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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 28 de abril de 2024

Epecial de Domingo

Da coletânea Ideias em Destaque, publicação do INCAER - Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, selecionamos e voltamos a publicar o texto a seguir, do Maj Brig Ar da Reserva Wilmar Terroso Freitas. 
Boa leitura. 
Bom domingo!

Um voo que passou... 
uma saudade que ficou: 
a última missão do T-6D 1545
Naquela manhã do dia 28 de fevereiro de 1975, decolaram, da Base Aérea de Belém, para uma longa viagem, os NA T-6G FAB 1557 e T-6D FAB 1545, pilotados pelo Tenente-Aviador Jair Kisiolar dos Santos e por mim, tendo, como mecânico, o Segundo-Sargento Isaías. O T-6G do líder possuía instrumentos de comunicações e navegação, mas o T-6D – onde eu voava solo, pois o mecânico estava no avião do líder – tinha apenas um equipamento de comunicação em VHF (Very Hight Frequency), motivo pelo qual eu iria voando na ala do avião líder, como sempre foi comum fazê-lo, tanto em voos de instrução, como no emprego operacional de armamento ar-solo. Seria um voo silencioso, pois eu não tinha um mecânico com quem falar de vez em quando, nem sinais de radionavegação ou broadcasting para sintonizar e ouvir, pela ausência do equipamento de navegação a bordo do 1545. Além disso, aquela não seria uma viagem normal, de rotina: seria uma viagem sem volta, pois as aeronaves NA T-6 Texan estavam sendo desativadas e deveriam ser entregues ao Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa – MG (PAMA LS), responsável pelo apoio e pelo recolhimento daquele tipo de aeronave. Eram os dois últimos exemplares do Primeiro Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (1º EMRA) em seu derradeiro voo. Aqueles dois valorosos T-6 (T-meia), agora “aposentados”, voaram por muitos anos, sobre as coxilhas e serras do Rio Grande do Sul, quando estavam no Primeiro Esquadrão de Reconhecimento e Ataque (1º ERA) na Base Aérea de Canoas – RS, até serem transferidos para a Base Aérea de Belém, ao início de 1973, como equipamentos fundadores do 1º EMRA (Esquadrão Falcão). Nos dois últimos anos (1973 e 1974), os T-6 sobrepujavam os naturais ruídos e harmoniosos sons da imensa selva amazônica, com o ronco dos seus possantes motores Pratt & Whitney R-1340-AN1 de nove cilindros radiais, arrefecidos a ar. Para o jovem Tenente, os longos voos, geralmente a baixa altitude, sobre a floresta, tendo, como referência, apenas o sinuoso caminho dos rios, as escassas ilhas e os lugarejos ribeirinhos, geravam uma sensação de liberdade e de poder, reforçados pela solidão da cabine e pela espetacular Amazônia que “desfilava” sob as nossas asas, mostrando-se intocada, imensa e bela. Após decolar na ala e ir para a posição de Ataque Dois¹ , já na proa de Marabá, primeira escala prevista, e ainda sem ter a noção clara de que aquela seria uma missão histórica em minha caderneta de voo, refleti, “com meus botões”, que aquele T-6... 

– não mais se faria ouvir estridente, no ronco do passo mínimo, durante um barril² por fora; 

– não mais abriria passagem, altivo, entre os rosados flamingos das matas de Igapó, ou espantaria os búfalos de Marajó; 

– não mais mergulharia, veloz e certeiro, como um Falcão, sobre o seu alvo, em missões de bombardeio ou de lançamento de foguetes, no estande de Igarapé-Açu³;

– não mais alegraria as populações ribeirinhas com suas evoluções rasantes, às margens do Rio Mar;

– não mais teria, ou seria, um ala fiel, inseparável, como neste derradeiro voo; 

– não mais voaria... estava desativado!  

