, ganhava fôlego para permanecer por mais um bom tempo. Segundo Fernando Morais, em 1944, foram doados cerca de 600 aparelhos e, em 1946, durante o batismo coletivo de 12 aviões no Campo de Marte, em São Paulo, a CNA alcançou a marca de 800 aviões doados.(11)

A partir do exemplo da CNA outras campanhas tomaram impulso, como a da criação de aeródromos e estímulo do aeromodelismo para que a juventude tomasse gosto por aviões e desenvolvesse a mentalidade de seguir carreira na aviação; a de incentivo ao volovelismo, voo a vela; a “Asas e Ases para o Brasil”, para a formação de monitores de voo e pilotos civis, dentre outras, bem como surgiram entidades que se propuseram a arrecadar fundos para a compra de aviões, como a “Legião do Ar” – no Rio Grande do Sul – e a “Bolsa de Aviões”. Caminhando “de vento em popa”, a CNA sofre um pesado golpe em 1944: segundo conta Morais, Assis Chateaubriand teria sido acusado por jornais concorrentes de que por trás da campanha “Dê Asas para a Juventude”, estava escondida uma mina de ouro de Chateaubriand: em cada avião doado ele estaria recebendo das fábricas (ou das empresas importadoras, no caso dos aparelhos estrangeiros) uma comissão que variava entre 10% e 20% sobre o valor pago.(12) O próprio Chateaubriand tomou conhecimento do assunto e atribuiu a denúncia à família Matarazzo, um dos seus desafetos particulares. E realmente, segundo Morais, houve uma investigação sigilosa sobre os ganhos dele e sobre uma suposta fraude na entrega dos aviões, mas nada contra ele parece ter sido provado. A despeito disso, a CNA prosseguiu até fins de 1949, doando aviões e promovendo a inauguração de inúmeros aeroclubes no Brasil.

Projetando os motores da CNA
A Campanha Nacional da Aviação apoiava-se em doações de empresas, empresários particulares, associações de indivíduos e pessoas físicas. As doações poderiam ser feitas em espécie – usualmente cheques de cinquenta a oitenta contos de réis, podendo chegar a quantias mais vultosas - ou os doadores compravam o próprio avião a ser entregue. Havia também outra orientação: o dinheiro recebido poderia ser utilizado para beneficiamento do aeroclube ao qual se destinava, com o devido consentimento dos doadores, conforme exposto no artigo “Para compra de um avião de treinamento”, publicado em julho de 1942, no Correio da Manhã:

Recife, 25 (“Correio da Manhã”) – A colônia líbano-palestina desta capital fez um donativo de 50:000$ ao Aero Club [sic] de Pernambuco para a compra de um avião de treinamento. Mas a diretoria do Aero Club [sic], com aquiescência dos doadores, resolveu aplicar aquela importância na construção de uma modelar oficina e hangar.(13)

Notícias publicadas nos dias 26 de julho e dois de outubro de 1941, respectivamente, deixavam claro que outras formas de se conseguir verbas para a campanha era através de entidades organizadas propriamente para este fim, como a “Bolsa de Aviões”, iniciada em Fortaleza pela alta sociedade e que “passou ao domínio popular leaderado (sic) pelos estudantes, com o apoio de todas as classes” (14)e pela “Legião do Ar”, iniciada no estado do Rio Grande do Sul caracterizada como “associação que congrega em seu seio elementos representativos da sociedade gaúcha e que se propõem a incentivar em todo o Estado o interesse pela aviação, pugnando pelo seu desenvolvimento e progresso”(15).

Nem sempre o auxílio vinha em dinheiro ou aviões, campanhas por doações de artefatos de alumínio mobilizaram o país de Norte a Sul, levando cidadãos comuns a depositarem à sede da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos – na Rua Primeiro de Março – e em todas as suas agências, os objetos doados. Em setembro de 1941, o Correio da Manhã relata que a campanha na Bahia já havia atingido a marca de 227 quilos do material e em outubro conta que: 

O interventor nacional recebeu uma carta em que o missivista sugere que se faça um apelo ao povo, no sentido de não serem jogados fora os tubos vasios das dastas [pastas] de dentes e outros produtos que empregam o estanho e o chumbo como envolucro, doando esse material em favor da campanha de metaes em benefício da aviação nacional.(16)

