Na última sexta-feira, 14 de maio de 2021, a Esquadrilha da Fumaça completou mais um aniversário. Saiba mais sobre esta magnífica trajetória.
Fumaça, Já!!!
Boa leitura.
Bom domingo!
Esquadrilha da Fumaça completou 69 anos
A Esquadrilha da Fumaça é o nome popular do time de acrobacia que representa a Força Aérea Brasileira, cuja denominação oficial é EDA – Esquadrão de Demonstração Aérea, baseado na Academia da Força Aérea – AFA, na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo.
A Fumaça nasceu em 1952. Sua primeira demonstração foi no dia 14 de maio daquele ano. De maneira informal, o então tenente Mário Sobrinho Domenech, instrutor da Escola de Aeronáutica dos Afonsos, e mais três tenentes aviadores, passaram a ocupar as horas livres do horário de almoço para treinarem as manobras executadas na aviação de caça, sobre a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Empregavam os aviões NA-T6 para a realização de “loopings” e “tounneaux”, inicialmente com duas aeronaves e depois aperfeiçoaram as manobras com quatro aeronaves numa formação denominada de diamante.
O primeiro apelido da esquadrilha foi “Cambalhoteiros”, quando empregavam os aviões de treinamento dos cadetes. Nesta época ainda não havia a famosa fumaça, que mais tarde daria a tradicional identificação do time. Tornando-se assunto entre as rodas de conversa da Escola de Aviação, a equipe se fez conhecida por intervenção do então tenente coronel Délio Jardim de Mattos, futuro ministro da Aeronáutica, que os apoiou nos primeiros passos. Fascinado por acrobacias, Délio comentou com o comandante da Escola de Aviação, que autorizou a primeira demonstração sobre o Campo dos Afonsos.
A Esquadrilha da Fumaça conquistou seu nome por uma idéia que o tenente Domenech aprimorou e é a base técnica até os dias de hoje. A técnica que faz os aviões expelirem fumaça consiste no seguinte: um tanque armazenando óleo fino está ligado por uma mangueira ao escapamento do avião. Acionado pelo piloto, o óleo é injetado no escapamento direito, que é o mais quente. No ar, o óleo se vaporiza e condensa, transformando em fumaça. Outros modos para se produzir fumaça foram utilizados ao longo da história da Esquadrilha até se chegar ao sistema atual, desenvolvido pelos Anjos da Guarda, como são denominados os mecânicos e pessoal de apoio, melhorando sensivelmente o rendimento das aeronaves.
Em 1963, a esquadrilha, depois de conquistado o prestígio do público por suas manobras, foi nomeada Unidade Oficial de Demonstrações Acrobáticas da Força Aérea Brasileira, sendo a única no mundo a utilizar, até 1969, aviões convencionais. Desde 1960, o então tenente Antônio Artur Braga liderou a equipe, permanecendo a partir daí, durante 17 anos, como componente ativo na Esquadrilha. Braga, que chegou à patente de Coronel, nasceu em Cruzeiro, SP, em 1932, e faleceu em 2003. Foi recordista mundial de tempo de voo em aeronaves T-6.
A Esquadrilha foi desativada temporariamente em 1977, após uma demonstração com os T-6 na cidade de Piquete, SP, já que aquele modelo de avião estava sendo desativado na frota da FAB. No ano de 1980, no dia 10 de julho, com o nome de Cometa Branco, na AFA em Pirassununga, a Esquadrilha da Fumaça voltou à ativa. Com aviões T-25, o Cometa Branco fazia voos para comemorar a entrega dos espadins aos cadetes da Academia naquele ano.
Em 8 de dezembro de 1983, foram adquiridos os EMB-312 Tucano da Embraer, designado T-27 na FAB, aeronave utilizada até março de 2013. Com o tempo, as aeronaves e as acrobacias mudaram. Embora com uma estrutura bastante diferenciada do início, a essência da Esquadrilha mantém preservado o espírito de arrojo e determinação do grupo, procurando resguardar, hoje, os princípios que lhe deram sustentação ao longo da sua existência. Seguindo sempre os últimos avanços em sistemas aviônicos, em março de 2013, a Esquadrilha da Fumaça iniciou o processo de implantação operacional e logística das aeronaves A-29 Super Tucano.
As cores da Bandeira do Brasil continuam a compor a pintura do novo avião, que ganhou tonalidades mais fortes e marcantes: a própria Bandeira Nacional é destacada na cauda do A-29, ressaltando o alto grau tecnológico da indústria brasileira e o excelente profissionalismo dos pilotos da Força Aérea, além de evocar o sentimento patriótico do público.