Cerca de 15.000 unidades de T-6 foram produzidas, em diversas versões, sendo 81 montadas no Brasil pela Fábrica de Aviões de Lagoa Santa – MG, entre 1945 e 1952. Essas aeronaves voaram até 1974, nos Esquadrões e até 1976, na Esquadrilha da Fumaça. O 1º EMRA teve dias gloriosos com o T-6. Jamais esqueceremos as formaturas de quatro aviões nas demonstrações aéreas em Belém. Meus quatro amigos, “vestindo” aquela “máquina” tão conhecida e respeitada por inúmeras gerações de “aviadores à moda antiga”, formavam um time de vibradores e exímios pilotos, que chegou a ser chamado de “Funorte”, uma referência muito elogiosa à Esquadrilha da Fumaça. No seu portfolio, constavam Looping, Barril, Desfolhado, Rasante e evoluções isoladas, com precisão profissional. Desde o início, em Canoas, em 1971, eu estabeleci uma relação de respeito mútuo com o T-6: ele nunca me deu uma pane de motor e eu nunca lhe dei um “cavalo de pau”(4) Após escalas em Marabá – PA, Porto Nacional – TO e Brasília – DF, chegamos ao Parque de Material de Lagoa Santa, em 1º de fevereiro de 1975, para a entrega das aeronaves. Terrificante – um termo forte, mas é o que eu lembro e registrei na ocasião – foi para mim e o seria também para o 1545, se ele tivesse sentimentos, a imagem do estacionamento de aviões recolhidos no Parque. As várias dezenas de “esqueletos” e “mutilados” restos de T-6, estranhamente bem alinhados, como túmulos em um cemitério a campo aberto, deram-me uma visão de solidão e de abandono. Imaginei o 1545 entre eles, no dia seguinte, sem nenhum destaque, “depenado”, destituído de sua imponência, com o seu motor silenciado para sempre... a hélice muda, parada... acredito que o 1545 choraria com tristeza e mágoa... se ele tivesse uma alma. Como eu tenho alma, fiquei muito triste por nós dois. Ao retornar a Belém, verifiquei, na minha caderneta de voo, que meu primeiro voo naquela Base, em 16 de fevereiro de 1973, tinha sido no T-6 1545, o mesmo que pilotaria dois anos depois, em derradeiro voo para nós dois. Naquela ocasião, escrevi o texto que agora torno público. Não mais voaria o FAB 1545; e eu não mais voaria em um NA T-6 Texan.

1 . Situação em que a aeronave mantém sua posição relativa na ala do líder, com o dobro do afastamento, para tornar o voo mais confortável em longos deslocamentos.

2 . Tounneaux Barril: manobra na qual a aeronave gira lentamente no eixo longitudinal, traçando uma trajetória circular em relação ao horizonte natural, com meio círculo acima e outro, abaixo do horizonte. Por fora é a posição na ala quando o líder faz o tounneaux girando para o lado oposto de onde está o ala, que fará uma trajetória ligeiramente maior do que a do líder, demandando um pouco mais de potência do motor do ala. 

3 . Estande concebido, especialmente, para treinamento do 1º EMRA, com trabalho dos oficiais e graduados do seu efetivo.

 4. Situação durante o pouso, em que a aeronave gira sem controle, em torno de um de seus trens de pouso, geralmente, saindo pela lateral da pista. 

Autor: Wilmar Terroso Freitas 

Fonte: Ideias em Destaque - INCAER

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sábado, 27 de abril de 2024

Embraer

Embraer prevê investir R$ 2 bilhões e gerar mais 900 empregos diretos este ano no Brasil
A Embraer anunciou em 26 de abril, durante visita do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva à sede da empresa em São José dos Campos-SP, a previsão de investir cerca de R$ 2 bilhões e contratar mais 900 colaboradores este ano no Brasil. O objetivo é atender ao aumento da produção de aeronaves e ao crescimento futuro previsto com o desenvolvimento de novos negócios, produtos e serviços. O investimento contempla atividade de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, como as que serão utilizadas no eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso na vertical), expansão dos serviços aeronáuticos, que inclui conversão de aeronaves de passageiros em cargueiros, defesa e segurança, projetos de aumento de eficiência e ampliação da atividade industrial. “A Embraer está iniciando uma nova fase de crescimento baseada em eficiência e inovação. Estamos focados em capturar todo o nosso potencial nos diversos segmentos em que atuamos rumo a uma aviação mais sustentável”, disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. “E graças às parcerias com o setor público e privado, estamos ampliando vendas, abrindo novos mercados e investido em novas tecnologias, o que possibilita aumento da exportação de produtos de alto valor agregado e a geração de milhares de empregos de alta qualificação no Brasil”. Cerca de 90% das contratações serão realizadas ao longo do ano para o setor de operações, com vagas para mecânicos, eletricistas, fresadores, moldadores, técnicos de manutenção de aeronaves e técnico de qualidade com experiência, bem como oportunidades para trainee de produção, que passam pelo processo de treinamento e capacitação com os mentores internos. Há ainda vagas para engenheiros e outras funções administrativas. No ano passado, a Embraer já havia aumentado a força de trabalho em 1.500 colaboradores e voltou ao patamar de empregos pré-pandemia. Atualmente a companhia tem cerca de 19 mil colaboradores diretos em todo mundo, dos quais 88% atuam no Brasil. A retomada do crescimento da Embraer se materializou em 2023, quando a empresa registrou uma receita total de R$ 26 bilhões e obteve a melhor rentabilidade dos últimos cinco anos. No período foram entregues 181 jatos, volume 13% superior ao ano anterior. Para 2024, a Embraer estima que seja mais um ano de crescimento com a entrega entre 72 e 80 aeronaves comerciais e entre 125 e 135 jatos executivos. A expectativa é de uma geração de receita entre R$ 30 e R$ 32 bilhões. Parte desse crescimento se deve à parceria com a Azul Linhas Aéreas que, neste ano, deve receber 13 jatos E195-E2, aeronave que é referência global em eficiente e sustentabilidade. Um dos modelos das aeronaves da Azul, ainda em fase de produção, foi apresentado e batizado pelo Presidente Lula durante visita à fábrica.