Parece evidente que a campanha atingia em cheio a comoção popular e ganhava adeptos entre estudantes, profissionais da saúde, universitários, cidadãos comuns, enfim, todos queriam de alguma maneira participar. Alguns, com vistas a promover sua imagem frente à sociedade, também participam da campanha fornecendo subsídios a ela. São doadores provenientes do comércio, da indústria e do setor financeiro: estabelecimentos comerciais e indústrias, além de casas bancárias, são compelidos por Chateaubriand a participarem da campanha – deixavam o cheque e batizavam aviões, em nome de suas empresas. O fato é que os objetivos da CNA pareciam estar sendo atingidos: cada vez mais aeroplanos eram doados; candidatos às aulas de pilotagem e manutenção de aviões passavam por fila de espera; cursos lotados concediam brevês aos pilotos; havia batismo em série de aviões...

Estariam sendo consolidadas a bases da aviação civil nacional, assim como já se propunha pelos idos de 1916? Conflitos? Sim, havia muitos conflitos. Alguns de ordem das políticas regionais, outros de ordem da política nacional. As doações de aviões vão acentuar as diferenças políticas entre municípios de um mesmo estado que, vez por outra, disputam a construção de novas pistas para seus aeroclubes, a doação de aviões e/ou pleiteiam aviões do município vizinho. Um exemplo é o da disputa envolvendo os municípios de Garanhuns e Recife, dado ao público no Correio da Manhã de oito de fevereiro de 1941 quando, ao construir seu campo de aviação, Garanhuns pede a ida de “um dos diversos aviões do aeroclube do Recife para lá”. Até 1949, serão 107 aeroclubes em São Paulo, cerca de 67 em Minas Gerais e 45 no Rio Grande do Sul. Chama atenção a liderança de São Paulo e Minas Gerais na manutenção de aeroclubes. Mesmo que cada aeroclube destes estados tenha recebido apenas um avião durante a campanha, e há registros de que aeroclubes como o de São Paulo e o de Juiz de Fora tenham recebido mais de cinco aviões cada, percebe-se que na ordem das políticas regionais ainda “mandavam” os estados da Federação que tivessem grupos sociais com maior poder aquisitivo. Como se pode observar na relação abaixo, a preponderância daqueles estados e mais do Rio Grande do Sul é evidente. E, a quem recorrer caso o aeroclube ainda não tivesse ganho, através da CNA, o seu avião de treinamento? Uma das saídas era apelar para os membros do governo.

Proporção de Aeroclubes por Estado até 1949 (17)

BA 4%     CE 2%     PB 1%     PE 3%

GO 3%

MG 20%     SP 33%     RJ 5%

PR 5%     SC 3%     RS 13%

OUTROS 8%

Alguns responsáveis por pastas ministeriais eram convocados a conseguirem verbas para a CNA, mesmo sem possuir caixa específico para isto, como sugere a citação abaixo:

Pedido de auxílio para aquisição de um avião. O Aero Club [sic] de Pirapora dirigiu-se ao Ministério do Trabalho pedindo auxílio para aquisição do seu primeiro avião. O sr. Dulphe Pinheiro Machado que responde pelo expediente da pasta determinou que se respondesse ao interessado nos termos da informação esclarecendo-se também que por ordem do Presidente da República vão ser adquiridos 10 aviões. A informação esclarece que no Ministério não existe verba que permita atender-se ao pedido.(18) 

Semanas depois da publicação da notícia, uma medida é baixada e Dulphe Pinheiro Machado, ministro do Trabalho, consegue a liberação da verba para atender a ordem presidencial para que fossem adquiridos 10 aviões:

Em exposição encaminhada ao presidente da República, o ministro do Trabalho solicitou que os Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões fossem autorizados a adquirir dez aviões de treinamento destinados aos aero clubes brasileiros. Concedida a autorização, o titular do Trabalho dirigiu-se ao da Aeronáutica, solicitando informações sobre o custo dos aparelhos. Fornecidas essas informações, foi o processo remetido ao Conselho Atuarial para que fixasse a quota com que cada instituição tem que contribuir, o que já foi feito. Ontem, o sr. Dulphe Pinheiro Machado que responde pelo expediente do Ministério do Trabalho determinou que o Conselho Nacional do Trabalho providencie sobre o recolhimento das referidas quotas em conta especial do Banco do Brasil, à disposição do Ministério da Aeronáutica (19)