Em julho de 2015, a Fumaça retomou sua agenda de demonstrações e realizou uma apresentação na Cerimônia Militar de Entrega de Espadins da Turma Jaguar na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga/SP. O voo histórico no “Ninho das Águias” foi mais uma confirmação da forte ligação existente entre a Fumaça e os Cadetes, uma vez que a instituição foi criada para incentivá-los a confiarem em suas aptidões.
O momento marcou a retomada das demonstrações após a conclusão do “Programa de Implantação da Aeronave A-29 Super Tucano no Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). Diante do reconhecimento nacional e internacional, concretizou-se como instrumento de difusão da política de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica, atingindo um lugar de destaque nos principais meios de comunicação dos países por onde passa.
Cada um dos pilotos também têm atividades "fora do ar". Com cargos distribuídos entre os pilotos, eles são encarregados de manter a Esquadrilha não só como uma equipe acrobática, mas como uma organização bem estruturada. Permanecem por quatro anos em atividade no EDA e depois são transferidos para outra unidade da FAB, a fim de permitir um rodízio de tripulantes, seguindo diretriz de dar oportunidade para que outros oficiais voluntários também possam integrar a equipe.
Em março de 1999, o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira recebeu o certificado do Guinness Publishing de Londres, editora responsável pelo registro de todos os recordes mundiais no Guinness Book of Records, o livro dos recordes.
O feito realizado pela Esquadrilha da Fumaça que mereceu tal distinção foi: "Em 23 de outubro de 1996, dez aeronaves T-27 Tucano, que equipam o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira, voaram em formação, todos de dorso, durante 30 (trinta) segundos, percorrendo uma distância de 3000 (três mil) metros". A Esquadrilha já quebrou seu próprio recorde por duas vezes. Em 18 de maio de 2002, no cinquentenário de nascimento, voou com onze aeronaves. Em 29 de outubro de 2006, mais uma vez superou sua própria marca, ao voar com doze aeronaves em formação, todos no dorso.
MISSÃO
A Esquadrilha da Fumaça tem como missão contribuir para a difusão da imagem da Força Aérea Brasileira junto aos públicos interno e externo. Como visão de futuro espera ser capaz de exercer toda a sua potencialidade como órgão de comunicação social, com o intuito de ampliar a notoriedade da Força Aérea Brasileira no cenário nacional e internacional. Tudo isto, cultuando os valores: Segurança de voo, Lealdade, Comprometimento com a missão, Espírito de corpo, Cortesia e atenção no trato com o público, Conduta moral irrepreensível em todas as circunstâncias, Preservação da história e da cultura organizacional, Disciplina e respeito à hierarquia.
Entre as atribuições da Esquadrilha da Fumaça estão as seguintes máximas: Estimular e desenvolver as vocações e a mentalidade aeronáuticas; Valorizar a Força Aérea Brasileira (FAB) e o sentimento de nacionalismo; Expressar a afirmação e o profissionalismo de todos os componentes da FAB; Demonstrar o alto grau de treinamento e a capacidade dos pilotos brasileiros; Comprovar a qualidade dos produtos da indústria aeronáutica brasileira; Contribuir para uma maior integração entre a FAB e as demais Forças Singulares; Estimular o entrosamento entre os segmentos civil e militar ligados à atividade aeronáutica; Representar a FAB no exterior como instrumento diplomático; Difundir a Política de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica - COMAER; Participar do processo de integração nacional, marcando a presença da FAB nos eventos realizados em todo o País.
AERONAVES
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Fase atual: A-29 Super Tucano |
Ao longo de sua história, iniciada em 1952, a Fumaça empregou os seguintes aviões: o convencional de motor radial North American T-6 Texan, até 1977; o jato T-24 Fouga Magister, de 1968 a 1972; o avião brasileiro T-25 Universal, de 1980 a 1983; o T-27 Tucano de 1983 até março de 2013. A partir daí, iniciou a implantação operacional do A-29 Super Tucano, cuja apresentação inaugural ocorreu em Julho de 2015.
Texto: Adaptado pelo Núcleo Infantojuvenil de Aviação – NINJA, a partir dos conteúdos dos endereços eletrônicos do EDA e da FAB.
Visite: EDA
Na sede do NINJA, "FUMAÇA, JÁ!!!"O Núcleo Infantojuvenil de Aviação - NINJA - tem no acervo uma aeronave experimental para dar suporte às atividades pedagógicas proporcionadas em suas oficinas.
O avião Teenie Two Modificado exibe pintura que homenageia a Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira, com o padrão de cores do Esquadrão de Demonstração Aérea, relativo à época, até 1976, em que empregava a aeronave T-Meia.