Fonte: Embraer

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sexta-feira, 26 de abril de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 19 a 25 de abril
FAB em Destaque desta sexta-feira (26/04) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) de 19 a 25/04. Entre elas, a atuação das Forças de Segurança no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), onde a FAB prendeu três pessoas que tentavam embarcar com drogas, as celebrações do Dia da Aviação de Caça, comemorado no dia 22/04, além da atuação da FAB, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal que destruíram motores e queimaram acampamentos na terra Indígena Yanomami, em Boa Vista (RR), no âmbito da operação Catrimani II. Nesta edição, você também fica sabendo sobre os dois grandes processos seletivos para Profissionais de Nível Superior em Medicina e Engenharia, para prestação do serviço Militar Temporário, em caráter voluntário, como oficial superior, para o ano de 2024, e as inscrições para o Mestrado Profissional oferecido por meio do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação, divulgado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Fonte: FAB

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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Comunicação Aeronáutica

O alfabeto fonético internacional
A boa comunicação é algo importante na vida de todos. Em aviação é imprescindível. A comunicação oral entre pilotos e controladores de tráfego aéreo ocorre basicamente por intermédio de um conjunto de frases, denominado de fraseologia. O objetivo da fraseologia é o entendimento mútuo entre controladores e pilotos e reduzir o tempo de emprego da frequência. Dentro da fraseologia há o Alfabeto Fonético Internacional. Nele, cada letra é representada por uma palavra, com a finalidade de evitar confusão de entendimento.

A – Alfa

B – Bravo

C – Charlie

D – Delta

E – Eco

F – Fox (Foxtrot)

G – Golf

H – Hotel

I – Índia

J – Juliéte

K – Kilo

L – Lima

M – Mike

N – November

O – Oscar

P – Papa

Q – Quebec

R – Romeu

S – Sierra

T – Tango

U – Uniforme

V – Victor

W – Whiskey

Y – Yanquee

Z – Zulu

Texto: Compilado a partir de aula no NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação.

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Sentando a Pua!

Histórias da Caça Brasileira
Ontem, terça-feira, a conversa foi com o Brigadeiro Mendes que com mais de 4.800 horas de voo, sendo 1.500 na Aviação de Caça Brasileira, trouxe muitas histórias da aviação de caça e dos seus 51 anos de FAB. Confira em mais um vídeo do Sentando a Pua, site que desde 2000 vem difundindo na internet a história do Brasil na Segunda Guerra Mundial.


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terça-feira, 23 de abril de 2024

Aviação de Caça

FAB celebra o Dia da Aviação de Caça
Há 79 anos, no dia 22 de abril de 1945, os valentes Aviadores do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA), realizaram, nos céus da Itália, 44 missões de guerra em um único dia. Em um esforço quase sobre-humano, aquele seleto e reduzido time de pilotos e mecânicos brasileiros estabeleceu essa impressionante marca, a qual não foi suplantada ao longo de toda a campanha da Força Aérea Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, ontem, 22 de abril, foi comemorado o Dia da Aviação de Caça Brasileira.