Mas, apesar das disputas e das diferenças entre os estados, havia também a boa e velha cordialidade entre eles, como segue o exemplo dado pelo interventor do estado de São Paulo, Adhemar de Barros, e seus irmãos:

Offerecimento do Governo Paulista a três Aero Clubs [sic]: São Paulo, 18 (A.N.) – A campanha destinada a prover de aviões de treinamento aos Aero Clubs [sic] do paiz acaba de receber nova e inestimável colaboração. O governo paulista deliberou oferecer a três Aero Clubs [sic] brasileiros aviões de treinamento. Ao mesmo tempo, particularmente, o sr Adhemar de Barros e seus irmãos Osvaldo de Barros, Antônio de Barros e Geraldo de Barros haviam resolvido fazer doação de outro aparelho para o mesmo fim. Os aviões oferecidos pelo Estado de São Paulo destinam-se aos Aero Clubs [sic] de Goiânia, em Goiaz, Teófilo Otoni, em Minas Gerais e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O avião doado pelos irmãos Barros destina-se ao Aero Club [sic] de João Pessoa [no] Estado da Paraíba. Esses aparelhos receberão respectivamente os nomes de “Rodrigues Alves”, “Prudente de Morais”, “Afonso Pena” e “Campos Sales”. (20) 

Em tempos de guerra, a apreensão de todos em sanar a lacuna deixada por anos de descaso com a aviação civil pode ser resumido nas palavras do general Eurico Gaspar Dutra, então ministro da Guerra, no batismo da aeronave “Marechal Deodoro” doada pela CNA ao Aeroclube de Uruguaiana: 

(...) A Campanha Nacional em prol da Aviação Civil é um empreendimento digno de todos os encômios. Nascida instintivamente da necessidade de aumentarmos nosso poder aéreo, empolgou a opinião pública, atraiu a imprensa brasileira tão generosa e cheia de ardor cívico, quanto solícita em despender esforços e fazer sacrifícios: granjeou a estima geral, fazendo com que todos os patriotas a ela acolhessem e auxiliassem –n’a.(...). Ela não terá fim e de todos os recantos do Brasil hão de surgir novas azas[sic]. Praza aos céus que elas aumentem até o infinito, que possam elas cortar em todos os sentidos os céus imaculados da pátria, vigiando as nossas lindes [sic] e as nossas riquezas, espreitando todas as ameaças, velando pela segurança dos nossos lares, encurtando distâncias, fazendo-nos a todos - os do Norte e os do Sul, os do litoral e os do sertão – a todos, enfim, mais unidos, mais coesos, mais solidários, dentro dessa imensa solidariedade que é a nossa própria pátria transformando-a na grande e indissolúvel comunidade de todas as nossas vontades, pelo Brasil eterno, grandioso e soberano. (21)

Devemos mencionar ainda que a campanha precisava de pilotos e outros profissionais que tivessem domínio da aviação e de serviços correlatos, para que efetivamente funcionasse a ideia expressa no discurso de Dutra. Fazia-se então necessária a existência, dentro dos aeroclubes, das escolas de pilotagem e manutenção das aeronaves. Consta na obra História Geral da Aeronáutica Brasileira que

As escolas de pilotagem forneceram 486 brevês em São Paulo; 172 no Rio de Janeiro; 67 em Minas Gerais; 40 no Rio Grande do Sul; 34 em outros estados; 87 brevês da FAI (Fédèration Aèronautique Internacionale) a militares; 30 a pilotos brevetados no exterior e 21 a portadores da Carta do D.A.C. [Departamento de Aviação Civil].’ (22)

Contando ainda com a movimentação nos aeroclubes que eram regularmente relatadas na mídia impressa, como na Revista Brasileira de Aviação e no Correio da Manhã, do qual se extraiu o exemplo abaixo:

