14ª Competição SAE Brasil AeroDesign
Encerra-se hoje, 4 de novembro, no DCTA, em São José dos Campos (SP), a Competição SAE Brasil de Aerodesign. O evento envolve mais de 1,4 mil estudantes de engenharia de 70 instituições de ensino do Brasil, Venezuela, México, Canadá e EUA. Os alunos construíram 98 pequenos aviões para alçar voo durante a competição.
As equipes trabalharam durante um ano na pesquisa, projeto e construção de aeronaves dentro das respectivas universidades. Inovações tecnológicas não faltam nos modelos, construídos em novos formatos e diferentes materiais. O desafio é voar com cargas cada vez mais pesadas.
O diretor técnico da competição, André Schepop, explica a dificuldade que os participantes enfrentam.
“Tem uma carga diferente para cada uma das categorias, e todas as cargas são bem menos densas, cargas de menor densidade, se comparadas ao ano anterior. Então os aviões vieram com volumes muito maiores, com aerodinâmica muito mais difícil de ser obtida”, conta.
Virgínia Campos, aluna da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sabe o que deve ser feito para obter sucesso na apresentação.
“A gente sabe que o balanço da água gera forças em toda a região do compartimento de cargas. Então este é o desafio maior, balançar, mas não atrapalhar o voo”, explica.
Para construir as aeronaves, algumas equipes usaram cabo de vassoura, isopor parecido com o das bandeijinhas de frios e até chapa de raio-x.
Novidade
A equipe de São Carlos, oito vezes campeã no Aerodesign e cinco vezes campeã internacional, fez uma asa sem fuselagem. A carga será transportada em um compartimento feito com uma estrutura de fibra de carbono e sacolinha de supermercado. O projeto técnico vale pontos, mas é na pista de decolagem que os estudantes comprovam se todo o conhecimento aplicado no avião realmente funciona. Cerimar Oliveira, da Universidade Federal Campina Grande, na Paraíba, diz que o ambiente da competição é o que mais importa no evento.
“A viagem é longa, é cansativa, mas o ambiente do ITA, da Embraer, é muito construtivo e muito útil para nós, engenheiros”, conta.
Todas as aeronaves são avaliadas por engenheiros da indústria aeronáutica. A competição é oportunidade para o futuro engenheiro ingressar no mercado e para a indústria encontrar talentos.
Novidades:
Água, madeira e bolas na bagagem - A competição abrange três categorias - Regular, Advanced e Micro - e este ano o regulamento inovou quanto ao tipo de carga a ser transportada. Em anos anteriores o requisito estabelecia que deviam ser barras de chumbo ou de aço. A partir de 2012, na classe Regular, a carga deve ser madeira do tipo MDF ou HDF (prensadas, largamente utilizadas na fabricação de móveis), enquanto na classe Advanced o volume transportado deve ser água, e, na classe Micro, bolinhas de tênis. O peso total transportado em cada aeronave varia de acordo com o projeto.
Asa voadora - Veterana, a equipe EESC USP Alpha, composta por 15 alunos da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, construiu uma asa voadora, avião sem fuselagem, em que a carga é alojada dentro da própria asa. O projeto pesa 2 kg, transporta 13 kg de madeira e atinge velocidade máxima de 90 km/h.
Pequena Asa Voadora - A equipe Micro-Raptor, formada por 10 alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora, de Minas Gerais, também desenvolveu uma aeronave na configuração chamada de asa voadora, porém este projeto é da Classe Micro. A pequena aeronave pesa 550 gramas e transporta até 21 bolinhas de tênis.
Veterana e atual campeã mundial - Participante desde a primeira edição da SAE BRASIL AeroDesign e responsável pelo sexto título do Brasil na SAE Aerodesign East, conquistado este ano nos EUA, a equipe Uai, Sô! Fly!!, formada por 10 estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é uma das participantes. Da Classe Regular, a equipe construiu um avião de 5,7 metros, que pesa 2,4 kg e carrega 14,6 kg de madeira.
Pará - As equipes paraenses são todas da Classe Regular. A equipe Uirapuru construiu um avião em que 70% do volume é para o compartimento de carga, na fuselagem. O monoplano tem 2,6 m. de envergadura, transporta 12 kg de madeira (MDF) e pesa aproximadamente 4,2 kg. Como novidade, será utilizado um sistema de freio mecânico.
A equipe Águia de Marabá, também do Pará, construiu o compartimento de carga 90% maior em relação ao apresentado em 2011, quando estreou na competição. A fuselagem que media 50 cm de comprimento foi ampliada em 80%. O avião transporta 12 kg de chapas de madeira tipo MDF, pesa 3 kg e alcança velocidade de 16 m/s.
Avião peso pena - Única representante do Espírito Santo, a equipe Aves, formada por 15 estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), construiu uma aeronave 40% mais leve e 12% menor que o projeto apresentado em 2011. O avião pesa 2,5 kg, transporta 10 kg de madeira e atinge velocidade máxima e 54 km/h.