Fonte: FAB

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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Datas Especiais

Lições do Grupo de Aviação de Caça
Em 22 de abril de 1945, o norte da Itália foi palco de um momento histórico para nosso país: o Grupo de Aviação de Caça teve seu dia mais bem-sucedido, em termos de missões cumpridas e alvos atingidos, e mostrou ao mundo o valor do povo brasileiro. Hoje, o Brasil comemora mais um Dia da Aviação de Caça e ainda podemos tirar muitas lições dessa singular experiência vivida por nossos compatriotas. A primeira delas é o respeito pelo nosso país. Apesar do número reduzido de pilotos (oito tinham sido mortos, sete haviam caído atrás das linhas inimigas e cinco estavam afastados por motivos de saúde), aqueles que restaram não aceitaram a sugestão da Força Aérea dos Estados Unidos de poupá-los da Ofensiva da Primavera. Disseram ao comandante Nero Moura que queriam se manter operacionais, mesmo que precisassem voar mais de uma missão por dia, pois não fazê-lo mancharia o nome do Brasil. Entre os dias 22 e 25 de abril o Grupo de Aviação de Caça voou 41 missões, quase 10% do total realizado ao longo da Campanha da Itália. O tenente Lara foi o recordista daquele período, com nove missões; outros seis pilotos voaram oito missões, exatas duas por dia. O comandante Nero Moura foi o grande aglutinador do espírito de corpo, presente no 1.º Grupo de Aviação de Caça até os dias de hoje. Não há, entre seus comandados, nenhuma voz que não se refira a ele com respeito e admiração, principalmente pela forma como ele conduziu com retidão e senso de justiça a unidade, não só durante os 18 meses que se passaram desde a criação do Grupo de Caça até o retorno ao Brasil, mas até o dia em que se foi. O eterno comandante do 1.º Grupo de Aviação de Caça forjou uma geração de militares que, infelizmente, foi ofuscada no pós-1964, pois não compactuou com o movimento, e por isto foi perseguida e teve seus direitos cassados. Enquanto o último de seus homens não foi anistiado, Nero Moura recusou-se a participar das festividades alusivas ao Dia da Aviação de Caça, mantendo-se fiel ao espírito de corpo por ele criado e dando exemplo de liderança. Os pilotos e mecânicos brasileiros superaram, em muito, as expectativas da Força Aérea norte-americana, cujo comando achava que o Grupo de Caça viria apenas para ser coadjuvante. Entretanto, com sua experiência adquirida no Correio Aéreo Nacional, os pilotos brasileiros foram fundamentais no apoio ao avanço das tropas terrestres. Os mecânicos eram frequentemente elogiados pelo comando norte-americano pelo porcentual de aviões mantidos em condição de voo, superior ao das unidades norte-americanas. O desempenho da unidade foi tão importante para a Ofensiva da Primavera que o grupo foi agraciado com a Presidential Unit Citation, medalha outorgada a unidades militares por extraordinário heroísmo. Para ser merecedora de tal homenagem, a unidade necessita demonstrar coragem, determinação e espírito de corpo acima do esperado no cumprimento de missão realizada sob condições extremamente difíceis, de maneira a se destacar acima de outras unidades envolvidas em uma mesma campanha militar. O 1.º Grupo de Aviação de Caça brasileiro foi a única unidade aérea estrangeira a receber essa distinção norte-americana. Esses verdadeiros heróis deixaram um legado de ensinamentos que enche os brasileiros de orgulho e que faz refletir, neste momento de comemoração do Dia da Aviação de Caça, sobre como há material humano no Brasil para criarmos uma sociedade melhor.

Texto: Luís Gabriel


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domingo, 21 de abril de 2024

Especial de Domingo

Da série Aviadores que fizeram história, do blog Pery de Serra Negra, selecionamos novamente o conteúdo a seguir, relembrando o aviador Djalma Fontes Cordovil Petit.
Boa leitura.
Bom domingo!

COMANDANTE DJALMA PETIT
Primeira turma de alunos do comandante Petit na Escola de Aviação do Aeroclube do Rio Grande do Norte - 1930

Djalma Fontes Cordovil Petit, nasceu no Rio de Janeiro a 12 de janeiro de 1899. Fez o seu curso de aviador na Escola de Aviação Naval no Rio de Janeiro. Andou pela França fazendo curso de aperfeiçoamento; desse período da sua vida quase nada se encontrou. No livro HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE – Editora Universitária – Natal – Setembro de 1974, de autoria do Dr. Paulo Pinheiro de Viveiros, consta esta Nota: “Manoel Vasconcelos era professor de Aeronáutica da Escola Naval.Havia chegado da Inglaterra onde fizera estudos de aviação e se diplomara, servindo, no último ano da Primeira Guerra na R.A.F. Logo que retornara em 1919, o Alm. Alexandrino de Alencar lhe confiara a organização técnica da Escola de Aviação Naval; seu primeiro trabalho fora a organização do Regulamento da Escola, em caráter taxativo, que os dois melhores alunos de cada turma, anualmente diplomados, teriam um prêmio de viagem, estagiando na Europa ou nos Estados Unidos. Djalma Petit fora um dos dois primeiros alunos beneficiados e foi servir na célebre Esquadrilha das Cegonhas, com sede em Strasburg, depois de ter cursado a Escola de São Rafael, no sul da França. Regressando ao Brasil, ligou-se à agitação revolucionária da época e, fracassado o movimento, foi preso. Era a célebre revolta Protégenes. Solto, foi orientado por Vasconcelos que o convidou a vir para Natal, livrando-se assim do carregado ambiente carioca e de possíveis perseguições."