O movimento do Aero Club [sic] de Minas: Bello Horizonte, 18 (A.N.)- O Aero Club [sic] de Minas Geraes, com sede nesta capital, teve intenso movimento no decorrer do anno passado. Foram efetuados 3.502 vôos assim discriminados: vôos de instrução, 1860, com 219 horas e 15 minutos e vôos de treinamento de pilotos brevetados, 1642, com 324 horas e dois minutos. Apenas dois acidentes, sem conseqüências foram registrados. A instrução esteve a cargo da segura direção do capitão João Passos, commandante do 3º corpo de Base Aérea, com sede na Pampulha. Actualmente recebem instrução 24 novos alunos e 150 candidatos a brevetagem aguardam oportunidade para iniciarem o curso que luta com falta de material, apezar de todo o auxílio dispensado pelos poderes públicos e pela aviação militar. (23)

Podemos observar que uma grande soma de recursos financeiros e de recursos humanos eram dedicados ao funcionamento dos aeroclubes, movimentando o mercado de trabalho, de importação de tecnologia e de incremento científico. Em suma: a CNA, incentivando as atividades aviatórias, trouxe para o país o gérmen da integração aérea nacional e, segundo as fontes consultadas, atingiu marcas numéricas significativas, como a doação de mais de mil aviões a aeroclubes do país que ajudaram a brevetar cerca de 3700 aviadores. Também trouxe incentivos financeiros, tecnológicos e fomento de empresas ligadas à aviação, como a Companhia de Navegação Aérea Brasileira, a VARIG, a Panair do Brasil, dentre outras. 

Preparando o pouso

“Essa mentalidade aeronáutica é parte integrante do Poder Aéreo Brasileiro”
Brig. do ar eng. João Mendes da Silva (24)

Avancemos cerca de dez anos no tempo. Em artigo escrito para a revista Aero Magazine, em 1959, o Brigadeiro do Ar João Mendes da Silva atentava para a necessidade de resgatarem-se, no Brasil, campanhas aeronáuticas tais como as que ocorreram na década de 1940. Ressaltava ele que a franca decadência dos aeroclubes, levada a efeito com o fim da CNA, deixaria de projetar no cenário nacional a “mentalidade aeronáutica”, essencial para a manutenção do poder brasileiro sobre o seu espaço aéreo. Após observar vários depoimentos e artigos, percebe-se que o Brigadeiro Mendes fazia parte de um grupo de defensores da CNA que viu na campanha de incentivo aos aeroclubes a possibilidade de ganhos nacionais tanto para a aviação comercial, quanto para a aviação militar e até para a aviação postal - outro tema não abordado diretamente neste artigo, por ter caráter bem diferenciado. Estariam aquelas pessoas equivocadas? Quais seriam os benefícios políticos, econômicos, sociais, de tal empreitada? As oportunidades oferecidas pelos aeroclubes ainda eram bastante promissoras: eles serviam de manancial para pilotos da Força Aérea Brasileira e da aviação comercial, pois forneciam a formação tanto de técnicos quanto de candidatos a piloto, serviam como espaço para desenvolvimento do apreço pela aviação entre os jovens da sociedade, e eram também propulsores de um turismo aéreo ainda incipiente no país.

Então, a CNA mostra a sua lógica:

Com a campanha e com os aeroclubes haveria o desenvolvimento de uma mentalidade aeronáutica, assim, a sociedade entenderia que a manutenção dos aeroclubes seria em seu próprio benefício, pois quanto mais pilotos formados melhores seriam as condições da aviação no Brasil e mais fácil seria viajar de avião. Já que não dava para o Estado manter aquelas organizações, então o apelo seria feito a sociedade civil por meio de campanhas.

O tripé de sustentação do "Poder Aéreo Brasileiro" estaria completo: a campanha obtém recursos que destina para os aeroclubes, os aeroclubes formam pilotos (mão de obra militar e civil) e contribuem para a formação da mentalidade aeronáutica brasileira (mercado usuário/consumidor). Com isso, o uso da aviação e integração nacional seriam, enfim, alcançados. Fora os recursos de empresas nacionais e estrangeiras interessadas em investir na aviação brasileira.