Fibra do Piauí - É outra equipe estreante. Na construção do avião, a equipe Delta do Piauí, composta por 15 estudantes da Universidade Federal do Piauí, inscrita na classe Regular, trocou o isopor pela fibra de buriti, planta nativa da região conhecida como coqueiro-buriti. O material é de baixo impacto ambiental, leve, resistente e barato, afirma Felippe dos Santos, capitão da equipe. O avião pesa 3,5 kg e transporta 5 kg de madeira.
Prêmio - Ao final do evento, previsto para este domingo, 4/11/12, às 18h, duas equipes da Classe Regular, uma Classe Advanced e uma da Classe Micro, que obtiverem as melhores pontuações ganharão o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2012, nos EUA, onde equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: seis primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Aberta e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.
Público pode acompanhar desempenho dos miniaviões no DCTA
Chico Pereira (Jornal O Vale - São José dos Campos-SP)
Um voo perfeito. Da decolagem ao pouso, exclamou o estudante Rudá Bittencourt, 26 anos, ao deixar a pista com o aeromodelo projetado e construído pela equipe Etep Flying, da Etep Faculdades, de São José dos Campos, uma das participantes da 14ª edição do AeroDesign, que acontece no aeroporto do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial).
As cerca de 90 equipes de 70 instituições de ensino do Brasil e do exterior que participam da competição têm até amanhã para mostrar na prática o resultado de um ano de trabalho.
“É a hora da verdade”, disse Rudá, que comemorou com os colegas o sucesso do primeiro voo do aeromodelo da equipe, que volta hoje à pista para nova bateria de testes práticos.
Assim como a Etep Flying, as equipes Orion e Suzaquim, da Unip (Universidade Paulista), campus de São José dos Campos, também tiveram sucesso no primeiro dia de prova prática.
Os aeromodelos das duas equipes cumpriram as exigências da competição.
“Fizemos um grande esforço, porque é a primeira vez que participamos e tivemos que fazer tudo na raça”, disse Daniel Fulvio Lopes, 21 anos, da equipe Orion.
Sonho
O aeroporto do DCTA se transformou em uma verdadeira oficina de produção de aeromodelos de cores, pesos e tamanhos variados, que ontem atraiu mais de 1.000 pessoas para acompanhar a façanha de jovens estudantes de engenharia que sonham um dia ingressar na carreira aeronáutica e espacial.
A competição foi aberta ao público. O acesso à pista de táxi do aeroporto do DCTA é pela avenida dos Astronautas, ao lado da Embraer.
Nível
Inovações tecnológicas não faltam nas aeronaves, construídas em novos formatos e diferentes materiais, e são capazes de voar com cargas cada vez mais pesadas, que é o grande desafio.
A equipe Delta do Parnaíba, da Universidade Federal do Piauí, em Teresina, estreante na competição, é um exemplo de inovação.
Na construção do avião, a equipe trocou o isopor pela fibra de buriti, planta nativa da região conhecida como coqueiro-buriti. “O material é de baixo impacto ambiental, leve, resistente e barato”, afirmou o estudante Felippe dos Santos, capitão da equipe.
Para participar do evento, os quatro estudantes que representam a equipe estão pagando a hospedagem em São José do próprio bolso.
“Esse evento é um grande aprendizado e fonte de conhecimento técnico”, disse Clésio Melo, professor da Universidade Federal e coordenador do grupo. André van de Schepop, um dos coordenadores do evento, disse que as equipes melhoraram o nível técnico e estão bastante competitivas. “Um dos desafios é a busca pela eficiência estrutural das aeronaves”.
Premiação
Ao final, duas equipes da classe regular, uma da classe advanced e uma da classe micro que obtiverem melhores pontuações vão representar o Brasil na SAE AeroDesign East Competition, em 2013, nos EUA.
Torneio amplia aprendizado
São José dos Campos
Estudantes que participam pela primeira vez do AeroDesign dizem que estão fascinados pela competição e pela troca de informação.
“Para nós é um aprendizado, uma troca de experiência importante”, relatou Felippe dos Santos, da equipe Delta do Parnaíba, da Universidade Federal do Piauí.
Os integrantes da equipe Tuiuiú, da Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (MS), também compartilham da mesma opinião e também são estreantes.
“Não temos nada comparado no nosso Estado e estamos aprendendo e buscando introduzir essa cultura lá”, afirmou o estudante Vinícius Souza Morais, coordenador do grupo.
Para o seu colega Altamir Olivo, o AeroDesign é uma oportunidade para troca de informações e experiências. “É um aprimoramento do ponto de vista prático”, disse.
Um grupo de 19 estudantes e professores do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, de Juiz de Fora, está em São José para conhecer a competição.
Fontes: O Vale, G1, VP Notícias