É utilizado por crianças e jovens como um instrumento para fixação de conteúdos, experiências sensoriais, simulações, diversão e conhecimento, tendo em vista que apresenta aspectos culturais e também é um monumento.
Texto O Diário:
Braga e seu T-6, uma lenda de acrobacias aéreas
Texto: Cesar Rodrigues
Fotos: Ferrari
Jornal O Diário, Ribeirão Preto, 21/04/1985
Na aviação, vários nomes, como o de Alberto Bertelli, viraram lenda. Uma continua despertando a atenção dos mais antigos e o interesse dos mais jovens, que admiram o ofício de voar. Toda vez que ele chega, cresce a expectativa por um instante de demonstração de perícia, habilidade, coragem. É "coronel Braga", como é conhecido Antônio Arthur Braga, 53 anos; oficial da reserva da Força Aérea Brasileira. Mesmo deixando a Aeronáutica, sua fama não caiu. Afinal, ele foi o comandante da Esquadrilha da Fumaça, uma equipe de aviadores que cruzava o Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste, fazendo exibições em grandes cidades ou então numa cidadezinha do interior, pousando em pistas empoeiradas. Neste final de semana ele se exibiu com o seu velho e inseparável T-6 (tê-meia) na festa do Aeroclube de Ribeirão Preto e mostrou que está em forma, enquanto outros compõem a nova "Fumaça", agora equipada com os Tucanos da Embraer.
11 MIL HORAS DE VOO
Braga nasceu em Cruzeiro, uma cidade paulista no médio Vale do Paraíba, em 1932. No ano de 1950 entrou para a Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. Em janeiro de 1960 passava a integrar a Esquadrilha da Fumaça, equipada com os aviões T-6, fabricados na década de 40, nos Estados Unidos. Já em 65, no posto de capitão, assumia o comando da "Fumaça". Paralelamente, fez o curso de bimotor em Natal e foi instrutor de voo por sete anos. "A Esquadrilha da Fumaça é o cartão de visitas da FAB - orgulha-se em dizer - e o melhor veículo de relações públicas. O contato com o povo é muito importante. Das minhas 11 mil horas de voo, 9 mil são com o T-6 da Fumaça, que foi desativada temporariamente em 1977 e agora retoma com o avião Tucano."
PROEZAS
No final do ano passado, a nova Esquadrilha da Fumaça efetuou uma proeza. Com o avião Tucano, monomotor, atravessou o Oceano Atlântico, numa autêntica aventura, e foi fazer acrobacias na Europa, inclusive na Inglaterra, que acaba de fechar contrato de registro na história aeronáutica brasileira. Mas se a nova Fumaça faz proeza, a antiga não deixava por menos. "Em 1971 - recorda Braga - fomos até a Guatemala, em 20 horas de voo e efetuamos várias demonstrações. Também estivemos no Panamá, na Bolívia e na Venezuela. Na Fumaça, além da obrigação normal do piloto, ele tinha que gostar e por isso faziam bem."
"SE NÃO VOO, SONHO COM AVlÃO"
Braga completou 1080 apresentações na Esquadrilha da Fumaça. Em 82, deixou a ativa e com o velho T-6, que acabou desativado na FAB, mas adquirido através de leilão de materiais velhos, continuou voando e fez mais 50 apresentações. E, para dar manutenção à velha máquina, ele conta com a colaboração de especialistas dos Campos dos Afonsos, gente contemporânea desse equipamento. Seu único acidente aconteceu em 2 de fevereiro de 1976. Ele ia de Itú para o Rio e quando chegou sobre Madureira, voando baixo (2 mil pés - 600 metros), um pedaço da hélice partiu. O avião começou a trepidar e ele se desamarrou para saltar de paraquedas. Numa fração de segundos, viu que o avião cairia sobre casas e resolveu tentar pousar em um loteamento, cheio de ondulações. Quando tocou o chão, sem estar amarrado, foi de encontro ao painel, fraturou o nariz e o malar e o avião ficou destroçado. "Quando passo dois meses sem voar - confidencia Braga - passo a sonhar com avião. A Esquadrilha da Fumaça era minha paixão, a outra, o T-6. Não consigo largar dele. Enquanto puder e ele aguentar, ficamos voando”, confidencia Braga, que se "distrai" voando rasante com um avião agrícola, pulverizando lavouras numa fazenda da região de Ribeirão Preto. No final de sua apresentação no domingo passado, no aeroporto Leite Lopes, a observação de um admirador: "Você está igual a vinho. Quanto mais velho, melhor."