Porém, não foi tão fácil assim. Se, por um lado, a campanha teve o mérito de incentivar a mentalidade aviatória no país, por outro, após o fim da campanha, os aeroclubes entraram em franca decadência. Vários apelos foram feitos: subsídios aos aeroclubes através de parte do valor pago nas passagens aéreas da aviação comercial, redistribuição da verba recebida pela Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC). Não houve uma boa repercussão para estas propostas. Segundo L. Nobre de Almeida, em artigo publicado na revista Aviação (25), os aeroclubes corriam risco ao dedicar toda a sua atenção apenas a receberem doações da sociedade civil. Sugestões importantes foram dadas como, por exemplo, a criação de cursos, transportes, eventos, que os clubes poderiam promover para sustentar suas altas despesas com manutenção de aeronaves, combustível e pagamento de funcionários. Infelizmente, a confiança nas doações parece ter falado mais alto. Entretanto, nenhuma campanha pode durar para sempre. Assim que os propósitos que a criaram se encerraram junto com o fim da Segunda Guerra e a chegada de novas preocupações no Brasil, em pouco tempo muitos clubes já haviam fechado suas portas.

1 GOMES, Ângela de Castro. A Invenção do Trabalhismo. 2°ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

2 HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 

3 FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves (orgs.). O Brasil republicano - o tempo do nacional- -estatismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

4 Aerophilo. Rio de Janeiro: Aero Club Brasileiro, fev/1916, s/p.

5 Revista Brasileira de Aviação . Rio de Janeiro: Aero Clube do Brasil, 1942. 

6 SOUZA, José Garcia de. A verdade sobre a História da Aeronáutica. Rio de Janeiro: Gráfica Leuzinger S.A. 1944.

7 Ministério criado em 20 de janeiro de 1941, pelo Estado Novo.

8 INSTITUTO Histórico-Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira. Rio de Janeiro: INCAER, 1991, p. 174.

9 BOLETIM do Ministério da Aeronáutica. Rio de Janeiro, ago/1942: 1146.

10 Correio da Manhã..Rio de Janeiro, 20/02/1941, p. 5

11 MORAIS, Fernando. Chatô: o Rei do Brasil. 13ª Ed. SP: Cia das Letras, 1994, p.475

12 MORAIS, Fernando. Chatô: o Rei do Brasil. 13ª Ed. São Paulo: Cia das Letras, 1994, p.441

13 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 26/07/1942, p. 5

14 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 26/07/1941, p. 5

15 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 02/10/1941, p. 5

16 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 9/10/1941, p.5 

17 Informações colhidas das fontes pesquisadas para este artigo:
AERO Magazine. São Paulo: Fundação Santos Dumont, 1958 – 1959;
AEROPHILO: Revista do Aero Club Brasileiro. ‘A aviação e a guerra européia’. Rio de Janeiro, Ano 1,n.9, fev/1916;
AEROVISÃO. Rio de Janeiro, Ano 1, n.1[mar. 1973?];
AVIAÇÃO. Rio de Janeiro, 1941-1950;
ASAS. Rio de Janeiro, 1941 – 1948;
BERTAZZO, Roberto Portella. A crise da Indústria Aeronáutica Brasileira: 1945-1968. Minas Gerais: Universidade Federal de Juiz de Fora (Monografia de Bacharelado em História), 2003;
BOLETIM do Ministério da Aeronáutica. Rio de Janeiro, 1942;
CORREIO da Manhã. Rio de Janeiro, 1941 – 1942;
INSTITUTO Histórico-Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira. Rio de Janeiro: INCAER,1991;
MORAIS, Fernando. Chatô: o Rei do Brasil. 13ª Ed. SP: Cia das Letras, 1994;
SOUZA, José Garcia de. A verdade sobre a História da Aeronáutica. RJ: Gráfica Leuzinger S.A. 1944.

18 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 13/07/1941, p.5 

19 Idem, 7/08/1941, p.5

20 Idem, 19/04/1941, p. 5 

21 Idem, 24/07/1941, p.5

22 INSTITUTO Histórico-Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira. Rio de Janeiro: INCAER, 1991, p. 180. 

23 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 14/07/1941, p.5.

24 Aero Magazine, RJ, set-out/1959, p.46. 

25 Aviação. Rio de Janeiro out/1945

Fonte: REVISTA CANTAREIRA - EDIÇÃO 17 / JUL-DEZ, 2012

Texto:  RAQUEL FRANÇA DOS SANTOS FERREIRA