Em 1928 na inauguração do Aeroclube do Rio Grande do Norte-Djalma Petit ao lado do Governador do Estado Juvenal Lamartine

O Aeroclube do Rio Grande do Norte, fundado pelo Governador do Estado Dr. Juvenal Lamartine, Fernando Pedroza e seu primo Manoel de Vasconcelos, necessitava urgentemente de um instrutor. O clube já tinha sede própria e pista de pouso e aviões, foi aí que surgiu a oportunidade de Petit vir para Natal, servir ao Governo do Estado com a dupla missão, de também dar aulas na Escola de Voo do Aeroclube. Petit chegou a Natal no dia 31 de março de 1928 já no posto de Capitão-Tenente aviador da Marinha brasileira, tendo sido o primeiro instrutor do Aeroclube do R.G. do Norte. Chegou e foi logo assumindo o cargo de instrutor. Durante a sua permanência nesta capital dinamizou bastante às atividades aéreas, iniciou os preparativos necessários para as aulas que só ocorreriam no ano seguinte. Os aviões (duas unidades, chamados “Blue-bird”) já haviam chegados pelo porto de Recife e Djalma Petit providenciou a vinda deles voando para Natal. A princípio, ficaram estacionados no campo de Parnamirim, Base da Air France. Foi o primeiro piloto a pousar na pista do Aeroclube com um dos dois aviões do Clube. Preparou uma turma de novos pilotos que em fevereiro de 1930 já haviam concluído o curso, composta pelos seguintes aviadores: Fernando Pedroza, Eloi Caldas, Aldo Cariello, Plínio Saraiva, Octávio Lamartine e Edgar Dantas. Este último recém-formado aviador faleceu num acidente aéreo nas comemorações do encerramento do curso.

“O avião é ave familiar nos céus potiguares. A propaganda de Natal, cidade do avião, é feita pelos aviadores. O Ministro Victor Konder (da Viação), chamou-a de ‘cais da Europa’. O Aeroclube tem sua finalidade lógica. Não é um clube de jogo, nem exclusivamente de danças. Visa a divulgação do avião como elemento de aproximação econômica do ligamento diplomático e comercial, de anulador das distâncias. O Aeroclube tem cumprido seu dever social. A sua Escola de Aviação é uma afirmativa moderna”. 
Luis da Câmara Cascudo-Jornal "A Notícia" /Recife-Pe

Djalma Petit colaborou com o Governador do Estado na localização e construção de alguns campos de pouso nos principais municípios, inaugurando a todos. Pilotava os aviões quando o Governador necessitava de visitar alguma localidade, como foi o caso da visita à Fortaleza e Mossoró; fez a missão de resgate de dois pilotos uruguaios que se acidentaram na cidade de Santo Antonio e assim tornou-se o homem de confiança das autoridades estaduais.

Djalma Petit,o observador uruguaio e o comandante Depeker no campo do Aeroclube do Rio Grande do Norte

Petit permaneceu em Natal até a revolução de 30. Foi aí que ele se revelou o revolucionário enrustido que era, sequestrando o único avião do Aeroclube (o outro avião havia se acidentado com Edgar Dantas), voando nele para o Rio de Janeiro, jogando panfletos revolucionários sobre algumas capitais. Confirmou o seu espírito revolucionário que trouxe da França, quando se envolveu com a revolta Protégenes no Rio de Janeiro. O Governo Revolucionário encerrou as atividades aéreas do Aeroclube do Rio Grande do Norte, só retornando em 1942 no período da 2ª Guerra Mundial. Petit, faleceu em São Paulo no dia 24 de abril de 1934, durante uma demonstração de voos acrobáticos, pilotando um avião de caça Boeing 256. Tido como um dos bons aviadores da Marinha brasileira, frequentemente era convidado a participar de “shows’ aéreos em eventos oficiais.


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